- anteontem
ODONTOLOGIA GERAL - Todas as Aulas Organizadas de forma Didática na Playlists.
Categoria
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AprendizadoTranscrição
00:00Neoplasias. Tudo bem, gente? Aí, então, de lesão reacional?
00:16Então, as neoplasias, né, elas são diferentes das lesões reacionais,
00:20a começar pelo fato de que elas não têm fator iniciador.
00:24Então, as neoplasias benignas, elas são proliferação autônoma.
00:31A célula acorda e resolve proliferar. Então, é um crescimento autônomo.
00:39Então, a primeira coisa importante aí da gente diferenciar é o que a gente já falou no início, né?
00:43Tumor é só aumento de volume. Quando a gente fala neoplasia ou neoplasma,
00:48aí sim a gente tem que pensar em proliferação autônoma, alteração no ciclo celular.
00:54A célula começou a proliferar.
00:56Então, com relação às neoplasias benignas, o nome vai ser sempre o tipo de célula mais o sufixo oma, né?
01:05Então, se é de glândula, adenoma, se é de osso, osteoma, se é de vaso sanguíneo e mangioma.
01:11Então, sempre o nome da célula mais o sufixo oma.
01:14Quais são as exceções disso aí?
01:17Melanoma, mieloma e linfoma.
01:28Então, esses aí, apesar do sufixo oma, são neoplasias malignas, né?
01:33Não são neoplasias benignas.
01:36Bom, então, uma das coisas aí mais importantes...
01:42Esperava que vocês acabarem de escrever, preciso prestar atenção aqui.
01:45Isso é o momento mais importante.
01:48Vocês entenderem a diferença das neoplasias benignas para as neoplasias malignas.
01:56Então, primeira coisa, as neoplasias benignas, elas funcionam da seguinte forma.
02:03A célula acordou e resolveu dominar o mundo.
02:08Só que ela é uma célula narcisista.
02:12Para ela, o mundo só presta se for totalmente povoado por ela.
02:17Então, ela começa a dar origem a células identicamente iguais a ela.
02:23Dolis, clones perfeitos dela própria.
02:27Então, ela vai dar origem a uma célula filha.
02:31Espera a célula filha ir para o mesmo colégio que ela.
02:34Fazer a mesma faculdade.
02:36Conseguir fazer o bolo igual.
02:38Aí, ela vai, então, dar origem a outra célula filha que vai para a escola, faculdade, faz o bolo igual.
02:45Quando estiver exatamente igual, ela dá origem a outra.
02:49Ou seja, as neoplasias benignas têm um crescimento lento.
02:54Porque elas dão origem a uma célula e esperam aquela célula ficar adulta, ter função.
03:00Ou seja, as neoplasias benignas, o tecido, tem função.
03:04Aquela massa continua tendo a função do órgão.
03:08Pode até aumentar a função do órgão porque o número de células está maior.
03:13Como é um crescimento lento e gradual, dá tempo da periferia tentar restringir aquele crescimento formando uma cápsula.
03:22Por isso, as neoplasias benignas costumam ser encapsuladas.
03:26Porque o organismo tem tempo de tentar segurar aquilo ali fazendo uma cápsula.
03:31Só que, na verdade, ao mesmo tempo que as neoplasias benignas querem dominar o mundo, elas são baianas.
03:38Elas fazem isso naquele tempo baiano e, num determinado momento, elas resolvem dar a volta no gueto e desistir daquele trem difícil de conquistar o mundo.
03:51Ou seja, as neoplasias benignas são sempre autolimitantes.
03:56Da mesma forma que ela decidiu crescer, num determinado momento ela para de crescer e estagna o tamanho.
04:04Quando? Só ela sabe.
04:07Mas, da mesma forma que ela começou, ela vai parar o crescimento, né?
04:12Então, as neoplasias benignas, elas são principalmente diferentes da maligna nisso.
04:17Porque a maligna é o pink e o cérebro.
04:20O pink acorda e fala, cérebro, o que a gente vai fazer hoje?
04:23O que a gente faz todo dia é tentar conquistar o mundo.
04:27Só que é tentar conquistar o mundo para ontem.
04:30Então, para eu conquistar o mundo para ontem, eu preciso de um exército numerosíssimo.
04:35Se eu preciso de um exército numerosíssimo para ontem, eu tenho tempo de treinar esse exército?
04:40Não.
04:41Então, eu saio fazendo soldado.
04:43É um sem braço, outro sem perna.
04:45Um vai apoiando o outro.
04:46Vão para frente de batalha.
04:47Ou seja, as células das neoplasias malignas não têm função nenhuma.
04:54Não servem para nada, a não ser para ocupar o espaço das células normais e tirarem a função daquele órgão.
05:02Então, vocês certamente já ouviram a expressão que diz que o funcionalismo público é o câncer da sociedade.
05:09Quem falou essa pérola certamente era patologista.
05:12Porque é exatamente isso.
05:14Qual é a característica do funcionário público?
05:17É aquele cara que não faz porra nenhuma e ainda não deixa o coleguinho novo, o coleguinha novo, cheio de gás trabalhar.
05:25Porque se ele trabalhar, vai mostrar que ele não está trabalhando.
05:28E isso é o câncer.
05:30A célula não faz nada e ainda não deixa as que fazem alguma coisa fazer porque tomam o local dela.
05:35Então, quando você pega lá um atestado de óbito por câncer, você não vai ler lá que o paciente morreu de câncer de fígado.
05:42Não, ele morreu por falência hepática.
05:43O fígado parou de funcionar porque ele passou a ser todo tomado por células que não servem para nada.
05:49E que ainda podem cair na corrente sanguínea e irem causar tumor à distância.
05:54É um funcionário público internacional, o que viaja, tipo um certo presidente que a gente já teve.
05:59Então, ainda vai causar câncer à distância.
06:03Então, vejam, vocês aqui são o quê?
06:06Lesões cancerizáveis.
06:08Vocês estão aqui para se transformar em câncer.
06:10O que é o aprimório?
06:12É uma condição cancerizável.
06:14Está aqui para tentar transformar vocês em cânceres.
06:18Fabuloso.
06:20Então, é exatamente isso que a gente tem aí.
06:23Eu já sou câncer.
06:24Então, é exatamente o que a gente tem aí nas neoplasias malignas.
06:29Então, as células não têm função nenhuma.
06:32A não ser atrapalhar a função aí de quem está tentando fazer alguma coisa.
06:38Lipoma.
06:39Então, o lipoma é uma neoplasia benigna de gordura, né?
06:45Então, a gente sabe que o lipoma vai ser mais frequente em indivíduos obesos, em áreas onde a gente tem mais gordura.
06:53Então, normalmente, no corpo, a localização mais comum é o abdômen, né?
06:57Mas dentro da boca, normalmente é o quê?
07:00Fundo de vestíbulo, mucosa jugal, que é a área que a gente tem maior quantidade de gordura.
07:05Mas, embora ele esteja relacionado à presença e quantidade de gordura, ele não está relacionado ao metabolismo da gordura.
07:15O que isso quer dizer?
07:17O tratamento de lipoma não é regime.
07:20Você pode ficar lá fazendo fotossíntese que você vai ficar só o lipoma.
07:24Você vai desaparecer inteiro e o lipoma vai continuar.
07:27Então, costumam ser lesões muito bem encapsuladas, lesões amolecidas.
07:35Uma característica do lipoma é o lipoma é a grande felicidade do cirurgião.
07:42É o momento em que ele acha que ele não precisa do patologista.
07:44Ele joga lá o lipoma no formol e o lipoma boia, né?
07:49Aí ele tem certeza que é um lipoma e joga fora, não manda para o laboratório, né?
07:55Até que podia ser um lipossarcoma.
07:57Fantástico.
07:58Mas aí, normalmente, o lipoma tem essa característica de você jogar ele no formol e ele voltar, né?
08:06Que é uma característica da gordura.
08:08Ontem eu fui apresentada que é uma loja de lipoma.
08:11Ontem os alunos me levaram ali no negócio das coxinhas ali.
08:16Gente, era praticamente um lipoma frito, né?
08:20Se tirava seco, a gordura escorria.
08:24Praticamente.
08:25Não, eu ainda falei para eles, falei, gente, como é que custa dois reais isso aqui?
08:29Isso é feito de quê? De gato? Só pode ser.
08:32Né?
08:32Eles falam, tem um cremelinho.
08:34Falei, gente, o que é esse cremelinho?
08:36Só pode ser meleca.
08:38O que é para custar dois reais junto com o frango ainda por cima.
08:42Então, olha lá o que eu falo para vocês, gente.
08:45O bolão.
08:47Atendia pela alcunha de bolão por questões óbvias, né?
08:51Então, o bolão vivia lá muito bem, obrigado, com o seu lipoma.
08:54Quando ele estava lá andando, ele botava o lipoma para dentro.
08:58Quando ele queria comer, ele sacava o lipoma para fora.
09:01E ele vivia ali muito bem, obrigado, com aquele lipoma, né?
09:07E, não, você sabe que eu atendi o bolão quando eu fazia especialização no fundão.
09:13E aí, a gente começou a achar que o boneco tinha um lipoma.
09:18Tava rindo.
09:19E aí, tudo pra gente.
09:21Era lipoma do bolão.
09:23Então, a unha preta.
09:24Aí, gente, com esse bolão e essa unha, bolão tinha uma companheira, tá?
09:31Que ia lá, todo dia lá na faculdade, porque o bolão não queria tirar o bolão.
09:36Ele estava muito bem, satisfeito com aquele bolão lá.
09:40Sabe, Deus, o que que...
09:41Cara, quem operou o bolão foi o Sidney, eu acho.
09:44Foi.
09:45Porque aí...
09:46Não, essa é uma história muito engraçada.
09:47Eu não sei se o Sidney lembra.
09:48O Sidney lembra umas histórias que eu não lembro, mas eu lembro de uma que ele não lembra.
09:52Que eu falava assim, gente, como é que pode bolão?
09:56Aí, todo mundo, cara, pois é, né?
09:57Eu limpou umas gigantes.
09:58Falei, não, não é isso, gente.
09:59Como é que pode bolão ter uma mulher que vem aqui?
10:03Tipo assim, foi isso que o bolão me ensinou na especialização.
10:06Aí, o Sidney, você vai ver que a resposta é bem dele, né?
10:09Não sei se você não sabe o que que ele faz com esse bolão.
10:11Falei, cara, tinha que ser um comentário de cirurgião, né?
10:14Pra fazer esse tipo de comentário.
10:18Justo.
10:18Acho que foi ele que operou o bolão.
10:20Bom, e aí, o que que a gente vê?
10:22Que, normalmente, o lipoma, ele varia de uma coloração mais normocrômica ou mais amarelada,
10:30dependendo da profundidade da lesão e da espessura de cápsula, né?
10:34Então, quanto mais profunda a lesão, mais normocrômica ela vai aparecer,
10:38assim como mais espessa a cápsula, né?
10:40Ou, se ela tiver uma cápsula fina ou mais superficial, mais amarelada,
10:43a gente vai conseguir ver a lesão.
10:45Lesões de origem neural.
10:49Então, aqui é um ponto importante que cai bastante em concurso.
10:53Pra gente falar do seguinte.
10:58Normalmente, a gente já sabe, né?
10:59Que os neurônios não proliferam, né?
11:02Então, quando a gente fala dessas lesões aí proliferativas de origem neural,
11:06é claro que a gente não tá falando do neurônio em si, né?
11:10A gente tá falando de células de origem neural,
11:14de células relacionadas ao neurônio, mas não do neurônio em si.
11:18Então, como é que a fibra sensorial periférica, ela se organiza?
11:23Então, a gente tem lá o neurônio.
11:25Esse neurônio, ele é encapado por uma camada de células de origem neural,
11:30que são as células Chivan, que são células bem rígidas, né?
11:34Então, as células Chivan, elas fazem a primeira capa ao redor dos neurônios.
11:40E aí, existe uma segunda capa em volta de Chivan,
11:44que são os fibroblastos perineurais.
11:47Fibroblastos.
11:47Desses aí que a gente tem, fibroma e qualquer coisa.
11:51Que fazem uma segunda capa.
11:52E aqui a gente tem os miócitos,
11:55que são células com característica contrátil,
11:57que ajudam a contrair e a propagar o estímulo, né?
12:00Então, normalmente, quando a gente tem lesão de origem neural,
12:04da onde vem essa lesão?
12:06Ou de Chivan, ou do fibroblastos perineural,
12:08ou do miócito, ou de tudo junto, né?
12:11Então, vão ser essas células aí que vão produzir as lesões de origem neural.
12:17Então, quando a gente pensa em qual órgão que tem a maior quantidade de fibras sensoriais,
12:24a gente logo sabe que é a pele, né?
12:27Então, a pele é o órgão que a gente tem a maior quantidade de fibras sensoriais.
12:31Então, todas as lesões de origem neural são mais comuns em pele.
12:36Dentro de boca, qual é o local que a gente tem a maior concentração de fibras sensoriais?
12:42Língua, né?
12:44Então, a língua é o local mais afetado dentro da boca.
12:47Então, quando a gente pensa, assim, no tipo de célula que causa a lesão,
12:52a gente já consegue imaginar aí, mais ou menos, quais vão ser os tipos de característica que a gente vai ter, né?
12:57Então, por exemplo, o Chivanoma, que é uma proliferação de células Chivan.
13:02Então, a gente já sabe que o Chivanoma vai proliferar aqui dentro,
13:05que é uma célula mais resistente, então vai fazer um nódulo mais firme.
13:08E à medida que a célula de Chivan proliferar, ela vai ficar envolta por quem?
13:14Pelos fibroblastos perineurais que vão formar uma cápsula.
13:17Então, a gente já sabe que o Chivanoma é um nódulo firme, encapsulado,
13:21com predileção por pele e dentro de boca é o local mais comum?
13:25Língua.
13:26Exatamente o que é o Chivanoma, né?
13:28Então, à medida que a gente vai pensando em qual célula está proliferando,
13:33a gente já consegue ter uma ideia aí do que esperar dessas lesões.
13:36Então, o Chivanoma também é chamado de Neurilemoma,
13:41lembrando que, obviamente, ele é mais comum em pele, dentro de boca e língua,
13:46mas lembrar que todas essas lesões neurais aí dentro de boca
13:49podem acontecer intraósseas, né?
13:51No trajeto do nervo.
13:53Outra coisa importante da gente pontuar
13:55é que todas essas lesões reacionais e benignas que a gente viu até agora,
14:01nenhuma delas estava associada com dor, né?
14:03Mas aqui a gente está falando de associação com o feixe nervoso.
14:08Então, eventualmente, mesmo sendo benigno, a gente pode ter dor associada.
14:15Então, o que a gente vai ver?
14:16Que é um nódulo mais firme, geralmente encapsulado,
14:21que tem predileção por língua, mas que pode acontecer em qualquer lugar.
14:24Então, aqui, por exemplo, a gente vê que lembra um fibromo ossificante periférico, né?
14:29Então, vai fazer diagnóstico diferencial com qualquer nódulo normocrômico que a gente tenha ali.
14:35Dentro do osso.
14:36Quando é dentro do osso, a gente vê exatamente o canal se abrir,
14:40a lesão e depois o canal continua, né?
14:44Então, a gente vê exatamente que aquela lesão está englobada ali dentro do canal.
14:48E esses intraóssios aí são os que costumam trazer mais dor, né?
14:53Porque começa a crescer ali dentro do canal e aí o paciente pode começar a ter queixa álgica realmente associada.
15:02Bom, e estopatologia?
15:05Então, o diagnóstico estopatológico do neurilhemoma,
15:08ele é um diagnóstico bastante interessante,
15:12porque é uma única lesão envolta por uma cápsula
15:16e dentro daquela lesão são dois padrões totalmente distintos,
15:20coexistindo, envoltos pela mesma cápsula.
15:23Então, a gente tem o padrão Antony A e o padrão Antony B.
15:27O padrão Antony A é o padrão da lesão propriamente dita, né?
15:33É o padrão da reação ali, da proliferação daquelas células.
15:38Então, a gente vê que, olha só, um lado mais frouxo, um lado mais denso.
15:46O lado mais denso, que é o padrão Antony A,
15:49a gente vê ali, então, aquelas células proliferando,
15:52a gente vê com os núcleos ali ao redor,
15:55formando um arranjo que a gente chama de corpos de Verocay.
15:58E o padrão Antony B é o padrão mais frouxo.
16:01Você é da turma do Luiz Felipe?
16:02Não.
16:03Então, eu chamava sempre o Luiz Felipe de Antony B,
16:06porque eu ficava sacaneando que ele era frouxo.
16:08Até hoje eu chamo ele de Antony B.
16:09Então, o padrão Antony B é um padrão...
16:13Ele estava sempre reclamando, falava Luiz Felipe,
16:16pelo amor de Deus, você vai ao céus, ao vida, ao azar.
16:19Não mudou nada, não mudou nada.
16:21Até hoje.
16:22Ele fala, ah, você não aguenta você, Antony B.
16:25Então, até hoje, eu tenho certeza que ele sabe o que é o padrão Antony B.
16:29Então, o padrão Antony B é um padrão mais frouxo.
16:33O padrão Antony A é o padrão mais denso,
16:35que é o padrão da reação propriamente dita.
16:38A outra lesão neural que a gente vai falar é o neurofibroma.
16:44Então, o neurofibroma, ele já diz, né?
16:47O nome já diz o que a gente tem na lesão.
16:50A gente tem dois componentes distintos.
16:51Um componente neural, ou seja, de células de origem neural,
16:54que são quais?
16:56Chivan.
16:56E o componente fibroma, fibroblasto perineural.
17:00Então, é uma lesão onde a gente tem a proliferação das duas coisas,
17:04da célula de Chivan e do fibroblasto perineural.
17:08Então, vocês acham que em termos de consistência,
17:10vai ser mais rígida ou menos rígida que o Chivanoma?
17:15Menos rígida, né?
17:16Porque tem fibroblasto ali misturado com a célula de Chivan.
17:20Vai ter cápsula ou não vai ter cápsula?
17:26Depende.
17:26Se proliferar mais Chivan, pode ter cápsula.
17:29Se proliferar mais fibroblasto, pode não ter cápsula, né?
17:32Então, tanto pode ter, quanto pode não ter.
17:35Em termos dessas lesões neurais aí,
17:37o neurofibroma é a que mais cai em concurso.
17:42Por quê?
17:43Primeiro, porque é a neoplasia de origem neural mais comum que a gente tem.
17:48Segundo, porque tem um risco de transformação maligna em neurofibrosarcoma.
17:53E terceiro, porque está associada à síndrome da neurofibromatose.
17:57Então, por esse motivo aí, por esses três motivos, o neurofibroma cai bem mais do que o Chivanoma.
18:04Mas o princípio é o mesmo.
18:05Predileção por pele, dentro da boca, língua, podendo acontecer dentro do osso.
18:11A mesma coisa, né?
18:12Então, olha lá.
18:13Um nódulozinho aqui, por exemplo, lembrando o adenoma pleomórfico, né?
18:19Então, a gente vê a lesão aqui lembrando o adenoma pleomórfico.
18:25Olha lá.
18:25Parece até um fibroma traumático, que o paciente está ali mordendo, né?
18:29Ou o intraóssio igualzinho.
18:31Então, essas lesões, elas podem simular qualquer coisa, né?
18:34Fazem diagnóstico diferencial aí, realmente, entre si.
18:38O que que precisa saber do aspecto histopatológico do neurofibroma?
18:45Nada.
18:46Não precisa saber nada.
18:47Que não tenha Antônia, Antônia e B, só um padrão aí mais monótono.
18:51O que costuma cair mesmo do neurofibroma é a síndrome da neurofibromatose, também chamada de Von Hecklin-Hauser.
19:01Então, é uma mutação genética, na verdade, num gen chamado GNAES-1.
19:06E, embora a gente tenha vários tipos aí de neurofibromatose, a neurofibromatose do tipo 1 é a que a gente vê com maior frequência.
19:14Então, eu sempre falo, né? A patologia não é difícil em concurso, né?
19:21A patologia é fácil em concurso.
19:23As questões não têm muita pegadinha, não têm muita dificuldade.
19:27A pegadinha de patologia é a quantidade de matéria que vocês têm que estudar, né?
19:32Que já é, mas não precisa complicar.
19:34Vocês já se enrolam sozinhos ali, mesmo o negócio sendo simples, né?
19:39Mas as pegadinhas que eventualmente têm são pegadinhas conhecidas, né?
19:45E uma delas é a neurofibromatose.
19:48Então, todo mundo acha que na neurofibromatose o paciente vai ter múltiplos neurofibromas.
19:53Vai.
19:54Só que na pele, na boca, não é comum.
19:57Na boca, a manifestação mais comum é o aumento das papilas que gera macroglossia.
20:03Então, o caboclo desavisado chega lá e marca que a manifestação oral mais comum são múltiplos neurofibromas.
20:09Não são.
20:10O mais comum é o aumento da papila que gera macroglossia.
20:15Esses neurofibromas, eles são muito comuns e múltiplos, sim, na pele, né?
20:23Começam pequenininhos, vão crescendo, massas mais amolecidas.
20:27Mas, além dos neurofibromas, o paciente com neurofibromatose, ele tem ainda alterações pigmentares.
20:35Ele tem manchas de café com leite na pele.
20:37Então, manchas que já aparecem ao nascimento, pequenininhas, vão crescendo, bem redondinhas, distribuídas no corpo inteiro.
20:45Eles apresentam uma pigmentação na íris, que é o que a gente chama de mancha de lixe,
20:50e sarda na axila, que é o que a gente chama de sinal de Crohn, né?
20:54Mas a manifestação oral mais comum é o aumento das papilas, principalmente fungiforme, gerando macroglossia.
21:04Então, a massa começa ali pequenininha, essas massas maiores vão crescendo.
21:09Aqui a gente já vê as manchas de café com leite, né?
21:13Essas manchas começam pequenininhas, já a partir do nascimento e vão crescendo, formando manchas maiores.
21:20As sardas na axila, que são um sinal de Crohn, e os nódulos na íris, que é um nódulo ou íris de lixe.
21:30Então, antigamente, eu tive até recentemente uma oportunidade interessante, até esqueci de botar a foto,
21:38mas se vocês botarem no Google, vocês vão achar.
21:40Antigamente, os pacientes com neurofibromatose, eles eram super preocupados de serem estigmatizados como homem-elefante.
21:52Homem-elefante é um filme de 1900 Guaraná de Rolha, baseado numa história real,
21:58num cara que, teoricamente, tinha neurofibromatose e trabalhava no circo como homem-elefante,
22:03porque ele tinha uma desfiguração muito grande.
22:05Então, as pessoas, elas ficavam com medo, de quando tinham diagnóstico de neurofibromatose,
22:12de ter uma desfiguração igual à do homem-elefante.
22:15Esse homem-elefante, ele existiu, vocês botarem Elephant Man no Google, vocês vão achar.
22:24E o esqueleto dele está num museu em Londres, eu tive a oportunidade de ver.
22:27Esse crescimento dele, foi estudado o DNA depois dele, se descobriu que ele tinha síndrome de Proteus,
22:33que é uma síndrome muito mais desfigurante, ou seja, não era neurofibromatose.
22:38Mas o esqueleto dele está lá, você consegue ver o crescimento ósseo fazendo essa protuberância que aparece no filme.
22:44Então, essa magnitude de acometimento, ela não é da neurofibromatose.
22:50Então, hoje em dia, uma das coisas que a gente faz muito aí com os pacientes,
22:54isso é uma coisa engraçada, né?
22:56Eu estava falando ontem, na turma aqui, que a gente vai ficando velho,
23:03e aí começa a rolar um gap, né?
23:06De piadas, de referências, assim, os jovens falam, você não entende,
23:10você fala, os jovens não entendem, você faz uma referência.
23:14Eu estava falando, outro dia eu estava na casa de um amigo,
23:17com um monte de gente, tinha até uma aluna lá, bem mais nova do que eu,
23:20e gente muito mais velha que eu, tinha um amigo do meu sócio,
23:25gente muito mais velha, todo mundo misturado.
23:27E o gato do dono da casa se chamava, a gata se chamava Cláudia.
23:30E ela não era mais forte que eu, quando eu via eu falava,
23:32senta lá, Cláudia, do tipo, pra ela sentar lá,
23:34tipo, só metade ria, a outra metade não sabia o que era sentar lá, Cláudia.
23:38Ficava aquela coisa, assim, de tipo, metade sabe, metade não sabe, né?
23:44Mas, curiosamente, quando você acha que essa cultura do homem elefante vai embora,
23:48porque ninguém mais viu esse filme, já procurei esse filme pra ver.
23:52Não sei, devia ser naquela máquina de realejo, não sei de onde que tem esse filme.
23:58Mas as pessoas que têm neurofibromatose, elas têm isso na cabeça,
24:02porque a neurofibromatose é familiar.
24:04Então, essa história do homem elefante, geralmente, passa pela família.
24:07E mesmo que as pessoas sejam jovens, elas vêm aí com essa lenda do homem elefante,
24:12e com medo, obviamente, de desenvolver uma desfiguração tal.
24:16Bom, agora a gente vai falar de má formações vasculares, né?
24:23De lesões vasculares, de vasos sanguíneos, que são os hemangiomas,
24:27e de vasos linfáticos, que são os linfangiomas.
24:31Então, uma coisa muito importante da gente falar aí,
24:35é com relação...
24:37Alguém aqui tá na graduação ainda, não?
24:41Ninguém?
24:42Ninguém?
24:42Ninguém?
24:46Porque isso também é outra tendência, né?
24:47O povo na graduação já começa a fazer o curso já na metade do período.
24:52Isso também é um outro negócio tão maluco.
24:54Não, não tô...
24:55Não tô...
24:56Não tô criticando isso, não.
24:57Mas, assim, é...
25:00Eu acho que eu tô na minha...
25:02Terceira ou...
25:04Indo pra minha quarta geração de dentistas, né?
25:06E aí, você começa a ver a diferença, assim, na transição das carreiras, né?
25:12Do tipo, o meu grupo, o grupo que eu dei aula inicialmente,
25:18depois, o grupo que eu dou aula atualmente.
25:21E, cara, eu vejo esses meninos de hoje, eu não consigo entender, gente.
25:27É um povo estressado.
25:29É um povo ansioso.
25:31Eu falava, gente, eu era tão feliz na faculdade.
25:35Tão feliz.
25:35Você tá preocupado com o quê?
25:37Tipo, pô, você não tem boleto.
25:39Não sabe o que é boleto.
25:41Tá com ansiedade de quê?
25:42Mas é povo estressado.
25:44Nossa, semana uma chegou pra mim e falou, gente, eu tô contando.
25:47Faltam nove semanas pra me formar.
25:49Eu falei, nove semanas pra você virar desempregada.
25:51Você sair daquele palco com uma promessa do universo e ser a decepção do universo.
25:55Quando você desce, você já mudou.
25:58Entendeu?
25:59Pra quê?
25:59Tipo, não consigo entender esse desespero.
26:03Falei, fica mais na faculdade.
26:05Faz umas eletivas enquanto é de graça.
26:08Né?
26:08Pública.
26:09Vai fazendo.
26:10Puxa todas as eletivas.
26:12Faz, sei lá, pere o 15.
26:14Implante 45.
26:16Vai fazendo.
26:17Vai ficando ali.
26:18Pelo menos você tá estudando de graça.
26:20Ficou um frenesi de sair dali.
26:23Aí eu falei, gente, pode acalmar o coração de vocês.
26:25Até 10 anos de formato, vocês mal vão pagar as contas de vocês.
26:30Podem acalmar o coração de vocês.
26:32Aí uma chegou essa semana, semana passada.
26:35Bia, por favor, posso conversar com você?
26:37Não, mas eu queria conversar com você em particular.
26:38Falei, ela vem.
26:40Falei, meu Deus do céu.
26:41Matou quem?
26:42Aí eu falei, ai, Jesus, o que aconteceu?
26:44Ela, não, sabe o que que é?
26:46Porque eu tô pensando em largar e fazer medicina.
26:49E cara, ela, especificamente essa menina, é a melhor aluna que ela tem.
26:52Ela é muito bom padrão, assim.
26:54De estoa do resto da turma.
26:56Ela falou, eu tô pensando em fazer medicina.
26:58Falei, por quê?
27:00Ela, não, porque cara, o donto tá muito difícil.
27:04Eu fico vendo o mercado.
27:06Eu falei, por que você acha que a medicina tá fácil?
27:08A gente sempre acha que a grama do vizinho é mais verde, né?
27:13Aí ela falou, não, mas medicina, pelo menos consegue emprego.
27:16Eu falei, o donto também.
27:17Se tem uma coisa que dentista não fica, é sem emprego.
27:20Você pode até estar num subemprego.
27:22Você pode estar até suturando com fio dental.
27:25Mas sem emprego, você não fica.
27:27Não existe dentista sem emprego.
27:29Ah, mas médico ganha mais.
27:30Falei, mais quanto?
27:32Vamos lá, vamos botar aqui em números.
27:34Quanto que você acha que ganha um médico?
27:36De qual especialidade?
27:37Ele ganha por quê?
27:39Porque ele faz plantão de 24 horas?
27:43Tipo, tá bom, o cara faz quatro plantões na semana de 24 horas.
27:47O cara ganha bem.
27:48É essa a vida que você quer?
27:50Fica fazer quatro plantões de 24 horas, sem dormir, estressado.
27:55Tipo, se o paciente morrer, você responde por aquilo.
27:58Ela quer fazer prótese.
28:00Falei, se o paciente morrer, você responde por aquilo legalmente.
28:03A prótese não, deu errado.
28:04Você molda de novo.
28:06E faz aquela merda de novo.
28:10Não é, gente?
28:11Ah, ficou ruim.
28:12Vamos mudar a cor.
28:13Pronto.
28:14Gente, sabe?
28:16É porque todo mundo quer o quê?
28:18Todo mundo quer trabalhar pouco, sem preocupação e ganhar muito.
28:22Isso não existe.
28:23Isso não existe.
28:24Então, assim, odonto tá ruim?
28:27Tá, mas tá tudo ruim.
28:29Medicina tá ruim.
28:30Direito tá ruim.
28:30Comércio tá ruim.
28:31Tá tudo ruim, não tá?
28:32Tá tudo ruim.
28:34Então, gente, fica no ruim que você gosta, que você sabe fazer, que ruim por ruim.
28:38Tá tudo ruim.
28:39Não tem jeito.
28:41O mundo mudou.
28:43Tá tudo ruim.
28:44Não tem nada bom.
28:45Vocês veem a quantidade de lojas aí gigantes que quebraram ao longo dos anos.
28:49Na minha época tinha Sears, né?
28:51Não existe mais.
28:53Nos Estados Unidos continua.
28:54Aqui quebrou.
28:56Né?
28:56Então, as coisas vão quebrando.
28:58Não tem jeito, né?
29:00Então, gente, fala pro pessoal, vocês são muito estressados.
29:03Você nem se formou, já tá pensando em sair.
29:07Sabe?
29:08Aí, outra veio pra mim.
29:09Não, essa foi a pior.
29:10Essa foi a pior que essa tirou tudo, tudo.
29:12Ela falou assim pra mim.
29:13Não, eu tô doida pra me formar porque, cara, faculdade de odontologia é muito cara.
29:18Aí, eu falei, realmente, faculdade de odontologia é muito cara mesmo.
29:22Aí, ela falou assim, não, eu fiz as contas.
29:24Em cinco anos, eu gastei 20 mil.
29:25Falei, quanto?
29:27A gente vai fazer isso, é caro?
29:29Porque ela estudou em faculdade pública, né?
29:31Ela fazia as brincadeiras.
29:33Falei, cara, se você pega uma escola de uma criança com dois anos de idade, é 3 mil por mês.
29:38Ela vai gastar 20 mil antes do fim do ano.
29:42Aí, ela, mas tem muita gente que não consegue pagar esses 20 mil.
29:45Eu falei, então, não é pra fazer odonto.
29:46Porque, cara, se você quer fazer odonto, você vai viver de consultório.
29:51Você vai ter que montar, você vai ter que investir.
29:53É caro?
29:54Gente, eu não posso ter um hotel.
29:56O meu sonho é ser dona do Sofitel.
29:57Eu tenho dinheiro.
29:58Não tem, então eu não posso?
30:00Ué, não é?
30:02Não pode.
30:03Aí, o que que acontece?
30:04A pessoa não tem o dinheiro.
30:06Aí, faz lá a faculdade pública em seis anos.
30:09Larga.
30:10Aí, não consegue trabalhar porque não tem dinheiro pra manter.
30:13Aí, vai dirigir Uber.
30:14Não que eu tenha nada contra Uber.
30:16Mas, passou cinco anos ali gastando o nosso dinheiro na universidade pública.
30:20Acho que custou quanto a formação dela?
30:22Pra no final dirigir Uber.
30:26Mas, o carro é muito mais que 20 mil, não é?
30:31Então, não deu.
30:32Com problemas de entender o pensamento da nova geração.
30:35Bom, então, uma coisa aí muito importante pra gente ter em relação a hemangioma e linfangioma
30:43é com relação ao tamanho dos vasos, né?
30:46Então, o hemangioma mais comum é o hemangioma capilar.
30:50Aquele de pequenos vasinhos, que normalmente regride sozinho, né?
30:54Já o linfangioma mais comum é aquele linfangioma de grandes proporções, né?
31:01Cavernosos.
31:02Então, normalmente são lesões que não regridem sozinhas e que causam aumento de volume.
31:07Então, como hemangiomas e linfangiomas são lesões muito comuns na cabeça e no pescoço
31:12e dentro de boca, lábio e língua são as áreas mais afetadas,
31:17como o linfangioma, quando acontece, ele tem grandes proporções,
31:20frequentemente ele tá associado à macroglossia ou macroqueilia, né?
31:23Então, ele causa essa expansão aí importante.
31:26Então, o hemangioma mais comum é o capilar.
31:30Ah, houve uma reformulação, agora no último Neville,
31:35que a gente só chama de hemangioma as lesões de crianças.
31:42Então, a gente tem o hemangioma congênito e o hemangioma da infância.
31:46Se a gente tem uma lesão vascular em adulto, o princípio é o mesmo,
31:50pode ser capilar, mas a gente chama de malformação venosa.
31:55Não chama de hemangioma.
31:58Então, esse nome hemangioma agora é usado para as alterações de desenvolvimento
32:02ou embriogênicas ou do crescimento.
32:06Então, o tipo capilar é o tipo que pega ali pequenos vazinhos, né?
32:11Normalmente sofre involução.
32:13E o cavernoso é o que traz maior preocupação pra gente, né?
32:17Porque é aquele que, eventualmente, pode causar hemorragia,
32:21pode causar trombo, aquele trombo calcificar, formar um flebólito.
32:25Então, realmente, essas são as lesões que trazem mais preocupação pra gente.
32:31O grande problema do hemangioma é que, às vezes, você olha ali a lesão,
32:35você acha que a lesão é pequenininha e aquilo ali é a ponta do iceberg, né?
32:39Você conecta com vasos muito grandes e aí a gente acaba tendo um risco de sangramento importante.
32:45Mas o mais comum, realmente, é esse tipo moranguinho.
32:50Então, uma das coisas importantes da gente saber de hemangioma
32:53é que, obviamente, a gente não pode abordar cirurgicamente essa lesão, né?
32:57Nem pra diagnóstico, nem pra tratamento, por causa do risco de sangramento.
33:02Então, o que a gente faz pra confirmar que uma lesão é vascular?
33:06Diascopia ou vitropressão, né?
33:09A diascopia é essa feita com espátulas, madeira ou de metal, o que quer que seja.
33:13Então, normalmente, a diascopia a gente faz pra lesões maiores, né?
33:17Você pressiona ali, se for vascular, aquilo murcha e depois infla.
33:22Então, é sinal de que era diascopia positiva.
33:25Quando a lesão é menor, normalmente a gente faz a vitropressão, né?
33:28Pode pegar até a placa de vidro mesmo e pressionar ali
33:31que a gente vai ver que a lesão desaparece e depois volta, né?
33:35Então, esse é sinal de que a lesão é vascular.
33:38Então, olha lá, o que que é o hemangioma?
33:42Proliferação de vasos sanguíneos.
33:45Normalmente, capilar.
33:48Igual o granuloma piogênico, né?
33:50O que que o granuloma piogênico tem que o hemangioma não tem?
33:55Inflamação.
33:56Então, não tem início e, obviamente, não tem inflamação.
34:00Então, uma condição...
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