- anteontem
ODONTOLOGIA GERAL - Todas as Aulas Organizadas de forma Didática na Playlists.
Categoria
📚
AprendizadoTranscrição
00:00Bom, então a gente vai falar de lesão reacional, neoplasia benigna, neoplasia maligna hoje.
00:17Então uma das coisas mais importantes aí é a gente entender o conceito das três coisas,
00:23porque isso vai ser importante não só na classificação propriamente dita,
00:27como também na escolha de tratamento e no entendimento do processo dessas doenças.
00:33Então como é que funciona normalmente essa questão de lesão reacional e neoplasia?
00:40As nossas células, elas são submetidas diariamente a vários estímulos, né?
00:46Estímulos externos, estímulos internos e estímulos os mais diversos que a gente pode ter.
00:52Então normalmente as células, elas têm uma certa capacidade de responder, né?
00:59De suportar um determinado estímulo.
01:03É claro que o quanto ela vai suportar esse estímulo e o que vai acontecer durante esse estímulo,
01:12vai depender do tipo de estímulo, da intensidade de estímulo, da duração do estímulo,
01:17mas obviamente também do tipo de célula.
01:19Então quando as células são submetidas a um estímulo, elas apresentam alguma capacidade de se adaptar àquele estímulo, né?
01:28Então elas são agredidas e elas têm alguma capacidade de suportar aquilo ali.
01:33Normalmente como é que as células se adaptam a um estímulo?
01:36Então elas têm três saídas.
01:38A primeira, proliferar, aumentar em número e aí ela vai ter maior quantidade para se proteger daquele estímulo.
01:45Se diferenciar, ou seja, mudar de tipo, ela se transforma numa célula mais resistente.
01:53E o quarto, ir acumulando substâncias para aumentar de tamanho.
01:59Então são as três coisas que as células normalmente conseguem fazer quando elas sofrem uma agressão.
02:05Ou elas aumentam em número, ou elas aumentam em tamanho, ou elas mudam de tipo para um tipo mais resistente.
02:14Acontece que, eventualmente, o estímulo excede a capacidade de adaptação da célula.
02:21E aí instala-se então uma lesão.
02:24Uma lesão inicialmente celular, mas depois que se estende, obviamente, para aquele tecido.
02:30Então sempre que a gente tem a instalação de uma lesão, a gente vai ter a atração de infiltrado inflamatório.
02:36Então a inflamação chega para tentar então recuperar aquela lesão que foi gerada.
02:43Bom, o que pode acontecer é, resolvido o problema, a inflamação atuou, as células conseguem se adaptar e voltar ao normal.
02:53Ou aquilo excede a capacidade de resposta e aí a gente tem então um caminho para a morte.
03:00Então, normalmente, é assim que funciona a coisa.
03:03A célula sofre uma agressão, ela se adapta até onde ela pode.
03:08A partir do momento que aquilo excede o potencial de adaptação dela, instala-se então uma resposta inflamatória.
03:15Da qual ela pode sair e voltar ao normal, ou a gente pode ter um caminho invariavelmente para a morte.
03:21Tudo bem, gente? Até aí?
03:23Ok.
03:23Então, o que que acontece?
03:26Quando a gente tem essas lesões reacionais, existem coisas que são sempre presentes nas lesões reacionais.
03:34Primeiro, evento iniciador.
03:37Como o nome já diz, ela é uma reação.
03:40Então tem que ter um estímulo inicial.
03:43Seja esse estímulo físico, químico, biológico, existe uma demanda inicial.
03:50Aí a célula tende a se adaptar, proliferando, mudando de tipo, aumentando de tamanho.
03:57E instala-se então a inflamação a partir do momento em que a gente tem a lesão.
04:02Então, não existe lesão reacional sem fator causal e nem sem inflamação.
04:08Então vão ser sempre dois fatores que vão estar sempre presentes nas lesões reacionais.
04:14E o que que isso aí tem a ver com as neoplasias?
04:16Então, esse termo neoplasia, ele vem de formação nova, de formação de novo.
04:24Ou seja, é um excesso de proliferação.
04:27Só que diferente das lesões reacionais, que são causadas por um fator iniciador,
04:34as neoplasias são causadas por alteração do ciclo celular.
04:38Ou seja, é uma alteração autônoma.
04:42Nada causou aquilo ali.
04:43Foi uma desregulação no próprio mecanismo de proliferação da célula,
04:48que fez com que ela começasse a proliferar mais do que deveria.
04:52E aonde que entra, então, o diagnóstico diferencial das neoplasias com as lesões reacionais?
04:59Aqui.
05:00Em ambas a gente vai ter o quê?
05:02Proliferação.
05:03Então, se a gente tem proliferação, tanto na neoplasia, quanto na lesão reacional,
05:09a gente vai ter aumento de volume.
05:10A gente vai ter presença de lesões, né?
05:13Que a gente chama de tumores.
05:15Então, clinicamente, esse crescimento do tecido,
05:18ele pode fazer diagnóstico diferencial entre um e outro.
05:22Agora, aquele aumento de volume, aquele tumor da lesão reacional,
05:28foi iniciada por um fator e apresenta inflamação.
05:33O crescimento da neoplasia é vontade divina.
05:37Aconteceu do nada.
05:39E isso aí já mostra pra gente a diferença de tratamento.
05:42Por quê?
05:43É óbvio que nos dois tumores a gente vai remover o tumor.
05:46Mas se na lesão reacional eu não remover a causa,
05:51a lesão volta igualzinha.
05:53Já na neoplasia, não tem causa.
05:55Então, se eu removi o tumor, eu removi o problema.
05:58Tudo bem, gente?
05:59Até aí?
06:00Vou ter inflamação nas neoplasias benignas?
06:04Não.
06:05Não tive causa, não tive atração de inflamação.
06:09Então, eu vou ter inflamação só na lesão reacional.
06:12Tudo bem, gente?
06:13Até aí?
06:13Bom, então, as células, mediante um estímulo,
06:19elas podem responder pra mais ou pra menos.
06:23Ou seja, se eu quebro a perna e fico lá dois meses com a perna engessada,
06:29quando eu tirar o gesso, como é que vai estar minha musculatura?
06:33Diminuída, né?
06:34Por outro lado, se eu fico lá na academia levantando peso,
06:37depois de alguns meses, como é que vai estar minha musculatura?
06:41Aumentada.
06:41Então, essa resposta de aumento ou de diminuição,
06:48ela depende do estímulo.
06:49Se o estímulo requer uma ação maior ou menor daquela estrutura.
06:54Mas o que determina se a minha resposta vai ser em número
06:58ou se a minha resposta vai ser em tamanho?
07:01O que determina isso é o tipo de célula.
07:05Ou seja, a gente tem uma classificação das células com relação à capacidade proliferativa delas.
07:14Então, essa classificação, lábeis, estáveis e perenes,
07:25elas são relativas, na verdade, à facilidade das células de proliferarem, de replicarem.
07:33Então, as células lábeis, por exemplo, são aquelas células para as quais é muito fácil proliferar.
07:41Então, a vida delas já depende de proliferação.
07:45Então, a gente vê, por exemplo, aqui nas células lábeis, células epiteliais.
07:49Então, células epiteliais, elas têm um processo de renovação contínuo.
07:53A cada sete dias, a gente tem ali uma proliferação e uma renovação daquelas células.
07:59Então, elas já proliferam de uma maneira natural, na própria homeostasia dessa célula.
08:06Já as células estáveis, são aquelas células que, embora elas não proliferem com frequência,
08:18elas podem aumentar a capacidade proliferativa dela mediante um estímulo.
08:22Então, por exemplo, célula sanguínea, eritrócito.
08:26Se você pega, por exemplo, um atleta, você coloca ele num lugar com altitude maior do que a que ele vai fazer a prova,
08:35o ar rarefeito vai fazer com que a medula óssea dele produza mais eritrócito.
08:40Isso aumenta a capacidade oxidativa daquele indivíduo.
08:43Então, embora o eritrócito não fosse proliferar naquele momento,
08:46pela pressão do ar rarefeito, ele prolifera mais do que deveria.
08:50Então, a gente tem lá eritrócito, tecido conjuntivo.
08:54Então, são células que têm uma capacidade proliferativa mais lenta,
08:58mas que, quando pressionadas, conseguem aumentar a sua proliferação.
09:03Já as células perenes são aquelas que não conseguem proliferar.
09:09Então, a gente tem aqui, por exemplo, alguns tipos de neurônios.
09:13Então, neurônios, por exemplo, dos nervos sensitivos periféricos,
09:17eles não têm capacidade proliferativa, né?
09:23Então, a gente vai nascer com um número X de neurônios,
09:26e a gente vai morrer com um número igual ou menor a esse número aí de neurônios.
09:31Então, sempre que a gente se refere a aumento do número,
09:37sempre que a gente se refere a número, a gente usa o termo plasia.
09:40Então, aumento do número, hiperplasia, diminuição do número, hipoplasia.
09:46Sempre que a gente fala de tamanho, a gente usa o termo trofia.
09:50Então, aumento do tamanho, hipertrofia, diminuição do tamanho, hipotrofia.
09:56Então, o que determina se a célula vai responder em número ou se a célula vai responder em tamanho?
10:02Então, o que determina é isso aqui, né?
10:05Por exemplo, as células lábeis, se elas sofrerem um trauma,
10:09vocês acham que é mais fácil para ela proliferar ou aumentar de tamanho?
10:15Proliferar, né?
10:16Então, normalmente, as células lábeis respondem com hiperplasia.
10:20Por outro lado, as células perenes, quando são agredidas, como é que elas vão responder?
10:26Com hipertrofia, né?
10:28Então, elas não conseguem proliferar.
10:31E aqui nas estáveis, a gente costuma ter um balanço entre hipertrofia e hiperplasia.
10:37Mas quando a gente fala de boca, de mucosa bucal, a gente está falando de quê?
10:42A gente está falando de epitélio mais conjuntivo, né?
10:47É isso que forma a mucosa oral.
10:50Então, quando a gente fala de mucosa oral, a gente está falando única e exclusivamente de respostas hiperplásicas.
10:58A hiperplasia é o tipo de resposta que predomina na boca.
11:03Então, a gente vai ter um aumento do número de células,
11:06consequentemente, um aumento de volume e tumores associados a essa hiperplasia, né?
11:12Então, é por isso que vocês podem encontrar em concurso
11:15essas lesões como lesões reacionais ou como lesões hiperplásicas.
11:21Porque na boca, as lesões reacionais são lesões hiperplásicas.
11:25Então, é a hiperplasia que a gente tem com maior frequência na boca.
11:30Então, a hiperplasia, ela já acontece de diversas formas no nosso organismo, né?
11:37Ela acontece de formas fisiológicas.
11:39Mas, uma coisa extremamente importante para a gente ter hiperplasia é o estímulo hormonal, né?
11:46Então, a gente já sabe de cara aí qual vai ser o sexo mais afetado por lesões reacionais.
11:53Feminino, né?
11:54Então, a resposta hormonal, ela é importante para a hiperplasia.
11:58Tanto que a hiperplasia acontece de forma hormonal nas mulheres.
12:02Durante o ciclo menstrual, durante a amamentação.
12:06Então, as glândulas mamárias hiperplasiam para receber a criança.
12:11Então, isso já acontece de forma fisiológica, né?
12:15Embora a gente possa ter também essa ação fisiológica,
12:19quando a gente tem, por exemplo, órgãos que regeneram, né?
12:24Então, tem uma história que é a lenda de Proteus, né?
12:27Que Proteus abriu a caixa de Pandora e espalhou todo o mal do universo no mundo, né?
12:33Tudo que existia de pior guardado ali na caixa de Pandora.
12:36E a punição dele foi que ele foi preso numa pedra, com o fígado exposto para fora,
12:42para todo dia vir um corvo ali, comer um pedacinho do fígado.
12:46E aí, o fígado dele se regenerava, comia um pedacinho do fígado.
12:50Deve estar lá até hoje ainda, com o fígado sendo comido e se regenerando, né?
12:55Então, a gente tem isso aí já de maneira fisiológica.
13:00Mas o mais importante para a gente, sem dúvida nenhuma, é a relação patológica dessa hiperplasia,
13:07que é o que a gente vai falar agora.
13:10Então, um jeito muito fácil de entender isso aí é pensar no seguinte.
13:16Vamos supor que na semana retrasada,
13:19vocês tenham vindo para cá e aí tenham passado numa sapataria.
13:23Bom que aqui só tem mulher, todo mundo vai entender.
13:25Tenham passado numa sapataria e tenham se apaixonado perdidamente por um sapato.
13:31E aí, naquele momento, você resolve que você vai, obviamente, adquirir aquele sapato, né?
13:38Aí você chega na loja e o sapato custa 900 reais.
13:43Aí você já começa a pensar em como vai ser a sua vida sem aquele sapato, né?
13:47Já começa toda uma programação mental de como eu vou conseguir viver agora, dormir, assistir a aula sem esse sapato.
13:56E aí você fica naquela programação mental de como vai ser a vida sem aquele sapato, etc, etc.
14:03Até que hoje você chega aqui, passa na sapataria e está tudo em promoção e o sapato está 100 reais.
14:10Mas, obviamente, não resta a menor dúvida de que seus problemas acabaram, né?
14:15Você vai comprar o sapato.
14:17Só que aí você chega lá para comprar o sapato, 36, 37, já acabou.
14:23Te restam duas opções.
14:25Você vai comprar o 35 ou você vai comprar o 38.
14:30Se você optar por comprar o 35,
14:34e aí existem várias técnicas, né?
14:36Tipo, coloca na forma, joga álcool lá, flamba, coloca KY, vaselina, qualquer inferno para você conseguir caber ali naquele sapato.
14:46E aí no final você vai ficar igual lá as irmãs da Cinderela com aquele pé dobrado ali no meio do sapato 35.
14:54Você vai vestir aquele sapato 35 praticamente vestido a vácuo, né?
14:58E vai andar com ele o dia todo.
15:00Quando você tirar o sapato 35, se ele sair sem você cortar, o que vai acontecer?
15:07Você vai ter ali uma bela bolha aonde o sapato estava apertando.
15:11Por quê?
15:12Estímulos agudos de curta duração e de alta intensidade, eles levam à perda de superfície, né?
15:20Agora, se você comprou o 38 malandramente,
15:24usou lá a palmilha Dr. Scholls extensível,
15:27não posso falar essas coisas, depois vão achar que eu trabalho para o cara.
15:29Palmilha lá extensível, você vai usar tranquilamente o mês inteiro o seu sapato com ele soltando ali no lado de trás.
15:39E aí no final de meses, quando o sapato já acabou,
15:42você vai ver e você tem lá um calo no pé aonde ele estava ali soltando.
15:47Por quê?
15:48Para a gente ter hiperplasia, a gente precisa de tempo.
15:51Então, o que gera hiperplasia é um estímulo crônico, de baixa intensidade, de longa duração.
15:59A mesma coisa com a prótese.
16:00Se você coloca uma prótese no paciente que está apertada,
16:04que está machucando uma área lá do rebordo,
16:07ele vai voltar dali uma semana com uma úlcera no local onde está machucando.
16:12Perda de superfície.
16:13Mas se você coloca lá uma prótese larga, que fica lá sambando de um lado para o outro durante meses,
16:20aí sim ele vai voltar com hiperplasia, fibrosa, inflamatória.
16:24Então, o tipo de estímulo determina também o tipo de resposta.
16:29Então, para a gente ter hiperplasia, a gente precisa de tempo.
16:34Aí sim a gente vai ter hiperplasia.
16:36Hiperplasia, aqui a gente vê a diferenciação, ou seja, a mudança do tipo de célula.
16:41Ela começou a produzir seratina.
16:44E aqui a gente vê toda a conjunção do que é a lesão reacional.
16:50A nossa hiperplasia epitelial, a seratinização aumentada e o infiltrado inflamatório.
16:57Então, não existe lesão reacional sem inflamação.
17:01Para dizer a verdade, a inflamação é a razão de existir das lesões reacionais,
17:06como a gente vai ver daqui a pouquinho.
17:09Eu não sei por que está faltando.
17:10Ah, não, está aqui.
17:13As duas são lesões reacionais.
17:20Porque o nome lesão reacional só quer dizer que é uma reação a um estímulo.
17:25Então, por exemplo, a úlcera traumática é uma lesão reacional.
17:27Se você mordeu a língua e fez uma úlcera, é uma lesão reacional.
17:33A úlcera não é uma lesão hiperplásica, mas é uma lesão reacional.
17:39Então, a característica que a gente chama de lesão reacional é só ter sido uma reação a um fator causal.
17:48Se você queimou a língua, lesão reacional.
17:51Fez uma bolha por queimadura, lesão reacional.
17:55Então, gente, esse nome lesão reacional vem sempre da questão daquela lesão ter sido provocada.
18:04É claro que dependendo do estímulo, as manifestações vão ser diferentes.
18:08A queimadura vai dar bolha, a mordida vai dar úlcera, a prótese larga vai dar hiperplasia fibrosa inflamatória.
18:16Tudo bem, gente?
18:17Sim?
18:17Bom, então, na boca é muito comum a gente ter essas lesões reacionais e principalmente as hiperplásicas, né?
18:27Que ficam ali de baixa intensidade e longa duração, gerando aquelas lesões, né?
18:33Então, como as lesões da mucosa oral, como as células da mucosa oral são células extremamente proliferativas,
18:40não é raro a gente ter a presença aí dessas lesões reacionais.
18:45E aí, como a gente tem proliferação de célula, a gente consequentemente vai ter aumento de volume, né?
18:52Que é o que a gente chama, não é o nome ideal, mas é o que a gente chama de tumor, né?
19:00Então, tumor só quer dizer aumento de volume.
19:03Vocês lembram lá dos sinais cardinais da inflamação?
19:07Dor, calor, roubou, tumor, renou, peijou, somou, então tem todos lá com humor.
19:14E aí, o que a gente tem que ter em mente é que esse nome tumor, ele só quer dizer aumento de volume.
19:21Então, assim, é um nome que a gente deve evitar ao máximo.
19:24Por quê?
19:25Quando a gente fala pra vocês que é um tumor, a gente não tá dizendo nada.
19:29Não sei se é reacional, se é neoplasia, se é odontogênico, o nome tumor não quer dizer nada.
19:36Agora, quando a gente fala tumor pro paciente, o que a gente quer dizer?
19:40Câncer.
19:41Então, só serve pra infartar o paciente esse tipo de termo, né?
19:45Porque não quer dizer nada a respeito da lesão.
19:49Então, a gente vai ver que as lesões reacionais, elas, na realidade, são estágios evolutivos distintos do processo inflamatório.
20:01Então, é como se a gente acompanhasse a inflamação do início ao fim,
20:05tirasse foto em momentos separados ali, diferentes, e desse um nome diferente a cada momento
20:10pra manter a vida de vocês movimentada, né?
20:13Não pode ter um nome só.
20:14Então, é, na verdade, tudo consequência e etapas distintas no mesmo processo, que é o processo inflamatório.
20:23Então, o que que acontece quando a gente tem um processo inflamatório?
20:27Então, sempre que o nosso corpo, ele é agredido, a gente sempre vai ter o mesmo tipo de resposta.
20:35Então, sempre que aquele processo ali começa, seja por um caco de vidro, seja por um espinho,
20:45seja pelo vírus da AIDS, a resposta vai ser sempre a mesma.
20:50A primeira inflamação a chegar é a inflamação aguda.
20:54E ela é inespecífica.
20:55Ela é igual pro caco de vidro ou pro vírus da AIDS.
20:59Então, ela chega ali, é a mais rápida, mas é inespecífica.
21:02À medida que o tempo vai passando, a inflamação vai, então, se organizando, né?
21:10E passa, então, a se cronificar.
21:13A partir do momento em que a gente tem a inflamação crônica,
21:18aí sim, ela consegue agir diferente, dependendo do agente agressor, né?
21:24Então, ela consegue agir diferente pra um caco de vidro ou pra uma bactéria, por exemplo.
21:29E ela tem uma vantagem, ela ainda consegue gerar memória.
21:34Ou seja, se nós formos novamente agredidos por aquele mesmo agente,
21:40a resposta começa aí do meio do caminho e vai muito mais rápido.
21:43Então, o objetivo final da inflamação, é óbvio que é se livrar do agente agressor
21:50e promover o reparo, né?
21:52Então, quando ela consegue se livrar do agente agressor, começa, então, o processo de reparo.
21:59E aí, a gente tem dois tipos principais de reparo.
22:02A regeneração e a cicatrização.
22:06A regeneração é o melhor reparo que tem.
22:09É quando as próprias células do tecido proliferam e recuperam aquela área, né?
22:15Então, a grande vantagem da regeneração é que o tecido mantém a sua função.
22:20São as próprias células ali que conseguem proliferar e recuperar aquela área.
22:25Agora, é claro que pra gente ter regeneração, a gente precisa ter manutenção das células-fontes, né?
22:32Daquelas células que conseguem proliferar.
22:34Já a cicatrização, ela é a famosa operação tapa-buraco.
22:40É quando as células-fontes foram perdidas.
22:43A gente não tem célula ali pra proliferar e ocupar aquele espaço.
22:47E aquele buraco é tapado com colágeno, com cicatriz.
22:50Então, a cicatrização nada mais é do que a operação tapa-buraco.
22:55Aquela área que foi preenchida por colágeno vai ter a função que o tecido tinha antes?
23:00Não, mas o buraco tá tapado.
23:02Então, o melhor reparo que a gente pode ter é a regeneração.
23:07Só que se a gente for pensar em boca, em regeneração de epitélio,
23:13pra que a gente consiga ter uma regeneração,
23:16o trauma vai ter que ser muito superficial ou muito pequeno, né?
23:19Pra camada basal ficar ali e conseguir regenerar.
23:22Por isso que a gente, quando sutura, tenta aproximar as bordas,
23:26que é pras camadas basais laterais conseguirem proliferar e a gente regenerar aquele tecido.
23:31Mas se a gente não fizer nada, a maior parte dos reparos em boca vão acontecer por cicatrização, né?
23:39Porque as células-fontes ali vão estar perdidas.
23:42E pra gente ter aquele buraco tapado, pra gente ter aquele colágeno produzido em abundância pra tapar aquele buraco,
23:50a gente precisa que esse colágeno seja produzido pelos fibroblastos, né?
23:56A gente precisa que os fibroblastos proliferem muito em abundância pra que aquele colágeno seja secretado.
24:03Então, se a gente for ver o estágio anterior, se a gente tem uma ferida antes daquela área ficar mais normocrômica ou totalmente recuperada,
24:14a gente vê uma área mais vermelha, né? Mais rosinha.
24:18Esse momento que antecede a cicatriz é o momento que a gente chama de tecido de granulação.
24:24Então, o tecido de granulação, ele é um gap, ele é, na verdade, um estágio entre o final da inflamação e o início da cicatriz.
24:33Então, por que aquele tecido é vermelho?
24:36Porque está rico em vasos que estão trazendo oxigênio, nutriente, pros fibroblastos proliferarem,
24:42começarem a secretar colágeno e aquela área, então, ser recuperada pelo colágeno, né?
24:48Então, à medida que o tecido de granulação vai amadurecendo, ele vai adquirindo maturação fibrosa,
24:55ou seja, vai depositando o colágeno, vai perdendo seus vasos e vai se transformando, então, em cicatriz.
25:02Então, a gente vai ver que, se a gente pegar, por exemplo, o granuloma piogênico, é tecido de granulação.
25:10A hiperplasia fibrosa inflamatória é cicatriz.
25:13Então, a gente vai falar de cada um, vocês vão ver como é que são estágios evolutivos distintos do processo inflamatório.
25:20Então, a primeira lesão que a gente vai falar aí é a hiperplasia fibrosa inflamatória.
25:26Então, esse nome aí, ele diz exatamente o que a lesão é, né?
25:31Então, é uma hiperplasia de fibras causada pela inflamação, né?
25:38Então, é o quê?
25:40É a deposição de colágeno gerada pela inflamação.
25:45Então, a hiperplasia fibrosa inflamatória, ela é o estágio cicatriz.
25:50Então, toda aquela área ali está cicatrizada e preenchida por colágeno.
25:57Só que, vocês vão ver que, para concurso, embora a gente chame todas as lesões de hiperplasia fibrosa inflamatória,
26:05existe uma tendência, principalmente para concurso, de chamar pelo nome específico, nome esse,
26:11que varia de acordo com a forma clínica, né?
26:13Então, embora a gente possa chamar todas essas que a gente vai falar agora de hiperplasia fibrosa inflamatória,
26:19vocês vão ver que, em concurso, existe uma tendência a chamar cada uma de nome específico.
26:25Então, a primeira que a gente vai falar é a épolis ou épolide fissurada.
26:30Então, esse nome épolide ou épolis, ele não quer dizer nada além da localização da lesão.
26:40Então, épolis ou épolide só quer dizer que a lesão é na gengiva.
26:43Tanto que a gente tem lá o que é a épolide congênita do recém-nascido, né?
26:48Só quer dizer que é uma lesão na gengiva.
26:51Então, épolide só tem a ver com localização.
26:54Mas, quando a gente fala em épolis fissurada, a gente está falando da hiperplasia fibrosa inflamatória
27:02associada a próteses removíveis, né?
27:05Então, a épolis fissurada, ela tem esse nome porque a prótese, ela gera esse crescimento tecidual,
27:14ela gera essa prega de tecido e essa prega de tecido, ela abraça a prótese.
27:21Então, uma coisa muito característica das lesões reacionais é que elas vão sempre ter o formato
27:28e acontecer no local onde o trauma agrediu aquela área, né?
27:34Então, a épolis fissurada, por exemplo, ela é quase um corega natural, né?
27:38Ela funciona ali como se fosse um clipse retendo aquela prótese ali, né?
27:44E aí, quando você diz que tem que remover, o paciente quer te matar, né?
27:48Porque é aí que a prótese não vai encaixar mais mesmo.
27:52Aí, o iluminado do dentista para convencer o paciente a fazer outra prótese,
27:56porque o paciente compra sapato, né?
27:58Mas prótese, ele acha que é uma só, né?
28:00A vida inteira, ele já fez uma, ele não precisa trocar, né?
28:04Então, aí o dentista vai lá para convencer o paciente a deixar ele tirar a lesão
28:08e diz que aquilo se transforma em câncer.
28:11Aí, ele vai deixar você tirar o que quiser, o fígado, o rim, vai deixar você tirar.
28:18Falou a palavra mágica câncer, você consegue o que quiser do indivíduo.
28:23Ele vai vender a mãe, mas ele vai fazer uma outra prótese ali.
28:28E aí, na verdade, é óbvio que a hiperplasia fibrosa inflamatória não causa câncer, né?
28:34Muito pelo contrário, a hiperplasia fibrosa inflamatória, ela acaba sendo um mecanismo de proteção antitumoral.
28:40Que a partir do momento em que o tecido conjuntivo, ele faz cicatriz, ele engloba aquele processo,
28:46o epitélio para de proliferar.
28:48Então, a chance de transformação maligna ali até diminui.
28:51O problema específico da épolis fissurada é que aonde a beirinha da prótese encaixa, né?
28:59Ali faz um trauma agudo, uma área fissurada.
29:03E essa área fissurada é uma área aberta para a infecção secundária.
29:08Então, se o cara for fumante, se o cara for etilista, é claro que o tabaco e o álcool vão agredir muito mais.
29:14Mas não vai ser a prótese que vai causar o câncer do cara, né?
29:18Mas, eventualmente, esses carcinógenos que vão entrar com muito mais facilidade ali por causa da ferida.
29:26Então, a hiperplasia fibrosa inflamatória, dessas lesões hiperplásicas aí, é a mais comum que a gente tem, né?
29:33Então, a gente já sabe. Qual é o sexo mais afetado?
29:40Feminino, né?
29:40Não só pela questão hormonal, mas também porque, normalmente, as mulheres se preocupam muito mais com estética, né?
29:46E aí usam muito mais prótese do que os homens, né?
29:50Por que precisam? Porque homem não precisa de mais nada, né?
29:53Homem não precisa mais usar prótese, pode ser barrigudo, porque a coisa tá um horror, né?
29:59O cara pode ser um susto, uma corrida e vai ter mulher querendo, né?
30:03Agora, mulher não. Mulher, a coisa tá triste, né?
30:06Mas, pra homem, pode não ter os dois dentes da frente, que ainda tá, pode ser mil e um, que ainda vai continuar arrumando mulher lá.
30:16E a gente não vai saber como.
30:18Mas, então, normalmente, as próteses superiores, né?
30:23Elas são mais usadas do que as inferiores.
30:26Então, a região anterior da superior é a área mais afetada aí, a hiperplasia fibrosa inflamatória.
30:33Então, a épolis fissurada é essa associada à prótese removível, né?
30:38E a anterior de maxila é a área mais afetada.
30:43Agora, existe uma outra forma de hiperplasia fibrosa inflamatória, que é associada a hábitos,
30:49que é chamada de fibroma, fibroma de irritação ou fibroma traumático, né?
30:54Que é essa gerada por hábito.
30:56Ou porque o paciente acha que a mucosa jugal é o chiclete, ou porque ele acha que é dentista e restaura sozinho a classe 4, né?
31:04Então, essa é a característica das lesões reacionais.
31:08Elas vão ter sempre o formato ali do agente causal.
31:12Então, se ele ficar enfiando a língua ali no buraquinho, vai fazer uma lesão exatamente no formato do buraquinho.
31:18Então, em relação a hábitos, o local mais comum do fibroma é a mucosa jugal na linha de oclusão, né?
31:26Justamente do paciente ficar mordiscando ou sucionando ali a região da mucosa jugal.
31:33Então, quando a gente olha a hiperplasia fibrosa inflamatória de perto, a gente vê exatamente o que ela é.
31:40O que a hiperplasia fibrosa inflamatória é?
31:43Uma massa totalmente preenchida por colágeno.
31:48Olha o que eu falei pra vocês.
31:50Olha como a parte aqui cheia de colágeno, o epitério tá proliferando muito menos do que os demais, né?
31:56Então, isso aí acaba sendo um mecanismo também de proteção.
32:00Vocês imaginem se trauma e mucosa causasse câncer, né?
32:04Todo mundo ia ter câncer na região genital e da boca, porque são áreas muito suscetíveis a trauma, né?
32:10Então, isso aí é um mecanismo de proteção das mucosas com relação a esses traumas aí constantes e crônicos.
32:19Então, olha lá, epitério quietinho, sem proliferar e a região lá toda preenchida por fibras colágenas.
32:26Então, a gente sabe que a hiperplasia fibrosa inflamatória, ela é cicatriz, né?
32:33Então, é o último estágio lá da nossa resposta inflamatória.
33:03Então, olha lá, epitério quietinho.
33:33Então, olha lá.
34:03Olha lá.
34:05Olha lá.
34:06Legenda Adriana Zanotto
34:36Legenda Adriana Zanotto
35:06Legenda Adriana Zanotto
35:36Legenda Adriana Zanotto
36:06Legenda Adriana Zanotto
Recomendado
21:16
|
A Seguir
45:05
42:11