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No Visão Crítica, Jacqueline Valles e Marcelo Figueiredo analisam a judicialização da política e o papel do STF. Os especialistas refletem como a Constituição de 1988 concedeu amplos poderes à Suprema Corte, que hoje participa ativamente de decisões políticas, uma atuação que eles consideram exagerada e que contribui para o desnível entre os Poderes.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/8Qy40gloHgg

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Transcrição
00:00Vou colocar uma questão e aí vou retornar ao tema central do dilema que nós estamos vivendo.
00:06Doutora Jaqueline, realmente o Supremo passou a ter uma importância muito grande,
00:10mas não deve-se isso à Constituição de 1988, que realmente conseguiu construir um equilíbrio entre os poderes.
00:19Lembrando a quem nos acompanha, o Brasil é pródigo em Constituições.
00:24Na República, nós tivemos de 1891, 1934, a pavorosa Constituição de 1937, 1946, 1967,
00:36a emenda constitucional número 179, que na prática é quase como se fosse uma nova Constituição, e 1988.
00:42Porém, nessa última, cujo o presidente da Assembleia Nacional, o Conselho, o doutor Ulisses Camarani,
00:47chamou de Constituição Cidadã, ela garantiu direitos que inexistiam nas Constituições anteriores.
00:53E eu acho que é um modelo até para o mundo, se nós olharmos as Constituições do mundo,
00:57as pessoas vão lembrar a mexicana de 17, a alemã de 19, a italiana no início, depois, posterior à guerra.
01:05Não vou falar da França, porque lá foi a Constituição de uma pessoa só,
01:08foi o Michel Debreu que fez a Constituição de Gaulle, fez um plebiscito.
01:12Mas a Constituição brasileira tem entre as mais importantes do século XX.
01:15Não foi esse papel do Constituto originário, usando uma expressão que foi correta,
01:22levantada pelo doutor Marcelo Figueiredo, que deu um poder que nunca teve o Judiciário,
01:26o Ministério Público, por exemplo, nunca teve tanto poder como agora.
01:29E isso fez com que esse equilíbrio entre os poderes,
01:32porque o Executivo sempre teve acima de tudo,
01:35não criasse situações como nós estamos vivendo agora.
01:38Quer dizer, eu não estou querendo um autoritarismo do Executivo,
01:41mas há um protagonismo do Judiciário que nunca teve na nossa história, né?
01:45Nunca teve na nossa história.
01:46Só tem toda a razão em termos de dar uma visão geral das outras Constituições.
01:52Essa Constituição realmente deu ao Judiciário um poder que,
01:57até de julgar o futebol, entendeu?
02:01Para quê? Para quê?
02:02Isso deixou...
02:05Chegou a quase o banalismo, né?
02:08Eu estou banalizando a importância das Cortes.
02:14Eu estou banalizando a situação do que realmente a Constituição reserva para o STF,
02:21reserva para o STJ.
02:23Não é só vou subindo, eu vou judicializando na primeira instância,
02:29que o juiz da comarca.
02:31Ah, não dá certo, eu vou para cima, vou para cima, vou para cima.
02:34Isso não deveria ser.
02:37Mas na Constituição, isso assim, está lá.
02:40A Constituição diz, STF irá julgar, tá?
02:45E vem lá uma série de atribuições ao STF.
02:50Alguma série de atribuições que você...
02:52Eu, como a gente lida com a lei,
02:55nós ficamos dizendo, nossa, mas tudo cabe aqui.
02:58Tudo cabe aqui.
02:59E você falar com uma pessoa, olha, o STF é uma instituição que deve ser julgar somente,
03:08como o Marcelo bem falou, há uma situação constitucional.
03:12Tá, mas o que é constitucional se também tudo é direito constitucional?
03:18Então, é bem...
03:19O artigo 5º deu, obviamente, muito bem esclarecido,
03:23mas deu um viés, deu um leque muito grande
03:27do que tudo pode ser pleiteado.
03:30Desde os princípios da dignidade da pessoa,
03:34quando você fala assim, ah, de princípio da dignidade da pessoa.
03:36Ah, mas isso é meu princípio?
03:38Se a Constituição diz que o STF está falando que o STF é o órgão que vai julgar o meu princípio,
03:47então, deixou um leque muito claro, muito grande,
03:51deixou muitas aberturas para as interpretações
03:55e eu não consigo deixar o STF realmente somente para as cortes,
04:01para o direito constitucional.
04:04Eu não consigo.
04:05Porque misturou muito, muito, muito o que é,
04:09em termos de conceito do meu direito,
04:12o que é de conceito do que eu devo ser da minha garantia.
04:14Só lembrando a quem nos acompanha,
04:19porque o papel do Visão Crítica é esse,
04:22é sempre de elevar o debate e o entendimento do Brasil.
04:25Daí sempre os nossos convidados são convidados
04:27que acrescentam a você que nos acompanha
04:30uma reflexão sobre o que está ocorrendo.
04:32A gente evita as bolhas, as lacrações,
04:35tudo aquilo que não constrói nada da compreensão do país
04:38e não melhora nada da visão política.
04:41Lembrar que o STJ, que é o superior tribunal de justiça,
04:45só há um supremo que o STF, todos os outros são superiores,
04:48o militar, o eleitoral, o do trabalho e o da justiça,
04:51o STJ tem 33 ministros.
04:55E o STF tem 11 ministros.
04:57Quem são indicados pelo presidente,
04:59são sabatinados, ou pseudo-sabatinados,
05:02pelo Senado Federal.
05:04E depois de passarem pela sabatina,
05:06excetuando o período do Floriano Peixoto,
05:09que foi muito confuso, de lá, que terminou em 1894,
05:13até agora nunca houve uma sabatina
05:15em que a decisão dos senadores fosse negativa
05:18aos indicados pelo ex-presidente.
05:21Uma das votações mais difíceis ao longo dessa história,
05:24mais que secular, foi no governo João Goulart,
05:27por um excelente ministro indicado,
05:29Evandro Lise Silva,
05:31grande advogado criminalista, célebre,
05:33que depois foi cassado arbitrariamente no início de 69,
05:36com outros dois grandes ministros,
05:39Hermes Lima e Vítor Nunes Leal,
05:41pelo ato institucional número 5,
05:43o ato mais arbitrário da história brasileira desde 1500.
05:47Então, só para vocês terem ideia do que nós estamos conversando.
05:51Doutor Marcelo Figueiredo,
05:52sobre essa questão que eu conversei com a doutora Jaqueline,
05:55o que o senhor acha?
05:56Olha, eu acho que nós temos que lembrar um pouco
06:00o momento de 88.
06:01A Constituição de 88 foi uma Constituição chamada compromissória.
06:06Compromisso, direita, esquerda e centrão.
06:09Quer dizer, era quem é que fez a Constituição.
06:14São esses protagonistas.
06:17É claro que, evidente que ela foi extremamente democrática,
06:20aberta, uma série de pessoas participou de todos os segmentos sociais.
06:27Nunca houve tanta participação como em 88.
06:29Então, isso foi extremamente positivo.
06:31Mas aquele momento histórico não é mais o momento de hoje,
06:36do mundo globalizado.
06:38É outro momento.
06:39E a Constituição é extremamente programática, compromissória, detalhista, etc.
06:45Ela regula muito todos os assuntos.
06:48Não há assunto importante que não esteja na Constituição.
06:52Exemplo, meio ambiente, mulher, idoso, esportes,
06:57crianças, adolescentes, direitos.
06:59Enfim, quase tudo está na Constituição.
07:02Por isso, é que o Poder Judiciário, empoderado, digamos assim,
07:08pela Constituição de 88, junto com o Ministério Público,
07:11teve a possibilidade, ou tem a possibilidade, de opinar sobre tudo.
07:15Isso é ruim do ponto de vista da evolução política do país.
07:20Porque, veja, o país se faz com consenso político, com luta da sociedade,
07:26com briga do povo por aquilo que ele quer, por revoluções pacíficas ou não.
07:34Enfim, é sempre assim que é a evolução social.
07:37E não pelos tribunais.
07:39Quer dizer, os tribunais não devem decidir os grandes conflitos sociais.
07:42Quem deve decidir isso é o poder eleito, seja o executivo ou o legislativo,
07:48para falar de uma forma mais simples.
07:50Então, o que aconteceu?
07:52A Constituição de 88 absorveu esses conflitos e jogou tudo isso para o judiciário.
07:56Isso não é bom.
07:58Todos os cientistas políticos, sociólogos, dizem isso,
08:02que a Constituição de 88 judicializou o processo político.
08:06Então, se nós pudéssemos, teoricamente, pensar em uma Constituição principiológica
08:12e que não entrasse em tantos detalhes,
08:15talvez nós pudéssemos amadurecer mais politicamente.
08:19O parlamento brasileiro pudesse dar um salto de qualidade,
08:23o executivo também, os candidatos, os partidos, etc.
08:26Isso é analisado.
08:28A maioria dos sociólogos e cientistas políticos do Brasil diz isso,
08:32que, como nós queremos tudo na Constituição,
08:35não sobra muito espaço para o poder político decidir,
08:41porque tudo já está lá.
08:43Então, os conflitos são judicializados e decididos.
08:47Por isso, talvez, também, o Supremo tenha se recebido, digamos,
08:54e gostado de receber tanto poder.
08:57Hoje, a gente brinca que até brincar de bombeiro, o Supremo brinca,
09:03porque quando está faltando água, alguém entra com a ação,
09:08olha, precisa criar uma política pública para apagar incêndio, não sei aonde,
09:14aí o Supremo dá uma liminar, olha, precisa mandar bombeiro para lá, para cá.
09:18Isso é papel da Suprema Corte.
09:20Mas, infelizmente, devido a essa ampla judicialização de todo e qualquer assunto,
09:26isso acaba sobrecarregando o judiciário.
09:30E eu diria até, não em benefício do povo, não é?
09:34Em geral, não.
09:36Em benefício de quem?
09:37Talvez de uma corporação ou de uma elite, mas não do povo brasileiro.
09:41Basta dizer que essa pesquisa que a Folha fez recentemente,
09:45se ela é confiável, eu acredito que sim, não sei,
09:49da da Folha, diz que 58% dos brasileiros não confiam no Supremo,
09:55enfim, acham que o Supremo tem feito um trabalho negativo, etc.
10:00Não sei, não entendo, não posso avaliar a pesquisa,
10:03mas isso é um indicativo muito ruim, muito triste,
10:06muito pesado para o Supremo Tribunal Federal.
10:10Obrigado.
10:11Obrigado.

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