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No Visão Crítica, Claudia Yoshinaga, Rafael Cortez e Fabio Giambiagi discutem como a corrida eleitoral de 2026 pode influenciar o mercado financeiro, investimentos e as decisões de política fiscal.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/xwMX7UZ6DGg

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Transcrição
00:00Eu passaria para o Jean Biagy a seguinte questão.
00:03Alguém abre os jornais, Jean Biagy, e vê o seguinte.
00:06O Brasil em 2023, 2024, cresceu mais do que os economistas imaginavam em janeiro de cada um dos anos.
00:14Cresceu acima de 3%, o que nos padrões das últimas décadas no Brasil é considerado bom.
00:22Por outro lado, esse ano estima-se que o Brasil deve crescer em torno de 2%.
00:26Estima-se aproximadamente, um pouquinho mais, um pouquinho menos.
00:30Por outro lado, você tem a taxa de desemprego do primeiro trimestre, é a menor da série histórica.
00:37Há uma massa salarial considerável.
00:39Alguns falam assim, mas essa crise que os economistas estão falando, aonde ela está?
00:44A inflação de alimentos, sim, ela é alta, mas a inflação no geral,
00:49tanto 5, 5 ponto alguma coisa, não é também o fim do mundo, segundo alguns.
00:55Na sua opinião, quer dizer, há dados positivos, né?
01:00O saldo da balança comercial, bastante considerável.
01:04As reservas cambiais, 360 bilhões de dólares.
01:08E mais alguns dados positivos.
01:10Por outro lado, é apresentar uma situação fiscal, inclusive agora aqui no programa,
01:16que mostra uma situação muito perigosa.
01:18Como é que a gente fica?
01:20Com essa versão positiva que as pessoas estão vivendo hoje,
01:24ou com essa versão de que o amanhã a situação vai ser muito grave?
01:28Olha, Odila, você acabou de descrever o meu desconforto no debate,
01:37porque eu, que procuro sempre me apegar aos números,
01:43eu fico realmente muito incomodado com a postura
01:46de uma parte muito radical da oposição,
01:50que age como se o Brasil estevesse em uma situação absolutamente desastrosa, né?
01:58O que é uma imagem completamente divorciada da realidade,
02:05exatamente pelas razões que você apontou.
02:08Por outro lado, tem um otimismo,
02:11eu me permitiria qualificar de ingênuo,
02:17de áreas do governo que se deixam levar pela euforia desses números,
02:22que são números do presente,
02:25e não conseguem ver o filme que se projeta para o futuro.
02:32Você deve lembrar dos termos do debate de 2011 e 2012,
02:37em que nós vínhamos daquela euforia do final do governo Lula,
02:41o último ano do segundo governo Lula,
02:46crescimento de 7,5%,
02:48ainda mantido o crescimento em 2011 e 2012,
02:53e muitos economistas, eu modestamente entre eles,
02:58vinham dizendo, olha, cuidado que lá na frente
03:00tem nuvens negras no horizonte.
03:04Então agora não temos uma crise em perspectiva
03:07como a que depois veio a se configurar na altura de 2015 e 2016,
03:14mas tem nuvens no horizonte,
03:17especificamente ligadas à questão fiscal.
03:21Tudo aquilo que você falou é correto,
03:24inclusive eu me permitiria dizer,
03:26uma inflação que, enfim, atrapalha,
03:29mas não chega a ser dramática,
03:31de vez em quando se fala,
03:33risco a Venezuela,
03:35isso é absolutamente ridículo.
03:36A Venezuela chegou a ter hiperinflação,
03:39nada disso está em pauta aqui.
03:42Agora,
03:43como é que isso está fechando?
03:46Isso está fechando com aumento da dívida pública.
03:49Se você for olhar a dívida pública,
03:51ela estava meio parada aí no final do governo anterior,
03:56tinha crescido bastante,
03:57depois tinha declinado um pouco por conta da inflação aí de 2021, etc.
04:03E agora, 2013, 2023, 2024,
04:08está crescendo em 2025,
04:09novamente vai aumentar,
04:11tudo indica que em 2026 também vai aumentar.
04:13Os economistas não temos uma regra de bolso
04:18para dizer acima de tanto porcento do PIB
04:21é extremamente perigoso,
04:24mas sabemos que não dá para aumentar isso indefinidamente.
04:28Em nós próprios termos da lei que já existe,
04:33nós temos um problemão pela frente
04:35que eu vou te sintetizar citando dados oficiais.
04:38Você sabe que quando se elabora orçamento,
04:44orçamento tem que ser apresentado pela Constituição
04:47ao Congresso até o dia 31 de agosto de cada ano.
04:52Mas orçamento, para ser elaborado,
04:55ele precisa de algumas diretrizes
04:57que estão estabelecidas na chamada LDO,
05:01Lei de Diretrizes Orçamentárias.
05:03E o governo,
05:05também por determinação constitucional,
05:07é obrigado, em abril,
05:10a enviar a proposta de LDO,
05:12chamada PLDO.
05:13E neste instrumento,
05:15o governo é obrigado a apontar para a sociedade
05:19o que ele imagina que vai se verificar
05:22alguns anos à frente.
05:24Muito bem.
05:25No governo Temer,
05:26nós tivemos a regra do teto de gasto.
05:29Aquilo era um total
05:30que não podia se modificar durante 10 anos.
05:33Chegou em 2022,
05:34aquilo fez água,
05:35não dava para ser mantido.
05:36Hoje nós temos o tal arcabouço fiscal,
05:40que não chega a ser um teto de gastos,
05:42mas é uma espécie de teto,
05:44que ao invés de ser um teto fixo,
05:46é um teto que vai se mexendo
05:48com o passar do tempo.
05:49Então,
05:50do nosso modo,
05:50agora está crescendo em torno de 2,5% ao ano.
05:54Qual foi o problema no governo Temer
05:56e no governo Bolsonaro?
05:57que nós tínhamos um total que não podia crescer
06:01e havia umas despesas que estavam crescendo
06:03e estavam achatando as despesas ditas discricionárias,
06:08que é aquilo que não é despesa obrigatória.
06:11Agora,
06:13essa regra caiu,
06:15nós temos a regra do arcabouço,
06:16que permite que o gasto aumente,
06:18só que no governo Temer e Bolsonaro,
06:21o gasto total crescia zero,
06:24com uma série de rubricas que também cresciam zero,
06:27próximo de zero,
06:28salário mínimo,
06:29gastos com saúde, etc.
06:31Agora,
06:32essas despesas estão bombando.
06:34Só para citar um caso,
06:36a despesa obrigatória com saúde,
06:40entre 2022 e 2024,
06:43aumentou 0,3% do PIB,
06:46número redondo em torno de 30 bi,
06:49grosso modo.
06:49Então,
06:50isso vai achatando novamente
06:52as despesas discricionárias.
06:55E quando o governo encaminhou a proposta de LDO
06:58em abril deste ano,
07:00ele criou um conceito
07:02que é um absurdo lógico,
07:05que é o conceito de gasto negativo.
07:07Ou seja,
07:08eu explico,
07:09o que são despesas discricionárias?
07:11Aquilo que sobra
07:12depois de gasto,
07:14computada a despesa obrigatória
07:16com aposentadorias,
07:18com pessoal,
07:18com saúde,
07:19etc.
07:20Então,
07:20como o gasto aumenta,
07:22mas essas despesas obrigatórias
07:24aumentam mais,
07:25há despesas discricionárias,
07:27que nem no governo Temer e Bolsonaro,
07:30começam a cair.
07:31Elas cresceram muito em 2023,
07:34caíram um pouco no ano passado,
07:36vão continuar a cair este ano,
07:38e mantida a tendência,
07:40o que acontece nos termos da LDO,
07:43da proposta da LDO,
07:44em 2029?
07:46As despesas discricionárias
07:47têm que ser negativas.
07:50Isso porque o Excel
07:51aceita tudo,
07:52evidentemente,
07:53uma planilha eletrônica,
07:55de números,
07:56você pode botar qualquer coisa,
07:57mas o conceito de gasto negativo
07:59equivale,
08:01por absurdo que pareça,
08:03a um salário negativo,
08:04equivale a que a pessoa
08:05tenha que trabalhar,
08:07e não só não receba nada,
08:08como que ela tenha que pagar
08:10para trabalhar.
08:11Então, gasto negativo não existe.
08:13Ou seja,
08:13simplesmente em 2029,
08:15mantida a tendência,
08:17tudo aquilo que o governo faz,
08:19vai parar por absoluta,
08:21total e absoluta falta de dinheiro.
08:24a minha,
08:26e isso já vai começar
08:27a se configurar,
08:28não com gasto negativo,
08:29mas com gasto muito declinante,
08:31a partir de 2027.
08:33A minha impressão,
08:35como agora fica difícil
08:36fazer mudanças estruturais,
08:38é que o governo vai mandar
08:40um orçamento
08:41em 2026 para 2027,
08:46absurdo,
08:46ou seja,
08:47com nível de gasto
08:49muito,
08:49dessa despesas discricionária,
08:51muito baixo,
08:51e vai deixar o barco correr
08:53para que,
08:54uma vez definido
08:55o vencedor das eleições,
08:57haja negociações frenéticas
08:59entre novembro
09:01e dezembro de 2026
09:03para ter condições
09:04de que o governo,
09:05qualquer que seja ele,
09:07possa funcionar minimamente
09:08em 2027.
09:11É.

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