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  • 15/05/2025
Com mediação de Marco Antonio Villa, Visão Crítica promove uma análise aprofundada dos principais acontecimentos do dia. A cada edição, convidados com diferentes perspectivas se reúnem para debater os fatos mais relevantes do cenário político, econômico e social do Brasil e do mundo.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/zDg9uE79VIM

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00:00Visão Crítica
00:07Olá, estamos começando Visão Crítica. Hoje, a segunda edição do programa.
00:16Vamos falar sobre as relações Brasil-Estados Unidos.
00:20Temos três especialistas, nós vamos aproveitar essa uma hora para dialogar sobre essas relações de 200 anos, não é pouco.
00:28Primeiro, o professor Roberto Dumas, professor do INSPER.
00:33Segundo, nosso colega professor Lucas Ferraz, professor da FGV, da Fundação Getúlio Vargas, aqui de São Paulo.
00:42E Gustavo Macedo, professor do INSPER e do IMEC, aqui de São Paulo.
00:48Agradeço muito vocês terem aceito o nosso convite.
00:51E lembrar, para quem nos acompanha rapidamente, que as relações Brasil-Estados Unidos têm uma longa história.
00:57Começa no reconhecimento dos Estados Unidos da independência do Brasil,
01:02da apresentação das credenciais do embaixador brasileiro para o presidente Moro, no início de 1824,
01:08e depois do representante diplomático americano, no mesmo ano, em outubro,
01:13ao imperador-chefe de Estado no Brasil, Dom Pedro I.
01:17E de lá para cá, nesses 200 anos, tivéssemos momentos de aproximação, momentos de algumas divergências.
01:24Vamos lembrar rapidamente, sem não estender muito, lembrar o governo Floriano Peixoto,
01:28a revolta da Armada e o apoio norte-americano ao Floriano Peixoto,
01:32num momento difícil no início da República.
01:35Podemos saltar e ver um momento da política da boa vizinhança e uma forte aproximação,
01:40naquele momento, entre o presidente Getúlio Vargas e o presidente Franklin Delano Roosevelt,
01:44e a entrada depois do Brasil na guerra em 1942, na Segunda Guerra Mundial.
01:50Depois, momentos de uma certa fricção, por exemplo, no Quinquênio Ernesto Geis,
01:56entre 1974 e 1979, alguns problemas como o acordo com a Alemanha Ocidental.
02:02Na época, a Alemanha era dividida em Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental, o acordo nuclear,
02:06o fim do acordo militar entre Brasil e Estados Unidos, que tinha sido assinado no segundo governo Vargas.
02:12E, dali para frente, momentos, quase sempre um atrito aí, outro acolá,
02:17mas agora uma situação muito especial.
02:20No Brasil, o presidente Lula, nos Estados Unidos, o presidente Trump.
02:24E divergências que estão ocorrendo e vão ocorrer, divergências econômicas, políticas,
02:30no campo geopolítico, até em questões eleitorais.
02:33A questão central no momento, evidentemente, é a questão que envolve as taxações, a política.
02:38Vamos chamar de política econômica, porque é difícil encontrar uma racionalidade no conjunto
02:43daquelas medidas tomadas recentemente pelo Trump para o comércio internacional,
02:48mas vamos chamar das taxações feitas em relação, por exemplo, aos produtos brasileiros.
02:53Mas, para começar, começo com o professor Roberto Dumas.
02:57Professor, em síntese, eu sei que é difícil fazer uma síntese,
03:01frente a tantas questões que envolvem hoje Brasil e os Estados Unidos.
03:04Como que você analisaria esse momento conjuntural das relações
03:08entre os dois maiores países do continente americano?
03:12Veja, de certa maneira, nós podemos dizer que Lula e Trump
03:16são que pode considerar como água e azeite.
03:20Os dois não se misturam.
03:22Mas, de certa maneira, você pode falar uma coisa de governo e uma coisa de Estado.
03:27Em que, pese que você tenha alguma divergência ideológica, etc.,
03:33ainda temos uma opinião de Estado de pragmatismo.
03:38Então, essa, por exemplo, tocando no ponto que o professor Vila tocou muito bem agora,
03:43sobre a tarifação, o Brasil pode ser prejudicado?
03:47Veja, é importante que nós tenhamos um aspecto pragmático em relação a essas relações,
03:54principalmente em relação não só aos Estados Unidos, mas em relação à China.
03:59Por quê?
04:00Porque a China é o meu maior parceiro comercial, os Estados Unidos é o meu segundo.
04:05Se eu pensar como a União Europeia, pode ser o meu terceiro parceiro comercial.
04:09E o senhor sabe muito bem que países não têm amigos, países têm interesses.
04:15Então, isso é importante, crucial, que nós sejamos pragmáticos,
04:20de uma certa maneira, mesmo negociando com a China ou negociando com os Estados Unidos.
04:25E mesmo que você não vá para um lado ou vá para o outro,
04:30por exemplo, só aproveitando, puxando um pouco a brasa para a sardinha da economia,
04:35esse acordo, ou seja, essa trégua de 90 dias, tende a ajudar o Brasil de certa maneira.
04:42Na segunda derivada, tende a ajudar o Brasil,
04:44porque existia uma tendência de que era mais ou menos quase que evidente
04:50que os Estados Unidos entrariam em recessão.
04:54Entraria numa queda do PIB e do Produto Interno Bruto por dois trimestres.
04:58Se bem que o primeiro trimestre aqui de 2025, ele entrou em recessão,
05:02ou melhor, o PIB ficou negativo porque as importações subiram demais.
05:07Importação é uma contraconta de PIB.
05:09Se importa demais, não acaba caindo.
05:12Como é que o Brasil se beneficia disso?
05:14Sabendo que com menor tarifa e um crescimento global um pouco maior,
05:21isso ajuda no preço de commodity.
05:24Isso ajuda no preço de commodity?
05:26Ajuda justamente na pauta exportadora do Brasil.
05:29E ajuda também, eventualmente, na nossa curva de juros.
05:34E que, por outro lado, não ajuda muito o nosso câmbio,
05:38porque o DXY, que é o câmbio, o dólar, comparado com a crona sueca,
05:45o franco suíço, o euro, a libra estelina, o dólar canadense, etc.,
05:52acabou apreciando.
05:54E isso, levando também à idiosincrasia brasileira do risco fiscal,
06:00acaba suscitando também uma pressão para uma depreciação cambial.
06:04Então, resumindo, eu acho que essa relação, ela precisa ser pragmática em todos os sentidos,
06:11tanto econômico como geopolítico, e não tomar partidos.
06:16Eu sempre digo, aliás, digo não, eu repito,
06:19o que a gente sempre ouve, até o senhor conhece o historiador que falou isso daí,
06:25países não têm amigos, países têm interesses.
06:28Então, o pragmatismo na relação comercial com os Estados Unidos e com a China
06:33e com a União Europeia tem que ser a mais pragmática possível.
06:38Professor Lucas Ferraz,
06:40será que a palavra de ordem central hoje das relações Brasil-Estados Unidos é pragmatismo mesmo?
06:47Olha, não tenho dúvida, Vila.
06:48Eu acho que, na verdade, o pragmatismo sempre foi a tônica da nossa política externa.
06:54O Brasil nunca foi um país dado alinhamentos automáticos.
07:00E no momento que você se encontra em uma situação onde seus dois principais parceiros comerciais,
07:06no caso, o primeiro parceiro, a China, no segundo caso, os Estados Unidos,
07:11se encontram num momento de confronto deflagrado,
07:15sob o ponto de vista econômico, comercial,
07:18eu acho que essa máxima ainda vale mais.
07:20Quer dizer, o Brasil precisa de um pragmatismo,
07:24de manter uma equidistância entre esses dois países,
07:28que, na verdade, agora a gente já pode falar com alguma evidência empírica
07:33de dois blocos que estão se formando.
07:36Acho que já tem uma evidência relativamente sólida
07:38de que os países mais alinhados com os Estados Unidos hoje comercializam mais entre eles,
07:44os países mais alinhados com a China comercializam mais entre eles,
07:48do que entre esses dois blocos.
07:51Quer dizer, você tem aí já um processo muito claro,
07:55e sobretudo a partir da guerra da Ucrânia,
07:56vários estudos apontam isso,
07:58de reconfiguração das cadeias de suprimentos internacionais,
08:02segundo essa linha.
08:05E você tem, no meio dessa confusão,
08:08os chamados países conectores,
08:10que são aqueles países que não estão necessariamente alinhados nem com um lado
08:14e nem com um outro.
08:15E nesse grupo de países,
08:17o Brasil, digamos, estaria classificado até o momento,
08:21e eu acho que a postura, eu diria,
08:23mais confortável para o Brasil,
08:25dado o nosso histórico de diplomacia,
08:28e dadas as necessidades econômicas,
08:30os laços econômicos que nós temos com os dois lados.
08:33Vamos lembrar que nós temos hoje
08:35a Ásia, que representa mais de 50% do comércio internacional brasileiro,
08:40não é só a China, a China 30%,
08:42de exportações, a Ásia já chega a mais de 50%,
08:45se a gente inclui o Oriente Médio.
08:47E a gente tem a União Europeia,
08:49temos aí os Estados Unidos,
08:50que representam aí uma parcela importante também,
08:53alguma coisa como quase 30% também das nossas relações comerciais.
08:57Isso eu estou falando só de comércio.
08:59E quando a gente fala de economia como um todo,
09:02quando a gente considera, por exemplo,
09:04os fluxos de investimento,
09:05os estoques de investimento,
09:07o comércio de serviços,
09:09a nossa relação com o Ocidente
09:11se torna, eu diria, até mais importante,
09:14sobretudo com os Estados Unidos,
09:16do que com a própria China,
09:17considerado todo esse conjunto da obra.
09:19Então, a palavra,
09:20eu acho que a palavra-chave nesse momento
09:22é pragmatismo, equidistância,
09:25e muita diplomacia,
09:28e comedimento também nas declarações,
09:32que muitas vezes são dadas
09:33e que podem gerar ruídos desnecessários.
09:36Eu cito aqui, por exemplo,
09:38essa história de você transacionar agora entre os BRICS,
09:43nós vamos receber aqui,
09:44vamos ser a cúpula dos BRICS no Brasil em julho,
09:46e já se fala numa agenda de discussão
09:48de comércio em moeda local.
09:52Eu entendo que tem muita gente que defende isso,
09:54eu particularmente tenho uma visão cética em relação a isso,
09:57eu não acho que isso é uma pauta dos BRICS,
09:59eu acho que isso é uma pauta muito mais forte do presidente Lula,
10:02e eu diria que uma pauta sem grandes consequências econômicas, Vila.
10:06Aí eu vou citar um exemplo,
10:07que pouca gente até sabe disso, né?
10:09Nós temos um mecanismo de comércio em moedas locais com a Argentina,
10:13que é o nosso terceiro maior parceiro comercial.
10:15Sabe quanto por cento do nosso comércio com a Argentina
10:18é coberto por transações em moedas locais?
10:20Nem 5%.
10:21Por quê?
10:22Porque você não pode obrigar os operadores de comércio
10:24a comercializar na moeda local.
10:26E até hoje,
10:28que certamente continuará por muito tempo,
10:30a preferência dos operadores de comércio,
10:32dos exportadores,
10:33é receber o dinheiro,
10:35a venda dos seus produtos em dólar,
10:37não em moeda local.
10:38Então provavelmente será mais uma ação sem efeito,
10:41prático, concreto,
10:43no comércio entre os países do BRICS,
10:44que diga-se de passagem,
10:46esse comércio entre os países dos BRICS,
10:47ele basicamente não existe,
10:49porque quando a gente fala de comércio entre os países dos BRICS,
10:51a gente está falando de comércio de cada um dos países dos BRICS com a China.
10:53Porque o comércio do Brasil com a Índia,
10:55ou o comércio do Brasil com a África do Sul,
10:57com a Etiópia,
10:58agora que são os novos membros,
10:59com o Irã,
11:00são comércios, digamos,
11:02sob o ponto de vista substantivo,
11:04muito pequenos.
11:06Então a gente acaba gerando ruído,
11:07muitas vezes,
11:08com pautas sensíveis
11:10e sem efeito prático.
11:11Então esse tipo realmente de comportamento,
11:14ele não condiz com a tradição da diplomacia brasileira,
11:17e eu volto a dizer e finalizo,
11:18que eu acho que a postura nesse momento,
11:20de fato, é equidistância
11:21e o comedimento nas declarações
11:23e muita negociação
11:25para evitar qualquer tipo de escalada
11:28da guerra tarifária,
11:30no que diz respeito especificamente ao Brasil,
11:32porque no final das contas,
11:33nós ficamos com a tarifa basal,
11:35nós ficamos com os 10%.
11:36O que nesse cenário de guerra comercial,
11:39digamos,
11:40não é o pior dos mundos.
11:43Professor Gustavo Macedo,
11:44justamente sobre isso,
11:46pegando o gancho que disse o professor Lucas Ferraz,
11:49quer dizer,
11:50como retirar as camadas ideológicas
11:53dessa discussão,
11:54ideológicas,
11:54mas até caindo no panfletarismo barato,
11:57em declarações muitas vezes infelizes
11:59por autoridades brasileiras,
12:01até em episódios muito recentes agora,
12:03na viagem à China,
12:04e mesmo na viagem à Rússia,
12:06e discutir os interesses estratégicos do Brasil,
12:11quer dizer,
12:11nesse momento,
12:12que nós estamos analisando.
12:14E voltamos ao pragmatismo,
12:15eu me lembrei agora de passagem,
12:17claro,
12:17era inevitável no azeredo da Silveira,
12:19chanceler em 1974,
12:211979,
12:23do governo Ernesto Gás,
12:26o pragmatismo responsável,
12:28numa outra conjuntura,
12:29evidentemente,
12:30por outras questões.
12:31Mas agora,
12:32quer dizer,
12:33como a gente retirar toda essa carga,
12:35que pode,
12:35essa questão da moeda do BRICS,
12:37também eu acho um verdadeiro absurdo,
12:39porque você tem que ter moedas conversíveis,
12:41e eu quero ver quem vai ficar com a moeda da Etiópia,
12:44por exemplo,
12:44para pegar esse exemplo,
12:46levantado pelo Dias,
12:47como é que fica,
12:48na sua opinião,
12:49como é que estratégicamente o Brasil
12:51deve se posicionar nesse momento?
12:55Política externa é política pública,
12:57então,
12:58a gente tem que entender que a política externa
13:00é feita por vários atores,
13:03além do Ministério das Relações Exteriores,
13:05o Itamaraty.
13:06O Lula,
13:08ele é um dos presidentes
13:09que ele reforça uma tendência contemporânea
13:12da chamada diplomacia presidencialista,
13:15que é uma figura que toma a frente,
13:18por uma questão,
13:20muitas vezes,
13:20de perfil ou de oportunidade,
13:22de criar pautas
13:26para a política externa
13:28de um determinado país.
13:29E, eventualmente,
13:31acaba atropelando o próprio processo
13:33de formação de uma política externa.
13:36A política externa de um país
13:37é uma política externa
13:38que depende
13:40de uma maturidade
13:43do envolvimento dos atores
13:44públicos e privados.
13:46Então, a gente tem lá o Itamaraty,
13:48que exerce o papel
13:49de preparar a festa
13:50para que os convidados possam chegar
13:53e possam se divertir.
13:55Então, são as empresas,
13:57são as confederações,
13:58são os partidos,
13:59são os pesquisadores,
14:00é a imprensa e assim por diante.
14:02Quando a gente tem alguns...
14:05E aí, fazendo uma ponte aqui
14:06com esses dois países centrais
14:09na nossa conversa, né?
14:10Estados Unidos e Brasil.
14:12Quando você tem duas lideranças políticas
14:14que gostam de palco,
14:17que gostam de um microfone
14:18e que estão muito preocupados também
14:22em agradar uma determinada audiência,
14:24muitas vezes você cria
14:25uma situação de saia justa
14:27para os operadores de política externa.
14:29Porque você, às vezes,
14:30você assume compromissos
14:31que nem essas questões,
14:32por exemplo,
14:33da moeda dos briques e tal.
14:35Você assume compromissos
14:36que você não conversou em casa.
14:40Você não combinou isso antes em casa
14:43com todos os outros operadores
14:45de política externa.
14:46E aí, o que você acaba...
14:48E, às vezes, isso é uma estratégia.
14:49Porque você faz uma promessa lá fora,
14:52às vezes, pensando em criar
14:54um constrangimento aqui dentro.
14:55Para que depois os outros atores
14:58domésticos, eles acabem sendo
15:02pegos numa armadilha de,
15:03bom, agora já foi feita
15:05a cama de gato,
15:06agora a gente precisa entrar,
15:07porque senão vai ficar feio para a gente.
15:09Então, acho que essa questão
15:11que você perguntou sobre a ideologia,
15:13a gente tem que tomar um cuidado muito grande.
15:15primeiro, reforçar a importância
15:17de uma profissionalização
15:18da política externa brasileira,
15:20de que esses representantes brasileiros,
15:24sem se entrar em detalhes dos exemplos,
15:26você citou o caso da viagem agora na China,
15:28com várias,
15:30com algumas declarações infelizes
15:31por parte de membros da comitiva brasileira,
15:34pessoas que, inclusive,
15:36não foram eleitas para falar em nome do Brasil,
15:39emitindo opinião sobre temas sensíveis.
15:42você gera uma situação de preocupação
15:48porque, eventualmente,
15:50você acaba fazendo uma declaração
15:51que vai ser utilizada,
15:53vai ser operacionalizada pelos seus adversários.
15:57Por outro lado,
15:58a gente está lidando com um ator,
16:00e aqui recuperando algo
16:02que os nossos colegas falaram,
16:06você está lidando com um operador
16:08nos Estados Unidos,
16:09que ele vive da ideologia.
16:13Ele sequestrou o partido republicano,
16:18ele depende muito da criação de audiência,
16:23de gerar conteúdo para a sua audiência,
16:25para os seus seguidores,
16:26e é uma política doméstica,
16:28é uma política externa praticamente ideológica.
16:30Então, a gente tem que tomar um cuidado muito grande
16:31para a gente não morder a isca.
16:33Quando ele faz determinadas declarações,
16:36o Trump faz determinadas declarações,
16:38ele joga a rede para ver quem é que morde a isca.
16:41A gente tem que tomar um cuidado muito grande aqui no Brasil,
16:43e concordo com os colegas,
16:45para a gente ser pragmático,
16:47não cair nessa armadilha.
16:49É interessante que o Itamaraty,
16:53eu acho sempre,
16:54é a instituição de Estado
16:56que melhor forma quadros no Brasil,
16:59e não é de hoje.
17:01Se nós lembrarmos desde a grande figura
17:03do Barão do Rio Branco,
17:05ficou dez anos como ministrações exteriores,
17:07entre 1902 e 1912,
17:10e todas as questões,
17:11o professor Rubens de Cupre,
17:13embaixador,
17:14sempre lembra,
17:15inclusive no seu livro
17:16sobre política externa mais recente,
17:18aquele que vai do Tratado de Madri até 2016,
17:22ele destaca que a configuração territorial do Brasil
17:25em grande parte se deve
17:26à diplomacia ao Itamaraty,
17:28e isso é rigorosamente verdadeiro
17:30se nós olharmos tanto a fronteira sul
17:32como a questão da Amazônia,
17:33especialmente.
17:35E principalmente da Amazônia,
17:37que a gente acha sempre que o Tratado de Madri
17:38tem a ver com as fronteiras,
17:40com a questão do Rio da Prata,
17:41mas ela foi muito mais importante na região norte.
17:44Historicamente, depois soubemos.
17:45Bem, mas o que eu queria justamente colocar
17:48ao Roberto Duh,
17:49mas essa questão que o Gustavo Macedo apontou,
17:52porque quando o Trump,
17:54a primeira vez, foi presidente,
17:55aqui no Brasil,
17:57dois anos tivemos o presidente Temer,
17:59depois dois anos o presidente Bolsonaro,
18:01no momento que ele foi
18:02presidente do Trump dos Estados Unidos.
18:05Agora a situação é diferente.
18:06Serão quatro anos de Lula,
18:09mais os próximos dois anos,
18:11já dois anteriores, com o Biden,
18:13e a relação poderá ser uma relação de tensão,
18:19viver de blefes,
18:22de armadilhas criadas,
18:25de iscas colocadas.
18:27Como é que é possível estabelecer
18:29uma relação estável,
18:31diplomática, entre os dois governos?
18:33Porque as relações econômicas continuam.
18:35É bom lembrar.
18:36Venda, compra,
18:37as exportações, importações,
18:39inclusive a nossa balança comercial
18:41é deficitária em relação aos Estados Unidos.
18:45Como é que fica,
18:46como é que é possível estabelecer
18:47essa política de segurança
18:49entre estados,
18:50com essa instabilidade,
18:54que a gente não sabe
18:55se o que diz o presidente norte-americano hoje,
18:58ele vai repetir daqui a uma semana.
19:00Quer dizer, como é que fica?
19:01Porque, eu só dou um outro exemplo,
19:03fiz uma pergunta muito longa,
19:05me desculpe,
19:06eu pego agora essa visita surpresa,
19:08o Golfo Pérsico,
19:09a Arábia Saudita,
19:11foi ao Catar e aos Emirados Árabes Unidos.
19:13E para muitos,
19:13muitos imaginavam
19:15que a primeira visita
19:15podia ser de Israel,
19:16para uma série de alianças históricas
19:19entre o Brasil,
19:19entre Estados Unidos e Israel.
19:22Como é que fica?
19:22Como é possível estabelecer
19:24uma política,
19:24uma coisa de médio e longo prazo,
19:26num momento de tamanha instabilidade
19:28existente nos Estados Unidos,
19:30de uma diplomacia,
19:31pegando a sua expressão,
19:33a presidencial,
19:34que muitas vezes nós não sabemos
19:35se é a diplomacia presidencial,
19:37se é o departamento de Estado,
19:39se é aquele dia
19:39que ele levantou um mal-humorado,
19:41resolveu fazer uma declaração.
19:42Quer dizer,
19:43como pensar,
19:45nesse sentido,
19:45uma relação
19:46de Estado para Estado?
19:48Olha, professor Vila,
19:49eu não vejo o Trump
19:50com a menor preocupação
19:51em relação ao Brasil.
19:53A preocupação dele,
19:55como o J.D. Vance já falou,
19:57que é vice-presidente
19:57dos Estados Unidos,
19:59top priority,
20:00prioridade máxima,
20:01aqui é a China.
20:02Eu não vejo que existe
20:04alguma tensão,
20:05algum interesse
20:06de falar,
20:08por exemplo,
20:08uma vez,
20:09até pegando uma parte
20:10que o Gustavo falou,
20:12que o Lucas falou,
20:14em relação
20:15à moeda dos BRICS.
20:17E eu lembro
20:18que eu falei uma vez
20:19o seguinte,
20:19eu falei,
20:20parece que o Donald Trump
20:21deveria escolher
20:22suas brigas.
20:24Ele não quer
20:25que nós transacionemos
20:26em reais.
20:28Ele não quer
20:28que nós transacionemos
20:29em rubros russos.
20:32Ele não quer
20:32que nós transacionemos
20:33na rúpia da Índia
20:35ou no birre etíope.
20:37Ora,
20:37ninguém quer transacionar
20:38nessas moedas.
20:40Muita gente
20:41que acaba nos ouvindo
20:42fica pensando,
20:43olha,
20:43você parece que,
20:45desculpa o termo,
20:45um lambibota
20:46dos Estados Unidos.
20:48Não,
20:48não é lambibota
20:49dos Estados Unidos.
20:50O problema
20:50é que ninguém
20:51está botando arma
20:52na nossa cabeça
20:53e falando,
20:54você tem que aceitar
20:55o dólar.
20:55A gente aceita o dólar
20:56porque o dólar
20:57é uma moeda conversível.
20:59O real
20:59não é uma moeda conversível.
21:01Então,
21:02eu não vejo
21:02essa necessidade
21:04de Trump
21:07eventualmente
21:08jogar os olhos
21:10em relação ao Brasil.
21:11Por outro lado,
21:13a China
21:13está vendo
21:15o Brasil
21:15como uma enorme
21:17porta de entrada
21:18para exercer
21:20o sharp power dela.
21:22Porque existe
21:23o hard power,
21:24o sharp power
21:25que você conquista
21:26com investimentos
21:27e o soft power
21:29que é o instituto
21:30com funcionistas.
21:31Agora foi anunciado
21:3227 bilhões
21:34de reais
21:35de investimento,
21:36principalmente
21:36em transição
21:38energética.
21:39Batemos recorde
21:41na exportação
21:42de minério
21:42de cobre.
21:44Tem a Envision
21:45que está vindo
21:46para fazer
21:46combustível
21:48de aviação
21:49verde,
21:50hidrogênio verde.
21:51Guangzhou
21:54Automotive,
21:56companhia automotiva
21:58que está vindo
21:59para fazer
21:59carros elétricos,
22:01outras partes.
22:02Você tem toda
22:03essa parte
22:04que a China
22:05busca cada vez
22:07mais trazer
22:08mais investimento.
22:09Só para você
22:09ter uma ideia,
22:10professor,
22:11de 2012
22:12a 2022,
22:14se eu não me engano,
22:16os chineses
22:16trouxeram
22:1773 bilhões
22:18de dólares
22:19de investimento
22:20direto no Brasil.
22:22Não chegou nem perto
22:23dos Estados Unidos.
22:25E agora são
22:2527 bilhões,
22:26ou seja,
22:27são 100 bilhões
22:27de dólares
22:28em menos de 20 anos.
22:31Então ele quer
22:32buscar
22:32como zona
22:33de influência
22:34o Brasil
22:35na América Latina.
22:37Trump não tem
22:38esse interesse
22:39de ver por isso.
22:41Eu não vejo
22:41Trump interessado
22:43em dar
22:43um discurso
22:45ou mostrar
22:46uma política externa
22:47em relação ao Brasil.
22:48ele está muito
22:49mais preocupado
22:50com o Canadá,
22:51ele está muito
22:51mais preocupado
22:52com a Ucrânia,
22:53ele está muito
22:53mais preocupado
22:54com o Israel,
22:55a prioridade máxima
22:57é China.
22:58Agora,
22:59fica também
22:59a questão
23:00de Taiwan,
23:01mas em relação
23:02ao Brasil,
23:03eu acho que
23:03se não está
23:04no terceiro lugar,
23:05está no quarto,
23:06quinto lugar
23:07de importância
23:08para o governo
23:09dos Estados Unidos,
23:10infelizmente.
23:12Porque de qualquer
23:13maneira,
23:14veja,
23:15nós somos um país,
23:16eu quero atrair
23:17investimentos,
23:18investimento
23:19não tem
23:20ideologia.
23:21Todo mundo fala,
23:22olha,
23:22você está vendendo
23:23o Brasil
23:23para os chineses.
23:25Olha,
23:25o que o chinês
23:25vai fazer
23:26com a hidrelétrica?
23:27Ele vai pegar
23:28a usina
23:29e botar
23:30nas costas
23:30e levar
23:31para Beijing?
23:31Então,
23:32tem aquelas
23:33bobagens
23:33ideológicas
23:34que falam,
23:35olha,
23:35estamos vendendo
23:36tudo para o chinês.
23:37Nós não vendemos
23:38todo o nosso distribuidor
23:39de energia elétrica
23:40para os franceses,
23:41para os italianos,
23:42para os espanhóis
23:43e muitos,
23:44para a transmissão,
23:46e muitos perderam
23:46a concessão.
23:48Isso é uma concessão.
23:49Só que o chinês
23:50está aproveitando
23:51e está ganhando
23:52essa parte
23:53do sharp power.
23:54é importante
23:55que o Brasil
23:56faça papel
23:58de
23:58eu aceito
24:00qualquer tipo
24:01de investimento
24:02que não afeta
24:04a minha soberania.
24:05Concessão
24:06não afeta a soberania.
24:08Mas,
24:08respondendo diretamente
24:09a sua pergunta,
24:10não vejo interesse
24:11nenhum
24:12de Trump,
24:13pelo menos
24:14no quinto lugar
24:16ou daí
24:17para baixo,
24:18alguma política
24:19externa
24:19em relação
24:20ao Brasil
24:20ou em relação,
24:22não diria
24:22Venezuela,
24:23mas em relação
24:24ao Brasil
24:24mesmo.
24:26Lucas,
24:27justamente pegando
24:28um gancho
24:29do que o Dumas
24:29estava apresentando,
24:30eu lembrei aqui,
24:32sempre a história,
24:33mas que em 1935
24:36teve a política
24:38do marco compensado
24:39e o maior parceiro
24:39do Brasil
24:40naquele ano
24:41foi a Alemanha nazista
24:42e não os Estados Unidos.
24:44Havia uma disputa
24:46entre os Estados Unidos
24:47e a Alemanha
24:48para ter uma influência
24:49no Brasil
24:50nesse momento
24:50que precede
24:51a Segunda Guerra Mundial.
24:53E aqui,
24:53uma disputa política
24:55e ideológica
24:55muito forte
24:56entre a ação
24:57integralista brasileira
24:58que era um partido
24:59de tipo fascista,
25:01próximo,
25:02mais aos ideias
25:03da Itália,
25:04mais com a proximidade
25:05com a Alemanha
25:06e a maior seção
25:07do partido nazista
25:08no exterior
25:08era no Brasil.
25:09Bem,
25:10aí o Lucas
25:11ia pensar o seguinte,
25:12como é que nós devemos,
25:13na tua opinião,
25:14a relação do Brasil
25:15nesse momento histórico?
25:16De um lado,
25:17os Estados Unidos,
25:19potência que está
25:19colocada aí,
25:20do outro lado,
25:21a China,
25:22uma potência ascendente,
25:23alguns falam
25:24de armadilha
25:24de Tucídides,
25:25tem essa discussão
25:26que é uma discussão
25:27interessante.
25:28É, então.
25:29E como é que nós,
25:30e justamente a questão
25:31que o Roberto
25:32nos falou,
25:32como é que nós devemos
25:33relacionar nesse momento,
25:35garantindo os interesses
25:36nacionais,
25:36claro,
25:37a nossa soberania,
25:38mas como é isso
25:38concretamente
25:39nesse momento tão difícil
25:40da terceira década
25:41do século XXI?
25:42Olha,
25:44eu concordo com o Dumas,
25:46eu acho que
25:46certamente o Brasil
25:48não tem sido
25:50a prioridade,
25:51o Brasil e a América Latina
25:52de uma forma geral
25:53não tem sido a prioridade
25:53dos Estados Unidos,
25:55isso não é só
25:56com o governo Trump,
25:57com governos democratas
25:58também.
26:00Os Estados Unidos
26:01tem se envolvido
26:01em muitas questões
26:02no Oriente Médio,
26:04teve a questão
26:04da ascensão chinesa
26:05nas últimas décadas,
26:07isso evidentemente
26:07coloca a China
26:10como um ponto focal
26:11da região asiática
26:12para a política
26:13externa americana,
26:15então,
26:16de fato,
26:17isso compõe um quadro
26:18realmente,
26:19e agora mais
26:20nesse cenário atual
26:21de guerra comercial
26:22e de 70 frentes
26:24de negociações,
26:2580 a cada dia
26:25é um número
26:26que se fala,
26:27que teriam sido
26:28abertas pelos Estados Unidos,
26:30o Brasil,
26:30as pessoas me perguntam
26:31quando é que o Trump
26:32vai negociar com o Brasil?
26:34Certamente
26:34o Brasil
26:35não é a prioridade
26:36nesse momento
26:37que o Trump
26:38tem que acertar
26:38a vida dele
26:39com a União Europeia,
26:40está tentando acertar
26:41a vida dele
26:42com a China,
26:45anunciou esse acordo
26:46que depois a gente
26:48pode falar um pouco
26:48mais também
26:49com o Reino Unido,
26:50mas o Reino Unido
26:50é um aliado histórico
26:51muito próximo,
26:53com laços culturais
26:53muito fortes,
26:54é um pouco diferente
26:55do Brasil,
26:57mas evidentemente
26:58que tudo isso,
27:00apesar dessa postura,
27:02e aí volta um pouco
27:03também para a tua pergunta
27:04para o colega
27:07que me antecedeu,
27:09isso impacta o Brasil,
27:12querendo ou não,
27:13isso tem impacto
27:13no Brasil,
27:14e impacto em que sentido?
27:16Impacto individual,
27:17no sentido de que
27:19os Estados Unidos
27:20é o nosso principal
27:21parceiro comercial
27:23no que tange
27:23as nossas exportações
27:24industriais,
27:25vamos lembrar que ano
27:26passado nós exportamos
27:27ali 40 bilhões de dólares
27:29para os Estados Unidos,
27:30é o nosso principal parceiro,
27:31no setor importante
27:32da economia brasileira
27:34que é o nosso setor industrial,
27:35e nós estamos lá
27:36com a tarifa
27:37de importação
27:38de 10%,
27:38então indegavelmente
27:41isso tem um impacto,
27:42não é uma catástrofe,
27:44mas isso tem,
27:45isso impacta
27:45na economia brasileira,
27:47ao menos
27:48do ponto de vista setorial,
27:49do ponto de vista industrial,
27:50nós estamos com 25%
27:51de tarifas
27:52que foram cobradas
27:53sobre aço e alumínio,
27:54isso tem um impacto direto
27:56nas nossas exportações
27:57de aço e alumínio,
27:58que os dados de abril
27:58agora inclusive mostraram
28:00que caíram
28:00drasticamente em relação
28:02a abril do ano passado,
28:03já como consequência
28:04dessa política tarifária,
28:06então querendo ou não
28:07o Trump negociar conosco,
28:08a gente deve manter
28:10um diálogo aberto
28:11na medida do possível,
28:12para que em algum momento
28:13a gente consiga conversar
28:14sobre essas barreiras
28:16que foram colocadas
28:17ao Brasil.
28:18E aí eu acho que tem
28:19um outro aspecto também,
28:20Vila,
28:20que é pouco falado,
28:22que vale a pena mencionar,
28:23que também o Brasil
28:24indiretamente,
28:26eu diria,
28:26é afetado,
28:27que é o desmonte
28:29do sistema multilateral
28:30de comércio
28:31baseado em regras.
28:32Exato.
28:33Esse é um tema
28:34muito pouco mencionado,
28:35mas tudo o que está acontecendo,
28:37e que na verdade
28:38já vem acontecendo
28:38pelo menos desde 2017,
28:41aliás,
28:42eu diria até um pouco antes,
28:43até com o governo Obama,
28:44com a questão
28:45da nomeação dos juízes
28:46para o órgão de apelação
28:47do OMC,
28:48e depois com o Trump,
28:49aí ocorre o bloqueio
28:51propriamente dito,
28:52o órgão fica bloqueado,
28:54fica paralisado,
28:55quer dizer,
28:55um sistema de comércio
28:57que não funciona,
29:00regras de comércio
29:01que não funcionam,
29:02o que vale
29:03é a lei do mais forte,
29:04e é exatamente
29:05o que a gente está
29:06observando agora.
29:07Eu acho curioso
29:08que muitos analistas,
29:09inclusive,
29:09dizem que não,
29:10mas agora
29:10o Trump fazendo
29:11esse tipo de ação,
29:13negociando bilateralmente,
29:15na base da coerção,
29:16na base do bullying,
29:17nós vamos ter
29:18um mundo mais aberto.
29:19Isso é um ledo engano,
29:21quer dizer,
29:21não existe segurança jurídica
29:22nenhuma para essas negociações
29:23que estão sendo anunciadas,
29:25quebra-se completamente
29:26princípios basilares
29:28da OMC,
29:28como o princípio
29:29da nação mais favorecida,
29:30como o princípio
29:31da não discriminação,
29:33e existe uma falta
29:33de compreensão enorme
29:34do Trump,
29:35sobre como esse sistema
29:36funcionou,
29:37e funcionou muito bem,
29:38pelo menos até
29:38a oitava rodada
29:39de comércio
29:40que nós tivemos,
29:40que foi a rodada do Uruguai,
29:41que terminou em 94,
29:43com a criação do OMC,
29:44lembrando que em 1947,
29:46Vila,
29:46as tarifas de importação,
29:47a média mundial
29:48das tarifas de importação
29:49no mundo
29:49era 40%,
29:50em 95 chegamos a 5%,
29:52para as tarifas
29:53de bens industriais.
29:54Então o sistema
29:55funcionou muito bem,
29:56o que não significa
29:57que o sistema
29:58não precise de reformas.
29:59E claro que a China,
30:00fazendo parte desse sistema
30:02a partir de 2001,
30:03é um bode na sala
30:04que se coloca,
30:05e é um inconveniente
30:06não só para os Estados Unidos,
30:07para muitos outros países,
30:08inclusive para o Brasil.
30:10Porque infelizmente,
30:11aquela expectativa
30:12de que a China,
30:12ao entrar na OMC em 2001,
30:14a OMC faria com que a China
30:16se moldasse
30:17as práticas de mercado,
30:18as práticas de economia
30:19de mercado,
30:20isso não se concretizou.
30:21Isso é um fato.
30:22A China, de fato,
30:23ela tem muita dificuldade
30:24de respeitar
30:25as regras de comércio.
30:27Agora, o que não significa
30:28que em função disso,
30:29a gente tenha que jogar
30:30o sistema,
30:31destruir o sistema,
30:32jogar o sistema,
30:32jogar o bebê
30:33com a bacia junto,
30:34para fora.
30:35Então,
30:36um mundo sem regras
30:38é um mundo
30:38que prejudica
30:39muito mais
30:40os países em desenvolvimento,
30:42os países menores,
30:43do que os países grandes.
30:44Porque o poder de baganha
30:45dos países pequenos
30:46em negociações
30:47é muito restrito.
30:49Como é que o Brasil
30:50vai sentar de igual para igual
30:51com a economia
30:52de 29 trilhões de dólares
30:53e nós com a economia
30:54de 2 trilhões de dólares?
30:55Quer dizer,
30:56é muito desproporcional.
30:58E, na verdade,
30:59o sistema multilateral,
31:00o MC,
31:01ela nivelava o campo de jogo.
31:03Ela estabelecia as regras
31:04onde esse poder de baganha,
31:05essa simetria
31:06em poder de baganha,
31:07ela acabava sendo,
31:08digamos,
31:09mitigada
31:09e você conseguia
31:10ter negociações,
31:11digamos,
31:12mais interessantes
31:13para os dois lados.
31:13Esse sistema,
31:14infelizmente,
31:15está sendo destruído.
31:16Se ele vai ser reconstruído
31:17ou não
31:18é uma outra história,
31:20é uma pergunta
31:21também complexa.
31:22Nós tivemos
31:23a Pax Britânica
31:24no final do século XIX,
31:27tínhamos ali
31:27uma potência hegemônica
31:28e aquilo ali
31:29levou a um processo
31:30de globalização
31:31muito significativo,
31:33pelo menos
31:33até o início
31:35de 1910,
31:36próximos ali
31:37à Primeira Guerra.
31:38Tivemos aquele
31:38período turbulento
31:40entre as guerras
31:41e tivemos
31:41a Pax Americana
31:42construída
31:43a partir da Segunda Guerra,
31:44de novo,
31:45uma potência hegemônica
31:46que conseguiu levar
31:48o mundo
31:48para um nível
31:49de integração
31:49sem precedentes.
31:51Então,
31:52nós não temos,
31:53por ora,
31:53uma experiência
31:54de uma situação
31:55multipolar
31:56onde a gente conseguiu
31:58alcançar níveis
31:59de integração
31:59muito fortes.
32:01Acho que é esse o desafio
32:01que se coloca
32:02nesse momento
32:03e acho que
32:04há saídas.
32:05Temos os Estados Unidos
32:06hoje,
32:06que é essa potência
32:07que levou a esse equilíbrio
32:09altamente integrado,
32:10que representa hoje
32:11apenas 12%
32:13das importações
32:14mundiais,
32:15ou seja,
32:1512%
32:16daquilo que é vendido
32:18pelo mundo
32:20vai para os Estados Unidos.
32:21Ou seja,
32:22tem 85%,
32:2387%
32:24daquilo que é exportado
32:25que vai para outros lugares.
32:26Aliás,
32:27os países em desenvolvimento
32:28hoje exportam
32:2950%
32:30de tudo que exportam
32:31para outros países
32:32em desenvolvimento.
32:33Em 2000,
32:33isso era 25%.
32:35A importância
32:36dos países em desenvolvimento
32:37aumentou bastante.
32:38Então,
32:39você tem hoje
32:39um mundo que é,
32:40de fato,
32:40já meio que multipolar.
32:42Aquela hegemonia americana
32:43já não existe mais.
32:45O desafio agora
32:46é como reconstruir,
32:47como reformar
32:48esse sistema.
32:49Uma palavra final,
32:50porque eu sou um defensor
32:51da OMC,
32:52mas sou defensor
32:53de uma OMC moderna.
32:55Nós criamos
32:56uma OMC
32:56numa época
32:57que o mundo
32:57era analógico.
32:58O mundo hoje
32:59é digital.
32:59as regras de comércio
33:01precisam modernizar.
33:03As regras de comércio
33:04precisam estar atualizadas.
33:06A gente está falando
33:06hoje de comércio
33:07de serviços,
33:08de propriedade intelectual,
33:10de comércio digital,
33:11de uma série
33:12de comércios
33:13que eram irrelevantes
33:14na época
33:15que a OMC foi criada
33:16e que hoje ganharam
33:17uma relevância
33:18muito grande
33:19e a gente não tem
33:20regras,
33:20digamos,
33:21para dar o conforto
33:22necessário
33:22nas negociações
33:23no âmbito da OMC.
33:25E um ponto final,
33:26não dá para a gente
33:27ter a China
33:28como a segunda
33:28maior economia
33:29do mundo hoje,
33:30a primeira já
33:31em paridade
33:32de poder de compra,
33:34se declarando
33:35como país
33:35em desenvolvimento
33:36e, na verdade,
33:38desfrutando
33:39do chamado
33:39tratamento especial
33:41e diferenciado
33:41nas negociações
33:43da OMC
33:43como se ela fosse
33:43um país em desenvolvimento
33:44que precisasse disso.
33:46Então, muita coisa
33:46precisa ser mexida,
33:48mais agilidade
33:49na OMC,
33:49mais agilidade
33:50no julgamento
33:51dos painéis,
33:52das apelações,
33:54no órgão de apelação
33:55e etc.,
33:56para que a gente consiga
33:57ter um sistema
33:57mais moderno,
33:58mas que dê o conforto
33:59necessário,
34:00sobretudo,
34:00para as economias
34:01em desenvolvimento.
34:02E é interessante,
34:03Vila,
34:03desculpa,
34:04só uma parte aqui,
34:05que é justamente
34:06essas instituições
34:08pós-Bretton Woods,
34:09OMC,
34:10Banco Mundial,
34:11etc.,
34:12globalização,
34:14suprimento de cadeias
34:15produtivas,
34:16etc.,
34:16que tornou os Estados Unidos
34:17o maior país do mundo.
34:20Perfeito.
34:20Exatamente.
34:21mesmo com o dólar
34:27sendo a moeda corrente
34:29ou a moeda mais conversível
34:31que existe,
34:32isso é que tornou
34:33os Estados Unidos
34:34sendo o maior do mundo.
34:35E o que o Trump quer,
34:36parece que ele quer
34:37voltar ao tempo.
34:39Porque na economia
34:40você começa sempre
34:41com escravidão,
34:42feudalismo,
34:43manufatura,
34:46agricultura,
34:47manufatura e serviços.
34:48ele tem o Vale do Silício,
34:50é a maior empresa do mundo.
34:52São as maiores empresas
34:54tecnológicas que tem.
34:57Quer dizer,
34:58você quer voltar
34:58para a manufatura
35:00com nível de desemprego
35:02de 4%,
35:03como é que eu vou trazer
35:05aqueles produtores
35:07que, por exemplo,
35:08ele falou,
35:08quero trazer novos produtores
35:10para o Rust Belt,
35:11para o cinturão de ferrugem,
35:14cinturão de ferro aqui.
35:15Veja,
35:15na época de Ronald Reagan
35:17você precisava
35:17de 10 homens-hora
35:18para fazer uma tonelada
35:19de aço.
35:21Hoje você precisa
35:21de 2 homens-hora
35:22para fazer uma tonelada
35:23de aço.
35:24Então,
35:25culpe a tecnologia,
35:26não culpe os outros.
35:27Esse é um ponto,
35:28Vila,
35:29se me permite,
35:29fundamental,
35:30complementando aqui
35:30o colega que está
35:31coberto de razão,
35:33esse é o famoso
35:34equívoco de concepção
35:35do Trump.
35:36Existem vários,
35:37em toda essa narrativa
35:38que foi criada,
35:40que eu diria
35:40com requintes fortes
35:41de populismo.
35:42Quer dizer,
35:43o problema hoje
35:44da economia americana,
35:45ele é um problema
35:46concreto,
35:47e ele é um problema
35:48sério de mercado
35:49de trabalho.
35:50Nós estamos falando aqui
35:51de algo que é pequeno,
35:52é um problema sério.
35:54Quer dizer,
35:54a desigualdade social,
35:56de renda nos Estados Unidos
35:57vem aumentando
35:57já há muitos anos,
35:59pelo menos ali
35:59desde a década de 70.
36:01Os desempregos
36:02na manufatura
36:03também vem aumentando,
36:05pelo menos
36:05desde a década de 60,
36:06os dados mostram isso.
36:08E claro que houve ali
36:09uma intensificação
36:10desse fenômeno
36:11mais recentemente
36:13com essa hiperglobalização
36:14que nós vivemos.
36:15Mas,
36:16vários estudos apontam
36:18que, no máximo,
36:18essa hiperglobalização
36:20teria sido responsável
36:21por 10 a 20%
36:23das vagas perdidas
36:24na manufatura americana.
36:26Quem conta toda a história,
36:27o pano de fundo
36:28para os problemas sociais,
36:30de mercado de trabalho
36:30que os Estados Unidos
36:31vêm vivendo
36:31já há algumas décadas,
36:33é o progresso técnico,
36:34o poupador de trabalho,
36:35é a automação.
36:36E você não vai resolver
36:38esse problema de automação
36:39fechando a economia americana,
36:42isolando a economia americana
36:43do mundo.
36:43Muito pelo contrário,
36:44você vai exacerbar
36:45esse problema.
36:47Na medida que você pensa
36:48que o imposto de importação
36:50é um imposto regressivo,
36:52ele é um imposto
36:52que penaliza muito mais
36:54o pobre do que o rico,
36:56porque o rico
36:57tem uma cesta de consumo
36:59que parcialmente
37:00são bens que ele compra
37:01e majoritariamente
37:02são serviços.
37:04O pobre não,
37:05o pobre e a sua cesta
37:06de consumo
37:06é basicamente
37:07100% são bens.
37:09Então, com essa política
37:10de fechamento
37:11da economia americana,
37:12de protecionismo,
37:14o Trump vai estar
37:15atacando justamente
37:16a população
37:16que ele diz querer defender.
37:19Então, vai certamente
37:20prejudicar o poder de compra,
37:22sobretudo da população
37:23mais pobre.
37:24A evidência que nós temos
37:25do Trump 1
37:26também é muito ruim.
37:28E aquela guerra comercial
37:29que começou lá em 2017,
37:30que envolveu a China,
37:31basicamente,
37:32e alguns outros poucos países,
37:34o setor de aço e alumínio
37:35foi taxado também,
37:36teve uma retaliação
37:37da União Europeia,
37:37alguns outros países detalharam,
37:39mas a magnitude
37:40foi infinitamente menor.
37:42E os estudos também
37:43apontam que aquele movimento
37:46feito pelo Trump
37:47não gerou os empregos
37:49que ele gostaria
37:50que tivessem sido gerados
37:51no setor siderúrgico.
37:51Para cada vaga,
37:54inclusive,
37:54que foi criada nova
37:55no setor siderúrgico,
37:56duas foram perdidas
37:57nos elos ajuzantes
37:58que consomem
38:00os produtos siderúrgicos,
38:01setor automotivo,
38:03setor de máquinas e equipamentos,
38:04setor de construção civil.
38:05E cada vaga gerada
38:08também no setor siderúrgico,
38:10três foram perdidas
38:11com as medidas retaliatórias
38:13da China.
38:15Então, foi contraproducente.
38:16Os Estados Unidos
38:17ele é altamente dependente
38:19da importação da China,
38:21porque a China
38:22é um grande fornecedor
38:23de insumos industriais
38:25para a indústria americana.
38:27E com essa guerra comercial
38:28do Trump e um,
38:29os estudos apontam também
38:30que houve uma queda
38:31de 8%
38:32nas exportações
38:33industriais americanas
38:34em função da perda
38:35de competitividade
38:36a partir das tarifas
38:37que foram colocadas.
38:38Ou seja,
38:39é um festival de nonsense
38:41que se mistura também
38:43com questões
38:44de segurança nacional
38:45e aí a história
38:47do fentanil,
38:48que foram tarifas
38:49colocadas contra o Canadá,
38:50contra o México,
38:51que são aliados históricos,
38:52membros do USMCA,
38:55que foi um acordo
38:56que foi renovado
38:57pelo Trump
38:58em 2020,
38:59reescrito pelo Trump
39:00e ele ao assumir
39:02o seu governo
39:02agora nessa nova gestão
39:04basicamente rasgou o acordo.
39:06Como rasgou
39:06outros acordos de comércio.
39:08A Austrália, por exemplo,
39:09tem um acordo de livre comércio
39:10com os Estados Unidos
39:10e a Austrália foi atingida
39:12pelas tarifas
39:12de 10% do Trump também.
39:14Enfim,
39:15realmente um mundo
39:15muito confuso aí
39:16que a gente está vivendo.
39:17Gustavo,
39:18pegando essas questões
39:20que são tão importantes
39:21aí,
39:22a gente quando está falando
39:23das relações Brasil
39:24e Estados Unidos,
39:25Estados Unidos e Brasil
39:26e essas questões
39:28em que envolve China,
39:31com essa transferência
39:32do eixo dinâmico
39:33do capitalismo
39:34para a região
39:34Ásia Pacífica,
39:35com essas mudanças
39:36que estão ocorrendo
39:36e nós estamos no olho
39:37do furacão
39:38dessas mudanças,
39:39pouco se fala
39:40do Mercosul,
39:41então eu fico olhando
39:42assim,
39:42acompanhando,
39:43e como é que
39:46a negociação,
39:47por exemplo,
39:47uma coisa é a União Europeia
39:48negociar com os Estados Unidos,
39:51outra coisa,
39:53no caso aqui,
39:54seria o Brasil negocial
39:55ou a Argentina.
39:56Como é que fica
39:57o Mercosul
39:57nessa história toda?
40:00O Mercosul
40:01fracassou,
40:02é uma união
40:04alfodegária,
40:05é possível
40:05em certo momento
40:06falar até de moeda
40:07no Mercosul,
40:08isso lá atrás,
40:09na primeira década
40:10desse século,
40:11deram até o nome
40:12andino
40:13para a moeda
40:13que tem muito a ver
40:14conosco.
40:14Eram muitos homens,
40:15inclusive.
40:16Então,
40:17era um momento
40:18assim,
40:19de certa estranheza
40:20que nós vimos
40:20na política externa
40:21do Brasil.
40:22Então,
40:23Gustavo,
40:23eu coloco assim,
40:24como é que fica
40:25essas nossas relações?
40:26Brasil-Argentina,
40:27fundamentalmente,
40:28que são os dois pilares
40:29essenciais do Mercosul,
40:31com o Trump.
40:32Lembrando que
40:32tem o presidente Milley,
40:34que é muito próximo
40:35ao presidente Trump,
40:36já deixou isso claro
40:38e vice-versa,
40:39e no caso
40:39do presidente Lula,
40:40nós estamos no campo
40:41político oposto.
40:42Como é que fica isso
40:43na tua leitura?
40:45O Mercosul,
40:46ele é
40:46aquilo que
40:48os países
40:49membros decidiram
40:50fazer dele
40:50nas últimas
40:51duas décadas,
40:52do processo
40:53de regionalização.
40:54Eu costumo dizer
40:54que o Mercosul,
40:56ele não é um processo
40:57de regionalização
40:58que deu errado,
40:58ele é um processo
40:59de regionalização
41:00próprio,
41:01assim como a própria
41:02União Europeia,
41:03também tem toda
41:04a sua história própria.
41:05Ele aparece,
41:06nesse momento,
41:07como uma alternativa
41:08pragmática
41:09que o Brasil
41:09e os outros países
41:10da região
41:10podem utilizar
41:12como instrumento
41:13de política externa.
41:14Essa situação,
41:15por exemplo,
41:16das tarifas impostas
41:18pelo governo Trump
41:19sobre os países europeus,
41:20ascendeu para várias
41:22lideranças europeias
41:23a importância
41:24e a necessidade
41:25de voltar a olhar
41:26para o Mercosul
41:27e eventualmente
41:29fazer algumas concessões
41:31para algumas barreiras
41:32que eles vinham impondo
41:33aos países do bloco,
41:35aqui na América do Sul,
41:36como barreiras
41:38de impedimento
41:38para que o acordo
41:40pudesse avançar.
41:41E aí,
41:42nesse momento,
41:43a gente estava falando
41:43muito sobre a questão
41:44de risco e de incerteza
41:45anteriormente,
41:46em que você olha
41:47para os Estados Unidos
41:48e você começa a ver
41:50que você tem
41:51à frente dos Estados Unidos
41:53uma liderança
41:53que passa em segurança,
41:55a União Europeia
41:56precisa garantir
41:58o seu fluxo comercial,
42:03a entrada de bens
42:03de consumo,
42:04a entrada de importação
42:06de alguma das commodities
42:08que são produzidas
42:08aqui na nossa região
42:09e ela olha
42:10para o Mercosul
42:11como bom.
42:12Aquele acordo
42:13que não era tão bom
42:13agora começa a parecer
42:14um pouco mais interessante
42:16tendo em vista
42:17que o nosso parceiro
42:18aliado de tanto tempo
42:20agora começa a transmitir
42:21bastante segurança
42:22para a gente.
42:23Do lado aqui
42:24dos nossos países
42:25do Mercosul,
42:27eu acho que
42:28falta ainda
42:29um processo
42:30de articulação
42:30que depende muito
42:33dessa aproximação
42:34entre o Brasil
42:34e a Argentina.
42:35o fato
42:36de que a gente
42:36tem uma relação
42:37ainda,
42:38a gente volta
42:39à questão
42:39de uma política
42:40externa
42:41contagiada
42:43por ideologias,
42:45uma dificuldade
42:46ainda
42:46de se sentar
42:47à mesa
42:48entre as duas
42:49lideranças
42:49desses dois países
42:50que são as duas
42:51economias mais fortes
42:53para poder falar
42:53e para poder ter
42:54voz de negociação
42:55no Mercosul,
42:57isso dificulta
42:57um pouco
42:58que os países
42:59possam se comportar
43:00enquanto um bloco
43:01e que eles
43:02possam fazer
43:03concessões
43:04para que eles
43:05possam ir juntos
43:06mais fortes
43:07para fazer
43:08essa negociação
43:09com a União Europeia.
43:11Eu imagino
43:11que os outros
43:12países da América do Sul
43:14nesse momento
43:14eles olham
43:15para Brasil
43:15e Argentina
43:16e eles esperam
43:18uma reação,
43:19um posicionamento
43:19de liderança regional
43:20que parece que
43:21nos falta
43:22e a gente volta
43:23a falar um pouco
43:23sobre a política
43:24externa brasileira.
43:25A política externa
43:26brasileira,
43:27na minha opinião,
43:29está perdendo
43:30oportunidades.
43:30A gente costuma
43:31falar que o Brasil
43:31não perde oportunidade
43:32de perder oportunidades.
43:34A política externa
43:35brasileira está
43:36perdendo oportunidade
43:38de aproveitar,
43:40recuperando
43:40o que o Dumas
43:42falou,
43:43de falar,
43:43o Brasil
43:44não é uma prioridade
43:45dos Estados Unidos,
43:48a América Latina
43:49não é mais...
43:50Ótimo,
43:51isso é ótimo
43:51para a gente,
43:52porque aí a gente pode,
43:53enquanto uma liderança
43:54regional,
43:56articular
43:57junto aos outros
43:58países
43:59para que a gente
43:59possa
44:00negociar
44:01quieto,
44:03sem fazer muito barulho,
44:05sem fazer muito
44:05estadalhaço,
44:06negociar junto
44:07com a União Europeia
44:08eventualmente.
44:10Porque, por exemplo,
44:11só para fechar
44:11o meu comentário,
44:12a gente está falando
44:13o tempo todo
44:13de China,
44:14a China
44:15vem investindo
44:17em toda a nossa região,
44:18toda a região
44:19da América do Sul
44:20está recebendo
44:21um investimento
44:22maciço
44:23dos chineses,
44:24inclusive na área
44:24de infraestrutura.
44:26Os chineses
44:26têm todo o interesse
44:27de ajudar,
44:28promover
44:29a modernização
44:30da infraestrutura
44:31em algumas regiões
44:31aqui da América do Sul.
44:33Isso também pode
44:34participar,
44:35pode entrar
44:35na pauta de negociação
44:37no âmbito
44:38do próprio BRICS.
44:39O Brasil tem esse poder
44:40de levar
44:41junto
44:42dentro dos BRICS
44:43ou principalmente
44:44junto aos chineses,
44:45falar, olha,
44:46eu quero ajudar,
44:47eu quero participar
44:47da articulação
44:48da decisão
44:49de tomar
44:49decisão estratégica
44:50do investimento
44:52que está sendo
44:52feito naquela região.
44:54Então, eu acho
44:54que o Mercosul,
44:55colocando aqui
44:57o meu comentário
44:57de maneira mais ampla,
44:58a América do Sul
44:59como um todo,
45:00ela é
45:01uma oportunidade
45:03para o Brasil,
45:04obviamente
45:06é uma oportunidade
45:07para as outras
45:08economias,
45:09para os nossos
45:09vizinhos
45:10sul-americanos
45:11de mais uma vez
45:13tentarem
45:14se proteger
45:15e agir
45:15enquanto bloco.
45:16O que está acontecendo
45:17nesse comportamento
45:18dos Estados Unidos
45:19na liderança
45:23dessa figura
45:25ideológica
45:25que é o Trump,
45:26primeiro,
45:27ele está empurrando
45:28o mundo
45:29em direção
45:29ao colo da China,
45:30porque na medida
45:31em que os Estados Unidos
45:32transmitem insegurança
45:34e os chineses
45:35chegam com oportunidades,
45:37todo mundo
45:37começa a olhar
45:38para a China
45:39como um parceiro
45:40mais interessante
45:41ainda.
45:42E tem um outro
45:43efeito rebote
45:44que é o de
45:45retorno ao processo
45:46de regionalização.
45:48Bom, então
45:48a coisa lá fora
45:49está tão esquisita,
45:50está tão estranha
45:51que eu volto
45:52a olhar para a minha região,
45:53volto a fortalecer
45:54a minha região,
45:55que aí,
45:56terminar com esse comentário
45:58que o Lucas
45:58também fez,
45:59trouxe agora há pouco,
46:00da questão
46:00da multipolarização.
46:03Todos os estudos
46:04teóricos
46:05de relações
46:06internacionais
46:06dizem que
46:07existem três ordens
46:09de relações
46:10internacionais,
46:11a unipolar,
46:12a bipolar
46:12e a multipolar.
46:14Dessas três,
46:15a mais instável
46:16é a multipolar.
46:18E é nessa direção
46:19que nós estamos
46:20caminhando no mundo
46:20nesse momento.
46:22Bem,
46:23eu estava pensando aqui,
46:25estamos indo,
46:25quer dizer,
46:26ainda faltamos mais um quarto
46:27ainda do programa,
46:29mas pegando esse gancho
46:30que você falou
46:31das oportunidades,
46:33e aí passando
46:33para o Dumas.
46:34Nessa relação
46:36que não é tão
46:37conflituosa
46:37como vocês destacaram
46:38entre o Brasil
46:39e os Estados Unidos
46:40em relação às tarifas
46:41frente a outros países,
46:43né?
46:45Frente à questão,
46:46eu acompanho diariamente
46:47o México,
46:47que eu estudei lá,
46:48não, não,
46:49priscas eras,
46:50e eu gosto
46:51de acompanhar
46:51a política atual mexicana,
46:53tem uma série de,
46:55bem,
46:55tem questões históricas
46:56que confrontam
46:57os Estados Unidos
46:57dos Estados Unidos
46:58em México,
46:58mas tem questões
46:59contemporâneas,
47:00foi lembrado desde
47:00na época,
47:02na AFTA,
47:02em 1994,
47:03né?
47:04E que depois foi alterado
47:05no primeiro presidente,
47:07na primeira gestão
47:08do presidente Trump,
47:09que existem todas
47:09as relações econômicas.
47:10Agora,
47:11que oportunidades
47:11no meio dessas
47:12contradições
47:13entre Brasil
47:14e Estados Unidos,
47:15nós,
47:15o Brasil,
47:16podemos ter,
47:17olhando,
47:18não tanto a relação
47:19com os Estados Unidos,
47:20porque não se vi
47:21que não dá para ampliar
47:22o mercado do Brasil
47:23nos Estados Unidos,
47:24que eu não creio,
47:25mas em outras,
47:26não só a China,
47:28mas em outros,
47:28que esses confrontos
47:30que possam abrir
47:30oportunidades para o Brasil,
47:32eventualmente,
47:33o acordo com a União Europeia,
47:34que também é uma novela
47:35que não termina,
47:36né?
47:37Ou ampliação do comércio
47:38com a China,
47:39ou,
47:40que nem a gente nunca fala
47:41da Índia,
47:42o que me chama a atenção,
47:43um dia eu estava participando
47:44de um debate,
47:45terminamos o debate,
47:46eu falei,
47:46mas sem ser inconveniente,
47:48eu falei,
47:48nós falamos de tudo
47:49e esquecemos de um país
47:50que está correndo,
47:51atropelando por fora,
47:53sexto,
47:54quinto,
47:54quarto PIB do mundo,
47:55daqui a pouco eu não sei
47:56o que vai acontecer
47:56com a Índia,
47:57a gente,
47:58e nós,
47:58o nosso comércio
47:59com a Índia é pífio,
48:00né?
48:01Como é que fica?
48:01Quais são as oportunidades
48:03que eu vou passar
48:03para vocês três
48:05que se abrem para o Brasil
48:06nessa conjuntura?
48:07ou seja,
48:07você é bastante rápido
48:09e direto ao ponto,
48:11eu acho muito difícil
48:12ter oportunidades
48:13no aspecto
48:14de valor agregado,
48:15por vários motivos,
48:18o Brasil não tem plano
48:20de Estado,
48:20o Brasil tem plano
48:21de governo,
48:22esse negócio
48:23da nova industrialização
48:25brasileira
48:26é completamente equivocado,
48:28a taxa de juros
48:28deveria cair,
48:29não,
48:29a taxa de juros
48:30ela está
48:31porque a inflação
48:32está 5,5%,
48:34e os rentistas
48:35no final das contas
48:36somos nós,
48:38nós que determinamos
48:39as taxas de juros
48:40na curva de juros
48:41mais alta,
48:42mas o problema
48:43vem muito mais lá atrás,
48:44por exemplo,
48:45no último PISA,
48:47que é o Programa
48:47for International
48:48Students Assessment,
48:50de 77 países
48:51da OCDE,
48:53de prova de 50,
48:54de crianças
48:56de 15 a 16 anos,
48:5877 países
48:59nós pegamos,
48:59se eu não me engano,
49:00em matemática
49:0058º,
49:03em ciências
49:03é 62º,
49:05em leitura
49:0760º lugar,
49:09ou seja,
49:09eu tenho uma educação,
49:11aí você fala,
49:12poxa,
49:12então o Brasil
49:12precisa investir
49:14mais em educação,
49:15não,
49:16o Brasil é um dos países
49:17que mais investe
49:17em educação do mundo,
49:19em termos de percentual
49:20do PIB,
49:21só que nós investimos
49:22praticamente
49:233 mil dólares
49:24público
49:25por estudante,
49:27por ensino fundamental,
49:29enquanto a OCDE
49:30investe 10 mil dólares
49:32para ensino superior,
49:34pelo amor de Deus,
49:35eu não estou falando
49:36mal de ensino superior,
49:37mas todo o país
49:38que deu certo
49:38investiu muito mais
49:39no ensino fundamental
49:40do que o superior,
49:41nós investimos
49:4213 mil dólares,
49:4314 mil dólares,
49:45enquanto a OCDE
49:45investe 12 mil
49:46e 500 mil dólares,
49:48ou seja,
49:48as universidades
49:49hoje em dia
49:50no Brasil
49:50é praticamente
49:51uma instituição financeira,
49:54todo o país
49:54que deu certo
49:55investiu muito mais
49:56nos fundamentais,
49:57outro ponto,
49:58a nossa infraestrutura,
50:01no último
50:02World Competitiveness Center,
50:04também da OCDE,
50:05de 140 países,
50:06nós pegamos
50:07centésimo,
50:08vigésimo lugar,
50:09e se a gente
50:10entrar um pouco
50:11de macroeconomia
50:12aqui,
50:13usar
50:13a teoria
50:15de Solo,
50:16o Robert Solo,
50:17ganhador do prêmio
50:18Nobel de Economia,
50:20eu não consigo
50:21mais crescer
50:21por transpiração,
50:23porque minha população
50:24economicamente ativa
50:25não está crescendo,
50:26capital eu acabo
50:28dando para o governo,
50:29eu preciso crescer
50:30via produtividade
50:31total dos fatores,
50:32produtividade
50:33do trabalhador
50:34e produtividade
50:35do capital,
50:36produtividade
50:36do trabalhador
50:37eu não tenho educação,
50:38produtividade
50:39do capital
50:39eu não tenho infraestrutura,
50:41e outra,
50:42pasme,
50:42vila,
50:4458%
50:46da população
50:47brasileira
50:47não tem acesso
50:49ao tratamento
50:50de esgoto,
50:52no nosso caso
50:53não tem problema
50:54isso daqui,
50:55porque nós já estamos
50:56acima dos 15 anos,
50:57mas crianças
50:59que tem de 0 a 7 anos
51:00tem uma neuroplasticidade
51:02enorme,
51:04essas crianças
51:04que ficam sem tratamento
51:06de esgoto,
51:07neurobiologicamente
51:08elas estão prejudicadas,
51:10ou seja,
51:10eu estou há 22 anos
51:11negociando
51:12o tratado
51:13com a União Europeia,
51:14cadê o negócio
51:15do saneamento básico
51:17que nós não fizemos?
51:18Cadê o negócio
51:19da educação
51:20que eu já poderia
51:20ter feito um trabalhador
51:22pronto para competir?
51:23e mesmo assim
51:25a indústria fala
51:27não,
51:27me dá mais 10 anos,
51:29ou seja,
51:29vão ser 32 a 35 anos
51:32para eu me preparar
51:34para competir
51:35com o europeu
51:37na indústria,
51:38e eu não vou estar pronto,
51:40são 35 anos
51:42que nós estamos querendo,
51:4422 de negociação
51:45e mais 10 a 11 a 12
51:48para cair 92%,
51:50ou seja,
51:51eu não vejo
51:52esse tipo
51:53de nova industrialização
51:55que é na educação
51:57fundamental,
51:59que é no saneamento básico,
52:01que é na infraestrutura,
52:02então infelizmente
52:04eu vejo o Brasil
52:04como o país
52:05das commodities,
52:07claro que você tem
52:08ilhas de excelência,
52:11você tem Hebraer,
52:12você tem WEG,
52:13você tem Frasli,
52:14mas é difícil
52:15você falar
52:16as verdadeiras
52:17ilhas de excelência
52:18que sejam fora
52:19do segmento
52:20de commodities,
52:21você vai falar Vale,
52:22vai falar Petrobras,
52:23vai falar BRE,
52:25vai falar JBS,
52:26tudo isso daí
52:27você vai ganhar commodity,
52:28eu quero saber
52:29as ilhas de excelência,
52:31ou seja,
52:31o Brasil está ficando
52:32para trás,
52:33e como diz
52:33o Marcos Lisboa,
52:34isso é coisa
52:35de profissional,
52:37isso não é coisa
52:38de amador,
52:39isso é coisa
52:39de profissional,
52:40nós conseguimos
52:41atrasar o Brasil
52:42em 20 anos
52:43culpando justamente
52:45o termômetro,
52:47o problema
52:47é taxa de juros,
52:48não,
52:49o problema
52:49não é taxa de juros,
52:51veja,
52:51a taxa de juros
52:51é alta no Brasil,
52:53pelo amor de Deus,
52:55porque vamos pensar,
52:56se o teu vizinho,
52:57Vila,
52:57gasta demais,
52:59e fala para você,
53:00não vou te pagar
53:01mais o dinheiro,
53:03vou continuar pedindo
53:04emprestado,
53:05você fala,
53:05espera um pouquinho,
53:06meu risco aumentou,
53:08meu risco aumentou,
53:10eu vou cobrar
53:11mais juros
53:11de você,
53:12se eu cobro
53:13mais juros
53:13de você,
53:14eu expulso
53:15o setor privado
53:17da economia
53:18para financiar
53:19o setor público,
53:21que é o chamado
53:22efeito deslocamento,
53:24então a gente culpa
53:25a taxa de juros,
53:27mas aí fica aquela coisa,
53:28vendedores de miçanga
53:29que gostam de vender,
53:31queimar a cabeça
53:32de Banco Central
53:33na Paulista,
53:34não entende
53:35que quem cobra
53:36a taxa de juros
53:36no final das contas
53:37somos nós,
53:38poupadores,
53:40que temos um restinho
53:40de dinheiro
53:41que põe no fundo
53:42de investimento,
53:42e não é essa
53:44a única razão
53:45do atraso
53:46do Brasil,
53:47esse é o termômetro
53:49do atraso
53:50do gasto público
53:51do Brasil
53:52que não tem dinheiro
53:54e que tem
53:55um histórico
53:56de default,
53:57não vamos dar calote,
53:59mas não vamos esquecer
54:00uma coisa,
54:01obviamente,
54:01muita gente lembra,
54:03mas em 1980,
54:041994,
54:05Vila,
54:06a nossa inflação
54:07acumulada,
54:08pasme,
54:09foi de 12 trilhões
54:11percentuais,
54:13isso é um calote,
54:15demos calote 82,
54:16demos calote 87,
54:18tivemos o plano Collor,
54:20quem financia o governo
54:21não esquece dessas coisas,
54:24então cobre,
54:24quando você fala
54:25que gasta a vida,
54:26que tem que gastar mais
54:27e que tem que fazer
54:28o auxílio gás,
54:29tem que fazer o INSS,
54:31tem que fazer o consignado,
54:32você fala,
54:33gente,
54:33vocês não vão cortar
54:34mais nada?
54:35Desde 90 trilhões
54:37e 9 trilhões
54:38de reais
54:39e não vão cortar nada?
54:40não,
54:41então não é a taxa de juros
54:42o problema maior do Brasil,
54:44o problema maior aqui,
54:45eu não estou nem falando
54:46de Bolsonaro ou Lula,
54:48estou falando de lá para trás,
54:50de 30,
54:5140 anos para trás.
54:52Deixa eu falar para vocês,
54:54é horrível,
54:55mas existe uma coisa
54:56chamada tempo,
54:57é loxo,
54:58eu sempre digo,
54:59acabei me estender,
55:00não,
55:00não,
55:01vamos,
55:02é duro falar,
55:05Lucas e Gustavo,
55:06um minuto,
55:07eu sei que a gente que,
55:09e vocês tem tanta coisa
55:10para dizer,
55:11mas se fosse possível
55:12sintetizar,
55:13Lucas,
55:14a oportunidade,
55:15qual que seria o nosso
55:16grande momento de oportunidade,
55:18o que assim que você
55:18colocaria o dedo e falaria,
55:20principalmente é isso?
55:21Pois é, Vila,
55:21eu acho que de cara,
55:24eu acho que de largada,
55:25nesse cenário,
55:26que a gente está vivendo
55:28de tarifas do Trump,
55:3010%,
55:31agora houve essa negociação
55:33com a China,
55:34então foi reduzido
55:35de 145 para 30,
55:37a China reduzido
55:38de 125 para 10,
55:39mas tem lá as tarifas
55:40que foram colocadas
55:41anteriormente,
55:42ou seja,
55:42o comércio bilateral
55:43entre China e Estados Unidos,
55:44ele ainda é um comércio
55:45que tem barreiras
55:47de importação altas,
55:48o Brasil pode se beneficiar,
55:51eu acho que claramente,
55:52na questão do agronegócio,
55:53eu acho que o fato,
55:55ainda que hoje a gente
55:56tenha tarifa só de 10%,
55:57estava 125% da China
55:59foi para 10%,
56:00mas tem lá os 15%
56:01que foram colocados
56:02antes do dia 2 de abril,
56:04então a China hoje
56:05está cobrando
56:05para o agronegócio americano
56:07alguma coisa como 25%
56:09a 30% de tarifa de importação,
56:12o que ainda constitui
56:13oportunidade para o Brasil
56:14conseguir exportar
56:16mais produtos importantes
56:17da nossa pauta de agronegócio,
56:18soja, milho, algodão,
56:20carnes, etc.
56:21Então,
56:22acho que isso é
56:22uma oportunidade
56:23realmente muito clara
56:24que se abre.
56:25Se vamos aproveitar ou não,
56:27aí uma outra história,
56:28isso depende de outros fatores,
56:29mas claramente
56:30aí uma janela
56:31de oportunidade.
56:32Com relação
56:33ao Mercosul,
56:34propriamente dito,
56:35por que eu estou falando
56:36do Mercosul?
56:37Porque agora,
56:38nesse mundo mais fechado,
56:40existe o aumento
56:41pelo apetite
56:42de novos acordos comerciais.
56:44Sim.
56:44E eu acho,
56:45inclusive,
56:45que o acordo
56:46Mercosul-União-Européia,
56:47as chances
56:48deles serem aprovados
56:50no Conselho Europeu,
56:51no Parlamento Europeu,
56:52aumentaram muito mais agora
56:54nesse contexto complexo
56:55onde a União Europeia,
56:56assim como outros países,
56:57estão buscando
56:58reduzir a sua dependência
56:59em relação ao comércio
57:01com os Estados Unidos.
57:02Então,
57:02esse acordo
57:03deve ser aprovado,
57:04possivelmente,
57:05no ano que vem.
57:06Eu acho que isso é
57:06uma boa notícia,
57:07de certa forma.
57:08Os benefícios
57:09são diluídos
57:10ao longo do tempo,
57:11enfim,
57:12mas é um parceiro importante.
57:14vamos formar ali
57:15uma área
57:16de livre comércio
57:16com 718 milhões
57:18de consumidores,
57:20isso é bacana.
57:21Temos também
57:21a possibilidade
57:22de retomarmos
57:23o nosso acordo
57:23Mercosul-Canadá,
57:25que está parado,
57:26ele estava em negociação,
57:27ele está parado,
57:28ele pode ser retomado.
57:30Temos condições
57:30de retomar
57:31as nossas negociações
57:32com o México.
57:32Temos três acordos
57:33negociados com o México.
57:34Sim.
57:35Precisamos também
57:36fazer isso,
57:37ampliar a nossa pauta
57:38com o México.
57:38E Índia,
57:39você tocou
57:39num ponto fundamental.
57:41O Brasil tem um acordo
57:42com a Índia preferencial
57:43que envolve
57:43400 linhas tarifárias
57:45apenas,
57:46num universo
57:47de mais de 10.300
57:48linhas tarifárias
57:49que o Mercosul tem.
57:50Ou seja,
57:51nós não temos
57:51um acordo com a Índia.
57:53Então,
57:53falta esse apetite brasileiro,
57:55falta esse apetite
57:56do Mercosul.
57:57Vou terminar.
57:57E o Mercosul
57:58é um bloco complicado,
58:00porque para o Mercosul
58:01funcionar,
58:02e a história do Mercosul
58:03mostra isso,
58:04precisa ter um alinhamento
58:05muito claro
58:05entre o Brasil e a Argentina,
58:06que são as duas
58:07grandes economias.
58:08E isso nós não temos hoje,
58:09infelizmente.
58:09Gustavo,
58:10peço desculpa
58:11para você
58:11que nós estouramos
58:12o tempo aqui
58:14e estão me cobrando aqui.
58:16E sabe por quê?
58:17Eu acho que a nossa discussão
58:18foi muito rica,
58:19teve muitos pontos
58:20na questão,
58:20por exemplo,
58:21da educação,
58:21levantados agora
58:22no final do debate,
58:24de qualificação
58:25da força de trabalho,
58:26quando um terço
58:27da população
58:27analfabeto funcional
58:29ou outro terço
58:29mal consegue fazer
58:30as quatro operações
58:31sobre um terço
58:32da população.
58:33Como a gente pode falar
58:34em tanta coisa,
58:35inteligência artificial,
58:36as pessoas não sabem ler
58:37e escrever.
58:38Então, eu queria,
58:40peço desculpas a você,
58:41Gustavo,
58:41quando nós acabamos
58:42estourando o tempo,
58:43agradecer muito
58:43aos professores Roberto Dumas,
58:46foi muito legal,
58:47o Lucas Ferraz,
58:48o Gustavo Macedo,
58:49foram colocadas questões
58:50essenciais,
58:52muito boas,
58:52que eu assumo o compromisso
58:54que vocês que estão
58:55nos assistindo,
58:56certamente gostaram,
58:57nós voltarmos
58:58a umas sub-discussões,
59:00de sub-temas
59:00tão importantes
59:01discutidos aqui.
59:02agradeço a todos vocês
59:04e os convido
59:04para amanhã
59:06assistir
59:07a nova edição,
59:08é a terceira,
59:09do Visão Crítica,
59:10sempre discutindo
59:11uma questão fundamental
59:12do Brasil e do mundo.
59:14Aguardo a todos vocês.
59:16Abraço.
59:17A opinião
59:19dos nossos comentaristas
59:20não reflete
59:21necessariamente
59:22a opinião
59:22do Grupo Jovem Pan
59:24de Comunicação.
59:29Realização
59:29Jovem Pan News.

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