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No Visão Crítica, Carlos Braga, ex-diretor do Banco Mundial, analisa as melhores estratégias para o Brasil reagir às tarifas impostas por Donald Trump. Braga defende que, embora o país tenha boas saídas para o mercado agrícola, o setor industrial enfrentaria grandes dificuldades. Ele enfatiza que o Brasil deve buscar negociações, mas não abdicar de sua soberania em meio a essa disputa comercial.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/iUPLu-ocgeE

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Transcrição
00:00Professor Carlos Braga, com a sua experiência, insisto, na questão do Banco Mundial e a sua experiência também de pesquisador, professor,
00:09eu que me recordo, professor, nas relações já são de 200 anos, cerca de 200 anos Brasil e Estados Unidos, nunca ocorreu um momento de tensão como nós estamos vivendo agora.
00:19Tivemos alguns problemas desde o século XIX, navegação dos rios lá na Amazônia, teve um problema na Guerra Civil Americana,
00:27no início da República, aqui na Revolta da Armada e por aí vai, no governo Geisel, para dar um salto histórico, alguns problemas, mas nada, aparentemente, que se aproximou do que nós estamos vivendo.
00:40Então, acho que duas coisas que eu colocaria para o senhor. Uma, essa questão dessa tensão, que não há razão comercial para tal, aparentemente,
00:50e foi lembrado que no documento entregue, de forma sui gêneros, postado numa rede social, que é uma forma absolutamente antidiplomática de relação entre países,
01:00e sequer foi entregue formalmente ao governo brasileiro a correspondência.
01:06Como é que o senhor analisa? Acho que primeiro essa questão, quer dizer, da forma como o Brasil, e eu estou falando o Brasil porque afeta todos os setores da economia brasileira,
01:16que exportam para os Estados Unidos. Das unidades da federação, a mais afetada é justamente São Paulo.
01:22Das 27 unidades da federação, três delas comerciam mais com os Estados Unidos.
01:27Acho que 22 com a China, uma com o Peru, por causa da fronteira, e outra com a Venezuela.
01:32Então, a economia de São Paulo, que é a economia mais dinâmica do Brasil, tem um intenso comércio com os Estados Unidos,
01:38e muito diversificado também, na pauta de exportações.
01:42Então, primeiro essa questão, eu sei que é complexo. A segunda, professor, a questão da previsibilidade que é essencial na economia, né?
01:50No comércio internacional, o que o senhor aponta que poderá ocorrer?
01:55Eu sei que não estamos no terreno da futurologia, nem no oráculo de Delfos, mas o que pode ocorrer, já que é dessa forma,
02:02salvo engano, se eu tiver errado o senhor me corrija, isso também nunca ocorreu.
02:05De um governo com a importância que tem os Estados Unidos, em portarifas sobre dezenas de países, entre os quais o Brasil,
02:13e isso vai ter efeitos realmente muito grandes no comércio internacional, não é verdade?
02:19Ah, sem dúvida, né?
02:20Eu estou falando para vocês de São José dos Campos.
02:24Então, eu acompanho muito de perto o que está acontecendo nesse momento com a Embraer.
02:30Eu sou engenheiro mecânico, ninguém é perfeito, formado pelo ITA, depois eu fiz mestrado e doutorado em economia,
02:38mas voltei às minhas origens ao retornar ao Brasil depois de quase 30 anos no exterior.
02:45Então, como já foi mencionado, no caso de algumas empresas e alguns setores, o impacto é dramático, né?
02:52Em termos da economia brasileira, eu sou bem mais otimista, né?
02:59Porque, como já foi observado, o Brasil exporta para os Estados Unidos, aí em média, 42 bilhões de dólares por ano, né?
03:11Isso é uma participação de cerca de 12%, mais ou menos, na nossa pauta exportadora.
03:20Então, essas tarifas, sim, implementadas, e elas, em alguns casos, para algumas empresas como a Embraer, por exemplo,
03:31praticamente vão bloquear o comércio com os Estados Unidos, de uma certa forma, né?
03:39Existem estimativas que adicionam cerca de 10 milhões de dólares ao preço dos aviões da Embraer,
03:48admitindo que os insumos que a Embraer utiliza, cerca de 50%, 60% a parte de aviônex, a parte de turbinas,
04:02vêm dos Estados Unidos, então, assumindo que essa proporção não vai ser taxada, né?
04:09Nós teríamos, ainda assim, um impacto muito significativo.
04:13Então, do ponto de vista macroeconômico, a minha análise de vários outros analistas,
04:20coloca aí uma queda da ordem de 0,3% do PIB esse ano,
04:27e algo como 0,6% do PIB no ano que vem, se mantido os 50%.
04:35O porquê disso?
04:36Bem, em parte porque, particularmente com relação a commodities, como o petróleo,
04:42que é o principal produto que a gente exporta em valor para os Estados Unidos, o próprio café,
04:48nós vamos procurar outros mercados.
04:50Então, provavelmente isso vai ter implicações de queda de preço para as nossas exportações,
04:58mas não é uma situação dramática.
05:01Mas para a indústria brasileira, já falamos aqui, a área de aviões, a área de autopeças,
05:09a área de máquinas e equipamentos, e particularmente o setor siderúrgico, né?
05:14No setor siderúrgico, basta lembrar que, originalmente, tinha sido imposto uma tarifa de 25%.
05:22No dia 30 de maio, durante uma demonstração em Pittsburgh,
05:30o senhor Trump anunciou que ia levar para 50% as tarifas sobre aço e alumínio.
05:38E, no dia 4 de junho, através de uma ordem executiva, isso passou a ser aplicado, né?
05:46Então, isso está se baseando na sessão 232, que é um critério de segurança nacional
05:53que já tinha sido feita análise na primeira administração Trump.
05:59Então, por causa disso, que é possível aplicar imediatamente essas tarifas.
06:04Elas já estão sendo aplicadas.
06:06Agora, esses produtos, o Brasil exporta principalmente semi-acabados de aço, né?
06:15Que são aí laminados nos Estados Unidos por várias áreas da economia americana,
06:22particularmente a indústria automobilística.
06:24E daí, evidentemente, nós vamos ver um impacto significativo nos custos dessas empresas, né?
06:33E as alternativas vão depender muito de como, por exemplo, as negociações,
06:40seja com a China, seja com a União Europeia e a Coreia do Sul, venham a evoluir.
06:46Lembrar, no caso da Coreia do Sul, tem um acordo de livre comércio, o Corus, com a Coreia do Sul.
06:53Teoricamente, a tarifa seria zero, mas, novamente, eles vão enfrentar tarifas relativamente significativas,
07:03de 25% baseadas aí nas decisões do Sr. Trump.
07:10Uma última observação, que você mencionou muito bem a nossa área de cooperação com os Estados Unidos.
07:19É interessante observar, se a gente pegar os BRICS, né?
07:22E observar como os BRICS votam na Assembleia Geral das Nações Unidas,
07:30nós vamos ter, num extremo, Rússia, China, Irã, naturalmente, que agora também é um membro do BRICS Plus, né?
07:41E, mais ou menos, numa posição intermediária, países como a Índia e a África do Sul.
07:49E o Brasil, se a gente olha atrás dos votos nas Nações Unidas, nos últimos 10, 15 anos,
08:00é o que mais se aproxima dos Estados Unidos, né?
08:04Então, é interessante observar que, a despeito disso, nós estamos entrando num processo de conflito
08:12que vamos esperar, como já foi dito, tanto pelo Emerson como pela professora Milena,
08:19é muito importante, primeiro, ter a cabeça fria, né?
08:24Partir por uma retaliação seria dar um tiro no nosso próprio pé.
08:29Mas, ao mesmo tempo, nós não podemos abrir mão de questões de soberania nacional.
08:35Quer dizer, a questão aí do que vai acontecer a nível do Supremo Tribunal Federal
08:41nesses julgamentos que estão acontecendo, isso não está para negociação com os Estados Unidos, né?
08:48Se o senhor Trump quiser se apegar a esse aspecto, que, diga-se de passagem, de um ponto de vista legal,
08:56a gente pode, inclusive, iniciar ações através de empresas americanas que tenham standing,
09:03que tenham uma posição em termos de serem afetadas por esses desenvolvimentos,
09:11a gente, provavelmente, conseguiria fazer o caso que isso não se aplica, né?
09:16Seria como o Brasil resolver impor tarifas ou medidas restritivas ao comércio internacional com os Estados Unidos
09:27por causa de decisões da Suprema Corte dos Estados Unidos.
09:32Um absurdo total.
09:34Enfim, a questão da negociação deve ser a prioridade nesse momento.

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