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  • 15/05/2025
No programa Visão Crítica, os especialistas Roberto Dumas (Insper), Lucas Ferraz (FGV) e Gustavo Macedo (Ibmec) analisaram a relação entre Brasil e Estados Unidos após as posses de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. Destacaram divergências em áreas como comércio, política externa e meio ambiente, além da ausência de diálogo direto entre os líderes.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/zDg9uE79VIM

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Transcrição
00:00Professor, em síntese, eu sei que é difícil fazer uma síntese frente a tantas questões que envolvem hoje Brasil e os Estados Unidos.
00:08Como que você analisaria esse momento conjuntural das relações entre os dois maiores países do continente americano?
00:15Veja, de certa maneira nós podemos dizer que Lula e Trump são que pode considerar como água e azeite.
00:23Os dois não se misturam.
00:24Mas de certa maneira você pode falar uma coisa de governo e uma coisa de Estado.
00:29Em que pese que você tenha alguma divergência ideológica, etc., ainda temos uma opinião de Estado de pragmatismo.
00:41Então, essa, por exemplo, tocando no ponto que o professor Vila tocou muito bem agora, sobre a tarifação, o Brasil pode ser prejudicado?
00:50Veja, é importante que nós tenhamos um aspecto pragmático em relação a essas relações,
00:57principalmente em relação não só aos Estados Unidos, mas em relação à China.
01:03Por quê? Porque a China é o meu maior parceiro comercial, os Estados Unidos é o meu segundo.
01:07Se eu pensar como a União Europeia pode ser o meu terceiro parceiro comercial.
01:12E o senhor sabe muito bem que países não têm amigos, países têm interesses.
01:17Então, isso é importante, crucial, que nós sejamos pragmáticos de uma certa maneira,
01:24mesmo negociando com a China ou negociando com os Estados Unidos.
01:28E mesmo que você não vá para um lado ou vá para o outro, por exemplo, só aproveitando,
01:35puxando um pouco a brasa para a sardinha da economia,
01:38esse acordo, ou seja, essa trégua de 90 dias, tende a ajudar o Brasil de certa maneira.
01:43Na segunda derivada, tende a ajudar o Brasil, porque existia uma tendência de que
01:50era mais ou menos quase que evidente que os Estados Unidos entrariam em recessão.
01:57Entraria numa queda do PIB e do Produto Interno Bruto por dois trimestres.
02:01Se bem que o primeiro trimestre aqui de 2025, ele entrou em recessão,
02:05ou melhor, o PIB ficou negativo porque as importações subiram demais.
02:09Importação é uma contraconta de PIB.
02:12Se importa demais, não acaba caindo.
02:15Como é que o Brasil se beneficia disso?
02:17Sabendo que com menor tarifa e um crescimento global um pouco maior,
02:24isso ajuda no preço de commodity.
02:26Isso ajuda no preço de commodity?
02:29Ajuda justamente na pauta exportadora do Brasil.
02:32E ajuda também, eventualmente, na nossa curva de juros.
02:37E que, por outro lado, não ajuda muito o nosso câmbio,
02:41porque o DXY, que é o câmbio dólar, comparado com a crona sueca,
02:48o franco suíço, o euro, a libra estelina, o dólar canadense, etc.,
02:55acabou apreciando.
02:57E isso, levando também à idiosincrasia brasileira do risco fiscal,
03:02acaba suscitando também uma pressão para uma depreciação cambial.
03:07Então, resumindo, eu acho que essa relação,
03:10ela precisa ser pragmática em todos os sentidos.
03:14Tanto econômico como geopolítico.
03:16E não tomar partidos.
03:19Eu sempre digo, aliás, digo não, eu repito,
03:22o que a gente sempre ouve,
03:24o senhor conhece o historiador que falou isso daí,
03:27que países não têm amigos, países têm interesses.
03:31Então, o pragmatismo na relação comercial com os Estados Unidos
03:35e com a China e com a União Europeia
03:38tem que ser a mais pragmática possível.
03:41Professor Lucas Ferraz,
03:43será que a palavra de ordem central hoje das relações Brasil-Estados Unidos
03:47é pragmatismo mesmo?
03:49Olha, não tenha dúvida, Vila.
03:51Eu acho que, na verdade, o pragmatismo sempre foi a tônica da nossa política externa.
03:57O Brasil nunca foi um país dado alinhamentos automáticos.
04:02E no momento que você se encontra
04:04numa situação onde seus dois principais parceiros comerciais,
04:09no caso, o primeiro parceiro, a China,
04:11no segundo caso, os Estados Unidos,
04:14se encontram num momento de confronto deflagrado,
04:17sob o ponto de vista econômico, comercial,
04:21eu acho que essa máxima ainda vale mais.
04:23Quer dizer, o Brasil precisa de um pragmatismo,
04:26de manter uma equidistância
04:28entre esses dois países,
04:31que, na verdade, agora a gente já pode falar
04:33com alguma evidência empírica
04:36de dois blocos que estão se formando.
04:38Acho que já tem uma evidência relativamente sólida
04:41de que os países mais alinhados com os Estados Unidos
04:44hoje comercializam mais entre eles.
04:47Os países mais alinhados com a China
04:49comercializam mais entre eles
04:50do que entre esses dois blocos.
04:54Quer dizer, você tem aí já um processo
04:55muito claro, e sobretudo a partir da guerra da Ucrânia,
04:59vários estudos apontam isso,
05:01de reconfiguração das cadeias de suprimentos internacionais,
05:05segundo essa linha.
05:07E você tem, no meio dessa confusão,
05:10os chamados países conectores,
05:12que são aqueles países que não estão necessariamente
05:15alinhados nem com um lado e nem com o outro.
05:18E nesse grupo de países,
05:20o Brasil, digamos, estaria classificado até o momento.
05:24E eu acho que a postura, eu diria,
05:26mais confortável para o Brasil,
05:28dado o nosso histórico de diplomacia
05:30e dadas as necessidades econômicas,
05:33os laços econômicos que nós temos com os dois lados.
05:35Vamos lembrar que nós temos hoje
05:37a Ásia, que representa mais de 50%
05:40do comércio internacional brasileiro.
05:43Não é só a China, a China 30%.
05:45De exportações, a Ásia já chega a mais de 50%,
05:48se a gente inclui o Oriente Médio.
05:50E a gente tem a União Europeia,
05:52temos aí os Estados Unidos,
05:53que representam aí uma parcela importante também,
05:56alguma coisa como quase 30% também
05:58das nossas relações comerciais.
06:00Isso eu estou falando só de comércio.
06:02E quando a gente fala de economia como um todo,
06:05quando a gente considera, por exemplo,
06:06os fluxos de investimento,
06:08os estoques de investimento,
06:10o comércio de serviços,
06:12a nossa relação com o Ocidente
06:14se torna, eu diria, até mais importante,
06:17sobretudo com os Estados Unidos,
06:18do que com a própria China,
06:19considerado todo esse conjunto da obra.
06:22Então, a palavra, eu acho que a palavra-chave
06:24nesse momento é pragmatismo, equidistância
06:27e muita diplomacia.
06:31E comedimento também nas declarações,
06:35que muitas vezes são dadas
06:36e que podem gerar ruídos desnecessários.
06:40Eu cito aqui, por exemplo,
06:41essa história de você transacionar agora
06:45entre os BRICS.
06:45Nós vamos receber aqui,
06:46vamos ser a cúpula dos BRICS no Brasil em julho.
06:49E já se fala numa agenda de discussão
06:51de comércio em moeda local.
06:55Eu entendo que tem muita gente que defende isso.
06:57Eu, particularmente, tenho uma visão cética
06:59em relação a isso.
07:00Eu não acho que isso é uma pauta dos BRICS.
07:02Eu acho que isso é uma pauta muito mais forte
07:04do presidente Lula.
07:05E eu diria que é uma pauta
07:07sem grandes consequências econômicas, Vila.
07:09Eu vou citar um exemplo,
07:10que pouca gente até sabe disso.
07:11Nós temos um mecanismo de comércio
07:13em moedas locais com a Argentina,
07:16que é o nosso terceiro maior parceiro comercial.
07:18Sabe quanto por cento do nosso comércio
07:20com a Argentina é coberto
07:21por transações em moedas locais?
07:23Nem 5%.
07:24Por quê?
07:25Porque você não pode obrigar os operadores de comércio
07:27a comercializar na moeda local.
07:29E, até hoje,
07:31que certamente continuará por muito tempo,
07:33a preferência dos operadores de comércio,
07:35dos exportadores,
07:36é receber o dinheiro,
07:38a venda dos seus produtos em dólar,
07:40não em moeda local.
07:41Então, provavelmente,
07:42será mais uma ação sem efeito,
07:44prático, concreto,
07:45no comércio entre os países do BRICS,
07:47que, diga-se de passagem,
07:49esse comércio entre os países dos BRICS,
07:50ele basicamente não existe,
07:51porque, quando a gente fala de comércio
07:53entre os países dos BRICS,
07:53a gente está falando de comércio
07:54de cada um dos países dos BRICS com a China,
07:56porque o comércio do Brasil com a Índia,
07:58o comércio do Brasil com a África do Sul,
08:00com a Etiópia,
08:00agora que são os novos membros,
08:02com o Irã,
08:03são comércios, digamos,
08:05do ponto de vista substantivo,
08:07muito pequenos.
08:08Então, a gente acaba gerando ruído,
08:10muitas vezes,
08:11com pautas sensíveis
08:12e sem efeito prático.
08:14Então, esse tipo, realmente,
08:15de comportamento,
08:17ele não condiz com a tradição
08:18da diplomacia brasileira,
08:20e eu volto a dizer e finalizo,
08:21que eu acho que a postura,
08:22nesse momento, de fato,
08:23é a equidistância
08:24e o comedimento nas declarações
08:26e muita negociação
08:28para evitar qualquer tipo de escalada
08:31da guerra tarifária
08:32no que diz respeito,
08:33especificamente, ao Brasil,
08:34porque, no final das contas,
08:36nós ficamos com a tarifa basal,
08:37nós ficamos com os 10%.
08:39O que, nesse cenário
08:40de guerra comercial,
08:42digamos,
08:43não é o pior dos mundos.
08:44não é o pior dos mundos.
08:45Não é o pior dos mundos.
08:46Não é o pior dos mundos.

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