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No Visão Crítica, Roberto Dumas e Roberto Gianetti da Fonseca analisam a polêmica carta de Donald Trump anunciando uma taxação de 50% aos produtos brasileiros. Os economistas questionam o tom político e informal da correspondência para uma decisão de tamanha magnitude, que pode impactar fortemente a economia brasileira e suas relações comerciais.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/2fZlFTpCPxc

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Transcrição
00:00E já de antemão passo ao professor Roberto Dume.
00:03Foi uma surpresa para o senhor a primeira correspondência,
00:08que é uma correspondência, mas parece sui gêneres,
00:11frente à história diplomática que é longa de 200 anos de Brasil e Estados Unidos,
00:15desde o século XIX, portanto.
00:18Mas a imposição da taxação de 50% das mercadorias e, creio que serviços,
00:24tudo que o Brasil exporta para os Estados Unidos...
00:26Veja, Vila, eu acho que a imposição de 50% acaba não surpreendendo.
00:32O que surpreende é a explicação da imposição dos 50%.
00:36Você utilizou um aspecto absolutamente político,
00:40um absolutamente geopolítico, para colocar isso daí.
00:44E eu faço uma pergunta, inclusive retórica.
00:47O que mudou de 2 de abril, quando foi o Liberation Day,
00:51para o dia de hoje, ou o dia de ontem, quando veio a carta, 24 horas atrás,
00:55para pular de 10% para 50%.
00:58Então, quando o Brasil for tentar negociar com os Estados Unidos,
01:02o que eu vou ter na manga?
01:04O que os Estados Unidos querem do Brasil?
01:08Que nós façamos uma intervenção no STF
01:11e tire toda a judicialização do que está acontecendo com o Bolsonaro?
01:18E outra, como já amplamente divulgado, nós estamos em déficit com os Estados Unidos.
01:25Então, o que a gente pode negociar?
01:28Eu acho que o negociação seria muito mais pelo lado bilateral,
01:33porque, como já sabemos, você coloca uma tarefa de 50%,
01:37principalmente para o agronegócio.
01:39A nossa balança comercial é 40 bi com 40 bi.
01:43Então, 258 milhões de déficit aqui, não é muito.
01:46Mas no agronegócio são praticamente 25% desses 40 bi.
01:5167% do suco de laranja que eles tomam vem do Brasil.
01:5637%, se eu não me falho a memória, do café torrado que eles torram lá,
02:03vem do Brasil.
02:04E 12% do açúcar.
02:06Ou seja, o que eles estão fazendo também é acabando importando inflação.
02:11Então, poderia ser uma maneira de tentar sentar a mesa e negociar,
02:15falar, olha, prestem atenção, setor privado,
02:19o que o governo está fazendo.
02:21Porque você está dando um tiro na gente,
02:24mas está dando um tiro no seu pé.
02:26E isso prejudica a política monetária dos Estados Unidos.
02:30Jeremy Powell, presidente do Federal Reserve,
02:33Banco Central Norte-Americano,
02:34ele deu uma declaração.
02:36Veja, eu não sei o que eu vou fazer com a taxa de juros
02:39enquanto esse tarifácio não ficar.
02:41Estabelecido.
02:42Nós, economistas, agentes econômicos,
02:45nós sabemos correr risco.
02:47Não sabemos correr incerteza.
02:50Se eu falo para você que a tarifa vai ser 10,
02:52vai ser 20, vai ser 50,
02:53pula para 125, vai para 145,
02:56fica aquela brincadeira de criança,
02:58eu não faço plano de negócio.
03:00Então, os Estados Unidos correm o risco de entrar
03:02num processo recessivo e inflacionário.
03:07Está a inflação.
03:08É isso que o setor privado tem que dizer.
03:11Só que fica a pergunta.
03:13E o que é mais interessante, sabe, Vila?
03:16Que não acho coincidência.
03:18Aí o doutor Jeanette vai me ajudar bastante.
03:21Impressionante que foi,
03:23essa carta veio justamente no último dia,
03:26um dos últimos dias da cúpula dos BRICS.
03:29Quando eles quiseram diminuir a influência do dólar
03:32e, obviamente, atacaram o Trump,
03:34mas sem mencionar Trump e a guerra do Irã,
03:37a falta de multilateralismo, etc.
03:40Mas veio e fica a volta, a pergunta,
03:43volta a questão retórica inicial.
03:45O que mudou de 12 de abril para cá
03:48para sair de 10% para 50%?
03:52Será que o nosso déficit comercial
03:54teve uma reviravolta completa
03:57nas nossas contas comerciais?
03:59Ou é um problema absolutamente político e geopolítico?
04:02E fica a pergunta.
04:03O que eu vou fazer para sentar na mesa de governo?
04:07Governo para governo.
04:09Porque eu preciso ter uma carta na manga.
04:11Que carta na manga eu vou dar?
04:12Chegar para Trump e falar
04:13o que você quer para baixar a tarifa?
04:16Eu quero que você elimine o processo de anistia, etc.
04:20De anistia.
04:21Não, isso não está em jogo.
04:23Quero que você tenha um relacionamento mais equalitário.
04:26Puxa, um relacionamento mais equalitário já é o que estava.
04:29Quero que você determinou 10%.
04:30Então fica aquela pergunta.
04:32O que nós vamos chegar para negociar
04:35sem ser pelo setor privado e ser pelo setor público?
04:39Roberto Genete da Fosseca.
04:41Para o senhor que há décadas aí
04:42trabalha, conhece, acompanha comércio internacional
04:46e as relações, especialmente Brasil e Estados Unidos.
04:50Foi uma surpresa tudo isso?
04:51Não é uma coisa exótica?
04:53Ao menos eu no campo da história,
04:55eu nunca vi isso que eu estou assistindo nos últimos meses.
04:58é a primeira vez, inclusive a forma, a linguagem utilizada.
05:02A forma e a linguagem também.
05:04É a corretora.
05:06Imediatamente.
05:07Então é uma coisa muito diferente,
05:09que a gente tem dificuldade, eu presumo, daqui a alguns anos,
05:11quando a situação mudar, porque tudo muda, né?
05:14Como que as pessoas vão tentar entender esse momento
05:16desse ano estranho de 2025?
05:19Para o senhor, foi tudo isso uma surpresa?
05:21E o que fazer?
05:21Vila, muito obrigado pelo convite.
05:23Para um historiador como você, isso é um prato cheio.
05:26Vai ter livros aí, capítulos do livro de história.
05:30Mas tem muita imaginação aí para escrever.
05:33Eu acho assim, quer dizer,
05:35eu não tenho mais surpresa com o Trump.
05:38Eu espero tudo, porque é tão deslocado,
05:41tão imprevisível, que tudo é possível.
05:45A surpresa é estarmos surpresos.
05:47É, vamos dizer assim.
05:48Agora, teve uma coisa que me surpreendeu.
05:51Não a tarifa em si, mas a forma como foi feita.
05:56E talvez até, isso aqui,
05:58corre pelos bastidores e ouvir de fontes muito boas,
06:02que não houve uma entrega formal da carta.
06:05Não houve um representante do governo americano,
06:08que eles estão sem embaixador no Brasil faz tempo,
06:11que tenha ido ao Itamaraty com um papel assinado
06:15e dito, olha, está aqui a carta da Casa Branca.
06:18Não, não houve isso.
06:19Tomaram conhecimento pelas redes sociais.
06:23Aí, a representante dos Estados Unidos no Brasil,
06:28na embaixada, foi chamada ao Itamaraty.
06:31E a embaixadora encarregada dos Estados Unidos,
06:35no Itamaraty, perguntou,
06:37essa carta é verdadeira?
06:39A representante americana falou, sim,
06:41ela é verdadeira, foi assinada pelo presidente Trump,
06:44hoje à tarde.
06:44Então, já que ela não veio,
06:47não nos foi entregue pela via oficial,
06:49nós vamos devolvê-la também,
06:52de uma forma,
06:53porque não queremos tomar conhecimento,
06:56que é uma agressão à soberania do Brasil.
06:59Isso nunca aconteceu na história.
07:00você ter troca de cartas nesse nível,
07:04nesse teor,
07:06por uma via informal.
07:09É uma coisa, assim, inusitada,
07:11chocante.
07:11Agora, uma coisa que salta aos olhos também,
07:14falando da questão da balança,
07:16saldo, etc.,
07:18só se fala dos produtos tangíveis,
07:21dos bens,
07:22e os serviços.
07:23Qual é o volume da balança de serviços
07:27onde os Estados Unidos
07:29é amplamente superavitário
07:31em relação ao Brasil?
07:33E aí, talvez,
07:34e que esteja a nossa carta na manga.
07:37Porque,
07:39se ele vai tarifar os produtos,
07:42suco de laranja,
07:43aço, alumínio, avião, açúcar,
07:45quer dizer,
07:45todos os produtos da lista,
07:47chamamos a lista da nomenclatura,
07:49os NCMs,
07:50que são milhares de produtos.
07:52Estão todos com 50%,
07:53e, por sinal,
07:55mais os 10%,
07:56ou mais outras tarifas,
07:58como no caso do alumínio e do aço,
07:59que é de 25%.
08:00É somatório.
08:01Sim.
08:02Então,
08:03nós temos que olhar a balança de serviços
08:05e levar para a negociação.
08:09Vamos fazer restrição a serviços
08:10em contrapartida aos bens.
08:13Não que isso seja desejável.
08:15Eu acho péssimo.
08:16Mas a negociação é isso.
08:18A negociação,
08:19você tem que procurar
08:20criar a moeda de troca
08:22para poder achar
08:24um nível
08:24de consciência
08:26e de acordo.
08:27É buscar uma solução.
08:29É que assusta
08:29como veio a carta,
08:31como o senhor bem colocou,
08:33e o motivo da carta.
08:35O motivo que...
08:36O motivo que assusta.
08:38E a linguagem da carta,
08:40me desculpe só fazer
08:41uma interferência,
08:42doutor Janete,
08:42a linguagem da carta
08:43e até palavras em caixa alta.
08:46A caixa alta,
08:46que é a nossa companhia,
08:47é tudo em maiúscula.
08:48Isso eu nunca vi
08:49na minha vida
08:50numa linguagem diplomática.
08:51Totalmente inusitável.
08:51Nem e-mail nós mandamos.
08:53A gente acha alta
08:54é para chamar,
08:55realmente,
08:55para discutir com alguém.
08:57Tem uma coisa aqui,
08:58aí já pensando,
08:59quer dizer,
09:00nós devemos debater aqui um pouco
09:01o que vem pela frente,
09:02a solução.
09:04Eu acho que tem uma coisa
09:05que surgiu aí,
09:06uma ideia que
09:07o presidente Lula
09:08falou hoje
09:09na entrevista,
09:11que é muito interessante,
09:12que ele vai criar
09:13um comitê de empresários
09:15para discutir
09:16esse assunto.
09:16provavelmente ligados
09:18aos setores
09:19que são mais afetados.
09:21Eu acho que tem que criar
09:22uma figura agora
09:23para a gente ter,
09:24porque nós estamos
09:24sem canal de comunicação
09:25com os Estados Unidos.
09:26Esse é um ponto,
09:27falha da nossa diplomacia.
09:30Não está havendo
09:30um diálogo
09:31no nível
09:32diplomático
09:34de alto nível.
09:36Então,
09:36está na hora
09:37de nós,
09:37acho que é uma sugestão
09:39que eu quero deixar aqui,
09:39além de ser vice-presidente
09:43e ministro da Indústria e Comércio,
09:45o presidente Lula
09:46devia nomear
09:46o Geraldo Alckmin
09:47como enviado especial
09:49para liderar
09:51esse grupo
09:52de empresários,
09:52assessorando ele,
09:54irem para Washington
09:55e sentar,
09:57sei lá,
09:57cinco,
09:57dez empresários
09:59com o Geraldo Alckmin,
10:00sentar na mesa
10:01com o Departamento de Estado,
10:03Departamento de Comércio
10:04e o STR
10:05e negociar
10:06desse jeito.
10:08Eu tive experiências,
10:09Vila,
10:09muito interessantes,
10:10tanto na Fiesp
10:11quanto na Camex,
10:13de negociar
10:15com os americanos.
10:16Eu vou te dizer
10:16uma coisa,
10:18às vezes,
10:19até difícil
10:19de fazer
10:21e entender.
10:22Eles só aceitam
10:23linguagem dura.
10:25Se você for
10:25muito amistoso
10:26e muito bonzinho,
10:28você perde.
10:29Ali não tem amizade,
10:31ali não tem cordialidade,
10:33é jogo duro.
10:33Você tem que olhar firme,
10:36bater na mesa,
10:37ser sempre educado
10:38e tal,
10:39mas o jogo
10:40que o americano
10:41entende
10:42é um pouco
10:43de futebol americano,
10:44sabe?
10:44Aquela coisa
10:45da porrada.
10:46Sim.
10:47E é isso
10:48que o Geraldo Alckmin
10:49e a equipe
10:49vão ter que fazer.

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