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No Visão Crítica, Claudia Yoshinaga, Rafael Cortez e Fabio Giambiagi discutem os efeitos do reajuste no salário mínimo, seus impactos no INSS, consumo, inflação e sustentabilidade fiscal. Avaliam decisões políticas e repercussões no bolso dos trabalhadores e nas contas públicas.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/xwMX7UZ6DGg

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Transcrição
00:00Cláudia, muitos falam o seguinte, e a ideia do programa é justamente essa, de colocar as polêmicas.
00:09Fala assim, Peixe, todo mundo fala, um conhecido economista disse que o salário mínimo
00:15devia somente ser corrigido com a inflação, não ter ganhos reais.
00:18Hoje nós não temos a sociedade civil brasileira, está totalmente desorganizada.
00:24Diferentemente da Argentina, que ainda tem sindicatos fortes no Brasil,
00:28o movimento sindical quase que sumiu, as centrais sindicais desapareceram.
00:32Por outro lado, os partidos políticos perdendo a organicidade, estão invertebrados,
00:37não tem uma presença mais na sociedade, e o que se discute é só lá no Congresso Nacional.
00:42Bem, como é que fica a questão do salário mínimo?
00:45Quer dizer que ele não pode ter ganhos reais, mas tem uns 800 bilhões de reais por ano em renúncia fiscal.
00:54Parte dela provavelmente por andar de cima.
00:56Como é que fica? Quer dizer, o seu José e a dona Maria, que ganham o salário mínimo,
01:01esses são, temos de tomar muito cuidado com o aumento real, ganhos reais do salário mínimo.
01:06Mas os 800 bilhões de renúncia fiscal, ninguém fala nada.
01:09Eu achava que era 350, até tempos atrás.
01:12Aí depois falaram que era 450, e com a maior facilidade falam em 800 bilhões.
01:17Eu acho que se tiver cuidado é capaz de a gente chegar a um trilhão.
01:20Como é que fica isso?
01:21É, eu acho que esse é um incômodo que também vai gerando essa insatisfação da população em geral.
01:28Porque a gente fala de gastos aí, o Fábio estava comentando sobre limitar ou não gastos com educação ou com saúde.
01:40E aí, de fato, vai principalmente afetar a ponta pobre, a classe baixa da população brasileira.
01:48Que hoje já tem a percepção de que tem um serviço de escola, um atendimento de saúde, que não é longe de ser o ideal.
01:57E aí, quando a gente vai falar de aperto em salário mínimo, eu acho que a insatisfação e a revolta até que existe da população em geral é
02:07Puxa, eu que ganho, ou meu parente que está aposentado, minha tia, meu avô que está aposentado, vai ganhar um salário mínimo
02:16que não vai ter nenhum tipo de ganho real e a inflação de alimentos, principalmente, subindo tanto.
02:23Enquanto existem outras esferas que têm um montante que se come desse orçamento do governo, que é substancial.
02:33Então, em parte, também existia alguma discussão que vai olhar esses grandes números e a alocação eficiente disso.
02:41Eu acho que é uma pauta que é importante.
02:43Parte do que o governo coloca até quando vai fazer essa nova, propor essas regras de taxação, de tributação do imposto de renda,
02:55em parte, se diz que é para assim, puxa, por que dados todos os instrumentos financeiros que a gente tem,
03:03por que a isenção para alguns setores em específico e não para outros?
03:07E aí eu acho que existe essa discussão de, por exemplo, como é que são feitas essas alocações
03:13e toda a questão de agradar as bases que se tem dentro do Congresso, que representam setores específicos,
03:22de por que que agrada necessariamente a bancada do agro e os industriais e o pessoal de imobiliário, como é que fica?
03:32E eu acho que, de fato, muitas vezes, para muitos que vão defender que não se pode mexer,
03:40reajustar o salário mínimo e tudo mais, passa a ser um argumento válido,
03:46porque quando vai pensar nesses outros números que a gente também tem muita imprecisão,
03:53de um número que você estava falando assim, não sei se é 300, se é 800, enfim,
03:57em cada hora vai aparecendo um número muito grande, talvez corrigindo, idealmente se corrigiria tudo, né?
04:06Mas assim, olhando por esse lado, talvez corrigir também essas ineficiências e essas alocações de orçamento,
04:15porque é orçamento, né?
04:16Uma vez que o governo está abrindo mão de arrecadar impostos de alguns setores,
04:21porque é dada alguma concessão fiscal, também eu acho que vale o questionamento de por que alguns setores e outros não.
04:29Então, eu acho que existe também e causa um pouco mais de revolta, até nas classes mais baixas,
04:36justamente essa discussão de querem apertar o salário mínimo, querem cortar e limitar gastos com educação,
04:44educação dos filhos, saúde para si mesmo, a saúde pública, e enquanto eu vejo alguns outros setores que são inatingíveis
04:54e comem uma boa parte do orçamento do governo.
04:58Então, eu acho que existe sim essa discussão e essa insatisfação que ainda se cria e vai gerando essa impopularidade.
05:07Rafael, nós estamos indo para quando a discussão é boa, passar rápido o tempo, parece quando o jogo de futebol é bom, né?
05:13Eu não posso dizer do Santos, porque eu não vejo a hora que termina para o Santos não ser outra vez derrotado, meu time.
05:19Mas, nós sempre já citamos aqui no programa um clássico do Brasil, os donos do poder do Raimundo Faoro, né?
05:25Então, nós temos interesses no Estado patrimonialista, que isso ele escreveu no final dos anos 1950,
05:31que se agravou nos tempos mais recentes.
05:33Como fazer, então, frente a esse quadro econômico, enfrentar a questão política com esse Congresso,
05:38que certamente de 1926 não vai ser muito diferente?
05:41Porque hoje, com emendas parlamentares, vira um fundo eleitoral de cada deputado.
05:46Como fica?
05:48Bom, a resposta acho que não é fácil, eu acho que é o contrário.
05:51Num certo sentido, a próxima legislatura talvez fique ainda mais difícil do ponto de vista do perfil do parlamentar representativo,
06:00vamos chamar dessa maneira, o que significa que vai ser uma combinação de mudanças da elite política.
06:09Realmente, em alguns atores políticos, com a responsabilidade institucional de minimamente organizar,
06:16para que a gente tenha condição de manter esse ciclo de crescimento, que, como você mencionou uma pergunta anteriormente,
06:23se a gente pega os números frios, o Brasil segue numa trajetória de crescimento.
06:28Eu acho que tem um elemento que vai ser fundamental nesse período entre o resultado da eleição de 1926 e o desenho do orçamento,
06:36que vai ser, por óbvio, a disputa presidencial.
06:40A gente precisa, em boa medida, superar essa agenda político-institucional que vem lá da transição do Bolsonaro para o Lula,
06:52em relação à eleição, polarização e todos os outros, aquele ambiente muito conturbado,
06:59para que essa classe política consiga, nessa transição, minimamente tirar um pouco esse debate muito acalorado,
07:09que tem dificuldade essa construção das bases mais sólidas para crescimento econômico,
07:17para que a gente possa dar saltos efetivamente.
07:19Você pega a trajetória econômica do Brasil, é ruim, a gente basicamente cresce igual uma economia média,
07:27a gente cresce igual países de renda média.
07:30A questão é essa, a gente vai conseguir construir bases para conseguir dar saltos, desenvolvimento e ter,
07:37obviamente, um ambiente muito mais harmonioso para frente.
07:40Então, me parece que é um pouco essa superação.
07:43O governo Lula III não conseguiu fazer isso, ele não conseguiu superar, trazer uma agenda de um governo do tipo frente ampla.
07:51Ele ganha eleição com essa frente ampla, a agenda de governo parece não representar essa frente ampla,
07:58essa é uma tarefa que vai ficar por próximo, seja, eventualmente, uma reeleição do presidente Lula ou de um nome da oposição.
08:06Fábio Jambiagem, nós estamos indo para o final da nossa conversa, temos aí dois minutos e uns segundos, alguns segundos,
08:13eu passaria para você.
08:16Como é que fica, eu queria explorar mais a questão da Argentina, mas não vai dar tempo,
08:20porque eu gosto, porque o meu avô materno era argentino, então, eu gosto e acompanho meio por cima as questões da Argentina diariamente.
08:27Mas como é que fica?
08:28Olha, numa linguagem, eu sei que é um reducionismo meio analítico.
08:32O que fazer?
08:33Não dar ganhos reais ao salário mínimo e manter as renúncias fiscais de 800, só a União, porque os estados têm renúncias fiscais também,
08:42de 800 bilhões, não sei se esse número está correto, mas falam em 800 bilhões por ano de renúncia fiscal.
08:48O que fazer?
08:49Olha, eu acho que o que tem que fazer é exibir os números, tá?
08:56E aí acho que, infelizmente, o próprio governo cria uma certa confusão desnecessária,
09:02ele mesmo dá a entender que os números são subestimados.
09:07O governo criou uma secretaria no Ministério de Planejamento, no governo atual,
09:12foi uma excelente iniciativa da ministra Simone Tevde, chama-se Secretaria de Monitoramento e Avaliação de Políticas.
09:20E aí tem a melhor conta, a conta mais precisa, para estes dados, que chama Orçamento e Subsídios da União.
09:29Todo ano, na altura do mês de julho, agosto, eles divulgam os números com uma tabela comparativa,
09:36programa por programa, até o ano anterior.
09:39Os últimos números oficiais são de 2023, ainda não saiu o relator referente a 2024.
09:47No ano de 2023, estou olhando aqui a planilha minha pessoal,
09:52mas reproduz exatamente os mesmos números oficiais, era 519 bilhões, tá?
09:59Mas quando a gente desagrega, alguns números são, você pode dizer que, de fato,
10:04é muito bom para, jornalisticamente, o andar de cima, utilizando a expressão do nosso amigo Helio Gaspari, tá?
10:11Mas desses 519 bilhões, por exemplo, 113 bilhões são do simples.
10:18Simples é andar de cima, aí tem de tudo.
10:21Pode ter empresário que, na verdade, subdividir a sua empresa entre empresa menor,
10:27mas tem muito empresário pequeno, tá?
10:31Tem 45 bilhões desses 519, que são rendimentos isentos e não tributáveis do Imposto de Renda à Pessoa Física,
10:40ou seja, o sujeito que ganha 2.600 reais e paga trocados de Imposto de Renda,
10:47porque ele só incide naquilo que ultrapassa 2.400 e pouco, tá?
10:51Então, tudo aquilo que ele não paga de Imposto de Renda, tá lá,
10:57quando, na verdade, o sujeito pertence à classe baixa.
11:02Então, tem uma mistura grande e o que o governo tem que fazer é expor claramente o número de orçamento,
11:09que são públicos, mas ele dialogar com a sociedade e mostrar o tamanho do buraco,
11:17a dimensão do problema.
11:19Curiosamente, você conhece os dois personagens muito bem,
11:25apesar das duas diferenças de trajetória e de personalidade,
11:29tanto o saudoso na política FHC como o Lula inicial,
11:37eram excelentes comunicadores.
11:40O Fernando Henrique com aquele ar de sociólogo,
11:44o Lula com a sua linguagem popular,
11:46mas ele transmitia muito bem para o grosso da população aquilo que era importante passar naquele momento.
11:55E, infelizmente, nos últimos tempos não temos tido,
11:59e aí nesse sentido acho que o presidente envelheceu um pouco,
12:02porque perdeu um pouco essa característica de falar na linguagem do povo
12:08aquilo que é necessário que o povo entenda para compreender a natureza dos problemas econômicos.
12:15e é necessário que a liderança política se empenhe mais em expor os problemas para a sociedade como um todo.

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