- ontem
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NotíciasTranscrição
00:00A taxação de Donald Trump e as exportações do Brasil aos Estados Unidos levantou discussões entre juristas sobre a posição do governo federal diante das medidas anunciadas pelo presidente estadunidense.
00:14Defensores de Lula falam em soberania e altivez da República Brasileira como resposta contra a bandeira norte-americana, avaliando a decisão de Trump como o capricho de um bilionário autoritário.
00:28Já opositores falam em atrevimento do petista em querer enfrentar a força global dos Estados Unidos e apontam erros diplomáticos que, na visão deles, são primários e enfraquecem as relações internacionais.
00:43Enquanto isso, bancos brasileiros temem sanções e consultam escritórios de advocacia dos Estados Unidos, na tentativa de saber quais são os riscos para essas instituições financeiras.
00:56Apreensão que aumentou ainda mais após o governo Trump abrir uma investigação comercial contra o Brasil.
01:03O Visão Crítica desta noite analisa como o arcabouço jurídico brasileiro pode ajudar a conter os avanços de Trump sobre o Brasil.
01:12De que maneira o pacote tarifário desequilibra o mercado interno e se há ou não uma nova guerra comercial em curso.
01:30Visão Crítica
01:31Olá, tudo bem com você? Seja muito bem-vindo, começando mais uma edição do Visão Crítica.
01:39Hoje comigo, Daniel Caniato, professor Vila, retoma o comando dos trabalhos no dia de amanhã.
01:45E a gente segue trazendo as análises, as repercussões, após o anúncio de Donald Trump,
01:50por uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros.
01:54Enfim, várias leituras necessárias a partir de agora, com convidados muito especiais.
02:00Quero destacar para você que nos acompanha, com a gente nesse programa, Natália Fingerman,
02:05doutora em Administração Pública e professora de Relações Internacionais na ESPM.
02:11Também com a gente, o Pedro Serrano, pós-doutor em Teoria Geral do Direito e professor de Direito Constitucional na PUC aqui de São Paulo.
02:20E também com a gente online, aqui no telão, o Gustavo Sampaio, que é doutor em Direito e professor de Direito Constitucional na Universidade Federal Fluminense.
02:30Agradeço demais pela participação de todos.
02:32Enfim, temos muitos ingredientes, notícias do dia para trazermos, destacarmos e nos aprofundarmos nessas reflexões sobre o anúncio de Donald Trump
02:42e quais são os caminhos possíveis para o Brasil tentar reverter essa medida e quais as leituras possíveis nesse momento.
02:51Professora Natália, há vários grupos que fazem leituras distintas sobre qual seria o verdadeiro interesse, o verdadeiro objetivo de Donald Trump
03:01quando ele divulgou aquela carta em que trata de vários temas, vários assuntos, mas finaliza com o anúncio da taxação.
03:09Bom, naquele texto ele mencionou a situação que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro.
03:14Mencionou a relação comercial entre os dois países.
03:18Fez críticas à Justiça Brasileira, ao Supremo Tribunal Federal.
03:21Fala em supostos atos de censura, inclusive, que teriam atingido empresas norte-americanas.
03:28Bom, cada grupo tenta reivindicar para si alguma articulação que teria dado certo
03:34e a partir daí Donald Trump teria tomado essa decisão e faz isso para tentar se ajustar a uma narrativa
03:41que muitas vezes é compartilhada nas redes.
03:46Qual é o seu diagnóstico? Do que trata exatamente o tarifaço de Donald Trump?
03:51Olha, o tarifaço de Donald Trump é um tarifaço político e é um modus operandi de Donald Trump,
03:57não somente em relação ao Brasil, acho que é importante colocar isso, mas em relação ao mundo.
04:01O Donald Trump anunciou tarifas contra o Japão, contra a União Europeia, contra a Indonésia.
04:08Então, diversos países do mundo têm sofrido esse tipo de pressão.
04:13E muitas vezes essa pressão vem de uma forma de chantagem. Em que sentido?
04:18Olha, eu só vou diminuir as tarifas se você adotar essa medida interna.
04:24E é uma chantagem com uma certa interferência na política doméstica.
04:27Quando a gente olha, por exemplo, para o caso da Colômbia e aí saindo um pouco do Brasil,
04:32Donald Trump falou, a tarifa vai ficar muito alta se você não aceitar as deportações.
04:39Caso do México, as tarifas vão ficar muito altas se você não resolver um problema interno seu em relação ao narcotráfico.
04:46Caso do Brasil, as tarifas vão ficar muito altas se o seu judiciário não tomar uma decisão favorável
04:52em relação ao meu aliado internacional político.
04:56Então, esse modus operandi do Donald Trump, ele não é um modus particular em relação ao Brasil.
05:04É uma questão que vai acontecendo no mundo todo.
05:06No Brasil, eu acho que o que tem de diferente é o fato de ele estar relacionando a uma questão específica
05:14de um político brasileiro, que é Jair Bolsonaro.
05:18E, nesse caso, a gente tem Eduardo Bolsonaro residindo nos Estados Unidos
05:23e se colocando como articulador desta iniciativa de Donald Trump.
05:29Então, eu acho que essa amarração é um pouco diferente.
05:33Mas esse modus operandi de chantagear países e de buscar, por meio da chantagem, ganhos econômicos,
05:41é o seu modus operandi.
05:43Sabemos que as relações comerciais Brasil-Estados Unidos são favoráveis para os Estados Unidos,
05:47ou seja, os Estados Unidos têm um superávit comercial,
05:51não é uma relação deficitária para o governo norte-americano.
05:55Então, não era esperado que o Brasil sofresse esse tipo de tarifa,
06:01a não ser que a intenção seja outra.
06:03Eu acho que essa é um pouco a minha análise.
06:05Pois é.
06:06Agora, Pedro, a Natália traz ingredientes muito interessantes,
06:11mas que, se nós colocarmos sobre a mesa, dificulta ainda mais o desafio do governo brasileiro
06:17em tentar destravar uma negociação que não trataria somente de aspectos tarifários,
06:24econômicos e comerciais.
06:26Mesmo porque o Executivo Federal não teria autonomia para atender a todos os pleitos
06:31mencionados por Donald Trump, se é que todos aqueles assuntos são demandas e pedidos,
06:39não muito objetivos, mas velados.
06:42Qual é a reflexão que a gente precisa fazer sobre esse tarifácio,
06:45ou pelo menos o anúncio daquela carta?
06:47Os fundamentos dados, basicamente, há um fundamento, que é Trump,
06:54que tem a alegação de que o Brasil teria explorado os Estados Unidos,
07:00teria uma vantagem comercial, que não é factual, ela é falsa.
07:03Isso que aponta são os próprios economistas norte-americanos,
07:07inclusive prêmios nobres, etc., que declararam claramente,
07:10senão a relação dos Estados Unidos com o Brasil é superavitária,
07:14não há nenhum motivo econômico para o tarifácio.
07:17É o que ele aponta, e eu não vou ficar aqui adivinhando qual é a real intenção,
07:20porque é muito fácil você atribuir a qualquer agente político intenções ocultas.
07:25A gente tem que ver as intenções explícitas.
07:27Ele deseja um privilégio para o Jair Bolsonaro, não um direito.
07:31Todos nós, cidadãos, todos, sem exceção, podemos ser processados, mesmo inocentes.
07:37É um ônus de quem é cidadão.
07:39O que ele deseja para o Jair Bolsonaro é criar um príncipe,
07:44no sentido etimológico da palavra, um primeiro cidadão.
07:47Alguém que está acima da lei e acima dos direitos.
07:51Está acima dos deveres de cidadania, alguém que tem um privilégio e não direitos.
07:55Não tem sentido isso.
07:58O senhor Jair Bolsonaro foi ex-presidente da República,
08:01mas é um cidadão como qualquer outro.
08:03Tem que arcar com os ônus próprios da cidadania, inclusive ônus de ser processados.
08:07Vejam que o Jair Bolsonaro não foi condenado.
08:11Até surgir esse atrito, ele estava solto, andando de jet ski.
08:15Quer dizer, a realidade é que não havia condenação,
08:18nenhuma restrição ao seu direito de liberdade no território nacional.
08:20O que postula Trump é que ele não seja processado, que ele não seja investigado.
08:28Que ele esteja acima do Estado.
08:31Que ele seja um titular eterno de poder político acima do direito e dos direitos.
08:36Isso não é só um nível de intervenção na soberania nacional, que é muito grave.
08:45É um nível de intervenção nas normas de civilização, nas normas civilizadas, nas conquistas modernas.
08:52Que esse Brasil lutou e tanta gente conheceu a vida como dor, sacrifício, humilhação,
08:57para poder criar o mínimo de civilidade nesse país.
09:00E vou dizer mais, Lula não pode negociar com ele esse assunto,
09:04porque não tem nenhuma autonomia para interferir no judiciário.
09:07Se Lula pretender interferir no judiciário, vai estar cometendo crime também.
09:11Ele não pode, não deve intervir.
09:13E o judiciário não pode fazer negociações políticas em torno das decisões judicionais.
09:18Porque o papel do judiciário é aplicar a Constituição e a lei, não ficar negociando politicamente.
09:22Então ele exige algo que é insuscetível de ser atendido.
09:27Ainda que fosse possível de ser atendido, pararia aí?
09:32Trump pararia aí?
09:34Tudo bem, liberou o Bolsonaro, ele vai parar agora de fazer.
09:37Não, qualquer desejo do presidente dos Estados Unidos teríamos que estar ali para atender.
09:42Isso quebra a nossa espinha, arrebenta com a gente como nação, como país,
09:46como dignidade que a gente tem que ter minimamente como povo
09:50para poder, inclusive, conviver internacionalmente.
09:54Acaba totalmente com a noção do Brasil como país.
09:57Portanto, e contra Trump hoje, é em favor do Brasil.
10:01Não é um problema ideológico, não é um problema de divisão de classes aqui no Brasil.
10:07É ir a favor do Brasil.
10:10Eu acho que tem vários aspectos para a gente destacar após a fala do Pedro.
10:15E só destacando que, ao longo da semana, a gente conversou com vários especialistas,
10:22analistas, juristas, advogados que fazem ponderações que vão na contramão,
10:26inclusive do Pedro, e está tudo bem.
10:29Justamente quando você fala em desejo ou objetivo velado,
10:34mas que não deveríamos fazer esse exercício e tratar daquilo que é explícito.
10:39Para muitos, não ficou claro se esse é o objetivo,
10:41se aquela menção a Jair Bolsonaro seria apenas uma opinião.
10:46Ele não falou de maneira expressa que tudo estaria condicionado
10:50à revisão do processo que envolve o Jair Bolsonaro,
10:53mas a gente vai se aprofundar nisso, viu, Pedro?
10:56Deixo só das boas-vindas ao Gustavo Sampaio,
10:58também sempre colaborando com a gente aqui na programação da Jovem Pan,
11:02doutor em Direito, professor de Direito Constitucional na Universidade Federal Fluminense.
11:07Doutor, seja muito bem-vindo mais uma vez aqui à programação.
11:10Esse exercício inicial com a nossa audiência,
11:13a gente tenta fazer um raio-x e também compartilhar um diagnóstico
11:18sobre as intenções de Donald Trump com aquela carta.
11:22Bem-vindo mais uma vez, doutor.
11:26Boa noite, Daniel.
11:27Boa noite, professora Natália, professor Pedro Serrano.
11:31Satisfação estar aqui com vocês a conversar desse tema tão árduo, tão difícil.
11:37Porque as coisas não vêm de hoje, não é, Daniel?
11:40Nós, durante muito tempo, durante décadas, talvez, aqui no Brasil,
11:44tivemos um diálogo muito tensionado, mais ideológico,
11:48e muitas vezes um diálogo de lastro intelectual
11:52entre os defensores do nacional, o estatismo,
11:57e, de outro lado, os próceres do liberal cosmopolitismo.
12:02Você veja, sob a vigência da lei Agamemnon, lá de 1945,
12:06naquela trinca partidária que perdurou até 1966,
12:11a União Democrática Nacional era a expressão do liberal cosmopolitismo
12:15e tinha grandes nomes, até de envergadora intelectual,
12:19como Bilac Pinto, como Prado Kelly, como Adalto Lúcio Cardoso,
12:24e eram pessoas de quem eu poderia discordar,
12:27mas que eu respeitaria intelectualmente,
12:30Afonso Arindos.
12:32E, do lado ali, do nacional estatismo,
12:35grandes nomes também, inclusive na política,
12:37integrando o PTB.
12:40Hoje, nós não vivemos mais isso.
12:42Tivemos ainda, na década de 90,
12:45o diálogo ideológico entre o PSDB
12:47e o Partido dos Trabalhadores,
12:50até o início desse século.
12:52Hoje parece, para nosso desalento absoluto, Daniel,
12:56que o diálogo ou a disputa na arena política
13:00está entre os institucionalistas,
13:03ou seja, aqueles que defendem as instituições,
13:06e os anti-institucionalistas,
13:08ou seja, aqueles que querem a ruína das instituições,
13:11das conquistas civilizatórias,
13:14das conquistas edificadas pelas revoluções liberais,
13:17e desde a Revolução Puritana,
13:19passando pela francesa, pela americana,
13:22hoje nós temos pessoas que se dizem liberais,
13:27defensores do liberalismo,
13:29mas que atentam contra as instituições do liberalismo.
13:32Está tudo muito confuso.
13:33Então, na verdade, Daniel,
13:36o que o presidente Donald Trump fez recentemente,
13:39aqui, claro, eu tenho que concordar,
13:41jamais discordaria dos dois diagnósticos feitos
13:44pela professora Natália e pelo professor Pedro,
13:47o que Donald Trump faz
13:48não é adotar o tarifácio como medida de caráter econômico,
13:53porque isso não faria sentido nenhum
13:55com um país superavitário em relação ao Brasil,
13:57Pelo contrário,
13:59uma parte da base empresarial norte-americana
14:01que apoiou Donald Trump
14:02está indignada com essas medidas
14:04que estão sendo tomadas.
14:06É uma medida política
14:07tomada por um dos grandes representantes mundiais
14:10do anti-institucionalismo,
14:12um homem que, em 2020,
14:15depois de perder as eleições presidenciais,
14:20encareceu ao então vice-presidente do Senado,
14:24vice-presidente da República,
14:25presidente do Senado,
14:26que não reconhecesse o resultado das eleições
14:29e, no alto de um palanque, em Washington,
14:33consitou seu público apoiador
14:37a invadir o símbolo maior da democracia norte-americana,
14:40o Capitólio,
14:42o que resultou na morte de cinco pessoas
14:44e foi uma cena jamais vista na história americana.
14:48Esse é Donald Trump,
14:49que voltou à presidência dos Estados Unidos
14:52e se alia a essa política do anti-institucionalismo.
14:56A representação no Brasil maior do anti-institucionalismo
14:59acaba agregada à imagem do presidente Jair Bolsonaro.
15:04Como na Argentina,
15:05o anti-institucionalismo está agregado
15:08à imagem de Javier Milley.
15:11Tanto que, na campanha,
15:12Milley defendia o fim do Banco Central,
15:14o fim de uma série de instituições da Argentina,
15:17e depois foi voltando atrás,
15:18como Trump também volta atrás de muita coisa,
15:21usa o artifício anti-institucionalista
15:23para fins políticos.
15:25Então, em verdade,
15:26Trump vê em Bolsonaro
15:27a esperança da manutenção do Brasil
15:31como um quintal dos Estados Unidos da América,
15:33entende?
15:34E na medida em que ele, Trump,
15:36foi nos Estados Unidos processado e julgado,
15:38mas como o sistema jurídico norte-americano
15:41é, de certa forma,
15:43perdão,
15:45é, de certa forma,
15:46mais laxo do que o nosso
15:48e permite
15:49que aquele indivíduo,
15:52mesmo sob investigações,
15:53possa ser candidato à presidência dos Estados Unidos,
15:57Trump acaba vendo,
15:58no Brasil,
15:59à medida em que Jair Bolsonaro
16:01é réu na ação penal 2668,
16:04penante ao Supremo Tribunal Federal,
16:05um país que tem uma legislação mais rígida
16:07e que na lei 14.197
16:10estabeleceu um repertório circunstanciado
16:13de crimes contra o Estado Democrático de Direito,
16:15quando Trump vê no Brasil
16:17Jair Bolsonaro sofrendo esse tipo de
16:20submissão à função judiciária,
16:23ele logo constrói o entendimento
16:26de que se trata de uma percepção política
16:28e ele deve salvar o seu sócio,
16:31defendendo que o Brasil cesse imediatamente
16:33a sua percepção penal.
16:34É isso, Daniel.
16:35É mais uma vez a luta
16:37do anti-institucionalismo
16:39contra as instituições
16:41tradicionais do Estado Constitucional
16:43Democrático de Direito.
16:44É o institucionalismo
16:45guerreando com o anti-institucionalismo.
16:49E, portanto,
16:50é o cenário que nós temos hoje.
16:52A tentativa de Trump
16:53é uma tentativa de ameaçar,
16:55admoestar,
16:57ameaçar politicamente o Brasil
16:59e manter o Brasil
17:00debaixo da rédea norte-americana,
17:02a caso o sistema de justiça criminal
17:05da nossa República
17:06não recue
17:07defendendo o seu colega,
17:10o seu ditonigo,
17:11o seu sócio,
17:12o ex-presidente Jair Bolsonaro.
17:14É o que temos.
17:15Está aí, primeiro giro de análise.
17:17O professor Gustavo Sampaio,
17:18inclusive, a professora Natália,
17:20em alguns momentos,
17:21sinalizou positivamente,
17:22concordando com a reflexão
17:24feita pelo professor.
17:25Agora,
17:27Natália,
17:28mas se os objetivos
17:29de Donald Trump
17:30vão além das questões
17:32tarifárias e comerciais,
17:34como as negociações
17:36podem e devem ser
17:38conduzidas?
17:39Porque até aqui
17:39a gente observa
17:40o governo brasileiro
17:41se apoiando somente
17:43nas questões comerciais.
17:44Enviou uma carta,
17:45enfim, parece que
17:46a tratativa
17:48mira justamente
17:50os aspectos comerciais,
17:52porque me parece
17:52que não vê possibilidade
17:55de abarcar
17:56os outros temas.
17:57Enfim,
17:58de que maneira
17:58é possível destravar
17:59essa questão
18:01quando o outro lado
18:02observa não somente
18:04as questões comerciais,
18:05ou talvez as questões comerciais
18:06sejam somente
18:07um argumento
18:09para tentar chegar
18:10ao objetivo.
18:12Olha,
18:13é uma boa pergunta.
18:14E aí,
18:15na luta
18:15anti-institucionalista
18:17que o professor colocou,
18:19é importante
18:20a gente lembrar
18:21que o Donald Trump
18:22já esteve à presidência
18:23antes e durante
18:24o seu primeiro mandato
18:26ele conseguiu
18:27destruir
18:29um mecanismo
18:30institucional
18:31muito importante
18:32para o sistema
18:32internacional de comércio,
18:35que é o órgão
18:35de solução
18:36de controvérsias.
18:37Então,
18:37o órgão de solução
18:38de controvérsias,
18:39que é uma instituição
18:40que estava dentro
18:41da Organização Mundial
18:42do Comércio,
18:43passa por um processo
18:45de destruição
18:48durante o primeiro
18:49mandato de Trump.
18:50Esse órgão
18:51era composto
18:52por sete juízes
18:53que tinham
18:54que ser eleitos
18:54por todos
18:55de acordo
18:57à renovação
18:58do mandato
18:58com o mandato
18:59de quatro anos.
19:00Então,
19:00a cada quatro anos
19:01trocavam esses juízes.
19:03Já Obama
19:04já vai vetar
19:05a renovação
19:07do mandato
19:08de um dos juízes.
19:10E aí,
19:10Trump adota
19:11essa postura
19:12no seu primeiro mandato
19:14para acabar
19:15completamente
19:16com o órgão
19:16de solução
19:17de controvérsias,
19:18que seria o espaço
19:19onde o Brasil
19:21e até mesmo
19:22os Estados Unidos,
19:23os Estados Unidos
19:24também se utilizavam
19:25muito do órgão
19:25de solução
19:26de controvérsias
19:26da OMC,
19:27poderiam fazer
19:28reclamações
19:29em relações
19:30a questões comerciais.
19:31Então,
19:31por exemplo,
19:32essa questão
19:33que o Donald Trump
19:34falou que o PIX
19:35é um mecanismo
19:36desleal
19:37de pagamento
19:38que o Brasil
19:38tem utilizado.
19:39Ele poderia fazer
19:40uma reclamação
19:41sobre isso
19:42dentro do órgão
19:43de solução
19:43de controvérsias
19:44no OMC
19:44e nós teríamos
19:46esse processo
19:47sendo feito
19:48por vias
19:48do direito
19:49internacional.
19:50Então,
19:50essa negociação
19:51não consegue mais
19:53acontecer
19:53por esse mecanismo
19:55institucional.
19:56Então,
19:56a gente pode ver
19:56que essa
19:58institucionalidade
20:00de Donald Trump
20:01não é algo novo,
20:03é algo que já vem
20:04lá do seu primeiro
20:05mandato
20:05e no direito
20:06internacional.
20:07Como fazemos hoje?
20:08Temos alguns
20:09mecanismos.
20:10Lobby das empresas
20:11norte-americanas,
20:12então,
20:13muitas empresas
20:14brasileiras
20:14e empresas
20:15norte-americanas
20:15estão atuando
20:16por meio
20:17de lobby
20:17junto
20:18a
20:19Uncham
20:20aqui no Brasil,
20:21junto
20:22a
20:23entidades
20:24nos Estados Unidos.
20:25Algumas empresas
20:26norte-americanas
20:27entraram,
20:28inclusive,
20:28judicialização
20:29é um caminho.
20:30Judicialização,
20:30exatamente.
20:32Essa é uma aposta,
20:33que a judicialização
20:34talvez ajude
20:35a destravar
20:36uma situação
20:37que talvez
20:37o governo brasileiro
20:38não consiga.
20:39É um caminho
20:40muito importante.
20:41É,
20:41a Johanna,
20:42que é ligada
20:43a suco de laranja,
20:45ela já entrou
20:46com o processo
20:46dentro da justiça
20:47dos Estados Unidos.
20:48Por quê?
20:48Porque ela depende
20:49mais de 50%
20:50da sua compra
20:51do Brasil.
20:52Como é que ela vai fazer?
20:53E um americano
20:54consome suco de laranja,
20:56eles tomam suco de laranja
20:57todo dia.
20:57Então,
20:58a gente tem
20:59um problema sério
21:03quando as instituições
21:04internacionais,
21:05que seriam
21:05um caminho
21:05para negociar
21:06de uma maneira
21:07formal,
21:08foram desestabilizadas.
21:10As instituições
21:11nacionais
21:12nos Estados Unidos,
21:13dentro dos Estados Unidos,
21:14ainda existem.
21:16No entanto,
21:17sabemos muito bem
21:17hoje
21:18que elas estão
21:19muito mais frágeis
21:20do que já estiveram.
21:21Porque os Estados Unidos
21:22conseguiu,
21:23o Donald Trump
21:24conseguiu
21:24fazer com que
21:26as cortes locais,
21:27a Suprema,
21:29acho que o pessoal
21:29aqui de direito
21:30pode explicar melhor
21:31do que eu,
21:32mas as cortes locais,
21:34elas fossem,
21:36assim,
21:37as decisões delas
21:38pudessem não valer
21:40se o STF deles,
21:41seria o Supremo,
21:42a Suprema Corte
21:44norte-americana,
21:45tomasse outra decisão.
21:47E a Suprema Corte
21:48norte-americana,
21:49ela é formada
21:49majoritariamente
21:50por republicanos.
21:52Então,
21:53a judicialização
21:54é um caminho?
21:56É.
21:57Hoje,
21:58a gente sabe
21:58que os Estados Unidos
21:59é uma democracia
22:00mais frágil que o Brasil.
22:02E quem fala isso
22:03é o autor
22:03de um dos livros,
22:04acho que mais importantes
22:05escritos na última década,
22:07que é
22:07Como as Democracias Morrem.
22:09O Steve Levinsky,
22:10que é um autor
22:11norte-americano,
22:12e ele fez essa declaração,
22:13acho que ontem.
22:14Ontem,
22:15o STF repostou
22:16a publicação da BBC
22:18e esse post do STF
22:20foi amplamente criticado
22:22nas redes sociais.
22:22porque entenderam
22:24que a Suprema Corte
22:25brasileira
22:26não deveria
22:27ter se manifestado.
22:29Enfim,
22:29não sei se como instituição,
22:31ou se o representante
22:32ou o responsável
22:33pela comunicação
22:34da Corte Suprema
22:35brasileira.
22:35Mas, enfim,
22:36sem te cortar,
22:37só um parênteses aí.
22:38Ele postou
22:39essa informação?
22:40Não, não,
22:40a BBC Brasil
22:42postou justamente
22:43essa reflexão
22:45sobre
22:46esse recorte
22:48da democracia
22:50norte-americana
22:51versus a brasileira
22:52e o STF
22:53repostou
22:54essa informação.
22:55E aí,
22:56por essa razão,
22:56as críticas.
22:57Mas, por favor,
22:58aproveitar.
22:58Não, aí eu passo a palavra
22:59para os advogados aqui
23:00que eu acho que eles
23:01entendem mais sobre
23:02o que o STF
23:03deveria fazer
23:04e como ele deveria
23:05se comunicar, né?
23:07O meu lado é muito mais...
23:08Não, claro,
23:08sem dúvida.
23:09Pedro,
23:11quero te ouvir também
23:12porque o Pedro,
23:13há alguns dias,
23:14enfim,
23:15sempre compartilhando
23:16as suas reflexões
23:18sobre o atual momento,
23:19fez uma postagem
23:20defendendo
23:20que a sociedade civil
23:22reagisse
23:23ao tarifácio,
23:25mas que também
23:26compreendesse
23:27a necessidade
23:27do governo
23:28ser cauteloso.
23:30Acho que é importante
23:31a gente tratar
23:32desse aspecto
23:33porque a gente tem visto
23:35o presidente da República
23:36adotar
23:37um outro tom,
23:38partir para o enfrentamento.
23:40No dia de hoje,
23:41inclusive,
23:41nos telejornais
23:42e programas da Jovem Pan,
23:44nós replicamos
23:45um discurso
23:46do presidente da República
23:47dizendo que
23:47Donald Trump
23:48é mentiroso,
23:50que as justificativas dele
23:51sobre o tarifácio
23:52não eram verdadeiras,
23:53que Donald Trump
23:55não quer conversar.
23:57Ele até fez uma analogia
23:58com o jogo de cartas,
23:59com o truco,
24:00dizendo que
24:01Donald Trump
24:02estaria trocando
24:02que ele ia pedir seis.
24:04no jargão
24:05de truco,
24:06ou seja,
24:07Lula estaria disposto
24:09a dobrar a aposta.
24:10Enfim,
24:11Pedro,
24:11professor,
24:12queria escutá-la
24:13a respeito
24:13dessa sua reflexão,
24:15por favor.
24:16É interessante no Brasil,
24:19nós estamos tão divididos
24:20no campo ideológico,
24:21não só no Brasil,
24:22é um fenômeno
24:23da conjuntura global,
24:25isso,
24:25na divisão das sociedades,
24:26e não é de hoje.
24:28É um importante jurista,
24:29Ronald Workin,
24:30que em 2007
24:31escreveu um livro
24:32Democracy is Possible Here,
24:34falando que a divisão
24:35ideológica nos Estados Unidos
24:36pela primeira vez
24:37superava a divisão racial.
24:39Então,
24:40nós temos esse problema.
24:41E quando o líder
24:42do outro lado
24:43anda sobre as águas,
24:46o lado daqui
24:46fala que ele não sabe nadar.
24:48Quer dizer,
24:49quem criou esse problema,
24:50vamos ser objetivos,
24:50foi o Trump.
24:52Ele criou,
24:52ele está fazendo,
24:53não é só um bullying,
24:54uma imensa violência diplomática
24:56contra o Brasil,
24:56estimulado
24:57por pessoas
24:58que traíram o Brasil,
25:00estimulando um governo
25:02estrangeiro,
25:02adotados muito violentos.
25:04Nós temos uma tradição
25:05de amizade
25:06com os Estados Unidos.
25:07A sociedade norte-americana
25:08é amiga do povo brasileiro.
25:10Sempre foi.
25:11Nós não temos problema
25:12com a sociedade americana.
25:14Nós temos problema
25:14com o atual governante
25:15da sociedade americana,
25:16que age de uma forma
25:17truculenta
25:18no plano internacional.
25:19Usa de mecanismos,
25:21parece que vai abandonando
25:22os tradicionais mecanismos
25:24soft power,
25:25que é a liderança do mundo,
25:26que sempre os Estados Unidos
25:27foi,
25:28e merecidamente,
25:29vamos dizer aqui,
25:30no plano histórico.
25:33Ela vai abandonando
25:34aqueles mecanismos
25:35soft power
25:36e indo para mecanismos
25:36de hard power
25:37nas relações internacionais.
25:40O presidente do Brasil
25:41não tem o que fazer.
25:44E ele não tem.
25:45Trump é a menor sensibilidade
25:46com isso.
25:47A única forma
25:48que Lula tem
25:49de atender a demanda
25:50que Trump estabelece
25:51em relação a Bolsonaro
25:52é romper com a Constituição,
25:54é se transformar ele
25:55num ditador
25:55e fechar o judiciário.
25:56Isso não pode ser feito.
25:59É contra a civilização,
26:02é contra certas conquistas
26:03que os Estados Unidos
26:05estimularam o mundo
26:06a ter conquistas de direito,
26:08de democracia,
26:09de liberdade.
26:11E Trump agora
26:12quer provocar um país
26:13mais fraco
26:14a ter um caminho
26:16absolutamente
26:17sem volta
26:18em relação
26:18aos mecanismos
26:19civilizados
26:20de convivência.
26:21O presidente da República
26:23precisa ter
26:23a capacidade
26:24de negociar
26:25aonde que é possível
26:26o que você falava
26:27na outra intervenção
26:27no campo comercial.
26:29Porque no outro campo
26:30não dá para negociar.
26:31Eu acho que é essa a mensagem
26:32que o presidente Lula
26:32quer transmitir.
26:34Ele não pode negociar
26:35sobre decisões judiciais,
26:37que ele não tem poder
26:37para isso,
26:39que é arrebentar
26:40com a estrutura nossa
26:41de democracia,
26:42Constituição e civilização.
26:44Então,
26:44ele não tem condição
26:45de negociar isso.
26:46Eu acho que é essa a mensagem
26:47que ele manda.
26:47Vamos negociar
26:48no campo comercial.
26:50Qual é a sinalização?
26:52Você acha que é muito mais
26:53para a base
26:54do que emitir
26:55um recado?
26:57Ele precisa mandar
26:58claramente
26:59para os Estados Unidos
27:00a ideia
27:00de que o povo brasileiro
27:02tem dignidade.
27:03Nós somos
27:04um povo digno,
27:05que tem altivez.
27:08Alguém que está
27:08me ouvindo aqui,
27:09quando negocia algo,
27:10negocia já de cabeça
27:11abaixo
27:12e se entregando
27:13para outra parte,
27:14isso não é negociação.
27:15Isso é rendição,
27:16isso é entrega.
27:18Isso é perder a espinha,
27:19perder a dignidade.
27:20Então,
27:21a postura do governo
27:22tem que ser de negociar,
27:23negociar pressupõe
27:25dignidade e altivez.
27:27Eu acho que é isso
27:27que o presidente Lula
27:28está compreendendo.
27:29Antes de passar
27:30para o professor Gustavo,
27:31acho que a Natália
27:31fez uma sinalização.
27:32Quer fazer um complemento?
27:33Por favor.
27:34Eu acredito
27:35que quando ele fala,
27:36eu truco vou dar seis,
27:39ele está falando muito assim,
27:40olha,
27:40nós vamos responder
27:41as tarifas.
27:43Não vamos...
27:43A lei da reciprocidade
27:45A lei da reciprocidade
27:46já foi aprovada.
27:47Sim.
27:47Lógico,
27:48eu acredito que o Brasil
27:49não vai adotar
27:50a reciprocidade
27:51de forma imediata,
27:52vamos dizer,
27:53dia 1º de agosto
27:54começam as tarifas.
27:55Dia 2 a gente...
27:56Dia 2 a gente adota.
27:57Eu não acredito
27:57que essa é a proposta brasileira.
28:00Mas,
28:01a gente já tem
28:02uma lei de reciprocidade
28:03aprovada,
28:03assim como
28:04a União Europeia
28:06também já aprovou
28:07uma reciprocidade
28:08de mais de 900 bilhões.
28:11Hoje.
28:11também já anunciando
28:13para Trump,
28:14olha,
28:14caso,
28:15dia 1º,
28:16as tarifas
28:17para a União Europeia
28:18sejam adotadas,
28:20dia 7 de agosto
28:21eu já coloco na data.
28:23Dia 7 de agosto
28:24essas são as tarifas
28:25que nós vamos impor
28:26a vocês Estados Unidos.
28:27É,
28:28só para deixar...
28:29Eu acho que você tem razão.
28:30Não pode o governo
28:31querer retrucar
28:33com um aumento tarifário,
28:35querer usar reciprocidade
28:36sem consultar
28:37os setores empresariais
28:38que estão envolvidos,
28:40sem consultar
28:41a gente sem levar em conta
28:42a nossa economia.
28:43Isso é por isso que eu falo
28:44que é a lógica
28:45de uma negociação.
28:47O governo tem que
28:48falar duro,
28:49mas abrir sempre
28:50para a negociação
28:51e assumir uma postura
28:52tranquila.
28:53Tem que jogar frio,
28:54não dá para ficar entrando
28:55numa escalada
28:56que a gente vai perder
28:57porque Estados Unidos
28:58é um país mais forte.
28:59Exatamente,
28:59porque a reflexão...
29:01Então, por isso que eu acho
29:01que tem que segurar
29:02essa coisa da reciprocidade
29:04até a gente ter
29:05uma tranquilidade
29:06em relação a isso.
29:07Eu acho que isso aí
29:08deve ser uma ameaça,
29:09mas nunca efetivado
29:11porque pelo menos
29:12no curto ou médio prazo
29:14não se deve efetivar.
29:15É o que os empresários
29:16que estão envolvidos
29:16na questão
29:17têm pleiteado corretamente.
29:19E o governo
29:19está seguindo essa linha.
29:21Eu não acho
29:21que o governo está errado.
29:22Agora, também ficar
29:24já entregando-se,
29:26se pondo
29:26de uma forma não altiva
29:28é um imenso erro também.
29:29Então, eu acho
29:29que o governo
29:30está seguindo esse caminho.
29:31De um lado,
29:31não adota a reciprocidade
29:33como ato.
29:34Do outro lado,
29:34fala duro
29:35quando tem que falar duro.
29:36Eu acho que é isso mesmo.
29:37que é só encerrar,
29:38fechar o seu raciocínio?
29:40Não, eu concordo
29:41com o Pedro.
29:43Eu acho que é
29:43nessa linha mesmo, né?
29:45Então, o governo
29:46ele tem que
29:47saber
29:48fazer esse jogo
29:50e talvez
29:50vamos adotar
29:51reciprocidade
29:52talvez não em tudo
29:53em alguns produtos
29:54porque tem produtos
29:55que vão gerar
29:56impacto inflacionário
29:57para o Brasil
29:58e isso não é interessante
29:59para o governo.
30:00Como tem o fato
30:02de que alguns produtos
30:03se o Trump
30:03adotar
30:04à medida que adotou
30:05vamos ter um impacto
30:06de deflacionário
30:07para o Brasil.
30:08Se a carne nos Estados Unidos
30:09ficar tão cara
30:10como se espera
30:11é bem provável
30:12que o preço da carne
30:13no Brasil
30:13vai cair.
30:15Vai ter que ser escoada
30:16essa produção
30:16para algum lugar
30:17e de imediato
30:19vai ser para o mercado interno.
30:20Então,
30:21tem que saber
30:22fazer essa análise.
30:24Mas,
30:25lógico,
30:25o presidente
30:26enquanto presidente
30:27ele não pode pegar
30:27e falar assim
30:28está tudo certo.
30:30Não.
30:31Ele está
30:32pelas beiradas
30:33tentando fazer
30:34frentes de negociação
30:36e acredito
30:36que quem está
30:37mais à frente
30:37disso
30:38é o Geraldo Alckmin.
30:40Passar para o
30:41Gustavo Sampaio.
30:42Gustavo,
30:42quais são as reflexões
30:43necessárias
30:44a respeito
30:45do posicionamento
30:46do governo brasileiro
30:47mas focalizando
30:49na figura
30:50do presidente
30:51da república
30:51que tem adotado
30:52esse discurso
30:54de enfrentamento
30:55e tem recebido
30:56críticas
30:57porque
30:58há observações
31:00que tratam
31:00de uma certa
31:01lentidão
31:02na negociação
31:04e há um diagnóstico
31:05de alguns analistas
31:06que entendem que
31:07é um cenário
31:09inclusive
31:10cômodo
31:10para o governo brasileiro
31:11porque caso
31:12aconteça
31:14a implementação
31:14entre em vigor
31:16a tarifa
31:17de 50%
31:17ele teria
31:18inclusive
31:19como apontar
31:21para um grupo
31:21a autoria
31:23ou parte
31:23da responsabilidade
31:25pelo tal
31:26tarifácio
31:26ou seja
31:27ingredientes
31:28que envolveriam
31:28já a estratégia
31:30eleitoral
31:31para 2026
31:32enfim
31:32que reflexões
31:33são necessárias
31:34nesse momento
31:35é sabe
31:37Daniel
31:38quando nós
31:39derrubamos o império
31:40em 1889
31:41o Brasil
31:42adotou a república
31:43e um ano e meio
31:44depois promulgou
31:45a primeira constituição
31:46da história republicana
31:47a constituição
31:48de 1891
31:49o velho
31:50Rui Barbosa
31:51e os próceres
31:52da república
31:53foram buscar
31:54nos Estados Unidos
31:55da América
31:55a experiência
31:57constitucional
31:58para moldar
31:58o modelo
31:59republicano
32:00brasileiro
32:01trouxemos
32:02para cá
32:02o presidencialismo
32:04em substituição
32:04ao parlamentarismo
32:05a federação
32:06em substituição
32:07ao Estado Unitário
32:09implementamos
32:10o Supremo Tribunal Federal
32:12e uma Justiça Federal
32:14adotamos o sistema
32:15de freios e contrapesos
32:17em síntese
32:17desenhamos
32:18institucionalmente
32:19o Brasil
32:20com base
32:20no modelo norte-americano
32:22ora o que o presidente
32:23Lula precisa reverberar
32:24hoje
32:25a defesa
32:26das instituições
32:27constitucionais
32:28brasileiras
32:28que são herança
32:29das instituições
32:30constitucionais
32:31norte-americanas
32:32em certa medida
32:33é de modo
32:35muito gentil
32:36demonstrar
32:36que o que o presidente
32:37Trump está querendo
32:38é a desinstitucionalização
32:40do que nós trouxemos
32:41lá de fora
32:42para cá
32:43moldando
32:44o Estado
32:44constitucional
32:45tripartite de poderes
32:47baseado no regime
32:48democrático
32:49na supremacia
32:50da constituição
32:51enfim
32:51nos valores
32:52civilizatórios
32:53do mundo ocidental
32:53livre
32:54o presidente
32:55da república
32:56ele tem que adotar
32:57hoje uma postura
32:58que é muito difícil
33:00porque como o próprio
33:01presidente Lula
33:02nessa reunião
33:04geral dos BRICS
33:05presidida pelo Brasil
33:06sediada aqui no Rio de Janeiro
33:07ele chegou a cenar
33:09para uma moeda
33:11unificada
33:11entre os integrantes
33:12dos BRICS
33:13que se somados
33:14totalizam
33:15trinta e nove por cento
33:16do produto interno
33:17bruto do mundo
33:18para afastar o dólar
33:20como moeda
33:20base matriz
33:21das negociações
33:22internacionais
33:23entre os países
33:23do BRICS
33:24isso claro
33:25incendiou um pouco
33:26porque o presidente
33:28Trump obviamente
33:29que não gostou
33:30nada disso
33:30do suposto ataque
33:32que não é um ataque
33:33mas do suposto
33:34atingimento
33:35do dólar
33:36como moeda padrão
33:37norte-americana
33:37de negociações
33:39internacionais
33:40o presidente Lula
33:41tem que hoje
33:42unificar o entendimento
33:44brasileiro
33:44fazer-se o grande
33:46líder do Estado
33:47Nacional
33:48inclusive consultando
33:50as bases
33:51empresariais
33:51brasileiras
33:52para colher
33:54as sugestões
33:55decorrentes
33:56das suas demandas
33:57o que é importante
33:58para se mostrar
34:00efetivamente
34:01o chefe do Estado
34:02e chefe do governo
34:03não líder apenas
34:05do seu eleitorado
34:06mas líder
34:06de todos os interesses
34:07nacionais do Brasil
34:08condensar
34:10essas manifestações
34:12os desejos
34:13os protestos
34:13que o empresariado
34:14brasileiro tem
34:15diante das perdas
34:16sofridas
34:17com a iminência
34:18da entrada
34:19em vigor
34:19dessa tarifação
34:20desproporcional
34:21ditada pelo
34:22presidente Donald Trump
34:24e levar as negociações
34:26adiante
34:27com a sabedoria
34:28de quem
34:29sabe
34:30que o tempo
34:31vai passar
34:32e que as coisas
34:33vão se ajustar
34:34porque o próprio
34:35presidente
34:36dos Estados Unidos
34:37da América
34:38não vai aguentar
34:40por muito tempo
34:41a manutenção
34:42desse tipo
34:42de tarifação
34:43isso está causando
34:45corrosão
34:46na própria base
34:47que o sustenta
34:48na Casa Branca
34:48há vozes
34:50que falam
34:50até impeachment
34:51do presidente
34:52Donald Trump
34:52existe uma
34:53irresignação
34:54dentro
34:55das bases
34:56econômicas
34:58empresariais
34:58nos Estados Unidos
34:59que não pode ser
35:00desconsiderada
35:01o presidente Lula
35:02perdão
35:04um probleminha
35:05aqui de bateria
35:06na minha câmera
35:07o presidente Lula
35:09tem que manter
35:10a serenidade
35:11do discurso
35:12a capacidade
35:13de negociação
35:14deixar o tempo
35:16correr
35:16negociando
35:17porque o tempo
35:19vai solucionando
35:20gradativamente
35:22esse problema
35:22ao mesmo tempo
35:25sem negociar
35:27em hipótese
35:28qualquer
35:29a independência
35:30das nossas instituições
35:32as nossas instituições
35:34são baseadas
35:36no modelo
35:36constitucional
35:37que ganharam
35:38solidez
35:39desses 36 anos
35:41de vigência
35:41da nossa
35:42constituição
35:43da república
35:43se as instituições
35:45norte-americanas
35:46estão fragilizadas
35:47a ponto
35:48de acontecer
35:49o que aconteceu
35:50recentemente
35:51na história
35:52deles mesmos
35:53haja vista
35:54o caso ocorrido
35:55em janeiro
35:55de 2021
35:56na cidade
35:57de Washington
35:58o Brasil não
35:59o Brasil está
36:00demonstrando
36:01que
36:01quando se tentou
36:02reproduzir
36:03dois anos depois
36:04em 2023
36:05a tentativa
36:07de derrubada
36:07das instituições
36:08democráticas
36:09o Brasil está
36:10respondendo
36:11com firmeza
36:12com o sistema
36:13de justiça criminal
36:14preservando a autoridade
36:15da lei penal
36:16aplicando a legislação
36:18em defesa
36:19da supremacia
36:20constitucional
36:20e do Estado Democrático
36:22o presidente
36:22tem que mostrar
36:23a inegociabilidade
36:25dessas instituições
36:26e deixar isso
36:27muito claro
36:28e a partir daí
36:29ouvidos
36:30todos os segmentos
36:31da sociedade brasileira
36:33inclusive o segmento
36:34empresarial
36:34tocar pra frente
36:36a manutenção
36:37da chefia
36:37das relações
36:38internacionais
36:39contar com o apoio
36:40do embaixador
36:41Mauro Vieira
36:41que é um homem sério
36:42experiente
36:43dedicado
36:44com muita expertise
36:46técnica de trabalho
36:47na diplomacia
36:48para esperar
36:49esse tempo
36:50passar
36:51esse tempo difícil
36:52passar
36:53administrando
36:54as graves consequências
36:55que poderão chegar
36:56nesse primeiro momento
36:58dentro da economia
36:59nacional
36:59não há muito a fazer
37:00veja que
37:01os Estados Unidos
37:03ainda constituem
37:04a primeira potência
37:05econômica do mundo
37:06já em descenso
37:08mas ainda a primeira
37:09potência econômica
37:10do mundo
37:11um PIB mais de dez
37:12vezes maior
37:12do que o PIB brasileiro
37:14ainda tem 25%
37:15do orçamento militar
37:16do planeta
37:17não há muito
37:18o que fazer
37:18em relação a isso
37:19se não manter
37:20as conversações
37:22dentro das mesas
37:23regulares
37:24de negociação
37:25dentro do devido
37:26processo legal
37:27internacional
37:28mas contar com o fato
37:29de que
37:30a oposição
37:31a esse tarifácio
37:33a essa represália
37:34a essa admoestação
37:36absolutamente
37:37desproporcional
37:38até um pouco
37:39infantilizada
37:40isso também
37:42contra a resistência
37:43de importantes
37:44segmentos dos Estados Unidos
37:46e nós temos
37:47que contar com isso
37:48pois é
37:48ontem inclusive
37:49tivemos um economista
37:50aqui que fez críticas
37:52à maneira como
37:53aquele comunicado
37:54aquela carta
37:54de Donald Trump
37:55foi redigida
37:57né
37:57que teria sido
37:59mais fácil
37:59para ele
38:00também
38:01para o receptor
38:02se ele tivesse
38:03trazido em capítulos
38:06ou ter colocado
38:08ali de maneira
38:08mais expressa
38:09quais eram
38:10as suas
38:11intenções
38:12ou demandas
38:13e objetivos
38:14agora
38:15só quero
38:16para as pessoas
38:17que chegam agora
38:18assuntos importantes
38:19relacionados
38:20ao tarifácio
38:21de Donald Trump
38:22as reflexões
38:23sobre os caminhos
38:24possíveis
38:24que o Brasil
38:25pode adotar
38:26acabamos de escutar
38:27o professor
38:28Gustavo Sampaio
38:29Universidade Federal
38:30Fluminense
38:31também aqui no estúdio
38:32a Natália Fingerman
38:33professora de
38:34Relações Internacionais
38:35da ESPN
38:36e o Pedro Serrano
38:37professor de Direito
38:38Constitucional
38:39da PUC
38:40aqui de São Paulo
38:41agora
38:41professora Natália
38:43o professor Gustavo
38:45trouxe um
38:45aspecto interessante
38:47que eu queria
38:47escutar a sua
38:49reflexão a respeito
38:50porque
38:50há uma tese
38:51que indica
38:52que o que estaria
38:53por trás
38:54desse posicionamento
38:56de Donald Trump
38:57teria sido
38:58motivado
38:59pelo receio
38:59dele
39:00de que
39:01os países
39:02que integram
39:02o BRICS
39:03estariam
39:03já avançando
39:04naquela questão
39:05que envolve
39:05a escolha
39:06de uma moeda
39:07alternativa
39:08ao dólar
39:08enfim
39:09queria tentar
39:09conectar
39:10esse receio
39:11de Donald Trump
39:12ou isso
39:13que ele já
39:13terminou por diversas vezes
39:14a esse nosso
39:16papo
39:16essa nossa discussão
39:17olha
39:19do meu ponto de vista
39:20o BRICS
39:21não é uma ameaça
39:22em si
39:23para Donald Trump
39:24hoje
39:25né
39:25a principal
39:27ameaça
39:28que existe
39:28é a China
39:30e a China
39:31ela tem muito
39:31utilizado
39:32o Remind
39:33digital
39:33nas suas
39:34negociações
39:35bilaterais
39:36com vários
39:36países do mundo
39:37e logicamente
39:39como ele está
39:39fazendo
39:40hoje
39:41uma ofensiva
39:43contra o Brasil
39:44ele vai utilizar
39:46o BRICS
39:47mas
39:47o objetivo
39:48dele
39:49não é
39:49simplesmente
39:50o Brasil
39:50o Brasil
39:51tem proposto
39:52uma desdolarização
39:53mas essa proposta
39:54de desdolarização
39:55ela ecoa
39:57no Brasil
39:57como se fosse
39:58algo
39:59brasileiro
40:00vamos dizer assim
40:01totalmente original
40:02e a realidade
40:04é que não é bem essa
40:05né
40:06essa proposta
40:07de desdolarização
40:08é algo que tem
40:09sido
40:10feito
40:11por vários países
40:12principalmente
40:13pela Rússia
40:13e pela China
40:14após
40:15a guerra
40:16da Ucrânia
40:17né
40:18porque
40:18a guerra
40:19da Ucrânia
40:20vai gerar
40:20uma instabilidade
40:21no dólar
40:22pelo fato
40:22dos Estados Unidos
40:24pegar
40:25parte da dívida
40:27russa
40:28e
40:29pegar
40:29e controlar
40:30pelo fato
40:31de ser em dólar
40:32e falar
40:32não
40:32esse recurso
40:33é meu
40:33e aí todo mundo
40:34fala
40:35como é que eu vou confiar
40:36em ter recursos
40:37em dólar
40:37se esse dólar
40:39de repente
40:39pode deixar
40:40de ser
40:41do meu país
40:42porque os Estados Unidos
40:42controla esse recurso
40:44então
40:44começa a se criar
40:46dentro do sistema
40:47internacional
40:47e aí do sistema
40:48financeiro também
40:50acho que é bom
40:50colocar
40:51né
40:51uma certa
40:54falta de confiança
40:56sobre o dólar
40:57o dólar sempre foi
40:58a moeda mais confiável
41:00né
41:00todos nós
41:01sempre depositamos
41:03dinheiro em dólar
41:04temos dinheiro em dólar
41:05não por acaso
41:05Jair Bolsonaro
41:06tinha dinheiro em dólar
41:07na casa dele
41:08não é mesmo
41:09então o dólar
41:10sempre foi
41:11essa moeda confiável
41:12onde eu vou deixar
41:13uma reserva assim
41:14que eu sei que
41:14se tudo der errado
41:15vou ter
41:16vou ter lá
41:16com o dólar
41:17mas
41:18desde a guerra
41:19ali da Rússia
41:20com a Ucrânia
41:20a gente tem
41:21esse processo
41:22de
41:22né
41:23é
41:24perda de confiança
41:25no dólar
41:26e essa perda
41:27de confiança
41:27no dólar
41:28tem buscar
41:28feito com que
41:29vários países
41:30do mundo
41:30falem
41:31mas por que a gente
41:32precisa negociar
41:32em dólar
41:33por que a gente
41:33não pode negociar
41:34nas nossas
41:34próprias moedas
41:35ou por que a gente
41:36não pode criar
41:37um novo sistema
41:38né
41:39pra negociar
41:40nesse grupo
41:40então
41:41o BRICS
41:42é um pouco
41:43essa discussão
41:43mas chegar
41:44num consenso
41:44no BRICS
41:45é muito difícil
41:46porque o BRICS
41:47envolve países
41:48como Arábia Saudita
41:49e Irã
41:50envolve países
41:51né
41:52como Índia
41:53e China
41:53então nós temos
41:55vários países
41:55que tem conflitos
41:57fronteiriços
41:58conflitos políticos
41:59importantes
42:01então o BRICS
42:03hoje
42:03ele é
42:04logicamente
42:05um bloco
42:06importante
42:07mas hoje em si
42:09ele não representa
42:09uma ameaça
42:10porque você ainda tem
42:11muitos conflitos
42:12internos
42:13talvez ele venha
42:14a ser uma ameaça
42:15e acho que o medo
42:16do Donald Trump
42:17é o que?
42:18que mais países
42:19entrem no BRICS
42:20e o BRICS
42:21deixa de ser um simples bloco
42:23mas passe a ser
42:24uma instituição internacional
42:26o que ele não é
42:27ainda hoje
42:27e aí passe a pensar
42:29em novas práticas
42:31internacionais
42:32novas normas
42:32internacionais
42:33né
42:34que é o que
42:36e aí eu vou pegar
42:37acho que a fala
42:37do professor Gustavo
42:39né
42:40o que os Estados Unidos
42:41não quer hoje
42:41ele não quer novas
42:42novos processos
42:44de institucionalização
42:45afinal ele quer
42:47destruir
42:47qualquer tipo
42:48de instituições
42:49então o BRICS
42:51não pode crescer
42:52não pode se
42:53institucionalizar
42:55não perfeito
42:56professor Pedro
42:57quer também
42:58colaborar
42:59um exercício
43:00sobre
43:00a figura
43:02do BRICS
43:02de que maneira
43:03o bloco
43:04tem
43:04deixado
43:06Donald Trump
43:07inseguro
43:08o que estaria
43:09por trás
43:10do tarifácio
43:11as medidas
43:12que vem sendo
43:12tomadas
43:13para vários
43:13países
43:14e de que
43:15maneira
43:15isso se relaciona
43:17com
43:17esse debate
43:18que a gente
43:18faz agora
43:19eu não vou
43:21a Natália é especialista
43:23na área
43:23de geopolítica
43:25eu não tenho
43:25especialidade nisso
43:26só que eu posso dizer
43:27que
43:28esse conflito
43:29realmente se inicia
43:30na guerra
43:31russa
43:31e ucrânia
43:32e essa guerra
43:33se inicia
43:33pela rússia
43:34e aí é um pouco
43:35a minha área
43:36sim claro
43:37vulnerado
43:37o direito
43:38internacional
43:38atacando um
43:39país vizinho
43:40para países
43:41como o Brasil
43:42que são países
43:43fracos
43:43a estrutura
43:44do direito
43:45a lógica
43:45do direito
43:46é proteger
43:46o mais fraco
43:47sempre
43:47você tem
43:49relações jurídicas
43:49a lógica
43:50de ter
43:50uma relação
43:51jurídica
43:51é proteger
43:52o lado
43:52mais fraco
43:53porque o forte
43:54o poderoso
43:55não precisa
43:55de direito
43:55não precisa
43:56de proteção
43:57um país
43:59como nós
44:00que somos
44:00estamos vendo
44:01agora
44:01nesse conflito
44:02com o Trump
44:02que somos
44:03um país
44:03fraco
44:04com dificuldades
44:05e somos
44:06compartilhamos
44:08um grande
44:08continente
44:09com a nação
44:09mais poderosa
44:10do mundo
44:10então nós
44:11temos que defender
44:12o direito
44:12internacional
44:13é o nosso
44:13interesse
44:14porque é o que
44:15nos protege
44:16de violências
44:18de avanços
44:19desse tipo
44:20de postura
44:20que o Trump
44:21está tendo agora
44:21então me parece
44:23que isso
44:24é muito relevante
44:25que nós
44:26tenhamos
44:26noção
44:27de que defender
44:28o direito
44:28internacional
44:29no plano
44:30das relações
44:31internacionais
44:31é defender
44:33relações mais
44:34civilizadas
44:34no interior
44:35da humanidade
44:36e é também
44:37defender
44:37o nosso
44:38interesse
44:38específico
44:39como país
44:39porque não
44:40somos um
44:40país
44:40forte
44:41não somos
44:42um país
44:43de primeiro
44:44mundo
44:44uma superpotência
44:45nem nada
44:46do gênero
44:46então também
44:47é defender
44:48o nosso
44:48interesse
44:48particular
44:49digamos assim
44:50como o povo
44:51eu creio
44:52que o BRICS
44:53essa justificação
44:55que está
44:55o Trump
44:55fez isso
44:56com a do BRICS
44:56não me parece
44:58eu não conheço
44:59muita coisa
44:59não me parece
44:59ser totalmente
45:00verdadeira
45:01a minha impressão
45:02que me dá
45:02porque
45:03ele não fez
45:04isso com a Índia
45:05então
45:05é muito mais
45:06relevante
45:06que o Brasil
45:06no BRICS
45:07Arábia Saudita
45:08Emirados Árabes
45:11quer dizer que
45:12inclusive são
45:12parceiros intensos
45:13comerciais
45:14dos Estados Unidos
45:14e continuam sendo
45:15então na realidade
45:17eu acho que tem
45:17razões políticas
45:18mesmo
45:19do Trump
45:19está querendo
45:20vamos dizer
45:21exportar
45:23para os países
45:23mais influenciados
45:24pelos Estados Unidos
45:25como é o nosso caso
45:26exportar um modelo
45:27autoritário
45:28de Estado
45:30e de gestão
45:30da vida
45:31e está querendo
45:32nos impor
45:32o que ele acredita
45:34o que ele acha
45:35que é o correto
45:36para o mundo
45:37que é ter aqui
45:37um governante
45:38ligado
45:39subordinado a ele
45:40e que faça
45:41o que ele deseja
45:42aqui
45:42ele quer um
45:42mecanismo de hard power
45:43em relação ao Brasil
45:44nós não podemos deixar
45:45porque isso nos destrói
45:47e é o que eu falei
45:48para você
45:49tudo bem
45:49vamos dizer que fosse
45:50possível o Lula
45:51atender ele agora
45:52tá bom
45:53vamos liberar o Bolsonaro
45:54ele não pode ser processado
45:56é um cidadão brasileiro
45:57imune
45:57o que diz que o Trump
45:58ia parar?
45:59ele exige isso hoje
46:00exige outra coisa amanhã
46:01e depois amanhã
46:02nós não íamos ter fim
46:03nós íamos ter um
46:04um presidente do Brasil
46:06eleito pela população
46:07norte-americana
46:07essa que é a realidade
46:08iríamos ter um
46:09imperador brasileiro
46:10investido
46:12na função de presidente
46:13dos Estados Unidos
46:14da América
46:15eu acho uma tristeza isso
46:16acho que os Estados Unidos
46:17é um
46:17não só um povo irmão nosso
46:19como
46:19foi uma justa liderança
46:21do mundo livre
46:22até iniciar
46:23o governo de
46:24de Donald Trump
46:27que parece que quer
46:28não ser líder
46:29do mundo livre
46:32e esse mundo
46:33deixar de ser livre
46:34isso nós não podemos aceitar
46:36daqui a pouco
46:36a gente vai entrar
46:37na última sessão
46:39de análises
46:40aqui do programa
46:41professor
46:42Gustavo
46:43queria só pedir
46:45a sua reflexão
46:46também sobre esse tema
46:47naturalmente
46:48fique à vontade
46:49para trazer as suas
46:50considerações
46:51e ponderações
46:52quando a gente
46:52precisa colocar
46:53aquele
46:54suposto receio
46:56de Donald Trump
46:57com o fortalecimento
46:58do BRICS
46:58adoção de uma
46:59moeda alternativa
47:01enfim
47:01se quiser
47:02trazer o seu complemento
47:03a essa discussão
47:05só para a gente fechar
47:06daí a gente entra
47:07na parte final
47:07do programa
47:08apontando para os caminhos
47:10possíveis
47:10para tentar destravar
47:11esse assunto
47:12que trata do tarifácio
47:13por favor doutor
47:14um ponto relevante
47:17foi trazido aqui
47:18pelo professor Pedro
47:19o Brasil sempre teve
47:21relações
47:21extraordinariamente boas
47:23com os Estados Unidos
47:24da América
47:24e mais do que
47:26a relação de povo
47:27com o povo
47:27as presidências
47:29brasileiras
47:30historicamente
47:31tem boas relações
47:32com as presidências
47:34dos Estados Unidos
47:35da América
47:35a despeito de serem
47:37presidências escolhidas
47:38pelo partido democrata
47:39ou pelo partido republicano
47:41se nós fizermos aqui
47:42um recorte histórico breve
47:44do pós-guerra
47:44para cá
47:45veja que o
47:46o presidente
47:46Harry Truman
47:47tinha uma boa
47:49relação com o Brasil
47:50o presidente
47:51Dwight Eisenhower
47:52do pós-guerra
47:53tinha uma boa
47:54relação com o Brasil
47:55também
47:55e mais tarde
47:56outras presidências
47:58importantes
47:59de Micah
47:59George Ford
48:01até nos anos 80
48:02o presidente
48:03Ronald Reagan
48:04que era um conservador
48:06era uma pessoa
48:07do partido republicano
48:08que tinha posturas
48:09aliadas
48:09na época
48:10com Margaret Thatcher
48:11tinha uma excelente
48:12relação
48:13com o final
48:14do regime militar
48:15no Brasil
48:15e começo
48:16do regime democrático
48:17e até mesmo
48:18o presidente Lula
48:19no seu primeiro
48:21mandato
48:21manteve
48:22um ótimo
48:23contato diplomático
48:25com a Casa Branca
48:26à época
48:27sob a chefia
48:28do presidente
48:29George W. Bush
48:31filho
48:31e veja
48:33como isso pode se perder
48:35desse modo
48:36repentinamente
48:37se não com a explicação
48:38de que nós temos
48:39hoje
48:40lideranças poderosas
48:42excêntricas
48:43de pendor autoritário
48:44que
48:45dizendo-se
48:46democratas
48:47agem contra as instituições
48:49democráticas
48:49dizendo-se liberais
48:51agem contra as instituições
48:54do liberalismo
48:55e dizendo-se patrióticas
48:57agem contra a própria
48:58pátria
48:59o presidente Trump
49:00quando toma essa decisão
49:02do tarifácio
49:02compromete a economia
49:04americana
49:05e os nossos
49:06ditos patriotas
49:08que vestem
49:09a camisa do Brasil
49:10se embrulham
49:11na camisa do Brasil
49:12nas manifestações
49:13públicas
49:13agora comemorando
49:15o tarifácio
49:16de Trump
49:17deputados federais
49:18brasileiros
49:19hasteando bandeira
49:20em homenagem
49:21a Donald Trump
49:22depois dele perpetrar
49:24um castigo
49:25contra o Estado
49:25Nacional Brasileiro
49:26olha isso é de um
49:28paradoxo lamentável
49:29são patriotas
49:31antipatrióticos
49:33os verdadeiros
49:34patriotas
49:34Daniel
49:36são aqueles que
49:36defendem
49:37as nossas instituições
49:39constitucionais
49:40a separação
49:40de poderes
49:41a federação
49:42a supremacia
49:43da escolha do povo
49:44no voto popular
49:45isso é o verdadeiro
49:46patriotismo
49:47de maneira que
49:47nós temos que
49:49defendendo
49:50autoridade dessas instituições
49:52sendo institucionalistas
49:54levar adiante
49:56essa bandeira
49:56de negociação
49:57com os Estados Unidos
49:59da América
49:59acho que não tem
50:00que ter qualquer recuo
50:01em relação ao BRICS
50:02trata-se de um acordo
50:04importante
50:05de valorização
50:07do
50:08multicomercialismo
50:11de uma afetação
50:12multilateral
50:14e não bilateral
50:15e aos poucos
50:17deixar claro
50:18que sem esse recuo
50:19o Brasil
50:20será firme
50:21na sua negociação
50:23com diplomacia
50:24porque o país
50:25não quer
50:25e não pode
50:26fugir dessa rota
50:27com diplomacia
50:28um devido processo
50:29legal
50:30com respeito
50:31e valorização
50:32aos tratados
50:33e convenções
50:33internacionais
50:35e deixar com que
50:36o mundo
50:37pressione
50:38nas suas instituições
50:40e nas suas bases
50:41econômicas
50:42não apenas políticas
50:43até que o recuo
50:44seja gradual
50:45e que nós
50:46possamos voltar
50:47a um ponto
50:47de normalidade
50:48sem isso
50:49eu penso
50:50que não há
50:50um caminho
50:50viável
50:51nesse momento
50:52para a diplomacia
50:53brasileira
50:54para o governo
50:54do Brasil
50:55pois é
50:56último giro
50:57de análises
50:58e reflexões
50:59porque algumas
50:59notícias
51:00foram divulgadas
51:01no dia de hoje
51:01com projeções
51:03e o impacto
51:05sobre a economia
51:06brasileira
51:07especialmente
51:07alguns setores
51:08caso essa tarifa
51:09entre em vigor
51:10ministro Fernando Haddad
51:11mencionou que
51:12pelo menos
51:1310 mil empresas
51:14seriam afetadas
51:16caso a tarifa
51:18de 50%
51:19passe a valer
51:20sobre os produtos
51:21exportados
51:21para os Estados Unidos
51:22e a Confederação
51:24Nacional da Agropecuária
51:25faz uma projeção
51:26de perdas
51:28na casa
51:29de quase 6 bilhões
51:30de dólares
51:31e eu queria só retomar
51:32para a gente fechar
51:33a nossa análise
51:34os caminhos possíveis
51:35do Brasil
51:35se é possível
51:37a gente
51:37determinar
51:39ou apontar
51:39quais são os caminhos
51:40mais adequados
51:41porque há quem
51:43entenda
51:43que para além
51:44das questões
51:45que envolvem
51:45a relação
51:46e a negociação
51:47entre os países
51:48aquele aspecto
51:49que você brevemente
51:50destacou
51:51Natália
51:52a judicialização
51:54e a pressão
51:55que as empresas
51:55ou setores norte-americanos
51:57tem exercido
51:58sobre a gestão
51:59de Donald Trump
52:00e talvez até
52:01setores brasileiros
52:02da economia
52:03também
52:04sobre a administração
52:05Lula
52:06de que maneira
52:06isso pode
52:07ajudar
52:08a destravar
52:09essa questão
52:10que envolve
52:11o tarifácio
52:11em dois minutinhos
52:12por favor
52:13eu acredito
52:14que essa é uma estratégia
52:15mas tem outra estratégia
52:16que é a estratégia
52:17do mundo
52:18isolar os Estados Unidos
52:19o Brasil
52:20ele pode buscar
52:21novos aliados
52:22e essa estratégia
52:24estava vindo
52:24sendo adotada
52:26e tinha um plano
52:27de ser executada
52:27hoje inclusive
52:28entre a União Europeia
52:30Japão e Canadá
52:31eles tinham pensado
52:33numa estratégia
52:33conjunta
52:34de retaliação
52:35conjunta
52:36para os Estados Unidos
52:38e esse foi um dos motivos
52:40inclusive
52:40que Donald Trump
52:41chegou a uma negociação
52:42junto ao Japão
52:44porque hoje
52:45tinha um encontro
52:46dentro do Japão
52:47no qual
52:47a presidenta da União Europeia
52:49ia comparecer
52:50e eles iam conversar
52:51sobre essa estratégia
52:52conjunta
52:53então
52:54eu acho que a ação coletiva
52:56é um caminho
52:58muito
52:58assim
52:59positivo
53:00e uma forma
53:01que o governo
53:01pode atuar
53:02num primeiro momento
53:04num segundo momento
53:06é buscar
53:07novos parceiros
53:08se Donald Trump
53:09tivesse feito isso
53:11com o Brasil
53:11há 30 anos atrás
53:13eu acredito
53:14que o impacto
53:14seria muito maior
53:15do que nas 10 mil
53:16empresas que você mencionou
53:18hoje o Brasil
53:19os Estados Unidos
53:20é o segundo maior
53:21parceiro comercial
53:22não é mais o primeiro
53:23como já foi
53:23por muitos anos
53:24os Estados Unidos
53:26sempre foi o primeiro
53:26parceiro comercial
53:27hoje é o segundo
53:29a representatividade
53:31desse comércio
53:33em termos de volume
53:33é 2%
53:34do PIB
53:35nacional
53:36então
53:37vai ter impacto
53:38vai
53:39mas não vai ser
53:39um impacto dramático
53:41que poderia ter sido
53:42se o Brasil
53:42não tivesse buscado
53:43alguns anos
53:45diversificar
53:46os seus parceiros
53:47comerciais
53:47e ampliar
53:48suas redes de contatos
53:49tanto os regionais
53:50quanto extra-regional
53:52por meio de grupos
53:53como o BRICS
53:54Professor Pedro Serrano
53:55quais são os
53:56caminhos
53:57mais adequados
53:58para o Brasil
53:59tentar destravar
54:00e resolver essa questão
54:01um minuto e vinte
54:02por gentileza
54:03eu creio que
54:04nós precisamos
54:06negociar
54:08acho que não tem
54:09outro caminho
54:09agora eu tomaria
54:11a liberdade
54:11de falar um pouco
54:12no plano interno
54:13pois não
54:13por favor
54:14e no curto prazo
54:15eu concordo com a Natália
54:16na análise geopolítica
54:17dela
54:18agora tem que negociar
54:19com outros países
54:20procurar formar blocos
54:21etc
54:21mas aqui dentro
54:22nós precisamos ter consciência
54:24como sociedade
54:24de que é a hora
54:25da gente ser solidário
54:26a gente ter pacto social
54:28muitas empresas
54:3110 mil empresas
54:32vão sofrer
54:33imediatamente
54:34prejuízos graves
54:35no seu funcionamento
54:37vai gerar
54:37problemas de desemprego
54:38etc
54:39é a hora do Estado
54:40ajudar
54:40eu falo Estado
54:41nós
54:41a gente pagar
54:43o nosso tributo
54:44ali
54:44para com esse dinheiro
54:45do tributo
54:46procurar superar
54:47esse momento pior
54:48quer dizer
54:49o Estado brasileiro
54:50tem que atuar
54:50para socorrer
54:51essas empresas
54:53que vão sofrer
54:54de forma dura
54:55esse primeiro impacto
54:56que nós vamos ter
54:57caso essas tarifas
54:58sejam aplicadas
54:59eu acho isso
55:00algo absolutamente
55:01fundamental
55:02para que esse país
55:04realize agora
55:05professor Gustavo Sampaio
55:07também a sua reflexão
55:08final sobre
55:09talvez os caminhos
55:10mais adequados
55:12pertinentes
55:13nesse momento
55:13para o Brasil
55:14tentar resolver
55:15essa situação
55:16que envolve o anúncio
55:17de Donald Trump
55:18e o tarifácio
55:19de 50%
55:20um minuto e meio
55:21por gentileza
55:23a criação
55:25de uma consciência
55:26de união nacional
55:27que é hora
55:28de nós sermos
55:29verdadeiramente patriotas
55:30nos unirmos
55:31em torno
55:32das nossas instituições
55:33porque são os interesses
55:35nacionais do Brasil
55:36que estão em vogue
55:36que estão em jogo
55:37nós temos que compreender
55:39que os três poderes
55:41devem permanecer
55:41funcionando
55:42nas suas competências
55:44constitucionais
55:45e que todos os segmentos
55:46do Brasil
55:46tem que estar unidos
55:48para compor
55:50força suficiente
55:51para dentro
55:52de uma perspectiva
55:53multilateralista
55:54nos aproximarmos
55:57mais
55:57de todo mundo
55:58de todas as laterais
56:00do planeta
56:01naquilo que foi
56:02importante
56:02interessante
56:03a economia nacional
56:04e investirmos
56:06com isso
56:06numa pactuação
56:08una
56:08de interesses nacionais
56:10para que aos poucos
56:11haja um afrouxamento
56:12dessas pretensões
56:14unilateralistas
56:15norte-americanas
56:16e que nós possamos
56:17chegar portanto
56:18a um arrefecimento
56:19dessa tensão
56:20estiveram com a gente
56:22Natália Fingerman
56:23Pedro Serrano
56:24e também o Gustavo Sampaio
56:25muito obrigado
56:26pela participação
56:27de todos
56:27grande abraço
56:28voltem mais vezes
56:29aqui a programação
56:30da Jovem Pan
56:31eu agradeço a você
56:32pela audiência
56:33pela parceria
56:35aqui comigo
56:36no Visão Crítica
56:37lembrando que o professor
56:38Vila retoma a partir
56:39de amanhã
56:40o comando
56:40dos trabalhos
56:41nos programas
56:42aqui na programação
56:43da Jovem Pan
56:44continue bem informado
56:45fique na sintonia
56:46Jovem Pan
56:47Jornalismo Independente
56:49a opinião
56:58dos nossos comentaristas
57:00não reflete necessariamente
57:01a opinião
57:02do grupo
57:03Jovem Pan
57:03de comunicação
57:04Realização Jovem Pan
Recomendado
59:52
58:17