Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • ontem
O Senado concluiu nesta segunda a votação de um projeto de lei complementar que cria novas regras para o pagamento de emendas parlamentares // Em derrota para o Palácio do Planalto, os senadores retiraram a previsão de que o governo federal pudesse bloquear os valores decididos pelos congressistas.
-
Siga O Antagonista no X, nos ajude a chegar nos 2 milhões de seguidores!
https://x.com/o_antagonista

A melhor oferta do ano, confira os descontos da Black na assinatura do combo anual. 
https://bit.ly/assinatura-black

Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.
Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.
https://whatsapp.com/channel/0029Va2SurQHLHQbI5yJN344

Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.

Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00O Senado concluiu nesta segunda-feira a votação de um projeto de lei complementar
00:04que cria novas regras para o pagamento de emendas parlamentares.
00:09Em derrota para o Palácio do Planalto, os senadores retiraram a previsão
00:13de que o governo federal pudesse bloquear os valores decididos pelos congressistas.
00:19A tendência agora é que o texto seja confirmado pela Câmara dos Deputados
00:23em votação marcada para esta terça-feira.
00:25O pagamento das emendas está suspenso desde agosto por determinação do ministro Flávio Dino do STF.
00:33Eu quero aproveitar esse assunto para chamar o nosso querido Wilson.
00:37Wilson, o que é que você acha disso, dessa situação com essas emendas?
00:45Qual é a sua visão?
00:47Então, Inácio, a gente precisa entender que ontem nós vimos, mais uma vez,
00:53uma derrota da base, uma derrota do governo federal nessa votação que era importante.
00:58Por que eu falo de derrota?
01:00Porque foi aprovado uma emenda a esse projeto.
01:04Emenda é uma sugestão de mudança de texto que normalmente os parlamentares fazem ali
01:08quando o projeto chega no plenário de uma casa, quer dizer, da Câmara ou do Senado.
01:12Pois bem, foi proposta uma emenda pelo PL de Jair Bolsonaro determinando o seguinte.
01:17Olha, o governo federal não pode bloquear emendas da saúde.
01:21No máximo, no máximo, pode determinar ali o contingenciamento, ou seja,
01:27vou segurar durante o primeiro momento e depois eu vou ter que pagá-la de algum jeito.
01:32Só que tem detalhe, essa proposta, ela foi endossada por integrante da União Brasil,
01:39partido que tem o Davi Alcolumbre como candidato e futuro, praticamente futuro, presidente do Senado.
01:45Então, e a União faz parte da base de apoio do governo Lula.
01:49Então vejam como é que está tudo dominado.
01:52Esse projeto, ele vai agora para a Câmara, porque como assim, ele houve uma mudança.
01:56Então o projeto estava na Câmara, na Câmara, perdão, foi para o Senado.
02:00E como os senadores fizeram algumas mudanças, ele volta para a Câmara.
02:04Ele já estava pautado desde ontem, desde a sessão de ontem do plenário da Câmara dos Deputados.
02:10Ou seja, a tendência é que ele seja ratificado nesta terça-feira à noite.
02:14Vamos acompanhar aqui em um antagonista.
02:16Agora, o fato é que, apesar disso, apesar dessa articulação,
02:21integrantes da base governista, como o relator do caso, o Ângelo Coronel,
02:25dizem que, olha, não teve derrota não.
02:27Então, por favor, vamos exibir o vídeo à sonora com o Ângelo Coronel.
02:32Olha, o PL175 não houve nem derrotados, nem vitoriosos.
02:37Foi um projeto oriundo da Câmara dos Deputados, o deputado Rubem.
02:40Foi votado na Câmara, houve algumas modificações, que é natural.
02:45Veio para o Senado, eu fui o relator.
02:47Teve também algumas modificações, que é natural.
02:49Então, na minha ótica, não tem perdedores nem vencedores.
02:53Foi um projeto fruto de um consenso para beneficiar os municípios do Brasil,
02:58visando a liberação das emendas o mais rápido possível
03:01e servir de base para o orçamento de 2025, no qual eu sou relator.
03:06Então, mas, para quem é mais crítico da proposta,
03:12o que foi aprovado ontem foi a regulamentação do orçamento secreto.
03:17Quem fala isso é o senador Eduardo Girão.
03:19Vai continuar zero transparência, zero rastreabilidade.
03:24É um jogo de cena o que nós fizemos aqui no Congresso,
03:28sob a égide de outra pagelança do Supremo Tribunal Federal.
03:35Porque está legalizando o orçamento secreto.
03:38Está colocando emendas de comissão,
03:41algo que você está ali supervalorizando,
03:46a perpetuação do poder e nas mãos de caciques,
03:52aqui de dentro do Congresso Nacional.
03:54Então, na verdade, o que o Eduardo Girão falou é, de fato, o que acontece.
04:04Porque eu expliquei, inclusive, isso aqui no meio-dia da semana passada.
04:09As emendas PIX foram colocadas como uma espécie de bode expiatório desse processo todo.
04:14Só que você transfere o controle para as emendas de comissão.
04:18E aí é que está o ouro agora desse novo processo.
04:21Tem integrante do Supremo que acha que esse projeto não vai resolver a questão.
04:26Mas esse é um detalhe, José Inácio e Rodolfo,
04:29que só vai, de fato, ter um desfecho no ano que vem, em 2025.
04:35Como é que você vê, Wilson, mais esse desdobramento em relação às emendas
04:41que continuam, como disse o senador, difíceis ou quase impossíveis de rastrear?
04:47Sendo muito breve, o grande problema desse caso, meu caro José Inácio,
04:52é porque você não delimitou no projeto formas de você rastrear essas emendas
04:56e nem te colocar quem é o autor de cada uma delas.
04:59Esse é o problema.
05:00E é essa que é a exigência do Supremo Tribunal Federal.
05:02Mas o Congresso teima em fazer o trabalho que não...
05:06teima em esconder isso.
05:08Tenta fazer de tudo para que o cidadão, para que você, que é pagador de imposto,
05:14para que você não saiba como é que o seu dinheiro era aplicado na prática.
05:18Rodolfo, como você vê os fatos também?
05:20Eu diria, Inácio, que está todo mundo escondendo o jogo.
05:22Não é só o Congresso Nacional, não.
05:25O ministro Flávio Dino também está escondendo o jogo.
05:28Porque a gente já falou sobre isso aqui.
05:29E o gerão, o senador gerão, ele falou bem.
05:31Ele usou uma palavra que é o centro dessa história.
05:34A gente já falou várias vezes aqui no meio-dia e vamos repetir.
05:37Poder.
05:37É uma disputa por poder.
05:39Então, quando o Flávio Dino interrompe o pagamento de emenda, transferência,
05:44falando em transparência, em organização do Estado brasileiro,
05:50em forma de gastar o orçamento,
05:52na verdade, ele está jogando a favor do governo federal,
05:58que é quem mais sente falta de comandar essas emendas.
06:00Então, o poder histórico do governo federal, do Palácio do Planalto,
06:06sobre o Congresso Nacional é a liberação de emendas.
06:09Desde o governo Bolsonaro, esse poder foi passando.
06:11Pode pegar ali o final do governo Dilma, já, quando estava se desgastando.
06:15Mas ele foi passando paulatinamente para o Congresso Nacional.
06:19E agora, para tirar esse poder do Congresso Nacional, da Câmara e do Senado,
06:24vai ser muito complicado.
06:25O Supremo vai ter que se esforçar muito várias vezes, pelo jeito,
06:29porque essa proposta que está tramitando agora,
06:32ela foi consequência dessa decisão do ministro Flávio Dino.
06:37Tomou sozinho, como eles costumam fazer, em vez de botar para o plenário.
06:41Tomou sozinho e falou, olha, resolvam aí, vamos encaminhar.
06:44Tentou encaminhar de uma forma, ela está saindo de outra.
06:46Porque, de fato, se trata de uma questão de disputa de poder.
06:49Então, cada um vai puxar do seu lado.
06:52Agora, o Senado deu essa puxadinha um pouco mais forte aí.
06:56Vai voltar para a Câmara.
06:57Vamos ver como é que a base do governo Lula vai conseguir articular na Câmara
07:01para ver se faz alguma coisa e tenta corrigir ou mudar esse processo.
07:06E depois, provavelmente, aí vamos prever aqui, vai parar de novo no STF isso.
07:10É realmente uma situação bastante delicada.
07:12Porque, como você mesmo disse, toda hora que o STF tem que intervir de novo
07:16para tentar direcionar o fluxo para um caminho de mais clareza,
07:22ele está comprando mais uma briga com o Congresso,
07:24que sempre tem aquela carta na manga do impeachment,
07:26ou de limitar o poder dos ministros, do STF, ou do mandato.
07:33Wilson, como é que você vê também essa possibilidade de novos atritos,
07:37já que o espírito do que o ministro Dino queria não vai ser cumprido mais uma vez?
07:44Não, definitivamente não vai ser cumprido.
07:45Agora tem um detalhe, não é, Rodolfo e Inácio,
07:48que a gente também precisa deixar claro aqui no programa.
07:51O fato é que essas ações também chegam ao Supremo Tribunal Federal.
07:55Por quê?
07:55Porque tem um núcleo ali de deputados que não tem maioria na Câmara
07:58e aí apelam para o Supremo Tribunal Federal.
08:00Eu estou falando basicamente de partidos como PSOL, PDT.
08:04Ou seja, fica muito fácil também para esses parlamentares perderem no voto,
08:08aí depois, ah, vou bater lá na porta do ministro Flávio Gino e conseguir uma liminar.
08:12É muito fácil também.
08:13Então, nesse caso específico, como falou muito bem o Rodolfo,
08:17é uma questão de disputa de poder.
08:20Quem manda mais?
08:21É o executivo?
08:22É o legislativo?
08:23É o judiciário?
08:24É bom lembrar que essa decisão do Flávio Gino,
08:27ela tem um interesse direto do Palácio do Planalto.
08:30O Palácio do Planalto quer voltar a comandar, quer voltar a ter o controle das emendas parlamentares.
08:36Por quê?
08:37Porque o Poder Executivo quer ter o controle da pauta da Câmara.
08:41É disso que se trata.
08:42E quanto mais a Câmara consegue criar meios para não depender do Palácio do Planalto
08:49para a liberação de emendas,
08:50mas você cria uma situação ruim para o próprio Palácio do Planalto.
08:55É o que alguns integrantes aqui do governo falam.
08:58Nossa, Wilson, mas a gente não tem mais a governabilidade,
09:02a gente não tem mais a condição de ir lá batendo a porta do parlamentar
09:05e convencê-lo a votar a favor de um projeto nosso de acordo com uma conveniência,
09:11porque ele já tem a principal moeda de troca, que é a emenda parlamentar.
09:15Então é disso que se trata.
09:17E aí o Poder Executivo tem interesse direto nessa decisão do Supremo Tribunal Federal.
09:22Agora, qual o problema disso nessa disputa de poder?
09:25É que o Supremo se mete numa relação que deveria ser apenas entre Poder Executivo e Poder Legislativo.
09:31seria muito fácil para Flávio Dino, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes
09:35ou qualquer outro ministro do Supremo Tribunal Federal
09:38devolver uma ação como essa e falar
09:41olha, essa aqui é uma questão interna corporis,
09:43como já aconteceu em vários outros episódios.
09:46Seria muito simples.
09:47Só que não.
09:47Só que o Supremo prefere fazer
09:49não, eu vou aqui atuar como Corregedor-Geral da República.
09:53E não é disso que se trata.
09:54Assim, Suprema Corte tem que decidir com base nos autos
09:57e não com base em conveniência.
09:59Rodolfo, você acha que existe a possibilidade disso rapidamente
10:03ser alterado com os novos presidentes do Senado e da Câmara no ano que vem
10:09ou é apenas continuidade de uma mentalidade que está até hoje?
10:15Se eu tivesse que apostar, Inácio, eu diria que vai ser intensificado.
10:19E lembrando só para não deixar passar, o Wilson falou
10:21a época em que os ministros do Supremo diziam
10:25isso não tem nada a ver com a gente, isso acabou nos anos 2000.
10:27Na década de 90 existia isso.
10:30Eles falavam, olha, isso aqui não tem nada a ver com a gente, devolvam-se.
10:33Eles não fazem mais isso.
10:34Em toda briga que eles são chamados para entrar, eles entram.
10:39Rapidamente, Wilson, essa politização do STF,
10:43você acha que também não vai dar uma esfriada com os próximos tempos?
10:46Temos pouco tempo, mas você pode dar a sua parte.
10:48Só vai piorar.
10:51Eu não tenho esperança nenhuma.
10:52Nesse ponto, eu voto com o relator, meu caro Rodolfo Borges.
10:56Eu sou pessimista.
10:58Nesse ponto, eu faço parte daquela ala de ministros
11:00que acha que tudo só vai piorar.
11:04Pois é.
11:05Enfim, enquanto não melhora a situação,
11:08continuamos com esse entrave,
11:09esse jogo de cabo de guerra entre legislativo, executivo,
11:13e judiciário, se arvorando uma posição,
11:16mas como disse o Wilson, com muita propriedade,
11:19ele está sendo lá porque ele é instado a isso.
11:21Não é que ele se mete no assunto.
11:23Ele é levado a isso por outros congressistas descontentes,
11:26como você mesmo disse,
11:27perderam no voto e agora tentam
11:29aplacar um pouco dessa derrota
11:33com um contrapeso no STF,
11:35que só se desgasta mais ainda nesse processo.
11:43Obrigado.

Recomendado