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Em conversa no aeroporto de Brasília com jornalistas, o ex-presidente Jair Bolsonaro negou que tenha participado de um plano para se dar um golpe de Estado, mas admitiu que cogitou decretar um “estado de sítio”.
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Transcrição
00:00E vamos falar agora do inquérito policial da Polícia Federal que mira o ex-presidente Jair Bolsonaro.
00:08Agora temos aqui toda essa situação e uma conversa no aeroporto de Brasília.
00:17O ex-presidente Jair Bolsonaro negou que tenha participado de um plano para se dar um golpe de Estado,
00:24mas admitiu que cogitou decretar um Estado de sítio.
00:28Bolsonaro falou sobre o assunto após ter sido indiciado com mais 36 pessoas,
00:34acusado de participar de um plano para dar um golpe de Estado no final de 2022,
00:39antes da posse do presidente Lula.
00:42Vamos ouvir o que o Bolsonaro tem a dizer.
00:45Abrir aquilo, era uma reunião reservada, não era uma reunião com uma comissão da Câmara dos Deputados,
00:52que tem que estar gravada e fica para os anais.
00:54Fenônia particular, tá?
00:57E daí eu entreguei.
00:58E dado momento eu falo, como é fácil impor uma ditadura no Brasil, eu falo, está escrito lá.
01:03E eu não quero isso, tanto é que eu quero isso, isso, isso, para que isso não ocorra.
01:09Até nesses áudios vazados aí, me ofende até.
01:13Ele é isso, ele é aquilo.
01:15Não faço, jamais faria algo fora das quatro linhas.
01:18Dá para você resolver os problemas do Brasil, os seus problemas, inclusive, dentro da Constituição.
01:24Mas então não era uma possibilidade, presidente?
01:26Olha só, zero, eu não levei para frente.
01:29Não convoquei, até para o Estado de Defesa, não convoquei ninguém e não assinei nenhum papel.
01:34No meu óculos, eu procurei saber se existia alguma maneira na Constituição para você resolver o problema.
01:42Não teve como resolver, descartou-se.
01:44Descartou-se.
01:45Fora o problema.
01:47Descartou-se.
01:47Tinha insatisfação no Brasil.
01:50Perdeu a eleição?
01:51Não, não, acabei de mostrar para você, 2018.
01:57Ok?
01:58Quando você tiver a 2018 na mão, o inquérito 1361, você vai pensar de maneira diferente.
02:07Wilson Lima, boa tarde mais uma vez.
02:09Qual a sua visão sobre essa declaração de Bolsonaro?
02:14Olha só, meu caro, eu observando essa declaração, ali eu preciso olhar muito o não dito.
02:24Porque muito do que o Bolsonaro falou ontem, ele já falou para a gente aqui, um antagonista,
02:30aproximadamente um ano e meio, quando inclusive eu entrevistei o ex-presidente da República.
02:35Vocês podem inclusive ver o vídeo aqui no nosso canal.
02:37Então, ele tem batido nessa tecla, olha, não participei de um plano, não dei golpe,
02:44mas o fato dele ter sinalizado que pensou no estado de sítio, isso pode comprometê-lo para a Polícia Federal.
02:52Essa que é a grande questão.
02:53Então, assim, eu troquei mensagens hoje pela manhã com alguns agentes que acompanharam essa coletiva.
02:59E eles me falaram, Wilson, olha, parece que o ex-presidente da República está tentando sair pela tangente,
03:03só que ele está se enrolando cada vez mais.
03:06Esse é que é o ponto.
03:08Porque tinha um núcleo.
03:09E aí, tem um detalhe, porque qual é o grande problema nesse caso específico,
03:14um caso como um todo?
03:15É que quando o ex-presidente fala que existia ali umas conversas de pessoas próximas, integrantes do governo,
03:26secretários, militares, etc., ele fica numa situação em que, sabe aquele ditado, Zé Inácio?
03:32Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come?
03:35Conheço.
03:36Então, fica naquela situação, porque, por um lado, se ele admite que não fez nada,
03:42que sabia do que estava acontecendo, não fez nada, ele pode ser acusado, de um lado,
03:46de ter relação direta com esse plano, como é o caso que a Polícia Federal tem feito,
03:51ou, do outro lado, ele pode ser acusado também do crime de prevaricação,
03:54que é quando o funcionário público sabe de alguma coisa que é irregular e, deliberadamente, não faz.
03:59Não faz nada para conter aquela situação irregular.
04:02Então, esse é o problema.
04:03Então, assim, o cerco vai se fechando.
04:05E a gente já falava aqui no meio-dia que a Polícia Federal, ela vai traçar,
04:10ela traçou como estratégia, nesse caso, ir cercando o ex-presidente, assim, pelas beiradas,
04:16assim, de fora para dentro.
04:18Vai pegando aliados, vai buscando mais gente, vai buscando mais gente, vai buscando mais gente,
04:22até quando chega no ponto de ter que indiciar o ex-presidente,
04:25ele teria poucas possibilidades de sair dessa situação.
04:29Então, essa é a questão.
04:30A tendência, e aí trago mais uma informação para vocês, é que hoje, dia 26 de novembro,
04:37hoje o ministro Alexandre de Moraes deve entregar o inquérito da Polícia Federal
04:42ao Procurador-Geral da República, o Paulo Goné.
04:45E o Paulo Goné já deu sinais de que não vai trabalhar nisso com pressa.
04:49Vai esperar, vai ler todos os documentos, vai pedir novas diligências.
04:54Ele vai apresentar uma denúncia, provavelmente em fevereiro ou em março do ano que vem,
04:59e ele vai ter muita calma para conseguir fazer, para conseguir adotar essa,
05:04para tomar qualquer tipo de postura, qualquer decisão,
05:08porque a denúncia é o momento de fato decisivo.
05:10Aí o Supremo vai definir se acata, se não acata.
05:13E, só para a gente complementar essa informação, para poder levar para o Rodolfo,
05:17é que esse caso deve ir para a primeira turma do Supremo Tribunal Federal.
05:22A nova, digamos que a Câmara de Gás dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro.
05:26Porque é lá onde estão o Alexandre de Moraes e alguns outros ministros
05:30que não são muito afeitos ao bolsonarismo.
05:33Muito bem, então, agora chamamos à conversa o nosso querido Rodolfo Borges
05:39para também trazer a sua visão.
05:40Boa tarde, Rodolfo.
05:42Boa tarde, Inácio.
05:43Boa tarde, Wilson.
05:44Boa tarde para quem está assistindo a gente.
05:46É, Wilson e Inácio, o problema do Bolsonaro é que está tudo registrado.
05:52Está tudo em mensagem.
05:53Está tudo gravado.
05:54E aí é óbvio que agora ele tem que chegar.
05:57Ele não pode negar o que está ali.
05:59Então, ele vai fazer aí umas concessões de argumentação
06:04naquele limite possível para não assumir que cometeu um crime
06:08ou que vai ser punido por estar reconhecendo que cometeu um crime.
06:13E aí, nesse caso, é um pouco diferente de outros casos recentes,
06:18como o do Petrolão, do Mensalão.
06:20Porque esse caso do Bolsonaro, e eu estou falando dos grandes casos
06:24que imobilizaram o país, no caso do Bolsonaro,
06:28as conversas estão todas registradas.
06:31A investigação teve acesso a telefones celulares de todo mundo
06:36por conta de outras investigações, por conta de outros inquéritos,
06:40outras operações policiais que ajudaram a Polícia Federal e o Alexandre de Moraes
06:45a montar esse quebra-cabeça, que estão todas as peças aí,
06:50da narrativa ou da história que eles pretendem contar,
06:53que eles interpretaram e que eles vão contar nesse inquérito
06:57e nas prováveis condenações dessas 37 pessoas.
07:02Então, assim, o Bolsonaro está nessa posição agora de um jogo de xadrez,
07:07de ver até onde que ele pode ir, como o Wilson falou,
07:10para não negar exatamente o que está dito ali,
07:13mas tentar se livrar o máximo possível daquilo que essas mensagens,
07:19tudo que está registrado, indica que ocorreu ao longo desse período
07:24especificamente agora mais intenso de novembro e dezembro de 22,
07:30quando aparentemente esse entorno dele,
07:33e é o que mostram aí as provas coletadas pela Polícia Federal,
07:37tentou mais intensamente, discutiu mais intensamente,
07:39formas de permanecer no poder, apesar de ter perdido a eleição.
07:46Wilson, como é que você vê os próximos passos, então,
07:49diante agora da chegada do Bolsonaro em Brasília, né?
07:54Então, Inácio, aí tem mais um detalhe que a gente também tem que colocar na conta.
07:58O que o ex-presidente tem adotado agora como estratégia?
08:00Num primeiro momento, ele não ia partir para o embate popular
08:04com o Supremo Tribunal Federal.
08:07Agora não, agora mudou-se essa estratégia.
08:10A ideia da oposição ao governo Lula,
08:13da base de apoio ao ex-presidente da República,
08:16tanto na Câmara quanto no Senado,
08:18é criar um clima de comoção.
08:20É mostrar que ele é um grande líder,
08:23é mostrar que ele, que no momento em que o Supremo mexe com ele,
08:26ele vai mexer com toda uma legião de eleitores.
08:29Então, assim, com isso, eles imaginam,
08:31esses aliados do ex-presidente da República,
08:33eles imaginam que o Bolsonaro possa ter,
08:36que o Supremo, melhor dizendo,
08:38possa ter um posicionamento um pouco mais condensendente
08:42em relação a tudo que aconteceu no final do ano.
08:45Só que o Supremo Tribunal Federal
08:46já deu vários indicativos de que não vai ser
08:49nada, nada condensendente com o ex-presidente,
08:53com toda essa turma,
08:54com o Waldemar Costa Neto,
08:57com o Braga Neto,
08:58com o Augusto Heleno, enfim.
09:00Então, esse é que é o problema.
09:02Você vai ter uma disputa ali de poder muito clara.
09:05Agora, tem um detalhe, Inácio,
09:07que eu acho que é para a gente chamar a atenção
09:09sobre esse tipo de,
09:11sobre essa questão específica.
09:13Muito se compara esse caso do Jair Bolsonaro
09:16com a Lava Jato,
09:17e com a questão, com o trabalho que foi feito ali
09:20pelos integrantes da Polícia Federal
09:21em relação ao Lula.
09:23Naquele período, você tinha, de fato,
09:24um clama popular,
09:26naquele 2016,
09:28de fato, pela Lava Jato,
09:30para que houvesse uma condenação do Lula.
09:32Esse é um cenário que não se vê hoje.
09:34E o Bolsonaro sabe disso.
09:36Então, por isso que ele está tentando, né,
09:38tentando correr com essa contra-narrativa,
09:41com essa espécie de contra-narrativa,
09:42de se chamando de perseguido,
09:44dizendo que é tudo uma articulação,
09:46que é tudo uma narrativa.
09:48O problema é que,
09:49ao contrário de 2016,
09:51na época,
09:51o Supremo Tribunal Federal
09:52julgou meio que olhando para a população.
09:55Dessa vez, não.
09:56Dessa vez, o Supremo não vai olhar nada, nada, nada
09:58para os aliados e para os partidários
10:00do ex-presidente da República.
10:03Rodolfo, como é que você vê essa situação,
10:05então, se aprofundando, como disse o Wilson?
10:07O Supremo está olhando para dentro, né, Wilson, Inácio?
10:10Ele está...
10:10Eu estou escrevendo sobre isso.
10:12Estou escrevendo sobre isso agora.
10:13Foi bom o Wilson tocar nesse assunto,
10:15porque eu estou fazendo essa comparação exatamente...
10:18Hoje, o Estadão publicou uma reportagem longa,
10:21ouvindo vários juristas relevantes no país,
10:24e dizendo que eles destacam o risco
10:26de essa ação contra o Bolsonaro
10:29ser anulada.
10:31Porque o Alexandre de Moraes,
10:33como a gente já falou aqui várias vezes,
10:35é vítima e é relator,
10:37é juiz,
10:38ele é tudo nessas ações.
10:40Nessa, especificamente,
10:42última da operação contra golpe,
10:44ele foi apontado ali pela Polícia Federal
10:46como alvo de uma potencial tentativa
10:49de assassinato, neutralização.
10:52E aí, esses juristas falam,
10:53olha, de fato, tem esse risco aí, tá...
10:56Ela pode ser anulada.
10:56Mas aí eu pergunto nessa análise,
10:58por quem seria anulada essa ação?
11:01Por quem seria anulada uma condenação do Bolsonaro?
11:03Ela está no STF,
11:05e a questão é que o Alexandre de Moraes,
11:07ele é, de fato, o rosto disso tudo,
11:09e ele é o rosto dessa reação do Supremo
11:12a tudo o que considera ataque,
11:14desde 2019.
11:16Só que ele é só o rosto,
11:18porque ele faz isso com a anuência
11:20de todo o Supremo Tribunal Federal.
11:22E aí eu recuperei o decano Gilmar Mendes
11:25na semana passada,
11:26fez uma defesa pública disso,
11:29demonstrando mais uma vez
11:30o destemor dos ministros do STF
11:33com o que deveriam estar seguindo
11:35como roteiro mínimo de rotina,
11:38que é não se manifestar sobre um caso
11:40que pode ser julgado.
11:40Então, de fato, o STF deve seguir por aí.
11:52Tchau.
11:53Obrigado.

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