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O Papo Antagonista desta quinta-feira, 21, exibiu uma sequência de fatos que estão ligados à investigação da Polícia Federal sobre uma trama golpista envolvendo bolsonaristas.
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NotíciasTranscrição
00:00Vamos agora à cronologia de alguns elementos importantes dessa história.
00:059 de novembro de 2022. Foi nessa data que o general reformado e então secretário executivo da presidência Mário Fernandes, segundo a PF, criou o Planejamento Punhal Verde Amarelo em arquivo UURD.
00:21Aliás, ele foi impresso no Palácio do Planalto, nesse mesmo dia, pelo Mário Fernandes e foi levado até o Palácio da Alvorada, que é a residência oficial do então presidente Jair Bolsonaro.
00:35O documento detalha planos de ação coletiva armada contra o ministro Alexandre de Moraes do STF, o presidente Lula e o vice-geral do Alckmin, além de um quarto alvo não identificado.
00:46Esse texto se divide em quatro tópicos. 1. Demandas de reconhecimento operacional. 2. Demandas para preparação e condução da ação. 3. Demandas de pessoal. E 4. Condições de execução.
01:03Essa é só a primeira página que vocês estão vendo na tela, as outras vocês vão ver mais adiante.
01:08Os três primeiros tópicos listam, entre outros sub-itens, alguns que vocês estão vendo aí, locais de frequência e estadia de morais, o efetivo, as armas e os equipamentos de segurança pessoal do ministro, estimativas de baixas resultantes da eventual ação e de tempo de preparação e execução dela.
01:28Vamos passar para o próximo.
01:32Também se registra aí, efetivo, armas e equipamentos para a realização da ação, incluindo coletes balísticos, celulares, munições, pistolas, fuzis, metralhadora, granadas, lança-granada, lança-rojão.
01:50Está tudo aí.
01:51Entre os sub-itens do quarto tópico, que é esse aí que vocês estão vendo, condições de execução, há referência ao monitoramento em curso das atividades de morais.
02:01Esse monitoramento, aliás, em outras páginas do relatório, ele está rastreado pela PF.
02:11Quer dizer, a PF encontrou um monte de provas de que essa turma estava monitorando o morais.
02:15Fez análise das trocas de mensagem entre essas pessoas, cruzou dados de localização, etc.
02:22Então, você vê ali no último item que está aparecendo nesse print, aspas, os REC, que são os trabalhos de reconhecimento operacional,
02:30já estão em curso com dificuldades relativas, principalmente, ao comboio de segurança do alvo e os protocolos de segurança que o mesmo já vem adotando há algum tempo.
02:41Fecho aspas.
02:42O que isso está mostrando?
02:45Que, olha, já estamos monitorando o morais, porque você tem um monte de outras provas que confirmam o que ele está dizendo no planejamento.
02:52Só que há dificuldades, porque o morais tem uma equipe de segurança.
02:56Tem um comboio ali, tem protocolos que ele já vem adotando há bastante tempo.
02:59Então, uma ação contra ele, seja para prender, para sequestrar, para matar, etc., tem um contra barreiras.
03:06Vamos para o próximo.
03:36Relacionamento, relacionado, inclusive, ao cumprimento da missão.
03:40Então, eu vou ler para vocês, aspas.
04:12Preferencialmente, durante um evento oficial público.
04:15O nosso REC, que é o time de reconhecimento operacional, também está levantando as condições para tal linha de ação.
04:23Então, vocês vejam aí a gravidade desse planejamento que foi criado por um secretário do Bolsonaro e impresso no Palácio do Planalto e ainda levado ao Palácio da Alvorada, residência do então presidente.
04:39É de uma gravidade imensa, evidentemente.
04:43Por mais que a missão não tenha sido, felizmente, cumprida.
04:47Embora, claro, tem muita gente aí reacionar, queria mais é que se cumprisse, etc.
04:52A gente tem que manter aqui a bola no chão, por mais críticas e, eventualmente, divergências até morais que a gente tenha determinadas autoridades.
04:59Então, vamos aos itens seguintes.
05:02Eles tratam de Lula e Alckmin sob os codinomes Jeca e Joca, respectivamente, indicando também um plano de assassinato, já que cita envenenamento do presidente e aponta que a neutralização do vice extinguiria a chapa vencedora.
05:18Só confunde o atual partido do Alckmin, trocando PSB por PSDB, que é a legenda em que o Alckmin ficou conhecido.
05:25Então, vamos ler ali junto comigo.
05:26Aspas.
05:56Muito bem.
06:12Então, você tem aí essas possibilidades de neutralização, de envenenamento, obviamente, com indicativo, pelo menos, de assassinato ou de uma vulnerabilidade de saúde em que a pessoa envenenada ficasse.
06:30Então, você tem aí elementos para configurar uma eventual tentativa de homicídio, claro que se essa ação fosse levada a cabo, mas o planejamento dela está literalmente impresso.
06:41Muito bem, aí você tem mais um quarto alvo, além do Moraes, do Lula e do Alckmin, que não foi identificado.
06:51Ele é membro da esquerda radical, abro aspas, julga como iminência parda do 01 e das lideranças do futuro governo.
06:57Então, esse é o resumo do planejamento punhal verde e amarelo, que foi assim descrito pela PF.
07:12Um verdadeiro planejamento com características terroristas, no qual constam descritos todos os dados necessários para executá-lo em uma operação de alto risco.
07:22Essas foram as palavras da PF.
07:2412 de novembro de 2022, teve a reunião na casa do general Braga Neto, vice da chapa do Bolsonaro, em 2022.
07:33Participaram o tenente-coronel Mauro Cidio, o major Rafael de Oliveira e o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima.
07:39Segundo a PF, o planejamento operacional para a atuação dos kits pretos, que são esses militares das Forças Especiais, foi apresentado e aprovado nessa reunião.
07:47Aí veio 18 de novembro de 2022, o Braga Neto, ali perto do Palácio Alvorada, disse a apoiadores, o presidente está bem, recebendo gente e não tem problema nenhum.
07:57Mostramos o vídeo aqui outro dia.
07:58Vocês não percam a fé, é só o que eu posso falar para vocês, tem que dar um tempo.
08:038 de dezembro de 2022, Mário Fernandes, lembrando, é o general reformado que era secretário do Bolsonaro no governo dele.
08:10Mário Fernandes indica, em mensagem enviada a Mauro Cidio, que era ajudante de ordens do Bolsonaro, ter conversado pessoalmente com Jair Bolsonaro.
08:20E os dados do controle de acesso confirmam que o Mário Fernandes esteve no Palácio da Alvorada, no próprio dia 8, chegando às 17h e saindo às 17h40.
08:29Quer dizer, o tempo ali de uma conversinha.
08:31A julgar pelo relato do Mário Fernandes, o então presidente Bolsonaro disse a ele que 12 de dezembro, dia da diplomação do presidente eleito Lula, do Lula como presidente eleito,
08:42não seria a data limite para qualquer ação contra o resultado eleitoral.
08:46E que essa ação poderia acontecer até 31 de dezembro.
08:49Quer dizer, não precisa ser até o dia 12, de repente ainda dá depois e tal.
08:54Pela mensagem, é isso que se depreende.
08:56Fernandes avalia que caso muito tempo seja esperado, o golpe pode restar frustrado, pois a partir de 20 de dezembro o comando militar seria passado para militares indicados pelo eventual governo do presidiário.
09:09Palavra que ele usa para se referir ao Lula.
09:11Então ele estava apontando que se demorar vai ter dificuldade, porque os militares vão ser do governo Lula, etc.
09:17Vamos ver a mensagem, não vou ler ela toda, mas ela aparece aí na tela, quem quiser depois no corte pode pausar para ler ou pegar o relatório e as nossas descrições nas matérias em um antagonista.
09:28E amanhã na Cruzoé vai ter uma cronologia detalhada.
09:32Então está aí.
09:32No mesmo dia 8, em mensagens subsequentes, o Mário Fernandes relata que, vamos passar a produção, relata que está agindo diretamente junto às forças, atuando para orientar tanto o pessoal do agro quanto caminhoneiros que estão no quartel-general.
09:49E no final, Fernandes pede a Cid que leve o assunto a Bolsonaro, a fim de que o governo atue para segurar a PF.
09:57E como é que a Polícia Federal descreveu essa mensagem no relatório?
10:01Que ele fez isso notadamente para evitar que eventuais ações do Poder Judiciário atinjam os manifestantes golpistas presentes no acampamento.
10:11Essas foram palavras do relatório da PF sobre essa mensagem, em que o Mário Fernandes, secretário do Bolsonaro, está pedindo ali para o Mauro Cid para avisar o presidente para segurar a PF,
10:22para não deixar que ela cumprisse ordens ali contra os manifestantes.
10:27Então vocês estão vendo aí a mensagem.
10:29Volta para mim.
10:30Em resposta, Mauro Cid informa que levará a questão a Bolsonaro e que o então presidente está esperando para ver os apoios que tem.
10:39Eu considero essa mensagem muito importante aqui do ponto de vista histórico.
10:42O Mauro Cid reconhece o curto tempo para a consumação de um golpe, sem maior conturbação,
10:47afirmando que teria que ser antes do dia 12, mas com certeza não vai acontecer nada até lá.
10:52Vamos ver a mensagem.
10:53Reparem aquela primeira, segunda, terceira, quarta frase.
11:00Ele, que é o Bolsonaro, espera, espera, espera para ver até onde vai, ver os apoios que tem.
11:08O Bolsonaro está esperando para ver os apoios que tem, para decidir qual vai ser o rumo.
11:15Essa mensagem, volta para mim, produção, ela mostra o quanto o Bolsonaro alimentou toda essa turma com a sua falta de desestímulo,
11:29com a sua omissão, para dizer o mínimo, o mínimo.
11:33Estou nem falando aqui da teoria do domínio dos fatos, de uma atuação, de uma resposta que ele deu a essas pessoas,
11:40embora haja um indicativo de reunião com o Mário Fernandes.
11:44Estou falando que o Bolsonaro está esperando, o Bolsonaro deixou essa gente articular, tramar, monitorar, etc.
11:51Sem qualquer tipo de atitude que desestimulasse esses comportamentos.
11:57E o próprio ajudante de ordens dele diz, ele está esperando para ver os apoios que tem, etc.
12:04Na comunicação direta com uma figura que estava pregando abertamente um ato golpista,
12:10nas mensagens, naquilo que estava sendo articulado.
12:14Então vamos para 9 de dezembro de 2022, o dia seguinte a essas mensagens.
12:19O que aconteceu?
12:20Aí é interessante.
12:21O Jair Bolsonaro rompeu o silêncio de semanas em que ele estava, desde a derrota eleitoral para o Lula.
12:26E falou aos seus apoiadores na frente do Palácio da Alvorada.
12:31O então presidente, Bolsonaro tinha perdido, mas ainda estava na presidência,
12:35manteve no ar, esse é o meu ponto, a hipótese de ação coordenada com as Forças Armadas.
12:40Justificando a demora com a explicação de que decisões que dependem de outros setores,
12:45aspas, são mais difíceis e devem ser trabalhadas.
12:50Fecho aspas.
12:50Então essa fala condiz com a avaliação feita na véspera pelo Mauro Cid,
12:55de que o Bolsonaro está esperando para ver até onde vai, para ver os apoios que tem.
13:00Ele está dizendo, vocês vão ver, que certas ações que dependem de outros setores são mais difíceis e devem ser trabalhadas.
13:08Então tudo se fecha quando a gente tem os elementos.
13:12Não estou falando aqui de questão criminal, estou falando do episódio.
13:15Então vamos assistir ao primeiro trecho do vídeo, que eu recuperei do baú e pedi para legendar.
13:22Pode soltar.
13:24Tenho certeza, entre as minhas funções garantidas na condição, é ser o chefe supremo das Forças Armadas.
13:32Viva!
13:32Amém!
13:34Glória a Deus!
13:35As Forças Armadas são essenciais em qualquer país do mundo.
13:42Sempre disse, ao longo desses quatro anos, que as Forças Armadas são o último obstáculo para o socialismo.
13:53As Forças Armadas, tenho certeza, estão unidas.
13:57As Forças Armadas rezem, assim como eu, lealdade ao nosso povo.
14:02Respeito à Constituição, que são um dos grandes responsáveis pela nossa liberdade.
14:11Quantas vezes eu disse, ao longo desses quatro anos, que temos algo mais importante que a própria vida, que é a nossa liberdade.
14:21As decisões, quando são exclusivamente nossas, são menos difíceis e menos dolorosas.
14:29Mas quando elas passam por outro setor de sociedade, elas são mais difíceis e devem ser trabalhadas.
14:40Se algo der errado, é porque eu perdi a minha liderança.
14:47Eu me responsabilizo pelos meus erros.
14:50Mas peço a vocês, não critiquem sem ter certeza absoluta do que está acontecendo.
14:57Repare que ele estava falando para apoiadores que defendiam uma atuação das Forças Armadas.
15:04Então, quando ele diz, não se pode isolar essa frase.
15:07Quando eu me respondo, se algo der errado, é porque eu perdi a minha liderança.
15:13Quer dizer, se algo der errado, nesse sentido, de não conseguir o apoio das Forças Armadas para uma atuação,
15:20no sentido que os apoiadores esperavam, é porque ele perdeu a liderança.
15:23Não é uma coisa assim de eu me assumo a responsabilidade pelos meus erros durante o meu governo.
15:28Não é nada disso.
15:29É naquele contexto.
15:30A gente vai voltar com mais trechos desse discurso do Jair Bolsonaro e concluir essa cronologia
15:36com a mensagem do dia seguinte do Mário Fernandes a respeito desse pronunciamento
15:41para, enfim, fazer a nossa análise de todo esse embrólio, de todo esse episódio.
15:45Dando continuidade à nossa cronologia, eu estava mostrando trechos do discurso de Jair Bolsonaro
15:50em 9 de dezembro de 2022, quando ele rompeu o silêncio depois da derrota eleitora, semanas depois.
15:57Então, eu mostrei o primeiro trecho.
15:59Agora, vamos ao segundo trecho.
16:01O Bolsonaro, nesse trecho seguinte, posou de injustiçado.
16:06Falou genericamente em absurdos e buscou a cumplicidade dos apoiadores, dizendo que,
16:11aspas, nós sabemos o que aconteceu ao longo desses quatro anos, ao longo do período eleitoral.
16:17Fecho aspas.
16:18Ele não legitima o resultado.
16:21Se refere apenas ao que, aspas, foi anunciado pelo TSE.
16:26Fecho aspas.
16:27Vamos assistir.
16:29Obviamente, não estou aqui quebrando o silêncio.
16:32Estou falando algo que sempre dizem a todos vocês.
16:37Alguns falam do meu silêncio.
16:39Há poucas semanas, se eu sair daqui a pouco, tudo seria detufado.
16:47Tudo seria detufado.
16:49Todos nós sabemos o que aconteceu ao longo desses quatro anos, ao longo do período eleitoral,
16:58e o que foi anunciado pelo TSE.
17:04Sejam educados, gente.
17:06O povo não cala a boca.
17:07Nós estamos lutando, quando falo nós, por eu e vocês, pela liberdade até daqueles que nos criticam.
17:16O Brasil não precisa de mais leis.
17:20O Brasil precisa que suas leis sejam efetivamente cumpridas.
17:24Nós temos assistido, dia após dia, absurdos acontecerem aqui, em nossa parte.
17:33Pois é, vamos entender que o pretexto de todo esse pessoal para manter no ar uma hipótese,
17:42ou para aqueles que estavam dando rumo ao planejamento,
17:48o pretexto eram todos os elementos passíveis de crítica do poder judiciário, etc.
17:54Então, isso que o Bolsonaro fala, que o Brasil precisa efetivamente cumprir as leis,
18:00é também uma narrativa utilizada para legitimar, na cabeça dos outros,
18:06porque o Bolsonaro não fala isso abertamente, a atuação das Forças Armadas.
18:11Então, o Bolsonaro falou das Forças Armadas, ele como chefe das Forças Armadas,
18:15a decisão de outros setores devem ser trabalhadas, etc.
18:18porque o Brasil precisa efetivamente cumprir as leis.
18:21Então, assim, fica no ar essa narrativa de que, se ninguém está cumprindo a lei,
18:26as Forças Armadas precisam entrar no jogo para cumprir as leis.
18:30Era isso que estava em vigor naquela turma bolsonarista,
18:33que ainda cogitava alguma ação contra o resultado eleitoral.
18:36E a gente sabe que, apesar de todos os problemas das autoridades, das decisões, dos votos, etc.,
18:41um golpe de Estado, uma volta ao regime militar, a uma ditadura, não é a solução devida.
18:47Mais adiante, o então presidente lembra a reunião ministerial
18:51em que apontou, referindo-se ao judiciário, como era fácil o país virar uma ditadura.
18:56E a fala seguinte do Bolsonaro coloca o destino nacional nas mãos do que ele chama de povo,
19:00que é uma definição vaga que parece incluir apenas os seus apoiadores,
19:05já que ele substitui o termo povo por vocês,
19:09ao apontar quem decide para onde vão ele próprio, as Forças Armadas.
19:13É, ele fala assim, para onde vai as Forças Armadas, são vocês que decidem.
19:17A Câmara dos Deputados e o Senado.
19:20Então é como se a suposta vontade popular de ocasião,
19:23mesmo que expressa fora dos mecanismos constitucionais e eleitorais,
19:27tivesse maior poder que todas as instituições.
19:30E a gente sabe que não é assim. Vamos assistir.
19:31E hoje estão vivendo um momento crucial, uma encruzilhada, um destino que o povo tem que tomar.
19:44Quem decide o meu futuro, para onde eu vou, são vocês.
19:48Quem decide para onde vai as Forças Armadas, são vocês.
19:51Quem decide para onde vai a Câmara, o Senado, são vocês também.
19:55Se temos críticas, erramos.
20:01Não tivemos de cuidado para escolher a pessoa certa, mas as coisas vão mudando.
20:08Nada como o tempo para fazer cada um de nós melhor.
20:12Agora vamos ver a mensagem que o Mário Fernandes, general e secretário do Bolsonaro,
20:19enviou ao Mauro Cid, ajudante de ordem do Bolsonaro, naquela ocasião, em 9 de dezembro de 2022.
20:26Vamos colocar aí na tela, produção?
20:29Olha só, ele fala,
20:31Força Cid, meu amigo, muito bacana o presidente ter ido lá à frente ali do Alvorada e ter se pronunciado.
20:37Cara, que bacana que ele aceitou o nosso, ele aceitou aí o nosso assessoramento.
20:42Quer dizer, ele está dizendo que o Bolsonaro aceitou o assessoramento dele para romper o silêncio,
20:47embora ele tenha negado isso, que estava rompendo o silêncio,
20:50que estava falando coisas que ele já falava há bastante tempo.
20:52Mas é o Mário Fernandes, o articulador do planejamento Punhal Verde e Amarelo,
20:56dizendo que o presidente aceitou o assessoramento dele.
21:00Pô, deu a cara para o público dele, para a galera que confia e acredita nele até a morte.
21:03Foi muito bacana mesmo, cara, todo mundo vibrando.
21:06Transmite isso para ele.
21:07E aí falou em colocar ali um, pediu para transmitir um texto de um caminhoneiro famoso
21:13que estava lá no QG há mais de 30 dias e que se emocionou, estava com a família,
21:19assistiu em loco as palavras do presidente.
21:22E aí manda o texto e fala, se tu avaliar que é coerente, mostra para o presidente também.
21:27Cara, força.
21:28Muito bem, essa é uma cronologia resumida de alguns episódios marcantes.
21:33A mais completa vai estar amanhã na edição especial da Cruzoé.
21:36A gente sabe que, Duda Teixeira, os assassinatos, os sequestros, etc., não se concretizaram.
21:43No entanto, na sua análise, não fica nítido que o Jair Bolsonaro teve a oportunidade de dissipar qualquer iniciativa nesse sentido e manteve no ar.
21:54Quer dizer, quem decide para onde vai as Forças Armadas são vocês.
21:58Sim, teve a intenção ali de realmente deixar as pessoas nesse estado de, não sei o que eu faço, vamos esperar, o que o senhor manda, o que o senhor pode fazer.
22:08Então, foi uma confusão meio gerada por ele.
22:12Agora, esse vídeo dele falando para os seguidores dele ali no final de 2022, quando a gente assistiu hoje, realmente acho que ele ganha um outro significado.
22:23Quando ele fala ali, olha, as Forças Armadas são o último obstáculo ao socialismo, quer dizer, ele está dizendo para as Forças Armadas impedirem a posse do Lula.
22:33Quando ele fala que as Forças Armadas têm que obedecer o povo e as coisas mudaram, ele está dizendo que as Forças Armadas devem deixar o papel constitucional delas e seguir aquilo que o povo está querendo,
22:46sendo que o povo é aquele pessoal que ele está conversando, né?
22:49Exatamente, e que estava acampado na frente do quartel e que, repito, a gente tem que dizer o óbvio, não é a totalidade do povo brasileiro que estava na frente do quartel,
22:59que estava pedindo para as Forças Armadas agirem, mas para o Bolsonaro, o povo é aquela turma de apoiadores que está pedindo alguma coisa que interessa a ele.
23:06Outra coisa que ele fala, ele fala assim, olha, o que importa é, tem coisas que são mais importantes que a própria vida, né?
23:14Será que quando ele fala isso, ele está dizendo, instigando atos de violência?
23:20A hora que ele diz, olha, tem soluções que dependem de outros, de outros a gente não pode fazer sozinho,
23:26será que ele está falando ali das negociações para que todas as Forças Armadas entrassem juntos numa tentativa de golpe, né?
23:34A gente sabe que o Exército e a Aeronáutica foram contra, mas a Marinha topou.
23:39Então, assim, vieram novas coisas à tona, desde a Operação Veritatis, em fevereiro, começo desse ano, até essa Operação Contra Golpe agora.
23:50E a hora que a gente junta isso a esse vídeo de 2022, porque em 2022 a gente não se assustou tanto com esse vídeo,
23:56porque parecia uma continuação daquelas conversas no cercadinho do Bolsonaro, né?
24:02Mas, realmente, quando a gente junta agora tudo, parece que ela ganha um novo significado.
24:05Exatamente. E quando ele fala, é, mais importante do que a própria vida, a liberdade, em todo esse contexto,
24:11quer dizer, as pessoas podem ouvir também e achar que ela tem que lutar até a morte, sabe?
24:16Que tem que pegar ali a sua arma e fazer alguma coisa, ou sem arma.
24:23Vamos lembrar que isso aí foi 9 de dezembro de 2022, e a invasão dos prédios dos três poderes com depredação
24:30veio em 8 de janeiro. Seguinte, a gente está falando aqui 9 de dezembro ou 8 de janeiro,
24:36praticamente um mês depois.
24:38Quer dizer, as pessoas estavam imbuídas de um sentimento, de uma expectativa para algum tipo de ação,
24:44essa ação não veio por parte das Forças Armadas, e elas, frustradas, partiram para fazer a suposta justiça com as próprias mãos.
24:52Então, esse discurso do Bolsonaro mostra como ele manteve no ar tudo isso.
24:57Ele é malandro o suficiente para não dar uma declaração direta de defesa de um golpe de Estado
25:03quando está ali sendo filmado.
25:06Agora, todos esses elementos, e o Duda foi trazendo de volta cada um,
25:10que eu fui apontando na introdução dos vídeos,
25:13mostram essa responsabilidade política e moral pelo clima que ficou nesse segmento mais radicalizado do bolsonarismo.
25:23E isso não resta dúvida da responsabilidade política e moral do Bolsonaro
25:27por manter esse clima, essa expectativa, esse estímulo a alguma coisa,
25:34a uma não aceitação do resultado eleitoral.
25:37Agora, como configurar isso como um crime, individualizando a conduta do presidente,
25:43aí a gente vai ter que acompanhar elemento por elemento,
25:46e a gente gosta de fazer aqui tudo minuciosamente.
25:49Duda.
25:49E todos esses militares que foram abordados pelo Bolsonaro ou por esse governo nesse período,
25:55eles fizeram a própria conta, do tipo,
25:58se for rolar um golpe, é melhor eu estar dentro.
26:01E esse golpe for bem sucedido, é melhor eu estar dentro,
26:04porque aí, agora, se eu acho que não, que as instituições aí vão resistir,
26:09esse golpe não vai dar em nada, é melhor eu cair fora logo, né?
26:13Então, eles fizeram uma conta e aí, aparentemente, chegou em algum momento
26:18que realmente eles viram que a coisa não ia funcionar e abandonaram o barco.
26:22Alguns reclamaram, né?
26:23Puxa, o Bolsonaro, ele não dá a última ordem, ele fica só esperando,
26:27tem essas queixas que aparecem.
26:29Mas aí, uma vez que o Bolsonaro também abandonou a turma,
26:33a turma meio que desistiu e largou os projetos que eles tinham.
26:38É, e só é bom deixar claro que você tem algumas pessoas ali
26:42que estavam cobrando do Bolsonaro uma atitude mais rápida
26:46e o Bolsonaro esperando, avaliando o cenário, etc.
26:49Só que há reunião do Bolsonaro com o chefe das Forças Armadas.
26:53Então, o que aconteceu foi que os chefes das Forças Armadas,
26:56e eles deram depoimento para a investigação,
26:59isso é outra coisa que é preciso trazer de volta
27:01e que o relatório final da PF vai trazer,
27:03eles deram declaração de que eles falaram não.
27:07Então, assim, o Bolsonaro, de fato, tentou articular,
27:10só que acabou não conseguindo, acabou ouvindo um não.
27:13Então, a espera dele era justamente por essa razão que ele alegou,
27:17de, dependendo de outros setores, as coisas são mais difíceis
27:23e devem ser trabalhadas, ele estava trabalhando,
27:26e quando ele faz a live,
27:28aliás, já escrevi um artigo com todos os detalhes,
27:29quem quiser procurar vai ver,
27:31quando ele faz a live de despedida,
27:33que ele pega o avião para fugir para a Disney,
27:35ele fala justamente isso,
27:39ele dá essa justificativa,
27:40olha, precisa ter apoios, etc.,
27:43como quem diz que não conseguiu reunir aqueles apoios,
27:46embora tenha tentado.
27:47Eu fiz uma análise comparada da live da despedida do Bolsonaro
27:52com a minuta que as autoridades chamam de golpista,
27:56que já tinha sido encontrada lá atrás.
27:58Eu fiz isso numa coluna do UOL,
28:00se vocês colocarem live, despedida,
28:02Bolsonaro, minuta, golpista,
28:04Felipe Moura Brasil,
28:04vocês vão encontrar um texto que mostra a transcrição,
28:08depois a gente traz aqui essa live,
28:10do Bolsonaro nessa mesma sintonia,
28:13de quem estava tentando,
28:14de quem estava articulando,
28:16mas que não estava conseguindo outros apoios
28:17e sentiu que se tentasse alguma coisa sozinho
28:20não ia conseguir e tal,
28:21acabou achando melhor ir embora.
28:22Felipe, e houve essa conversa do Bolsonaro
28:24com os principais chefes das três Forças Armadas,
28:28mas vamos lembrar que essa turma também estava
28:30sob pressão dos seus subordinados, né?
28:33Tanto que o Freire Gomes,
28:35que eu acho que era o chefe do Exército,
28:37ele fala não ao golpe.
28:39Mas no fim a gente tem essa ação
28:41dos kids pretos,
28:42que não chega a se executar em dezembro,
28:45mas a coisa está acontecendo ali,
28:47eles estão vendo as coisas,
28:48estão formando grupo no aplicativo de mensagens,
28:51que são integrantes do Exército.
28:53Então, imagina ali a confusão que foi
28:56nesse momento de dezembro.
28:59Exatamente.
28:59Aliás, aparecem umas outras figuras,
29:01assim, radicais,
29:02na linha do Mário Fernandes,
29:03um militar chamado Velami,
29:05uma coisa assim, o sobrenome.
29:07Depois eu tenho que destacar a atuação desse,
29:09que ele prega até que haja uma reunião
29:11sem o pessoal que ele chama
29:13acima da linha da ética,
29:14que são alguns membros
29:15um pouquinho mais qualificados do governo,
29:17e ele fala assim,
29:18não, vamos reunir só a rataria.
29:21É a rataria do bolsonarismo
29:23que ele queria reunir.
29:25São esses reacionários mais aloprados,
29:27esses militares que gostam de brincar
29:30de James Bond.
29:31Há uma troca vasta de mensagens
29:34no relatório de centenas de páginas
29:36da Polícia Federal.
29:37E a rataria, é claro que não são os cabos, né?
29:40É tudo autogradual,
29:42a gente já com várias patentes aí,
29:45só que não são aqueles chefões
29:46que estão lá no topo das Forças Armadas.
29:49Exatamente.
29:49É bom deixar claro que tem comandantes
29:52das Forças Armadas que disseram não,
29:54e tem alguns militares que estavam
29:55pressionando o presidente,
29:56e estavam, como disse o Mário Fernandes,
29:59atuando junto às forças.
30:00Quer dizer, tentando pressionar ali
30:02algumas outras figuras,
30:03mas não conseguiram resultado.
30:06Tchau.
30:07Tchau.