O procurador-geral da República, Paulo Gonet, instituiu uma força-tarefa para conseguir apresentar, até o início de março, a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 39 pessoas acusadas de tentar instaurar um golpe de Estado no país. - Siga O Antagonista no X, nos ajude a chegar nos 2 milhões de seguidores! https://x.com/o_antagonista
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00:00O Procurador-Geral da República, Paulo Gonê, instituiu uma força-tarefa para conseguir apresentar até o início de março a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 39 pessoas acusadas de tentar instaurar um golpe de Estado no país.
00:17Para conseguir dar conta da análise do inquérito de aproximadamente 900 páginas, Gonê suspendeu o seu recesso e de outros integrantes da Procuradoria-Geral da República.
00:27O material está sob revisão do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, o GCAA, colegiado que conta com 10 integrantes.
00:38A coordenação do grupo está a cargo do Procurador-Geral Joaquim Cabral de Costa Neto, que já trabalhou com Gonê na Procuradoria-Geral Eleitoral.
00:47Outros integrantes do time são Adriana Scordamalia Fernandes, Catarina Salles Mendes de Carvalho, Cecília Vieira de Melo, Daniel José Mesquita Monteiro Dias,
00:59Gabriela Starling Jorge, Jorge Vieira de Melo, Lígia Sireno Teobaldo, Leandro Musa de Almeida e Pablo Luz de Beltrán.
01:12Wilson Lima e Rodolfo Borges vão falar sobre isso.
01:15Eu já jogo a pergunta para o Rodolfo.
01:17O que é que você destaca para essa superforça-tarefa?
01:21Será que vão ter como ler com toda a devida cautela tudo que ainda tem nessas 900 páginas?
01:29Boa tarde.
01:30Esperamos que sim, né, Inácio?
01:33É importante que isso se resolva o mais rápido possível para que o país saiba a definição, o desfecho, pelo menos inicial, do que cabe agora à PGR sobre esse assunto.
01:43Agora, obviamente, vamos esperar que eles sejam responsáveis ao fazer essa denúncia.
01:48É um processo que está envolto em muitas suspeitas, porque o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda tem um apoio popular relevante
01:58e as autoridades envolvidas na investigação, com destaque para os ministros do STF, em especial o Alexandre de Moraes,
02:08se envolveram muito pessoalmente nessa história.
02:12E aí, portanto, isso alimenta suspeitas de que eles podem ter inclinações na hora de lidar com essa questão.
02:22O que é péssimo institucionalmente, aumenta a desconfiança em relação às instituições do país.
02:29Agora, não pode também simplesmente perdoar o que foi feito, se é que foi feito, como foi feito.
02:35Isso vai ser avaliado, está sendo avaliado agora com muita atenção, com bastante atenção, a gente espera, da PGR,
02:42para que seja feita uma denúncia responsável sobre essa história.
02:45Wilson Lima, a sua visão sobre esse caso, você acha que essa denúncia virá com algo realmente diferente,
02:55contundente daquilo que já é falado a torto e a direito nos bastidores e mesmo publicamente?
03:01tem alguma bala de prata a ser apresentado?
03:06Olha, bala de prata não tem, isso é fato.
03:09Agora, qual vai ser esse trabalho da força-tarefa, além da questão de ler esse documento para poder apresentar uma denúncia?
03:17Como disse o Rodolfo, você vai precisar, a PGR vai precisar de uma denúncia responsável.
03:22E é esse que é o gate, né, esse que é a missão da PGR. Por quê?
03:27Eu vou retroagir, vou voltar para 2000, e agora a gente vai me falhar a data, acho que 2011 ou 2010,
03:34quando a PGR apresentou a denúncia do Mensalão.
03:37Na época, o procurador Roberto Gugel, ele foi muito criticado por conta do trabalho com falhas da Procuradoria Geral da República,
03:47que no final das contas, quem teve que bater, né, teve que botar, matar a bola no peito para conseguir a condenação de Disseu e companhia,
03:55foi o ministro Joaquim Barbosa, né, na época quando ele era o relator do Mensalão.
04:00O que o Gugel não quer é que isso aconteça novamente.
04:04Então, por isso, é que há uma preocupação em relação a essa denúncia, e ela vai ser muito esmiuçada.
04:11Agora, ô Inácio, tem uma questão que ela é importante, e vamos ficar de olho nisso, é o seguinte,
04:19se até março tivermos outras operações da Polícia Federal,
04:25porque se a PF for às ruas novamente, isso é um belo indicativo de que a PGR não confia no trabalho da própria Polícia Federal,
04:35porque ela vai precisar fazer um aditamento dessa denúncia para poder ter mais substância.
04:38Então, se não tiver operação até lá, a PGR está satisfeita com o trabalho da PF.
04:44Se tivermos, aí, o problema pode ser muito maior do que a gente imagina.
04:49Rodolfo?
04:49Eu queria complementar, boa lembrança, Wilson, a falar no Mensalão,
04:53porque, inclusive, aquela denúncia do Mensalão não envolvia o presidente Lula,
04:58que foi uma questão também, foi muito questionado isso à época.
05:02Agora, à luz do que foi a Operação Lava Jato, anos depois,
05:07a gente consegue entender um pouco também o cálculo que foi feito pelo Gurgel.
05:12Porque imagina se o Lula tivesse sido condenado no Mensalão,
05:16o Lula foi quem o sistema político acabou usando para derrubar a Lava Jato.
05:22Então, ele é essa figura popular, de apelo popular,
05:25capaz de ter gente torcendo pela derrubada da Lava Jato.
05:29E o Bolsonaro, até esse momento, como a gente falou,
05:33há indícios e há troca de mensagens que sugerem que o Bolsonaro sabia de tudo.
05:38E, no final das contas, ele era o grande beneficiado.
05:41Só para corrigir uma informação,
05:43quem apresentou a denúncia foi o procurador Andrante Fernando de Souza.
05:46O Roberto Gurgel foi o PGR na época do julgamento.
05:49Só para corrigir direito a informação.
05:52Então, assim, se a gente for pegar o paralelo do Mensalão,
05:55seria possível que o Bolsonaro, a partir do que a gente sabe até agora,
06:01pudesse ficar de fora.
06:03Mas é muito difícil imaginar que isso vai acontecer.
06:06Porque, talvez, o paralelo fosse que o Lula
06:10devesse ter sido denunciado à época do Mensalão
06:13por ser o beneficiário último, principal,
06:16como era o Bolsonaro,
06:18de uma trama que se revelou nos indícios reunidos pela Polícia Federal,
06:24seria o beneficiário de um plano para seguir no poder.
06:29Muito bem.
06:32Wilson, você acredita que...
06:35Bom, você, como disse, o termômetro, vocês mesmos disseram,
06:38o termômetro da confiança da PGR vai ser mais ou não
06:43incursões da Polícia Federal em novas missões.
06:47Já há algum zum, zum, zum a respeito de alguma coisa?
06:50Ou essas coisas são realmente trancadas às sete chaves
06:53e nem menção a isso ocorre aí na Rádio Corredor de Brasília?
06:58Inácio, na Rádio Corredor, o que se fala é que
07:01provavelmente vai ter outras operações sobre esse mesmo caso.
07:06Afinal de contas, o Walter Braga Neto prestou depoimento,
07:10tem extração de documentos, de informações do celular do Braga Neto.
07:14E fora que a gente não pode descartar a possibilidade de uma delação.
07:18Hoje é zero.
07:20Hoje não há possibilidade alguma.
07:22Só que, de novo, quanto mais tempo o Braga Neto ficar em cana,