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O projeto de lei que prevê anistia a réus do 8 de janeiro será analisado na CCJ da Câmara após as eleições municipais.

Deputados de oposição que defendem o avanço do texto avaliam que não há votos suficientes para que ele seja aprovado.

Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:

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Transcrição
00:00A gente segue falando sobre a CCJ da Câmara.
00:02Por decisão da presidente da comissão, deputada Caroline Detone, do PL de Santa Catarina,
00:07o projeto de lei que prevê a anistia a condenados do 8 de janeiro
00:10será deliberado após as eleições municipais.
00:13Lembrando que o PL é o partido Valdemar da Costa Neto, ao qual é filiado Jair Bolsonaro.
00:18A avaliação feita pelos deputados de oposição, que defendem,
00:21o avanço do texto é de que não há votos suficientes para que ele seja aprovado.
00:25Então, não há votos suficientes para aprovar a anistia da turma do 8 de janeiro.
00:30Na terça-feira 10, o deputado Marcel Van Raten, do Novo, do Rio Grande do Sul,
00:33disse ao antagonista que a oposição contava votos para decidir se avançaria com a proposta em pauta.
00:39Agora, a decisão de não arriscar uma derrota no plenário da CCJ foi oficializada.
00:43O relator do projeto é o deputado Rodrigo Valadares, do União Brasil, do Sergipe.
00:47O texto principal visa anistiar, aspas,
00:49todos os que participaram de manifestações com motivação política e ou eleitoral
00:54ou as apoiaram por quaisquer meios, inclusive contribuições, doações, apoio logístico,
01:00ou prestação de serviços e publicações em mídias sociais e plataformas.
01:05Fecho aspas.
01:06Isso, claro, em relação ao 8 de janeiro.
01:09Repare que eles estão anistiando, inclusive, os financiadores,
01:13que são um segmento de todo esse grupo-alvo que receberia penas maiores,
01:21de acordo com tudo aquilo que foi falado no STF e nos bastidores.
01:25Nos julgamentos envolvendo o 8 de janeiro, o STF condenou, até o momento, 227 pessoas
01:30pelos crimes de associação criminosa armada,
01:33abolição violenta do Estado Democrático de Direito,
01:36tentativa de golpe de Estado,
01:37dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
01:41O greve escreveu a respeito disso, hoje, em oantagonista.com.br.
01:45O que você avaliou?
01:46Eu escrevi, Felipe, porque eu fui ler o projeto, o relatório, na verdade,
01:51do Rodrigo Baladares.
01:54Ele é uma vergonha.
01:55Ele é uma vergonha.
01:56O deputado tinha prometido fazer um relatório sóbrio e sólido.
02:03Não fez nada disso.
02:05Não fez nada disso.
02:06Além da anistia, que seria o objetivo principal do projeto,
02:13ele enfiou lá um monte de outras coisas
02:16que suavizam os crimes de atentado contra o Estado Democrático de Direito
02:24e tentativa de golpe de Estado.
02:27Ou seja, ele não está só querendo anistiar aquilo que foi feito.
02:33Ele está querendo facilitar a repetição do crime.
02:39Ele está querendo permitir que volte a acontecer.
02:44Se a lei, do jeito que ele quer, entrar em vigor,
02:49depredação de órgão público pode acontecer um milhão de vezes.
02:53Esse tipo de coisa que aconteceu no 8 de janeiro pode repetir a náusea.
02:59Porque não vai mais ser crime.
03:00Só será crime se tiver ameaça física a pessoas.
03:05Então eles estão querendo facilitar as movimentações de caráter golpista.
03:13É isso.
03:14E eles ainda querem fazer uma coisa que não existe em ordenamento jurídico nenhum
03:18do mundo democrático.
03:20E eu me arrisco a dizer nem sequer do mundo não democrático.
03:23Eles querem proibir juiz de interpretar a lei
03:26e proibir juiz de utilizar conceitos da doutrina,
03:31como o de crime multitudinário,
03:34que são aqueles crimes cometidos por multidão
03:36e que foram invocados por causa do 8 de janeiro.
03:41Querem proibir juiz de interpretar a lei.
03:43Isso é uma maluquice.
03:44E a CCJ, o pessoal da CCJ, com a cara mais lavada,
03:49quer pôr este projeto que é um lixo pra julgamento.
03:53Não pode.
03:54Isso é uma vergonha.
03:56E, além do mais, terceira vergonha.
03:58A interpretação da história que o deputado dá lá.
04:01É, aquela velho, aquele velho lero-lero bolsonarista
04:06de que aquelas pessoas que foram lá só foram numa catarse,
04:09como disse o Bolsonaro agora no sábado, no 7 de setembro.
04:13Catarse, uma pinóia.
04:17Eles passaram quatro meses sendo incentivados a pedir um golpe de Estado
04:22com o apoio das Forças Armadas
04:24e foram às ruas naquele dia porque ainda acreditavam,
04:29tinham certeza que as Forças Armadas,
04:32que estavam confortáveis com os acampamentos nas frentes dos quartéis,
04:35tinham certeza que as Forças Armadas, ou pelo menos uma parte delas,
04:39iam sair em apoio.
04:41Era essa a aposta.
04:42Eles tentaram levar as Forças Armadas pra rua.
04:46O que é que vale a dizer?
04:48Tentaram dar um golpe de Estado,
04:49porque uma vez que o tanque tá na rua, já era.
04:51Então, olha, vou acabar a minha fala como eu acabei o artigo.
04:56Vergonha pra quem votar este projeto.
05:00Quer dizer, o título da transmissão, inclusive, no nosso canal de YouTube hoje,
05:04Graeve, é
05:04Anistia é impunidade.
05:06E o que você tá respondendo é
05:08Sim, é impunidade.
05:10Nesse caso, pelo menos,
05:11você tem pessoas que cometeram violações
05:14e que devem ser punidas.
05:15É isso?
05:16Eu não tenho a menor dúvida.
05:17Segundo a nossa legislação,
05:19elas cometeram os crimes que estão lá escritos no Código Penal.
05:22Quer dizer, pode-se discutir a dosimetria da pena, evidentemente.
05:26Mas o crime não.
05:27Exatamente.
05:28Eu sou absoluto defensor dessa tese.
05:31Esse negócio de anistia, impunidade,
05:33seja no campo da esquerda, seja no campo da direita,
05:35pessoas que cometem crimes, que cometem violações,
05:38elas têm de ser punidas.
05:40E é óbvio que se pode discutir por quais crimes,
05:44a dosimetria,
05:46se pode e se deve apontar o contraste,
05:49como nós apontamos,
05:50de penas duras
05:52pra senhora que foi lá fazer quebra-quebra,
05:55invadindo prédio público,
05:57e corruptos,
05:58lavadores de dinheiro,
06:00que ficam impunes,
06:01ou que têm penas muito brandas,
06:03que depois conseguem reverter,
06:04com muitos advogados, etc.
06:06Então, tudo isso, evidentemente,
06:09faz gerar um sentimento de injustiça,
06:13um sentimento de perseguição política e tudo mais.
06:17Mas o caminho de contestação
06:19não é esse quebra-quebra,
06:22não é a invasão.
06:24E muito do que poderia ser feito pelas vias legais
06:28não foi feito em razão de pessoas
06:31desse próprio grupo político,
06:32desse próprio campo.
06:34Nós estamos apontando várias aqui.
06:35iniciativas no Senado,
06:37seja pedido de impeachment,
06:39seja a CPI da Lava Toga,
06:40que a família Bolsonaro barrou,
06:42seja reduzir o poder de ministros do STF,
06:46limitando as decisões monocráticas,
06:48qualquer tipo de fiscalização
06:50pela via constitucional.
06:52Eles barraram, sabotaram,
06:56as contestações e limitações
06:57que poderiam ser feitas pela via constitucional,
07:00e depois da porta arrombada
07:03e depois da derrota eleitoral,
07:06inclusive por razões de problemas no governo
07:11de Jair Bolsonaro, que ele nunca admite,
07:13aí uma parte desse grupo político
07:17apelou à via inconstitucional
07:18e tem de ser punida por isso sim.
07:20Diga, Graeme.
07:21Não, só queria deixar marcado isso.
07:24O projeto não é só sobre anistia.
07:27Ele quer legislar para o futuro também.
07:31Facilitar que coisas como o 8 de janeiro
07:35voltem a acontecer.
07:37Ele suaviza a legislação
07:39sobre crimes contra a democracia.
07:42Então, ele não é só anistia, não.
07:44Ele tem outras intenções.
07:46E isso é o pior de tudo.
07:47Aliás, isso me faz lembrar,
07:48para a gente apontar sempre aqui
07:50a hipocrisia de todos os lados,
07:51do debate, por exemplo,
07:53sobre redução da maioridade penal,
07:54em que a esquerda,
07:55esses partidos aí, como o PCdoB,
07:58o PSOL,
07:59tentava tirar ali do pacote
08:01de redução da maioridade penal
08:02certos crimes que, eventualmente,
08:04eram cometidos justamente
08:05em manifestações políticas.
08:07É, exatamente.
08:07Como depredação do patrimônio público,
08:10vandalismo, etc.
08:11Havia uma blindagem
08:14em relação àquilo que poderia entrar
08:16e que tinha uma certa frequência
08:19de cometimento
08:20no próprio seio desse grupo político,
08:23desse campo ideológico.
08:24E agora você vê isso no campo da direita,
08:26que lá atrás contestava
08:28e criticava a esquerda
08:31por limitar os crimes.
08:34Ah, não, vão ser só os hediondos.
08:35Não, vão ter outros.
08:36Ah, por que a esquerda não quer os outros, etc.
08:39Olha só,
08:39a que ponto se chegou
08:41no campo da direita
08:42de se tolerar,
08:44de se buscar
08:44até uma
08:45compreensão mais elástica
08:48da manifestação
08:49que dá margem
08:50para o vandalismo
08:50para que ele fique impune.
08:52Quer dizer,
08:53há uma corrosão
08:54moral desse lado
08:55que a gente vem apontando
08:58ao longo da cobertura
08:58inclusive eleitoral
08:59aqui em São Paulo,
09:01diante da ascensão
09:02de Pablo Marçal
09:02que já foi condenado
09:03por furto qualificado.
09:05Quer dizer,
09:06antigamente no campo da direita
09:07de você não estar na lista
09:08da Lava Jato,
09:09você não estar envolvido
09:10no Mensalão,
09:11como estava envolvido
09:12o Valdemar da Costa Neto,
09:14eram trunfos,
09:15eram cartazes.
09:17E agora tudo foi relativizado.
09:19Eu considero um dos elementos
09:21mais importantes
09:22do ambiente cultural brasileiro
09:25nesse momento.
09:26É que a relativização
09:28dos crimes
09:30de colarinho branco
09:32e de determinados crimes
09:33que não são
09:34do colarinho branco
09:35são atos
09:36de violência,
09:37são atos
09:38de vandalismo.
09:40Essa relativização
09:41está presente
09:42em ambos os lados.
09:44E isso vai
09:44abrindo a porteira
09:46para que haja
09:48lideranças
09:49que tenham
09:50um histórico
09:51com o cometimento
09:54de algum crime
09:55dentro desse rol,
09:56vamos dizer assim.
09:57É,
09:57a luta pelo poder
10:00está tomando
10:01um aspecto
10:03muito selvagem
10:05no Brasil.
10:07Exatamente.
10:08Eu chego a dizer
10:08que a lei
10:09resumiu bastante.
10:10A lei é a inimiga.
10:12Qualquer restrição
10:13ao desejo
10:14de chegar lá
10:15e ficar lá
10:16no poder
10:17é visto
10:18como uma agressão,
10:20não é visto
10:21como uma forma
10:22de manter
10:23a vida
10:23em comum
10:24em limites
10:25minimamente
10:26civilizados.
10:27Então a lei
10:28é sempre
10:28uma agressão?
10:29Será que é possível
10:31isso?
10:31Vem cá,
10:32meu,
10:34sei lá eu,
10:34quando foi criado
10:35o Código de Amurabi,
10:36acho que faz uns
10:365 mil anos,
10:38a lei faz tempo
10:39que está entre nós,
10:40mas de repente
10:41passou a ser um problema.
10:44Exatamente.
10:45Mas essa
10:46relativização
10:47no campo
10:48da direita
10:49aconteceu
10:50a partir do momento
10:51em que a família
10:52Bolsonaro
10:52foi investigada
10:53por peculata
10:54em gabinete.
10:55E aí
10:55se relativizou
10:57a própria Lava Jato,
10:58se começou a fritar
10:59investigador,
11:00juiz,
11:01e foi daí
11:03para baixo.
11:04do país,
11:05né?
11:09Tchau,
11:09E aí

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