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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado deu o pontapé inicial nesta quarta-feira (23) à discussão do principal projeto de regulamentação da reforma tributária – após mais de dois meses da chegada do texto à Casa.
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Transcrição
00:00Vamos falar um pouquinho sobre reforma tributária, porque ontem o relator do texto, o senador Eduardo Braga,
00:06deu um indicativo ali do que deve vir após ele acatar as emendas dos seus colegas parlamentares.
00:12Seguinte, a principal informação do Eduardo Braga é que, segundo o parlamentar, ele deve manter aquela trave estabelecida lá na Câmara
00:21que evita o aumento da carga tributária.
00:24A pergunta é a seguinte, e eu estou dando risada sobre isso, porque vamos entender como é que funciona o Congresso.
00:33A Câmara é o representante basicamente das prefeituras, o deputado tem uma proximidade maior com os prefeitos.
00:41No Senado, não. No Senado, o senador representa os estados. A Casa Alta representa os estados.
00:49E o Eduardo Braga, ele é amazonense. Ele tem feito um trabalho lícito, nega-se passagem, ele como amazonense,
01:00de defender ali o incentivo fiscal para a Zona Franca de Manaus.
01:05E aí, aquela coisa que a gente aprende na economia, né, Van Dicke?
01:09Quando você concede um benefício, você precisa saber de onde você tira.
01:13E me parece que, assim, me parece que nessa...
01:17Ah, agora, assim, o Eduardo Braga está pronto, mas antes de eu complementar aqui, só para complementar o raciocínio,
01:24me parece que, assim, me parece que essa reforma, todo mundo quer dar um incentivo fiscal,
01:29mas no final das contas, fica muito complicado você avançar muito nesse texto, né,
01:32e você manter esse teto de alíquota.
01:35Mas vamos ouvir, primeiramente, o Eduardo Braga, para depois a gente ter o seu comentário.
01:38O que diz esse número de mais de 1.400 emendas apresentadas?
01:45Mostra, primeiro, a importância da regulamentação da reforma.
01:49Segundo, que é exatamente nos detalhes que estão os grandes desafios da reforma tributária.
01:56Ela precisa significar simplificação, ela precisa significar segurança jurídica,
02:03ela precisa significar transparência, ela precisa significar neutralidade na carga tributária.
02:11O Brasil e os brasileiros não suportarão aumento de carga tributária, muito pelo contrário.
02:19O que nós queremos é combater a sonegação e, com isso, ampliar a base e fazer com que, ao longo do tempo,
02:28caia os impostos, porque quanto mais pessoas pagarem impostos, menos todos pagarão.
02:36Portanto, será exatamente na regulamentação que nós vamos assegurar isso.
02:43E aí, meu caro, dá para acreditar nessa teoria?
02:45Quanto maior é o teu universo de cobranças de imposto, menor vai ser o imposto?
02:50Essa é um se vira nos 30, muito legal, que o senador tentou fazer um malabarismo ali.
03:01Claro que não é, né?
03:02A ideia do governo é ter maior base de arrecadação, quer dizer, impostos que incidem em uma base cada vez maior,
03:12que isso significa que as pessoas não podem escapar do imposto, que é o caso do CPMF.
03:18O CPMF é, do ponto de vista fiscal, um excelente imposto, porque ninguém pode viver sem passar por ele,
03:26a não ser que você viva numa economia que é só de cash.
03:30E como nós não podemos mais viver numa economia cash only, então toda transação financeira vai ser tributada.
03:39O que o nobre senador quer dizer é que teremos mais impostos, teremos maior base arrecadatória,
03:49o Brasil vai continuar batendo recorde em cima de recorde de arrecadação,
03:55porque na ausência de um projeto fiscal que contenha os gastos do governo,
04:02só tem duas alternativas restantes, que é o aumento de carga tributária existente,
04:08a criação de novos impostos e, ao mesmo tempo, o imposto inflacionário.
04:16Quer dizer, a gente tem visto nos últimos dois anos que o aumento de carga, o aumento de impostos,
04:23a criação de novos impostos que foram propostos estão no Congresso para ser debatido,
04:29e, obviamente, a inflação tem ajudado o governo desse lado.
04:34Então, a opção por não olhar onde existe o problema real, que é o gasto,
04:41e fazer, de fato, simultaneamente uma reforma fiscal, uma reforma do Estado,
04:47uma reforma administrativa, junto com uma reforma tributária,
04:53isso faz com que nós construamos uma casa começando pela chaminé,
04:58não pela base da casa, que é fundamental.
05:02Sem a gente saber o que esperar que o governo vai prover para o público, para o povo,
05:09e qual seria o tamanho do Estado, quantos funcionários públicos precisam para fazer isso,
05:14e qual é o custo desse Estado, a gente está dirigindo à noite sem farol.
05:20É o que está acontecendo.
05:21A reforma tributária, apesar de necessária, ela é inócua,
05:25porque exatamente esses pontos que o senador apontou,
05:30eles não estão sendo debatidos.
05:32Nós estamos falando de macroincidências,
05:36mas aquilo que importa é saber quantos setores vão ser beneficiados,
05:43e quantas alíquotas diferenciadas nós vamos ter,
05:46que é exatamente isso que esses destaques, essas exceções estão trazendo.
05:52Então, para cada exceção, a alíquota sobe.
05:55E se a gente mantiver o nível de exceções que estão presentes hoje,
05:59para todo tipo de gosto, fica a critério do freguês,
06:04nós vamos ter uma alíquota final do IVA,
06:08dividido entre o IVA que vai para os Estados,
06:10e o IVA que vai, um pedaço IVA que vai para a União,
06:14nós teremos a maior incidência de imposto de valor adicionado do mundo,
06:21e já estamos falando de 28%.
06:23Quer dizer, tudo isso significa um aumento de carga tributária.
06:29Meu caro Van Dicke,
06:33aí tem uma questão que eu confesso que,
06:37nessa reforma tributária,
06:39eu tenho conversado com alguns parlamentares,
06:41e poucos conseguem me explicar o seguinte,
06:45vem cá, como é que a gente vai conseguir estabelecer um IVA abaixo de 30%?
06:49Ninguém consegue me explicar,
06:50porque todo mundo quer dar incentivo fiscal,
06:52todo mundo quer conceder algum benefício,
06:55ah, não, isso vai ser pelo imposto do pecado,
06:58que você vai ter uma alíquota maior.
07:00A verdade é que, assim,
07:02pelo menos nesse momento, tem muita teoria,
07:04mas o que se fala ali no Congresso
07:08é que todo mundo vai ter que esperar para ver no final das contas,
07:14infelizmente.
07:15Você não viu que saiu ontem dados mostrando
07:20que a arrecadação bateu um novo recorde,
07:22e que o imposto em cima de importação e de exportações
07:27ganharam muito espaço?
07:29Tem isso aí,
07:31e isso também se correlaciona fortemente
07:33com o fato do Brasil passar a exportar menos,
07:36passar a importar menos.
07:38E importação e exportação
07:40são super importantes para o comércio internacional,
07:43de um país que é vocacionado a exportar,
07:45só que não produz bens de capital,
07:48não produz trator,
07:49não produz maquinário,
07:51não produz bens de capital,
07:53então o Brasil precisa importar mais.
07:54Se a gente taxa a importação,
07:57que é uma das maneiras de fazer isso,
07:59através de tarifas, etc.,
08:01o que acaba acontecendo?
08:02A gente não consegue reestruturar,
08:06recompor, já cambaleada a malha
08:09de estrutura empresarial
08:11do mundo da produção física no Brasil.
08:17A gente produz agro,
08:18a gente não produz nada que é maquinário,
08:20a gente não produz coisa que anda,
08:22a gente não produz robótica,
08:23a gente não produz computador,
08:25a gente não produz esse tipo de produto
08:26de alto valor agregado aqui no Brasil,
08:29a gente produz agro.
08:30Se a gente taxa a exportação,
08:32a gente reduz a competitividade.
08:35E se a gente taxa a importação,
08:37a gente reduz a importação de bens de capital,
08:40que são a base da formação bruta
08:43de capital brasileiro.
08:44Quer dizer, se eu puder voltar
08:46a alguns anos atrás,
08:47uma das coisas que botou o Brasil
08:49fora do mundo competitivo
08:53no desenvolvimento de tecnologias,
08:55além da péssima educação
08:57que a gente tem no Brasil,
08:58foi a lei da informática,
09:00que foi contratada por um homem,
09:03por uma empresa, a Itautec,
09:05para impedir que o Brasil importasse
09:07esse tipo de produto,
09:08tão importante para os ganhos de produtividade,
09:11tão importante para que o país possa crescer,
09:15para a adoção da transformação digital,
09:17isso acontecendo já há 40 anos.
09:19E o que acabou acontecendo?
09:22O Brasil tem um déficit tecnológico
09:24até hoje em função dessa lei.
09:27Então, conhecendo o Brasil do jeito que eu conheço
09:29e tendo as minhas ressalvas,
09:31principalmente com o Congresso Nacional
09:32e com os governos de turno,
09:35a gente está caminhando mais uma vez para isso.
09:37Como ninguém quer ceder,
09:38todo mundo quer ter um benefício.
09:40No mundo onde todo mundo tem benefício,
09:41ninguém está cedando bem.
09:43É o que vai acontecer aqui.
09:44Nós temos meia dúzia de setores,
09:46aliás, infelizmente, não é meia dúzia,
09:50é mais que isso,
09:51que se beneficiam,
09:53se protegem contra a importação
09:58e contra a competitividade internacional,
10:01a competição internacional,
10:03a concorrência internacional.
10:04Não tem incentivo algum
10:06para se tornarem competitivos,
10:08porque indústria como automotiva
10:10tem sido protegida há mais de 50 anos
10:13e continua produzindo nos carros porcaria,
10:17meia boca,
10:19caríssimos,
10:20que não servem para nada.
10:21Então, a gente continua nessa.
10:23A gente protege quem não precisa
10:24e quem paga a conta
10:25sou eu, você e todos nós
10:28que nos assistem aqui
10:30e que nos leem.
10:32Infelizmente, essa é a realidade.
10:33Se a gente tem uma conta para pagar
10:35e essa conta é muito maior
10:39do que a nossa arrecadação,
10:41olha isso, que loucura.
10:42A gente bate recorde em cima de recorde
10:45e o déficit primário
10:46passa de 2,5% do PIB.
10:49O déficit nominal,
10:51que para mim é a conta que importa,
10:52que aquilo tudo que entra
10:53e tudo aquilo que sai,
10:54está em 10%.
10:56Quer dizer,
10:57a gente,
10:58apesar de um esforço fiscal gigantesco
11:00em arrecada a mais,
11:01a gente não consegue pagar a conta.
11:04Quer dizer,
11:04tem que apertar o cinto,
11:05não tem outra alternativa.
11:07E a reforma, infelizmente,
11:09não está vocacionada para fazer isso.
11:11Ela está dando mais espaço
11:13para o governo
11:14puxar daqui,
11:15empurrar de lá
11:16e não foca no que tem que ser focado.
11:19Ela é necessária,
11:21importante,
11:22mas da forma como ela está sendo feita,
11:24ela é inócula.
11:25Meu caro Vandique,
11:26já quero te agradecer
11:27de antemão pela tua participação hoje.
11:30E segunda-feira,
11:31já vou deixar a pauta aqui no ar,
11:32porque segunda-feira
11:33você está aqui de volta
11:34para a gente falar
11:35de repercussões
11:37no mercado das eleições,
11:38porque domingo
11:40nós vamos ter
11:40a definição
11:41do cenário eleitoral
11:42em várias capitais,
11:43ou seja,
11:44vamos ter o cenário concreto
11:45e aquilo que nós já falamos
11:47aqui no meio-dia.
11:482024
11:49é prévia para 26,
11:51então vamos sentir aí
11:52como é que vai ser
11:53a próxima semana,
11:54semana de ressaca
11:55pós-eleitoral.
11:56Eu sinto que
11:58não vai ter nada de novo
11:59no front,
12:00o que está aí já está posto,
12:02e que nós vamos ter
12:04uma esquerda
12:05com uma grande ressaca,
12:07uma dor de cabeça,
12:08tentando entender
12:09o que aconteceu com ela.
12:11Ou a esquerda brasileira
12:12se repensa,
12:14ou a esquerda brasileira
12:16chega no século XXI
12:17e sai dos anos 60,
12:19do século XX,
12:20ou a esquerda
12:21está fadada a desaparecer.
12:23E é importante
12:24para a democracia
12:24ter uma esquerda interessante,
12:26apesar de eu ser
12:27longe da esquerda,
12:28mas eu gosto da esquerda
12:29que me faz pensar.
12:30Hoje a esquerda
12:31não me faz pensar,
12:32ela me faz sorrir.

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