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No Visão Crítica, Natalia Fingermann explica o histórico por trás do BRICS, um bloco que busca estabelecer o multilateralismo e criar novos sistemas para negociar, o que incomoda profundamente os Estados Unidos de Donald Trump. Pedro Serrano argumenta que, mesmo com o crescimento do BRICS, os EUA não podem fazer tais exigências, pois o Brasil é livre para negociar. Gustavo Sampaio afirma que os debates por uma nova moeda nascem quando líderes como Donald Trump, que se veem como um líder mundial, agem unilateralmente, minando a confiança no sistema atual.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/9Yld93xkPYo

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Transcrição
00:00Professora Natália, o professor Gustavo trouxe um aspecto interessante que eu queria escutar a sua reflexão a respeito,
00:08porque há uma tese que indica que o que estaria por trás desse posicionamento de Donald Trump
00:15teria sido motivado pelo receio dele de que os países que integram o BRICS estariam já avançando naquela questão
00:23que envolve a escolha de uma moeda alternativa ao dólar.
00:27Enfim, queria tentar conectar esse receio de Donald Trump, ou isso que ele já exterminou por diversas vezes,
00:33a esse nosso papo, essa nossa discussão.
00:37Olha, do meu ponto de vista, o BRICS não é uma ameaça em si para Donald Trump hoje.
00:44A principal ameaça que existe é a China, e a China tem muito utilizado o Remind digital
00:52nas suas negociações bilaterais com vários países do mundo.
00:56E, logicamente, como ele está fazendo hoje uma ofensiva contra o Brasil, ele vai utilizar o BRICS.
01:05Mas o objetivo dele não é simplesmente o Brasil.
01:09O Brasil tem proposto uma desdolarização, mas essa proposta de desdolarização,
01:14ela ecoa no Brasil como se fosse algo brasileiro, vamos dizer assim, totalmente original.
01:21E a realidade é que não é bem essa, né?
01:24Essa proposta de desdolarização é algo que tem sido feito por vários países,
01:30principalmente pela Rússia e pela China, após a guerra da Ucrânia.
01:36Porque a guerra da Ucrânia vai gerar uma instabilidade no dólar,
01:40pelo fato dos Estados Unidos pegar parte da dívida russa e controlar pelo fato de ser em dólar.
01:50E falar, não, esse recurso é meu.
01:52E aí todo mundo fala, como é que eu vou confiar em ter recursos em dólar,
01:56se esse dólar, de repente, pode deixar de ser do meu país,
02:00porque os Estados Unidos controlam esse recurso.
02:02Então, começa a se criar dentro do sistema internacional e aí do sistema financeiro também,
02:08acho que é bom colocar, uma certa falta de confiança sobre o dólar.
02:16O dólar sempre foi a moeda mais confiável.
02:18Todos nós sempre depositamos dinheiro em dólar, temos dinheiro em dólar.
02:23Não por acaso o Jair Bolsonaro tinha dinheiro em dólar na casa dele, não é mesmo?
02:27Então, o dólar sempre foi essa moeda confiável.
02:30Onde eu vou deixar uma reserva, assim, que eu sei que se tudo der errado,
02:34vou ter, vou ter lá com o dólar.
02:36Mas, desde a guerra ali da Rússia com a Ucrânia,
02:39a gente tem esse processo de, né, perda de confiança no dólar.
02:44E essa perda de confiança no dólar tem buscar,
02:47feito com que vários países do mundo falem,
02:50mas por que a gente precisa negociar em dólar?
02:51Por que a gente não pode negociar nas nossas próprias moedas?
02:54Ou por que a gente não pode criar um novo sistema, né, para negociar nesse grupo?
02:59Então, o BRICS é um pouco essa discussão,
03:02mas chegar num consenso no BRICS é muito difícil.
03:05Porque o BRICS envolve países como Arábia Saudita e Irã.
03:09Envolve países, né, como Índia e China.
03:12Então, nós temos vários países que têm conflitos fronteiriços,
03:17conflitos políticos importantes.
03:19Então, o BRICS hoje, ele é, logicamente, um bloco importante,
03:26mas hoje em si ele não representa uma ameaça,
03:28porque você ainda tem muitos conflitos internos.
03:32Talvez ele venha a ser uma ameaça.
03:34E acho que o medo do Donald Trump é o quê?
03:36Que mais países entrem no BRICS,
03:39e o BRICS deixe de ser um simples bloco,
03:41mas passe a ser uma instituição internacional,
03:44o que ele não é ainda hoje.
03:45E aí passe a pensar em novas práticas internacionais,
03:50novas normas internacionais, né,
03:53que é o que, e aí eu vou pegar, acho que a fala do professor Gustavo, né,
03:58o que o Estados Unidos não quer hoje.
04:00Ele não quer novos processos de institucionalização.
04:04Afinal, ele quer destruir qualquer tipo de instituições.
04:08Então, o BRICS não pode crescer, não pode se institucionalizar.
04:12Não, perfeito.
04:15Professor Pedro, quer também colaborar um exercício
04:18sobre a figura do BRICS,
04:21de que maneira o bloco tem deixado o Donald Trump inseguro,
04:27o que estaria por trás do tarifácio,
04:29as medidas que vêm sendo tomadas para vários países,
04:33e de que maneira isso se relaciona com esse debate que a gente faz agora.
04:38Eu não vou, Pedro.
04:40A Natália é especialista, Natália.
04:41Claro.
04:43Geopolítica, não tenho especialidade nisso.
04:45Só que eu posso dizer que esse conflito realmente se inicia na guerra Rússia-Ucrânia,
04:51e essa guerra se inicia pela Rússia, e aí é um pouco a minha área, né,
04:54Sim, claro.
04:55É vulnerável o direito internacional atacando um país vizinho.
04:59Para países como o Brasil, que são países fracos,
05:02às vezes a estrutura do direito, a lógica do direito é proteger o mais fraco, sempre.
05:05Você tem relações jurídicas, a lógica de ter uma relação jurídica é proteger o lado mais fraco.
05:12Porque o forte, o poderoso não precisa de direito, não precisa de proteção.
05:15Um país como nós, que somos aí, estamos vendo agora nesse conflito com o Trump,
05:21que somos um país fraco, com dificuldades, e somos, compartilhamos um grande continente com a nação mais poderosa do mundo.
05:29Então nós temos que defender o direito internacional, é o nosso interesse.
05:33Porque é o que nos protege de violências, de avanços, desse tipo de postura que o Trump está tendo agora.
05:41Então me parece que isso é muito relevante, que nós tenhamos noção de que defender o direito internacional
05:47no plano das relações internacionais, é defender relações mais civilizadas no interior da humanidade,
05:54e é também defender o nosso interesse específico como país, porque não somos um país forte.
06:00Não somos um país de primeiro mundo, uma superpotência, nem nada do gênero.
06:05Então também é defender o nosso interesse particular, digamos assim, como povo.
06:10Eu creio que o BRICS, essa justificação que está no outro ano, fez isso com a do BRICS.
06:15Não me parece, eu não conheço muita coisa, não me parece ser totalmente verdadeira,
06:20a minha impressão que me dá.
06:21Por que ele não fez isso com a Índia então? É muito mais relevante que o Brasil no BRICS.
06:26É a Arábia Saudita.
06:27Arábia Saudita.
06:27Emirados Árabes.
06:28Emirados Árabes.
06:30Quer dizer que inclusive são parceiros intensos comerciais dos Estados Unidos e continuam sendo.
06:34Então na realidade eu acho que tem aí razões políticas mesmo.
06:37O Trump está querendo, vamos dizer, exportar para os países mais influenciados pelos Estados Unidos,
06:43como é o nosso caso, exportar um modelo autoritário de Estado e de gestão da vida,
06:49e está querendo nos impor o que ele acredita, o que ele acha que é o correto para o mundo,
06:55que é ter aqui um governante ligado ou subordinado a ele e que faça o que ele deseja aqui.
07:00Ele quer um mecanismo de hard power em relação ao Brasil.
07:03Nós não podemos deixar porque isso nos destrói.
07:06E é o que eu falei para você.
07:07Tudo bem, vamos dizer que fosse possível o Lula atender ele agora.
07:10Tá bom, vamos liberar o Bolsonaro aí, ele não pode ser processado, é um cidadão brasileiro imune.
07:16O que é que diz que o Trump ia parar?
07:17Ele exige isso hoje, exige outra coisa amanhã e depois amanhã.
07:20E nós não íamos ter fim, nós íamos ter um presidente do Brasil eleito pela população norte-americana.
07:26Essa que é a realidade.
07:26Iremos ter um imperador brasileiro investido na função de presidente dos Estados Unidos da América.
07:33Eu acho uma tristeza isso.
07:35Acho que os Estados Unidos é não só um povo irmão nosso, como foi uma justa liderança do mundo livre
07:40até iniciar o governo de Donald Trump, que parece que quer não ser líder do mundo livre,
07:49mas ser o imperador do mundo livre e esse mundo deixar de ser livre.
07:52E isso nós não podemos aceitar.
07:54Quer dizer, daqui a pouco a gente vai entrar na última sessão de análises aqui do programa.
07:59Professor Gustavo, queria só pedir a sua reflexão também sobre esse tema.
08:06Naturalmente, fique à vontade para trazer as suas considerações e ponderações
08:10quando a gente precisa colocar aquele suposto receio de Donald Trump com o fortalecimento do BRICS,
08:17a adoção de uma moeda alternativa.
08:19Enfim, se quiser trazer o seu complemento a essa discussão, só para a gente fechar,
08:24daí a gente entra na parte final do programa, apontando para os caminhos possíveis
08:28para tentar destravar esse assunto que trata do tarifácio.
08:32Por favor, doutor.
08:35Um ponto relevante foi trazido aqui pelo professor Pedro.
08:38O Brasil sempre teve relações extraordinariamente boas com os Estados Unidos da América
08:43e mais do que a relação de povo com povo.
08:46As presidências brasileiras, historicamente, têm boas relações com as presidências dos Estados Unidos da América,
08:53a despeito de serem presidências escolhidas pelo Partido Democrata ou pelo Partido Republicano.
09:00Se nós fizermos aqui um recorte histórico breve do pós-guerra para cá,
09:03veja que o presidente Harry Truman tinha uma boa relação com o Brasil.
09:09O presidente Dwight Eisenhower, do pós-guerra, tinha uma boa relação com o Brasil também.
09:14E, mais tarde, outras presidências importantes, Jimmy Carter, Gerald Ford.
09:19Até nos anos 80, o presidente Ronald Reagan, que era um conservador,
09:24era uma pessoa do Partido Republicano, que tinha posturas aliadas, na época, com Margaret Thatcher,
09:30tinha uma excelente relação com o final do regime militar no Brasil e começo do regime democrático.
09:36E, até mesmo, o presidente Lula, no seu primeiro mandato,
09:40manteve um ótimo contato diplomático com a Casa Branca, à época, sob a chefia do presidente George W. Bush, filho.
09:50E veja como isso pode se perder desse modo, repentinamente,
09:56se não com a explicação de que nós temos hoje lideranças poderosas, excêntricas, de pendor autoritário,
10:03que, dizendo-se democratas, agem contra as instituições democráticas.
10:08Dizendo-se liberais, agem contra as instituições do liberalismo.
10:13E, dizendo-se patrióticas, agem contra a própria pátria.
10:18O presidente Trump, quando toma essa decisão do tarifaz, compromete a economia americana.
10:23E os nossos ditos patriotas, que vestem a camisa do Brasil, se embrulham na camisa do Brasil,
10:30nas manifestações públicas, agora, comemorando o tarifazo de Trump,
10:35deputados federais brasileiros hasteando bandeira em homenagem a Donald Trump,
10:41depois dele perpetrar um castigo contra o Estado Nacional Brasileiro.
10:45Olha, isso é de um paradoxo lamentável.
10:48São patriotas antipatrióticos.
10:51Os verdadeiros patriotas, Daniel, são aqueles que defendem as nossas instituições constitucionais,
10:58a separação de poderes, a federação, a supremacia da escolha do povo no voto popular.
11:04Isso é o verdadeiro patriotismo.
11:05De maneira que, nós temos que, defendendo a autoridade dessas instituições,
11:11sendo institucionalistas, levar adiante essa bandeira de negociação com os Estados Unidos da América,
11:17acho que não tem que ter qualquer recuo em relação ao BRICS,
11:21trata-se de um acordo importante de valorização do multicomercialismo,
11:29de uma afetação multilateral e não bilateral.
11:34E, aos poucos, deixar claro que, sem esse recuo,
11:38o Brasil será firme na sua negociação com diplomacia,
11:41com diplomacia, porque o país não quer e não pode fugir dessa rota,
11:46com diplomacia, com devido processo legal,
11:49com respeito e valorização aos tratados e convenções internacionais,
11:53e deixar com que o mundo pressione nas suas instituições e nas suas bases econômicas,
12:00não apenas políticas,
12:02até que o recuo seja gradual e que nós possamos voltar a um ponto de normalidade.
12:06Sem isso, eu penso que não há um caminho viável, nesse momento,
12:11para a diplomacia brasileira, para o governo do Brasil.

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