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No Só Vale a Verdade, Marco Antonio Villa recebe o delegado Osvaldo Nico para uma conversa reveladora sobre sua carreira. Nico relembra o início na polícia e os casos mais difíceis, envolvendo mortes e a realidade dura de crianças vítimas da violência. Ele atribui parte de seu sucesso à "sorte" e à sua comunicação, que sempre levou as histórias da polícia ao público.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/m7KTXzqSsxU

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Transcrição
00:00O delegado fez referência ao início de vida, a questão de trabalhar com engraxar, tá lá na polícia.
00:06Grosso modo, assim, não é uma, como dizia o primeiro programa na TV Tupi, que contava a vida das pessoas,
00:12chamava Esta é a Sua Vida.
00:13Carlos Cunha, faz tempo isso.
00:15Mas não é aqui o Esta é a Sua Vida, mas eu gostaria de perguntar, como é que foi a sua carreira profissional?
00:22Ó, eu, assim, eu dei sorte, sabe?
00:24Eu dei sorte porque eu queria ser policial, fui trabalhar, consegui trabalhar onde eu queria, que era no 17º Distrito Ipiranga.
00:33E eu me lembro do meu primeiro dia de trabalho, e eu vou contar para você.
00:36Eu cheguei, o delegado titular, que era o doutor Milton Pereira Santos, já falecido, e falou,
00:41o que você quer trabalhar?
00:42Eu falei, eu gosto de ronda, eu gosto de trabalhar na rua para servir.
00:44Ele falou, então você vai trabalhar na ronda, você vem aqui no dia seguinte, você vai trabalhar das 7 da noite e às 6 da manhã na ronda digital.
00:50Porque só tinha 50 delegacias em São Paulo, e tinha uma viatura que a ronda digital ficava à disposição do delegado.
00:57Até eles gozavam da gente, vocês ficam lá para ir comprar pizza para o delegado, para ir comprar lanche?
01:01Não, é uma ronda que servia bem a região do distrito.
01:05Você não podia sair da ronda, daquela área de circunstituição do distrito.
01:10Então, eu falei, pô, que legal, eu vou trabalhar onde eu quero.
01:14Então, eu tinha que entrar às 7 da noite, eu cheguei às 4 horas da tarde para trabalhar.
01:17E fui lá me metendo para ver como é que funcionava.
01:21Agora sou polícia, pô, laxão no peito.
01:24Eu falei, vou passar.
01:24Então, eu comecei a ver os policiais mais antigos, e eles estavam ouvindo um garoto, um garoto de 8 anos,
01:31que estava contando uma história, descreveram um rapaz que tinha abusado desse garoto, junto com o irmão.
01:36O irmão, ele matou o irmão, e ele se fingiu de morto, numa indústria abandonada, na rua Juntas Provisórias do Bairro do Piranga.
01:44Uma firma de aço que tinha falido, só do terreno.
01:47Então, ele estava contando que o rapaz abusou dos dois.
01:51Jogou uma pedra na cabeça dele, ele estava com ferimento, ele se fingiu que tinha morrido, e o irmão ele matou.
01:56E eu fiquei com aquilo na cabeça.
01:58E ele contava lá, assim, olha, o rapaz que fez isso, ele estava com um bonezinho vermelho, andava meio tortinho, assim, assim, assim.
02:04Eu fico aqui na cabeça, esse menino na cabeça, eu fico muito encucado, porque eu quero ajudar.
02:09Aí eu fui para a Ronda Noturna.
02:13Aí os policiais dizem, ah, fica lá atrás, entendeu?
02:15Eu fui lá atrás, e os dois policiais espertão lá na frente, antigão, né?
02:21E eu lá atrás.
02:22Moleque, você quer entrar na polícia?
02:24Sai fora, começaram a me dar.
02:25Tudo bem, aí eu estou andando pela rua, seu Bueno, ajudo com os policiais.
02:29Você sabe que aí eu vejo um cara com o bonezinho verde, meio tortinho, falei para os policiais,
02:33olha, pode ser aquele cara lá que o cara falou.
02:35Cara a boca, moleque, você entendeu, né?
02:37Daí eu falei, pode ser o cara, né?
02:40Isso é um primeiro dia de trabalho.
02:41Sim.
02:42Pode ser o cara.
02:43Ele falou, não, o menino lá falou, eu pensei, eu estava lá de tarde, ele falou que tinha
02:46conversado.
02:47Ah, nada.
02:47Aí a viatura parou, o negócio é o Bueno, com a dor de Júlia, eu saí desse do carro.
02:51E ele, esse rapaz, sentado numa farmácia.
02:55Quando eu estava voltando à farmácia, ele estava saindo da farmácia.
02:58Aí eu perguntei, pessoal, o que ele comprou aqui na farmácia?
02:59Ele falou, não comprou nada, nem se pesou, porque antigamente a farmácia tinha uma balança.
03:02Isso, exato.
03:03Se pesou, como?
03:05Aí eu comecei a andar atrás dele.
03:07E ele apertava o passo.
03:09Aí os policiais viram, conseguiam aprender, você está atrapalhando, você entendeu?
03:13Porque os policiais tinham interesse deles, da praia para cá.
03:16E eu seguramos o cara, levamos para a delegacia.
03:19Eu falei, pode ser o cara.
03:20O cara negava, vou processar vocês, sabe?
03:22Tudo bem.
03:23Quando chegar lá, eu tinha um Fusca 67.
03:25Eu peguei meu Fusca e o menino que tinha sobrevivido morava no Alto de Ipiranga.
03:32Eu peguei meu Fusca, fui lá, peguei o menino e o pai.
03:34Quando eu voltei, levei o...
03:36Dentro do meu carro, porque eles não quiseram nem me emprestar a viatura para ir lá, você
03:39entendeu, né?
03:40O menino reconheceu de pronto o cara.
03:43Ele falou, foi esse que matou o meu irmãozinho.
03:45Eu nunca esqueci.
03:46E eu fico até emocionado de lembrar desse cara, porque no dia seguinte, eu estava no Gil
03:53Gomes, era um repórter.
03:55Ele fez aquela novela que ele fez e me colocou na novela.
03:59E eu não fui embora, porque eu tinha que ir embora.
04:00E ele me colocou naquela novela, sabe?
04:03E aí todo mundo começou, você é aparecido, primeiro dia de polícia, você já está no
04:08Gil Gomes.
04:09Eu dei sorte, você entendeu?
04:10De ter esse tirocínio, sabe?
04:12E eu nunca me esqueço, quando eu estou saindo da delegacia, o pai veio me abraçar.
04:17Então, eu tenho isso comigo, que eu nunca vou esquecer a coisa.
04:20Aí o Gil Gomes fez aquela novela, tal, tal.
04:22Aí eu falei, pô, Gil, eu queria conhecer o senhor pessoalmente.
04:25Porque minha mãe, minha sogra, tudo fica ouvindo o senhor.
04:28Eu fui lá conhecer o Gil Gomes, sabe?
04:30Tirar fotografia com ele.
04:32Então, eu dei isso.
04:33Assim, eu sempre gostei de divulgar os casos policiais, como eu estou fazendo no meu Instagram
04:38aqui.
04:38Coisas que a gente viveu, né?
04:40Alguns falam, você faz isso para vender pizza.
04:42Não é não, você entendeu, né?
04:43Eu faço porque eu gosto de o pessoal valorizar o que nós já fizemos.
04:47Não é que eu sou historiador, mas eu gosto de contar o que fez.
04:50Eu dei essa sorte, no primeiro caso, que eu nunca esqueci.
04:53Então, foi aí que começou a minha trajetória no Ipiranga.
04:57Aí, outra coisa que eu fazia lá, o Ipiranga, naquela época, tinha muita pensão, né?
05:01E eu comecei a cadastrar, ninguém tinha feito isso.
05:04Eu ia na pensão, você é o dono da pensão?
05:06Eu quero saber, todo dia, quem entrou na pensão.
05:08Se entrou alguém novo, aí eu puxava o terminal.
05:10Aí, chegava um procurado pela justiça, eu aparecia para prender o cara.
05:14Então, eu falei, é o rato da pensão, você entendeu, né?
05:17Mas eu consegui dar uma moralizada.
05:19E eu sempre gosto de fazer a diferença com meus companheiros, porque ninguém faz nada
05:23sozinho.
05:24Eu gosto de fazer sempre a diferença no que eu faço.
05:26Aí, tive grandes casos.
05:27de, pô, Oste Oliveto, vários casos.
05:32Eu só trabalho partista.
05:33Não era partista.
05:34Eles me chamavam, porque tinham confiança em mim, né?
05:37Como eu desvendei muito caso de gente que é no Ipiranga, que não é conhecido, mas
05:41eu gosto de servir.
05:42Eu gosto de fazer o que eu faço.
05:43O delegado contou o caso dessa criança, né?
05:47Que foi abusar toda essa tragédia.
05:49E o delegado ficou emocionado com isso.
05:52Realmente é uma história terrível.
05:54Como é conviver isso?
05:56Não deve ter sido a única.
05:58O senhor deve ter encontrado outras terríveis situações.
06:02Porque a polícia convive com o que é de pior, não é assim?
06:06Quem quer ver a coisa de melhor, vai para uma outra profissão por isso, né?
06:09É aquela história, é muitas vezes o local de maior tensão da sociedade.
06:15Termina onde?
06:16Na delegacia.
06:17E a delegacia não resolve problemas sociais, não é a tarefa dela.
06:21Isso é de outras instâncias do Estado.
06:23Como é que é isso?
06:24Conviver com essa...
06:25De ver um assassinato, de ver uma barbaridade que ocorre no cotidiano, chegar...
06:31Não conseguir dormir à noite.
06:33Até hoje acontece.
06:34Como é que é isso, hein?
06:35É difícil, Vila, é difícil você conviver, sabe, com essa realidade que você tem.
06:40Então, a gente parece que tem dois mundos, né?
06:42O mundo que você vive na polícia, né?
06:45E o mundo que você quer que aconteça as coisas de bom.
06:51Então, eu vou falar, tem ocorrências assim, falar, tragédias?
06:54Eu, pô, depois, logo em seguida, atender uma ocorrência também.
06:58Um rapaz que foi procurar a polícia, me falou, pode me ajudar.
07:01Minha ex-mulher não atende o telefone, faz dois dias que não saem de casa, tá com as minhas crianças.
07:06Eu me separei dela recentemente, né?
07:10Recentemente, o pessoal pode ir comigo, tá lá, pra chamar ela.
07:13Peguei e fui.
07:14Cheguei, bateu na porta, ninguém entra, tal.
07:16Falei, pô, alguma coisa.
07:17Aí eu abaixei e senti cheiro de gás pro baixo da porta.
07:20Falei, e aqui tá ruim, tá ruim.
07:21Aí conseguimos arrumar a porta.
07:23Aí a mulher tava...
07:24Ela tinha ido perto do fogão, abaixado a tampa do fogão, ligado o gás e dormiu com duas crianças.
07:29E aí ela morreu, a mulher e as duas crianças.
07:31Meu Deus.
07:32Aí tinha um bilhete do lado.
07:34Eu peguei o bilhete na mão, o rapaz ficou fora.
07:37Falei, só não queira nem entrar lá.
07:39Não queira nem entrar lá, que não dá pra pessoa, não vai dar pra pessoa entrar.
07:42Peguei o bilhete.
07:42Aí ela falou, agora você pode conviver com a sua amante, tá, tá, tá.
07:46Nunca dei esse bilhete pra ele te levar pra delegacia.
07:48Então, você passa isso, você lembra de tudo.
07:52Hoje eu sou avô, você entendeu?
07:53Mas eu era novinho de polícia.
07:55Então eu tenho isso, tem ocorrências que eu nunca me saio da memória, você entendeu?
07:59Como não saem também os grandes casos, que eu tirei pessoa que tá no cativeiro.
08:03Você não sabe, Vila, a alegria que dá pra gente.
08:06Nós somos policial, caímos na sociedade, não caímos de paraquedas, agora eu sou policial.
08:09Você vive com uma pessoa...
08:11Eu trabalhei muito tempo no sequestro, eu ia com o vagabundo do outro lado,
08:15com as pessoas sequestradas, a família dependendo do que você falava,
08:18pra ajudar quando trabalhava no sequestro.
08:20Chegamos a ter 50 sequestros no mês, naquela época, dos grandes sequestros.
08:23Então, quando você tira uma pessoa do cativeiro, sabe?
08:27Uma vez eu tirei um garoto de 8 anos que estava correntado há 10 dias, junto com alguma coisa.
08:31Não ocorri.
08:32Quando eu tirei esse garoto, é a mesma coisa que você fazer um gol no final da Copa do Mundo pro seu país.
08:38Eu vivi esse momento.
08:39Eu sei o que é duro.
08:41Mas deve ser duro também.
08:42E o contrário?
08:43Chegar lá, apesar de todos os esforços, enquanto o sequestrado, morto, deve ser...
08:48Não passou por isso também?
08:49Eu sei, o caso do Andinho, foi um do Andinho que fazia vários casos aí que uma vez numa negociação,
08:56a gente não chegava a um acordo, ele foi na porta, na porta da família,
09:01levou a pessoa, vocês não querem negociar, pum, deu um tiro na cabeça da pessoa.
09:05Depois foi preso, está preso até hoje, dos famosos do crime organizado.
09:08O Andinho é aquele que supostamente teria também matado o prefeito de Campinas, o Toninho do PT, né?
09:13É.
09:13É, caso...
09:14É, é um caso...
09:15É um caso...
09:16Esse Andinho, o Andinho estava na cadeia faz tempo.
09:18Sim, sim, sim.

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