O Irã e os Estados Unidos participarão de sua quarta rodada de negociações sobre o programa nuclear de Teerã em Roma no sábado, dia 3 de maio, mediadas por Omã. - Meio Dia em Brasília traz as principais notícias e análises da política nacional direto de Brasília.
Com apresentação de José Inácio Pilar e Wilson Lima, o programa aborda os temas mais quentes do cenário político e econômico do Brasil.
Com um olhar atento sobre política, notícias e economia, mantém o público bem informado.
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00:00O Irã e os Estados Unidos participarão de sua quarta rodada de negociações sobre o programa nuclear de Teherã, em Roma, no sábado, dia 3 de abril, mediados por Oman.
00:12O anúncio foi feito pelo principal diplomata iraniano, Abbas Araki, nesta quarta-feira.
00:20França, Reino Unido e Alemanha, com China e Rússia, assinaram um acordo em 2015 com o Irã sobre o seu programa nuclear.
00:29O pacto previa a suspensão das sanções contra o Irã, em troca do controle de suas atividades nucleares.
00:36Tornou-se, entretanto, obsoleto após a retirada unilateral dos Estados Unidos, em 2018, durante o primeiro mandato de Trump.
00:47Duda Teixeira, vamos à pergunta, essa nova rodada vai dar em algum resultado?
00:52Ou o Irã só está adiando para até lá conseguir a sua arma nuclear?
00:59Inácio, boa tarde. O Irã faz um jogo já de muito tempo, que é ficar adiando a finalização da sua bomba nuclear.
01:12Essa quarta rodada que acontece agora, 3 de maio, que é o sábado, é mais uma tentativa de continuar postergando isso.
01:22A ideia do Irã é meio que ficar muito perto de fazer a bomba e, de fato, eles estão há uma semana.
01:31Uma vez que o Irã decidir terminar a primeira bomba nuclear, ele demora uma semana para completar isso.
01:39Então, eles não fazem isso porque não querem e usam isso para conseguir um alívio das sanções.
01:46O Trump estava muito inclinado a fazer um ataque ao Irã com o Israel, mas botou o pé no freio e está tentando ver se sai alguma coisa dessas negociações.
02:04É muito difícil, na verdade, eliminar esse risco do Irã e concluir a bomba.
02:13E mesmo que os americanos e os israelenses ataquem as instalações nucleares do Irã,
02:21que continuam sendo construídas, fortalecidas, blindadas.
02:28Há alguns dias, aqui saíram notícias também de que o Irã está construindo novos túneis,
02:34protegendo esses túneis perto de instalações nucleares.
02:38Mesmo que aconteça um ataque, é difícil eliminar essa possibilidade do Irã concluir a primeira bomba.
02:47Então, a melhor maneira de resolver isso, ainda que temporariamente, de impedir que o Irã tome esse passo,
02:54é conseguir isso numa negociação.
02:58A Rússia, a China, países europeus também estão tentando participar,
03:04participando já dessas negociações, junto com a Agência Internacional de Energia Atômica.
03:11Mas é sempre uma maneira mais de postergar essa possibilidade do que efetivamente de anular que isso aconteça.
03:20Você acredita que, vamos supor, que acordo pode ser costurado entre Estados Unidos e Irã?
03:27Como você mesmo disse, a bomba, ao que tudo indica, virá.
03:30É uma questão apenas de quando? Um pouco mais cedo, um pouco mais tarde?
03:33De repente, eles estão empurrando essas negociações em banho-maria,
03:36justamente para falar, agora não precisa mais, já temos a bomba, mais ou menos como fez Coreia do Norte.
03:41Mas que tipo de acordo que pode acontecer?
03:43Porque a bomba parece que virá de todo jeito, né?
03:46Quando o Trump rasgou o acordo que existia, o acordo que tinha sido construído na época do Barack Obama,
03:54a justificativa do Trump era que o Irã estava financiando, treinando grupos paramilitares em vários outros países.
04:06citava ali no decreto do Trump o Hezbollah no Líbano, os Rutsis no Iêmen, milícias no Iraque, o Hamas na faixa de Gaza.
04:22Então, esse foi o objetivo inicial da retirada dos Estados Unidos no acordo anterior.
04:30Então, um novo acordo poderia, por exemplo, ter isso como objetivo, fazer o Irã se comprometer a parar de causar confusão no Oriente Médio.
04:47É difícil conseguir que o Irã se comprometa a esse tipo de coisa.
04:51O Irã tem mantido essa linha de financiar esses grupos desde a guerra Irã-Iraque nos anos 80.
05:00Assim como também é difícil, o Irã também recentemente queria que o Trump se comprometesse,
05:05caso ele assine esse acordo, que ele não rasgue de novo.
05:10O que também é muito difícil conseguir qualquer garantia aí.
05:14Pois é. E por falar em Estados Unidos, em garantias, na verdade, você escreveu um artigo na revista Cruzoé
05:22chamado O Revide do Globalismo Ante-Americano.
05:26Anti-Trump, perdão.
05:28Do que se trata esse artigo?
05:30Porque ele é absolutamente certeiro no que está acontecendo no Brasil.
05:35No Brasil, não. No mundo.
05:37Sobretudo com o que a gente viu no Canadá anteontem, né?
05:40Exato. Acabou de acontecer no Canadá. O candidato mais anti-Trump saiu vencedor.
05:47O partido dele, que é o Partido Liberal, estava a 24 pontos atrás do Partido Conservador de Direita
05:56no começo do ano e conseguiu reverter, inverter completamente o jogo e, claro, com a ajuda do Trump.
06:05O Trump disse que ameaçou anexar o Canadá, gerou um sentimento nacionalista e isso ajudou
06:13aquele que tinha a posição mais contrária ao Trump, que é o Mark Carney.
06:18Mas agora, na Austrália, pode acontecer um fenômeno semelhante.
06:25Há uma rejeição gigantesca entre os australianos que não gostam nem um pouco do Trump.
06:32A rejeição do Trump lá é de 68%.
06:35E aí pode ser que o Partido Trabalhista, que hoje está no poder, que está se colocando como anti-Trumpista,
06:42então a mesma coisa que o Mark Carney fez, está tentando vincular o Dutton,
06:49que é o líder do Partido Liberal, no caso, de direita, ao Trump.
06:57Então, com isso, está conseguindo tirar votos do opositor e aí os trabalhistas de esquerda
07:02podem se manter no poder.
07:05E o Trump também, nisso que tentou interferir em eleições no mundo inteiro,
07:12o Trump e os trumpistas tiveram resultados negativos, por exemplo, na Groenlândia.
07:18Na Groenlândia também, aquele que se colocou mais como anti-Trump,
07:24o Partido Democrata, centro-direita, foi que saiu vitorioso nas eleições na Groenlândia,
07:30embora a Groenlândia seja uma ilha com 50 mil habitantes.
07:34Não é uma coisa tão importante assim, pertence à Dinamarca.
07:38Mas manda esse sinal.
07:41E o Trump também arrumou briga com a Cláudia Schembaugh, presidente do México.
07:46Ela, no que ela enfrentou o Trump, melhorou a aprovação dela.
07:52Também criticou muito o Volodymyr Zelensky, comprou briga com o Zelensky na Casa Branca,
07:58disse que ele era um ditador.
08:00O Zelensky também teve um pico de aprovação.
08:03Então, tem vários políticos e partidos no mundo aí que estão sendo favorecidos,
08:08porque o Trump tem essa posição egocêntrica, arrogante, ameaça vários países do mundo.
08:17E aí, aqueles que acabam se opondo ao Trump acabam ganhando algum benefício, algum dividendo.
08:22Ainda falando sobre esse assunto, você falou da Austrália.
08:25A Austrália tinha assinado, acho que no ano passado,
08:28uma parceria entre os Estados Unidos, a própria Austrália, obviamente,
08:32e a Inglaterra sobre o fornecimento de submarinos nucleares.
08:36Até os franceses estavam no páreo, foram escanteados justamente porque os Estados Unidos
08:41se comprometeriam a fornecer submarinos nucleares.
08:45Esse tipo de estremecimento entre a Austrália e os Estados Unidos
08:48pode afetar questões geopolíticas e até militares,
08:51como essa parceria fundamental que a Austrália estaria sendo,
08:55como até um reforço contra a China naquela região?
08:58Exato. Havia, na época do governo Biden, uma aproximação maior com a Austrália,
09:04exatamente porque é como um contraponto à China, aos planos chineses,
09:11principalmente essa disputa no Sudeste Asiático, nas Filipinas.
09:16A China não é um país expansionista como a Rússia,
09:21mas aumenta muito a área de influência e, em algum momento, pode invadir Taiwan.
09:26Então, havia essa estratégia de conseguir uma aproximação maior da Índia, da Austrália.
09:34Então, os americanos estavam se aproximando desses países para segurar a China.
09:39E agora tudo fica meio incerto.
09:42Além da área militar, tem a área de inteligência.
09:46Os países, Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia,
09:52eles dividem muitas informações na área de inteligência.
09:56E agora há um receio de dividir e compartilhar informações com os Estados Unidos,
10:02porque esses países agora ficam em dúvida,
10:05falando que se a gente mostrar alguma coisa para os americanos,
10:08será que não tem a chance, de repente, de eles mostrarem para os russos?
10:12E aí, meio que esses aliados, todos os aliados americanos,
10:16acabam ficando um pouco receosos e com o pé atrás.