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Ex-presidente da República foi beneficiado com a concessão de uma “prisão domiciliar humanitária”, concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal.
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Meio Dia em Brasília traz as principais notícias e análises da política nacional direto de Brasília.

Com apresentação de José Inácio Pilar e Wilson Lima, o programa aborda os temas mais quentes
do cenário político e econômico do Brasil.

Com um olhar atento sobre política, notícias e economia, mantém o público bem informado.

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Transcrição
00:00Apesar de ter sido condenado a oito anos e dez meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal
00:05por envolvimento em um esquema de corrupção na BR Distribuidora,
00:10Collor deixou na tarde desta quinta-feira o presídio Baldomero Cavalcante de Oliveira, em Maceió.
00:17Collor foi beneficiado com uma decisão do ministro Alexandre de Moraes,
00:21que concedeu prisão domiciliar humanitária em virtude da idade avançada e sua condição de saúde.
00:29Collor estava no presídio de segurança máxima desde a semana passada e ocupava uma célula individual.
00:36O ex-presidente estava em uma célula com ar-condicionado, cama e vista para uma horta.
00:43Vamos ver um trecho da decisão de Alexandre de Moraes.
00:50Ele diz, no caso dos autos, embora o réu Fernando Afonso Collor de Mello tenha sido condenado a pena,
00:56e aí diz o número da pena e tal, e a necessidade, ele diz que o seguinte,
01:02a sua grave situação de saúde, amplamente comprovada pelos autos, sua idade, 75 anos,
01:09e a necessidade de tratamento específico, admitem a concessão de prisão domiciliar humanitária,
01:16conforme tenho reiteradamente decidido monocraticamente situações semelhantes
01:20em execuções de penais privativas de liberdade.
01:26Uma vez que o essencial em relação a direitos humanos e etc, etc, ele vai lá,
01:30então está aí a justificativa humanitária para que Collor passe a sua pena agora em seu domicílio.
01:38Só que olha, veja que interessante, o ex-presidente vai cumprir a pena em um apartamento
01:43na cobertura de um prédio de seis andares, na Orla Lagoana, na região da Praia da Ponta Verde.
01:51E a peculiaridade é que na declaração de bens feita à Justiça Eleitoral em 2018,
01:56Collor informou que o apartamento valia 1,8 milhão de reais,
02:00mas na realidade o imóvel estaria avaliado em 9 milhões de reais.
02:05Eu já pergunto para o Rodolfo Borges, isso seria um escancaramento da impunidade
02:13ou de fato é merecido e o ex-presidente merece toda a deferência por ter sido presidente?
02:21Deferência não.
02:23Pode ser que o estado de saúde dele de fato justifique um tratamento diferente,
02:28mas o fato é que a forma como essa prisão se desenrolou soa da pior forma possível,
02:37porque o problema não é exatamente que o Collor esteja agora em condições
02:42que podem justificar uma prisão domiciliar,
02:47mas que o desfecho do caso dele tenha demorado tanto
02:51que a condenação o encontre nessa forma.
02:55Essa é a mensagem que fica, porque é isso, o que a gente está discutindo hoje no país inteiro
03:00é a condição em que o Collor, condenado por corrupção, vai cumprir a sua pena.
03:08E aí fica essa questão, como é que ele conseguiu adquirir esse imóvel orçado aí hoje
03:15em nove milhões de reais?
03:18Foi com fruto de corrupção?
03:20Porque é o que fica sugerido pela condenação da forma como ela está acontecendo.
03:25E aí o jeito também como o STF lida com essa, entre outras questões,
03:30também é de incomodar.
03:31Porque quando a decisão do Alexandre de Moraes veio,
03:35aí ela é uma decisão liminar e ela vai submetida para os outros ministros referendarem.
03:41E aí ela foi sendo referendada ali no plenário virtual,
03:45até que o ministro Gilmar Mendes, o decano do STF, pediu para levar para o plenário.
03:49Sabe-se lá o que ele queria fazer ao levar isso para o plenário físico.
03:54Mas ele desistiu no meio do caminho,
03:57porque já tinham os votos da maioria para referendar a decisão de prisão do Alexandre de Moraes,
04:03que foi tomada sob o argumento de que a defesa do Collor estava só tentando protelar a prisão.
04:10E essa prisão vem sendo protelada, de fato, há muito tempo.
04:14E aí o Gilmar recua e fala, não, vamos aqui, esse caso ele precisa de agilidade de pressa.
04:21Por que esse caso especificamente precisa de agilidade de pressa?
04:24E aí foi sob esse argumento que o STF, na segunda-feira, termina de votar,
04:29confirma a decisão do Alexandre de Moraes,
04:31para aí sim poder deliberar sobre esse pedido de prisão domiciliar.
04:36Então, assim, a forma como tudo aconteceu e como a pena do Collor vai ser cumprida
04:44a partir dessa decisão do STF, é sim de incomodar muito a população brasileira.
04:49É muito razoável que todo mundo seja muito incomodado,
04:51porque ainda que, e essa é ressalva,
04:53ainda que a situação física do Collor e a situação de saúde dele justificasse ou justifique
04:59a forma como essa pena está sendo cumprida,
05:02obviamente o jeito que a coisa se desenrolou é péssimo.
05:08Wilson Lima, a gente está vendo essas imagens aqui que a gente está acompanhando,
05:13que é da audiência de custódia, se não me falha a memória, do Collor.
05:17E lá nessa audiência de custódia, o juiz perguntou se ele tinha algum problema de saúde
05:23e se tomava algum remédio e ele falou não, que estava tudo bem.
05:28Aí, quando a prisão se efetivou, ele lembrou que tinha doença.
05:33O que leva a essa discrepância entre o que ele disse, que não tinha nenhum problema de saúde,
05:37e agora, justamente, a saúde dele ser o critério para a prisão domiciliar?
05:42Eu vou aproveitar esse gancho, Inácio, para levantar uma bola que foi,
05:49para cortar uma bola levantada pela transparência internacional.
05:53O grande problema é que a gente, aqui no Brasil hoje, nós vivemos uma mudança,
05:58um tratamento diferenciado entre quem tem dinheiro e quem não tem dinheiro,
06:02essa que é a grande verdade.
06:04Se o Collor fosse, eu não gosto muito desse argumento,
06:07que é um argumento muito de esquerda, mas, enfim, em alguns momentos eles são necessários.
06:11Se o Collor fosse pobre, viesse de uma família humilde, sem acesso a advogado,
06:19ele ia morrer na prisão.
06:21Essa que é a grande verdade.
06:23Ele podia ter Parkinson, podia ter distúrbio de bipolaridade,
06:28podia ter hérnia nos rins, podia ter qualquer coisa.
06:32Ele ia morrer na prisão.
06:35Você pode ver, inclusive, pelo tratamento que o próprio Alexandre de Moraes tem dado
06:39aos réus lá do caso do 8 de janeiro.
06:42Tem muita gente aqui que cumpre pena aqui no presídio da Papuda,
06:46que tem suas comorbidades, e o Alexandre de Moraes tem sido extremamente rigoroso
06:51a acontecer desse tipo de benefício.
06:54O próprio Supremo Tribunal Federal, Inácio, ele não tem costume de conceder prisão domiciliar.
06:59O Estadão, inclusive, publicou um levantamento ontem,
07:02dando conta de que 3 quartos dos pedidos feitos no Supremo para concessão de prisão domiciliar
07:09são negados.
07:11Então você vê que, de fato, na verdade, o Supremo, parafraseando o ministro Marco Aurélio Mello,
07:17ele enxergou esse processo pela capa.
07:19Se não fosse a capa, o destino seria absolutamente outro.
07:23Então, detalhe que eu quero pontuar, só para fechar esse assunto,
07:27para a gente não alongar muito, embora esse assunto necessite,
07:29o seguinte, o Collor já podia estar em cana há muito tempo.
07:34A verdade é essa, o Collor já poderia estar em cana há muito tempo.
07:38Por quê? Porque não é o primeiro processo que ele responde no Supremo por corrupção.
07:42Nos anos 90, o Collor respondeu a outro processo por corrupção,
07:47por assinatura de contratos fraudulentos de empresas de publicidade, entre 90 e 92.
07:52Só que esse caso se arrastou pela Justiça durante décadas.
07:55A denúncia do Ministério Público foi recebida em 2000 de casos ocorridos em 91.
08:02O caso chegou ao Supremo em 2007 e ficou parado no gabinete da relatora da Carmin Lúcia
08:08entre 2009 e 2013.
08:10Só foi julgado em 2014, de fatos que ocorreram no início dos anos 90.
08:15Gente, quer dizer, 22 anos entre os fatos criminosos e, de fato, o desfecho do processo.
08:21E o Collor de Mello, e o ex-presidente e senador, ele ainda foi absolvido.
08:28Foi absolvido por fato de provas.
08:30Por quê? Porque o Supremo entendeu que não existia o tal do ato de ofício,
08:34que é aquele instrumento jurídico em que o cidadão, quando vai conceder uma vantagem devida,
08:38ele precisa recertificar em cartório, digamos assim,
08:41estou colocando bem de uma forma muito grosseira,
08:45que ele tinha a intenção de favorecer determinada gente em um ato de corrupção.
08:50Inclusive, essa jurisprudência do caso Collor foi utilizada pelos advogados dos réus do Mensalão
08:56para tentar se livrar.
08:58Só que, no caso do Mensalão, o ministro Joaquim Barbosa inverteu a lógica.
09:01Ele utilizou a teoria do domínio do fato, enfim, já explicamos essa história aqui no Meio Dia em Brasília.
09:06Então, o fato é o seguinte, o Collor se livrou da acusação de corrupção nos anos 90
09:11e, de certa forma, também se livra agora.
09:13Porque eu vou te falar uma coisa, Inácio.
09:15Cumprir prisão domiciliar em uma mansão de 9 milhões de reais,
09:19meu amigo, se você perguntar isso para um monte de traficante que hoje está preso aqui em presídio federal,
09:25com certeza eles iriam adorar e falar, opa, eu quero ir até fila para cumprir uma pena dessa.
09:31Eu queria destacar...
09:32Esse apartamento são 600 metros quadrados.
09:38Isso aí talvez seja o tamanho de muita penitenciária pelo país.
09:42E é de se destacar, o Wilson falou e é bom a gente...
09:46Rodolfo, olha assim, desculpa te cortar, Rodolfo, desculpa te cortar, só para ver de comparação.
09:50Eu moro num apartamento de 40 metros quadrados, cara.
09:53Assim, olha a discrepância, só para...
09:56Você mora no lavabo dele.
09:59É, exato.
10:00Isso mesmo, do banheiro.
10:02O Wilson chamou a atenção e é bom fazer esse destaque, né?
10:07Assim, o STF não é só a forma como ele toma esse tipo de decisão,
10:12mas é o contraste com outras decisões recentes que também têm sido muito questionadas.
10:18Por exemplo, o tratamento para os réus e os condenados do 8 de janeiro.
10:23Tinha gente ali, inclusive tem o histórico de um condenado que...
10:26Não era nem condenado ainda, mas que estava preso e morreu por uma questão de saúde.
10:32Então, a gente...
10:34Eu não quero nem entrar aqui no mérito de discutir a condição física, médica,
10:39de cada um desses condenados, desses réus.
10:41Porque isso aí pode ter, de fato, uma discussão.
10:44Mas, assim, o contraste é muito gritante.
10:46E o STF se desgasta a cada uma dessas decisões.
10:49E o STF se desgasta a cada uma dessas decisões.

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