- ontem
Um dia após a CCJ da Câmara aprovar um pacote anti-STF, o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, afirmou nesta quinta-feira, 10, que "não se mexe em instituições que estão funcionando" em função de "interesses políticos" e "ciclos eleitorais".
Para Gilmar Mendes, “se a política voltou a respirar ares de normalidade, isso também se deve à atuação firme deste tribunal. E o tribunal não fez nada mais, nada menos, do que o seu dever de defender a democracia, o Estado de Direito e os direitos fundamentais”.
Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Ricardo Kertzman comentam:
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Para Gilmar Mendes, “se a política voltou a respirar ares de normalidade, isso também se deve à atuação firme deste tribunal. E o tribunal não fez nada mais, nada menos, do que o seu dever de defender a democracia, o Estado de Direito e os direitos fundamentais”.
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NotíciasTranscrição
00:00Um dia após a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados aprovar um pacote anti-STF,
00:06o presidente da corte, Luiz Roberto Barroso, afirmou nessa quinta que não se mexe em instituições que estão funcionando
00:12em função de interesses políticos e ciclos eleitorais.
00:16Essa frase ficou até ambígua, né?
00:18Então, assim, é só para deixar claro.
00:20Em função de interesses políticos e ciclos eleitorais, para o Barroso, não se mexe em instituições que estão funcionando.
00:27Mas a gente inverter, na verdade, é uma instituição funcionando em função de interesses políticos, o Supremo Tribunal Federal.
00:35Vamos acompanhar a declaração que foi dada durante a sessão do STF e já temos aqui uma leitora, uma espectadora do Papo Antagonista no chat,
00:44dizendo, funcionando para quem, Barroso?
00:46Pois é, assistam com isso no radar.
00:48Como toda instituição humana, o Supremo é passível de erros e está sujeito a críticas e a medidas de aprimoramento.
00:58Porém, se o propósito de uma Constituição é assegurar o governo da maioria, o Estado de Direito e os direitos fundamentais,
01:08e se o seu guardião, o da Constituição, é o Supremo, chega-se à reconfortante constatação de que o Tribunal cumpriu o seu papel
01:19e serviu bem ao país nesses 36 anos de vigência da Carta de 1988.
01:27Nós decidimos as questões mais divisivas da sociedade brasileira, num mundo plural.
01:34Não existem unanimidades.
01:38Porém, não se mexe em instituições que estão funcionando e cumprindo bem a sua missão
01:45por injunções dos interesses políticos circunstanciais e dos ciclos eleitorais.
01:52As Constituições existem precisamente para que os valores permanentes não sejam afetados pelas paixões de cada momento.
02:00Nós aqui seguimos firmes na defesa da democracia, do pluralismo e da independência e harmonia entre os poderes.
02:11Os ministros do STF estão comendo churrasco com o presidente da República, almoçando, jantando, em privado.
02:20O presidente que nomeia o ex-sócio do Gilmar Mendes para a Procuradoria-Geral da República,
02:24os dois aliados do Alexandre de Moraes para o Tribunal Superior Eleitoral,
02:28que fazem pautas juntos, projetos contra fake news.
02:32E que planeta é esse que o Barroso habita?
02:35É o mundo paralelo dos ministros do STF?
02:37As instituições estão funcionando para quem?
02:40Para 20 milhões de brasileiros que perderam o acesso ao X sem ter nada a ver com a treta original,
02:46com os ativistas bolsonaristas?
02:48Está funcionando?
02:49Não está.
02:50Então, assim, os ministros do STF, eles ficam incomodados quando os parlamentares resolvem fazer,
02:57muito raramente, sob muita cobrança nossa, inclusive, aquele mínimo papel de fiscalizar o outro poder.
03:04que cabe, inclusive, ao Senado Federal e, é claro, o Congresso Nacional pode legislar.
03:09E aí, reage politicamente numa sessão plenária.
03:12Há um simples debate feito numa comissão que gerou uma aprovação de uma PEC que limita decisões monocráticas, por exemplo,
03:20mas dentro de uma comissão.
03:22Ainda vai passar pela comissão especial, ainda vai passar pelo plenário,
03:24e os ministros já estão reagindo como se fosse um partido.
03:27Olha, votaram uma pauta que não é a nossa pauta, e agora nós temos que rebater isso,
03:32para que isso não avance, etc.
03:34O Supremo Tribunal Federal deveria analisar os processos quando é provocado,
03:38por questões de constitucionalidade e as suas atribuições originárias.
03:43Ricardo Kertzmann, antes de você ir embora, eu quero que você comente essa pauta também.
03:47A gente tem muitos aspectos e vai mostrar o Gilmar e outras análises.
03:50Felipe, às vezes a gente está andando pela rua e vê um comércio novo,
03:54e tem aquela plaquinha assim, já estamos funcionando.
03:57Cabe de perguntar isso, funcionando para quem?
04:00É a pergunta que o nosso ouvinte, que a nossa ouvinte falou, mandou.
04:03Porque está funcionando? Está, é verdade, está.
04:05Está funcionando para empresas que foram condenadas anteriormente,
04:09que fizeram acordos de leniência, confessando seus crimes de corrupção,
04:13e agora estão tendo as multas anuladas.
04:15Está funcionando para criminosos com que confessaram também seus crimes,
04:20apresentaram as provas dos próprios crimes, devolveram o dinheiro roubado,
04:24e que agora também estão tendo suas condenações revistas.
04:27Está funcionando sim.
04:28Agora resta saber para quem?
04:29Para mim, para eu, Ricardo Kertzmann, o cidadão que acaba pagando o pato por isso tudo,
04:34olha, eu vou ter que, no sentido contrário do ministro.
04:38Para mim, não está funcionando.
04:40Perdeu, mané, numa mola.
04:41Eu tenho certeza, perdi mesmo.
04:44Já tem tempo, ministro?
04:45Inclusive dinheiro, porque o Poder Judiciário brasileiro é um dos mais caros do mundo,
04:51e o resultado é esse, que a gente está resumindo aqui.
04:53São muitos crimes que ficam absolutamente impunes em razão de decisões,
04:59às vezes, inclusive, tomadas de uma forma monocrática e depois avalizadas por corporativismo.
05:04Aliás, Ricardo Kertzmann, ele vai ter que sair antes, assim que eu chamar o vídeo do Gilmar Mendes,
05:09então fique à vontade para as suas considerações finais a respeito de qual pauta você quiser, Ricardo.
05:16E a gente registra aqui o prazer de recebê-lo no estúdio em São Paulo,
05:20você que colabora para o antagonista lá de Belo Horizonte,
05:23mas escrevendo sobre pautas nacionais e internacionais,
05:26lembrando a todos que na aba Colunistas você encontra os artigos aqui,
05:30a coluna de cada um de nós, cada coluna com muitos artigos,
05:33do Ricardo Kertzmann, inclusive. Valeu.
05:35Valeu demais, Felipe. Obrigado, obrigado pelo convite.
05:38Amanhã estou aqui de novo, em tempo integral,
05:40e prometo que da próxima vez eu vou trazer torresmo e doce de leite,
05:44porque mineiro vir para São Paulo trazer torresmo e doce de leite é uma falha,
05:47mas é que dessa vez foi de última hora.
05:49Exatamente. Carne de pescoço não precisa que já tem por aí, segundo o Bolsonaro.
05:52E o Gilmar Mendes afirmou que se a política voltou a respirar ares de normalidade,
05:57isso também se deve à atuação firme, firme, do Supremo. Vamos assistir.
06:03Todos nós que acompanhamos a cena internacional,
06:07vimos aquela conversa que o presidente Trump teve com um agente de um Estado dos Estados Unidos.
06:18e lhe pedia que lhe arranjasse alguns votos.
06:29Isto seria impossível no Brasil de hoje, pedir a um governador de Estado,
06:34um secretário de Segurança, que me arranje alguns votos,
06:38porque essa gente nada tem a ver com votos,
06:41a não ser que possa fazer isto em termos de campanha eleitoral.
06:46Isto é preciso ser dito, é fruto de uma construção sólida da institucionalidade.
06:57E se a política voltou a respirar ares de normalidade,
07:04isto também se deve à atuação firme deste tribunal.
07:10E partidos alinhados ao governo Lula devem entrar nos próximos dias
07:14com ações diretas de inconstitucionalidade
07:17para barrar as PECs, as propostas de emenda à Constituição,
07:21que passaram pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a CCJ,
07:25como as que limitam decisões monocráticas do STF.
07:28Também tem uma outra para o Congresso derrubar,
07:30por uma maioria qualificada,
07:32decisões que extrapolem as atribuições do Supremo.
07:37Duda Teixeira, o que você destaca dessa fala do Gilmar?
07:40Bom, dessa fala do Gilmar, ele traz essa história do Trump ligando lá,
07:45acho que era o secretário de Estado da Geórgia,
07:49como se lá fosse um caos,
07:52e aqui no Brasil, graças ao STF, isso jamais aconteceria.
07:56Mas vamos lembrar que nos Estados Unidos,
07:58o Trump fez essa ligação, foi gravada,
08:00o próprio sujeito que recebeu a ligação fez a denúncia,
08:04o Trump não ganhou nenhum voto a mais depois de ter feito essa ligação,
08:08o Trump está sendo julgado por causa dessa história,
08:12pode ser condenado, então assim,
08:14não faz o menor sentido ele dizer lá que os Estados Unidos têm essa situação
08:19e aqui como se a gente estivesse vacinado contra, graças ao STF.
08:22Não faz sentido.
08:24Mas não precisa fazer sentido para o Gilmar falar,
08:26em geral ele gosta de falar justamente o que não tem sentido.
08:30Às vezes, para alguma coisa estar errada,
08:32primeiro precisa fazer sentido.
08:34E nem essa premissa,
08:37essa etapa, na verdade,
08:40ele consegue cumprir.
08:42Olha, quando ele fala que,
08:44graças ao STF,
08:45atuação firme do STF,
08:47a política conseguiu respirar,
08:49ele, obviamente, deve estar fazendo toda essa salada
08:52que ele faz de misturar
08:54a lava-jato com atos
08:56antidemocráticos, etc.
08:58A gente viu o que o STF fez
09:00com o combate à corrupção no Brasil.
09:02Aqueles criminosos, inclusive,
09:03que confessaram os seus crimes,
09:06fora aqueles contra os quais havia um monte de provas
09:09que eles varreram para debaixo do tapete,
09:13eles ficaram impunes
09:15por ação dos ministros do Supremo Tribunal Federal,
09:18principalmente a partir de maio de 2017,
09:20quando o Gilmar Mendes,
09:22que apontava a cleptocracia petista
09:25revelada pela lava-jato,
09:26se voltou contra a operação,
09:28quando ela atingiu os tucanos.
09:31E o STF,
09:33naquela canetada do Toffoli,
09:35quando abriu o inquérito das fake news,
09:37a mãe dessas estrovengas,
09:38que são relatadas pelo Alexandre de Moraes,
09:42ele passou a, supostamente,
09:45combater o que era antidemocrático, etc.
09:48Que é a tia Zona, a Fátima Tubarão,
09:51sei lá, quem invade os prédios dos três poderes.
09:55Quer dizer, não houve golpe no Brasil
09:57porque as Forças Armadas não aderiram a esse movimento.
10:00Isso não se deu por causa do Supremo Tribunal Federal,
10:03se deu porque as Forças Armadas cumpriram
10:05aquilo que é a obrigação delas,
10:07que não merece crédito, elogio algum por causa disso,
10:10ao contrário do que tentou pregar
10:11o ministro da Defesa do governo Lula, José Muss,
10:14na declaração que ele deu
10:17e que havia um monte de outros problemas
10:19que a gente analisou ontem no programa.
10:20Então, o Gilmar faz toda essa salada
10:22para posar de que o STF salvou o Brasil.
10:25Na verdade, o STF turbinou a impunidade por um lado
10:29e turbinou o autoritarismo pelo outro.
10:32Não é que não seja necessária reações judiciais
10:37em relação a atos como os que os bolsonaristas fizeram,
10:43mas isso é o funcionamento normal.
10:46Não era necessário se criar todo esse inquérito das fake news,
10:51inquérito dos atos democráticos,
10:52inquérito das milícias digitais
10:54e todos esses abusos para que isso fosse feito.
10:58Muito bem, a gente...
10:59Quanto tempo a gente tem?
11:01Tem mais um vídeo do Gilmar?
11:03Então, a gente vai para o segundo vídeo do Gilmar.
11:05Dá tempo, a produção está me falando aqui.
11:06Pode soltar.
11:07A construção da urna eletrônica é um mérito da institucionalidade brasileira.
11:17Varremos as fraudes, varremos os riscos que havia para a própria democracia,
11:23os vícios que justificaram a construção da justiça eleitoral.
11:29Em nome exatamente dessa história, se fez a Revolução de 30.
11:39É preciso sempre lembrar.
11:41E nós chegamos hoje a esse estágio.
11:46Vossa Excelência ressaltava bem em outra fala
11:50que nós conseguimos discutir agora outros temas,
11:59cumprimentar a ministra Carmen Lúcia, por isso, as eleições,
12:03sem voltarmos à questão da urna eletrônica,
12:08porque todos sabiam que aquilo era uma notória fake news.
12:13Ninguém duvida, veja um pleito como este de São Paulo,
12:18extremamente disputado,
12:21e ninguém coloca em dúvida que as urnas eletrônicas responderam a esse desafio.
12:31Jornais estrangeiros noticiam a segurança com que se faz eleições no Brasil.
12:38Que salada, né?
12:40Urnas eletrônicas não tem nada a ver com aquilo que foi decidido
12:42na Comissão de Constituição e Justiça.
12:44Olha só, para completar aqui a pauta do Supremo Tribunal Federal,
12:48para a gente não deixar ponto sem nó,
12:51vamos falar da reação do Arthur Lira.
12:53Apesar de ter sido questionado sobre a tramitação do pacote anti-STF
12:57na Câmara dos Deputados,
12:58o presidente da Casa, até o momento,
13:00não sinalizou nem teceu qualquer tipo de comentário
13:02sobre o que fará com as propostas,
13:04cuja admissibilidade foram aprovadas nessa quarta-feira na CCJ.
13:09Segundo o que apurou o antagonista,
13:10o presidente da Câmara ficou calado sobre o assunto
13:13quando questionado por pessoas mais próximas.
13:15Apesar disso, alguns deputados alinhados à Lira
13:18defendem que o deputado alagoano dê aval para o segmento
13:21de apenas uma proposta,
13:23que limita as decisões monocráticas de ministros do STF.
13:27Aliás, eu tinha comentado um pouquinho a respeito disso,
13:30que essa decisão é mais objetiva.
13:33A outra, que fala de uma maioria qualificada
13:36para decisões que extrapolem as atribuições do Supremo,
13:39ela entra numa zona cinzenta.
13:41Não é que não haja, e o Duda citou,
13:43mecanismos em outros países
13:45para haver esse tipo de fiscalização,
13:50mas ela é um pouco mais vaga.
13:52A questão de você acabar com as decisões monocráticas
13:54é algo mais objetivo.
13:55Então, na minha visão,
13:56você tem também uma estratégia política,
13:58de se aprovar algo um pouquinho a mais,
14:01como um bode na sala,
14:02para pelo menos conseguir aprovar,
14:05no final da tramitação,
14:08aquilo que é mais objetivo,
14:09que é o fim das decisões monocráticas.
14:11Mas isso só diante de uma nova investida do Supremo,
14:14isso que está falando,
14:16é do Lira dar seguimento a essas ações.
14:18Mas isso só diante de uma investida do Supremo
14:22em competências do Poder Legislativo.
14:24Nessa quinta, por exemplo,
14:25o ministro do STF, Flávio Dino,
14:27manteve a suspensão do pagamento das emendas impositivas.
14:30Na verdade, vamos deixar isso bem claro aqui
14:33e eu levanto a bola para o Duda encerrar o assunto.
14:36Isso começou, embora haja demanda na oposição
14:40por limitação de poder do STF,
14:43mas foi pautado,
14:44o Lira liberou que isso avançasse na Câmara dos Deputados,
14:47porque o Lira ficou insatisfeito
14:49que o Flávio Dino, ministro do STF,
14:51suspendeu as emendas lá dos parlamentares,
14:55que é o dinheiro que eles têm
14:56para mandar lá para o seu reduto eleitoral,
14:58naqueles mecanismos que são bastante obscuros
15:02e que a gente aponta que há muita sujeira também envolvida.
15:05Aí o Barroso fez lá uma reunião
15:07com os líderes das Casas Legislativas,
15:08Arthur Lira, Rodrigo Pacheco,
15:10para negociar a liberação de emendas.
15:12Agora o Dino não está querendo liberar,
15:15justamente porque a CCJ aprovou.
15:17Então fica essa queda de braços.
15:19O Supremo segura as emendas dos parlamentares,
15:22os parlamentares mostram que podem limitar
15:24o poder do Supremo Tribunal Federal.
15:26para tudo depois acabar em acordão.
15:29Geralmente é assim na República do Escambo Brasileiro.
15:32Duda Teixeira.
15:33Felipe, agora eu fiquei impressionado
15:35com a reação que teve na imprensa,
15:39na academia e do STF,
15:42a aprovação dessas duas PECs na CCJ da Câmara.
15:46Fiquei assim, assustado até.
15:48Eu não imaginava que ia ser tão intenso.
15:50Primeiro a imprensa chamou isso de pacote anti-STF.
15:56Não tem nada de anti-STF nessa história.
15:59Ninguém quer acabar com o STF,
16:01ninguém é contra o STF.
16:03Depois, dizendo ali,
16:05olha, não existe lugar, país do mundo.
16:07Isso eu li na imprensa.
16:08Em lugar, país do mundo,
16:09você tem o Congresso se sobrepondo ao judiciário.
16:13É falso isso.
16:14Essa PEC mais complicada que você citou,
16:18que é a 28,
16:19que fala, olha,
16:20atos que extrapolem o STF
16:23podem ser julgados pelo Congresso,
16:25ela é muito parecida com a legislação canadense,
16:29por exemplo.
16:30No Canadá, por exemplo,
16:32o Congresso pode pegar e anular
16:34uma decisão da Suprema Corte.
16:37E aí você tem também mecanismos
16:39que tipo, olha,
16:40depois você renova a legislatura
16:43e aí você tem a próxima legislatura
16:46para referendar aquela mesma história.
16:50E essa decisão ainda abre uma margem
16:52para que quatro quintos do Supremo Tribunal Federal
16:55efetivem a medida.
16:57Quer dizer, você tem dois mecanismos ali
17:00de balança a se ponderar.
17:03É que quando se coloca só a síntese assim,
17:05de que pode derrubar medidas do STF,
17:09parece um controle total e absoluto.
17:11Mas não, é uma maioria qualificada.
17:12Quer dizer, não é maioria simples,
17:14é muita gente,
17:15é a maior parte ali do Congresso Nacional
17:17que teria que se juntar contra isso,
17:19que é muito difícil de se formar.
17:21E ainda existe uma possibilidade do Supremo
17:23fazer um contrapeso, vamos dizer assim,
17:27com uma maioria também grande.
17:28Exato, então a bola depois volta para o STF, né?
17:31E o STF está reclamando agora,
17:33ah, mas isso vai contra a independência dos poderes.
17:37Puxa, mas o que a Constituição diz
17:40é que os poderes têm que ser ali
17:41independentes e harmônicos entre si, certo?
17:45Quando você vê, os caras que escreveram
17:48essa Constituição de 1988,
17:50eles não tinham nenhuma ideia
17:52do que ia acontecer depois.
17:54Quer dizer, imagina,
17:56fala lá para o Ulisses Guimarães em 1988
17:58que os ministros iam sair
18:00tomando essas decisões,
18:02anulando leis sozinhos, né?
18:04Essas decisões monocráticas.
18:06Isso não acontecia antes.
18:07Isso aí é uma coisa que eles começaram
18:09a tomar essa liberdade
18:10e fazer cada vez mais.
18:12E é óbvio que isso vai contra
18:14a independência dos poderes, né?
18:16Como a suspensão da lei das estatais
18:18por Ricardo Lewandowski,
18:19que para agravar o quadro,
18:21ainda foi integrar o governo
18:23que ele beneficiou.
18:24E outras tantas coisas.
18:26Com o STF, na verdade,
18:27essa frase do Barroso é boa, né?
18:29Olha, não se mexe
18:32quando as instituições estão funcionando.
18:34Então, tá bom, vamos seguir a mesma lógica.
18:37Se mexe em instituições
18:38que não estão funcionando.
18:40E o STF não está funcionando
18:41quando ele ataca.
18:43Quando ele vai lá e manda
18:44prender parlamentar
18:46dizendo que é ali em flagrante, né?
18:49Quando a Constituição também fala
18:50só pode prender em caso de flagrante
18:53e crime inafiançável.
18:54O STF desrespeita a Constituição
18:56quando faz esse tipo de coisa.
18:58Desrespeita a Constituição
18:59quando impede o Executivo
19:01de nomear pessoas
19:03com coisas completamente,
19:05argumentos completamente nonsense, né?
19:07Do tipo, ah,
19:08essa nomeação afeta a moralidade.
19:10Como é que você prova isso, né?
19:12Quando censura a Cruzoé,
19:14quando censura a imprensa,
19:15quer dizer,
19:16tiraram do ar.
19:17Decisão do Alexandre de Moraes.
19:19Uma reportagem da Cruzoé
19:20absolutamente verdadeira,
19:23confirmada até não se poder mais
19:25pelos fatos.
19:26E que o codinome do Dias Toffoli
19:29na Odebrecht,
19:30em razão de e-mails
19:32de Marcelo Odebrecht,
19:33era amigo do amigo do meu pai.
19:35Isso teve repercussão internacional.
19:37Toffoli era
19:38the friend of my father's friend.
19:40Estavam lá os e-mails,
19:41foi documentado durante o processo,
19:44foram apresentados
19:44para o Marcelo Odebrecht,
19:46que em depoimento filmado,
19:47os vídeos estão aí,
19:48explicou a origem
19:49daquele codinome.
19:51E simplesmente porque foi
19:52inconveniente para o ministro,
19:54o Alexandre de Moraes censurou.
19:55Foi a primeira
19:55de uma série de censuras
19:57que vigoram até hoje.
19:59Claro que há casos
20:00de justiça eleitoral,
20:01em período eleitoral,
20:02que são um pouquinho diferentes.
20:04Agora,
20:05ele como ministro do STF
20:06está mandando suspender
20:07perfis inteiros
20:07em razão de postagens específicas,
20:10que muitas vezes ficam em sigilo,
20:12ou que,
20:12quando a gente descobre,
20:13eram contra ele próprio.
20:15Então,
20:16o ministro é vítima,
20:17é julgador,
20:18manda imediatamente suspender.
20:19Quer dizer,
20:20nada disso tem previsão constitucional.
20:22Está funcionando para quem?
20:23Está funcionando para blindar
20:24os ministros,
20:25assim como os ministros
20:26que suspenderam,
20:27o próprio Moraes
20:28suspendeu a apuração da Receita,
20:30quando havia informação
20:31de que mirava ali
20:32a esposa do Toffoli,
20:33tinha documento
20:34em relação à esposa do Gilmar.
20:36Então,
20:36assim,
20:37o STF deveria voltar
20:38para dentro da caixinha,
20:39mas não quer,
20:40porque quem tem muito poder,
20:42e poder individual,
20:44nunca mais quer ter menos.
20:45E, concluindo o raciocínio,
20:46essas duas PECs,
20:48elas seguem o bom senso,
20:50elas seguem o espírito
20:51da Constituição de 1988.
20:54O que elas querem
20:55é restabelecer
20:56o equilíbrio
20:58entre os poderes.
20:59Essa história também
21:00foi muito tratada
21:00como uma questão
21:01puramente política,
21:03de vingança do Arthur Lira
21:04contra essas decisões
21:05do Flávio Dino.
21:06Mas não,
21:07a gente precisa,
21:08de repente,
21:09há uma oportunidade
21:10de restabelecer
21:13esse equilíbrio
21:14dos três poderes.
21:15Exatamente.
21:16E há parlamentares
21:16que vão pressionar,
21:17evidentemente,
21:19para que isso avance,
21:21mas o Arthur Lira,
21:22ele libera aqui
21:24por causa de um outro interesse
21:26que ele tem lá.
21:27E aí,
21:28se ele precisar puxar
21:28a rédea de novo,
21:30ele puxa
21:31e faz lá o acerto
21:33nessas reuniões
21:33que têm acontecido.
21:34A gente não pode deixar
21:35de falar
21:35que existem acertos
21:36entre parlamentares
21:37e ministros do STF
21:38e tem uma reunião
21:39que foi comandada
21:40pelo próprio presidente
21:41do STF
21:42para discutir
21:42emenda parlamentar.
21:44Quer dizer,
21:44é um sistema
21:45desfuncional.
21:47É o contrário
21:48daquilo que o Barroso
21:49está falando.
21:50Hoje,
21:50esse é o sistema brasileiro.
21:52Não há separação
21:53e independência
21:54entre os poderes
21:54porque eles estão
21:56interligados
21:57e com uma promiscuidade
21:58absolutamente indevida.
22:01Estão juntos aí
22:02nas festinhas,
22:03casamentos,
22:04churrascos,
22:04etc.
22:05e fazendo nomeações
22:07e um agradando o outro.
22:09Então,
22:10é um discurso
22:11corporativista
22:12de quem não quer
22:13perder o poder,
22:14inclusive individual,
22:15de derrubar decisões
22:16de 513 deputados
22:18e mais 81 senadores,
22:20portanto,
22:20de 594 parlamentares
22:22eleitos
22:22pela população brasileira.
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