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O presidente do Instituto Não Aceito Corrupção critica em conversa no Crusoé Entrevistas o movimento dentro do Supremo Tribunal Federal, STF, para ampliar o foro privilegiado, que no Brasil inclui quase 54 mil pessoas. Segundo ele, pessoas que não ocupam mais cargos públicos devem ser julgadas em tribunais estaduais ou federais, em que juízes são escolhidos de maneira meritocrática.
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NotíciasTranscrição
00:00Olá, seja muito bem-vindo. Eu sou Duda Teixeira e esse é mais um Cruzoé Entrevistas. O assunto
00:16hoje é sobre a ampliação do Fórum Privilegiado e para falar sobre isso eu convidei o Roberto
00:24Liviano, ele que é presidente e idealizador também do Instituto Não Aceito Corrupção,
00:32é doutor em Direito pela USP e procurador de justiça pelo Ministério Público aqui de São
00:39Paulo. Roberto, você está aqui com a gente na linha, tudo bem? Seja bem-vindo. Tudo bem,
00:45é um prazer, Duda, estar com você e com todos que nos acompanham aqui pela Cruzoé. Ótimo,
00:50Roberto, então vamos tocar nesse assunto do Fórum. O que eu tenho lido é que tem aí uma
00:57iniciativa, um esforço para ampliar o Fórum, né? O STF parece que quer julgar pessoas que já não
01:05têm mais o Fórum Privilegiado ou o Fórum por Prerrogativa de Função, né? É isso mesmo que
01:13está acontecendo? Você podia explicar melhor o que está rolando? Duda, eu penso que nós vamos dar um
01:19passo atrás para sintonizar as pessoas e deixar todo mundo na mesma página. Em 2017, o senador
01:26Álvaro Dias apresentou uma proposta de emenda à Constituição, a PEC 333, 2017, e essa PEC propunha
01:35a supressão do Fórum Privilegiado, conservando o Fórum para pouquíssimas autoridades. E nós,
01:42no Instituto, éramos totalmente a favor, criamos um abaixo-assinado, mais de um milhão de pessoas
01:47assinou. Esta proposta foi aprovada por unanimidade em todas as comissões do Senado, foi posta em votação
01:54no plenário, foi aprovada por unanimidade, seguiu para a Câmara, foi discutida e aprovada nas comissões
02:00da Câmara, até chegar no plenário da Câmara, onde não foi submetida à votação. Ela segue trancada na
02:08gaveta da presidência da Câmara desde então. No ano seguinte, o Supremo Tribunal Federal debateu o tema e concluiu
02:18por 7 a 4 que o Fórum Privilegiado só deveria ser aplicado em relação aos ocupantes de cargos. Não faria jus ao
02:29foro privilegiado os ex-ocupantes de cargos. Logo na sequência, em razão dessa decisão, tomada em 2018,
02:40houve uma queda do movimento processual do Supremo da ordem de 40%. Em 2022, essa queda se acentuou e chegou a
02:4980%. Então, o que chama a atenção, Duda, é que esse assunto, menos de seis anos depois que foi decidido
02:59em 2018, seja retomado. Porque se você tem um assunto, por exemplo, como a união homoafetiva,
03:08esse é um tema que, com o passar do tempo, a sociedade rediscute, porque são novos os valores sociais.
03:15Célula-tronca, um tema novo. Mas o que mudou no Brasil de 2018 para cá para que esse tema precise
03:24ser rediscutido? Na verdade, nada. Nada mudou de 2018 para cá que justifique a retomada dessa discussão.
03:34Então, isso gera uma situação grave de insegurança jurídica. E a sociedade espera do Supremo Tribunal
03:41Federal, que ele nos forneça segurança jurídica. Isso é muito grave e isso é muito preocupante.
03:49Roberto, agora, por que essa proposta do Álvaro Dias não foi adiante? Os deputados não querem perder o foro, é isso?
03:59Olha, Duda, eu penso que haja uma série de motivos corporativistas, uma série de forças ocultas
04:10que pressionaram para que esta proposta não seja votada. O fato é que a Câmara não colocou em discussão
04:19e isso, ao final, não foi discutido. No Brasil, nós temos quase 54 mil pessoas que fazem direito ao foro privilegiado.
04:30Eu mesmo, como membro do Ministério Público do Estado de São Paulo, tenho direito ao foro
04:35e sou contra a manutenção do foro privilegiado. O Instituto do Foro foi criado em muitas décadas passadas,
04:46quando as instituições não eram organizadas da maneira como são hoje, numa época em que era necessário
04:53proteger o exercício de certas funções. Hoje, a magistratura estadual, a magistratura federal,
05:00são instituições muito sólidas, muito bem organizadas. Os concursos são meritocráticos, técnicos,
05:09muito bem organizados. Um juiz federal, um juiz estadual, ele é escolhido com critérios muito rigorosos.
05:16Então, eu penso que um ex-deputado, ele deve ser julgado pelos juízes estaduais, pelos juízes federais.
05:24Eles são escolhidos em concursos meritocráticos. Quando você transfere esse julgamento para o foro privilegiado,
05:33qual é a consequência disso? Você suprime o duplo grau de jurisdição, que é um princípio processual fundamental.
05:41Você suprime a isonomia, que é um princípio constitucional, todos são iguais perante a lei.
05:47E pior do que isso, você abarrota o Supremo Tribunal Federal de uma massa de processos de ex-ocupantes de cargos públicos.
05:57Roberto, agora, o que acontece quando o STF fica abarrotado de caso para analisar?
06:06Isso é um sério problema para a sociedade, porque, veja, quando você tem esta sobrecarga,
06:11veja, a partir de 2018, com a decisão do Supremo, houve uma redução do acervo de processos.
06:18No momento em que você decide de maneira diferente, que é o que pode acontecer agora,
06:23o STF, ficando sobrecarregado de casos, primeiro, ele tem dificuldade em cumprir a sua missão,
06:30que é de julgar as ações diretas de inconstitucionalidade, as ações por descumprimento de preceito fundamental,
06:37os recursos extraordinários, e vai precisar se dedicar a instruir essas ações penais.
06:45Ficará abarrotado desses processos todos, não terá condições de cumprir essa missão,
06:51e esses processos vão prescrever.
06:54A OCDE, recentemente, no seu quarto relatório,
06:58referente à implementação da Convenção Antissuborno,
07:01alertou que um dos problemas gravíssimos do Brasil
07:05é a incidência do problema da prescrição como fator de impunidade no Brasil.
07:12Brasil, que é o único país do mundo que tem a prescrição retroativa em matéria penal,
07:19o único país do planeta,
07:20e que, recentemente, em 2021, estendeu a prescrição retroativa
07:26à matéria da improbidade.
07:28Já não bastava a prescrição retroativa penal,
07:31agora também existe a prescrição retroativa em matéria de improbidade.
07:36Portanto, se for ampliado o foro para os ex-ocupantes de cargos,
07:43isso vai significar que o STF vai ficar abarrotado
07:47com todos esses processos de ex-ocupantes,
07:51e além da sua missão constitucional raiz, digamos assim,
07:54vai ter que cuidar desses processos todos,
07:58de ex-ocupantes, ex-deputados, ex-governadores, ex-presidentes,
08:03uma sobrecarga de trabalho,
08:05quando o normal é que isso vá para os juízes estaduais, juízes federais,
08:09porque eles não ocupam mais cargo,
08:11eles não devem ter mais o foro privilegiado,
08:14o foro com prerrogativa de função,
08:16isso já foi decidido em 2018.
08:17Tá, Roberto, agora eu entendo claramente esse motivo,
08:22então por que interessa os políticos corruptos
08:25de serem julgados pelo STF,
08:29porque aí abarrota um monte de processo
08:32numa fila enorme,
08:34e aí os casos acabam prescrevendo.
08:37Mas acho que tem um outro motivo aí
08:38que também o STF permite mais interferência de fora,
08:43não é mais fácil influenciar um ministro do STF
08:51do que um juiz de primeira instância, ou não?
08:55Muitos analistas, muitos conhecedores
08:59do jogo do poder, do jogo político,
09:02têm interpretado essa decisão
09:04no sentido de que este movimento
09:07se deveria ao fato de que o STF quer mais poder,
09:11quer ter mais controle.
09:15Alguns analistas entendem que essa decisão
09:19pode se relacionar ao fato
09:21de que, se assim for decidido,
09:25o STF recuperaria a competência
09:28que lhe permitiria julgar, por exemplo,
09:30o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.
09:34Assim como outras figuras políticas.
09:37Essa seria uma consequência.
09:38Todos aqueles que tiveram mandato
09:41e deixaram de ter passariam a fazer parte
09:47da competência do Supremo Tribunal Federal
09:50em decorrência desta decisão.
09:53Isto é um fato.
09:55Eu estou analisando tecnicamente.
09:57Nós não podemos nos esquecer
09:58que o desenho original do sistema de justiça,
10:02o próprio conceito de justiça,
10:04aquela ideia que a justiça é cega,
10:07da deusa Temes, com os olhos vendados,
10:09A justiça não deve observar
10:11a quem se destina a distribuição da justiça.
10:15Esse é o conceito da justiça.
10:17Não se deveria observar
10:19a quem se destina a decisão judicial.
10:22Este é o ideal.
10:24É o mundo do dever ser.
10:26No entanto, infelizmente,
10:28em muitas situações,
10:30muitos especialistas têm observado
10:33situações em que essa situação
10:36pode estar acontecendo de maneira diferente.
10:40É a análise que muitos estão fazendo.
10:43Eu estou me atendo a uma situação
10:45que me parece importante.
10:48Quatro anos depois da decisão de 2018,
10:51o movimento processual do Supremo
10:53caiu em 80%.
10:55E o Supremo interpretou a Constituição
10:57naquele momento e entendeu
10:59que os ex-ocupantes não devem ter
11:02o foro privilegiado.
11:03De lá para cá,
11:05não mudou nada no Brasil.
11:06A nossa dinâmica social não se modificou.
11:09A meu ver, não se justifica
11:11uma reinterpretação
11:14desta matéria neste momento.
11:17Se você vai falar de uma reinterpretação
11:1930, 40 anos depois,
11:22pode ter havido uma fadiga de material.
11:24Pode se justificar
11:25uma reanálise de um tema.
11:28Claro que uma reinterpretação
11:29é plausível.
11:31E claro também, Duda,
11:33que haverá fundamento jurídico
11:35para uma eventual decisão.
11:37Quase tudo se pode
11:39fundamentar juridicamente.
11:41Os ministros que estão votando,
11:43eles estão fundamentando
11:45a decisão deles
11:46na chamada
11:47perpetuácio jurisdicione.
11:49Tudo pode ser fundado juridicamente.
11:52Ou quase tudo.
11:53Sempre existe esse tipo
11:55de princípio jurídico.
11:57até porque o direito
11:59é uma ciência de natureza
12:00interpretativa.
12:04Interpretações
12:04sempre podem ser feitas.
12:06Existem pontos de vista,
12:08ângulos.
12:09Isso é possível construir.
12:11Eu estou falando
12:12de razoabilidade,
12:14de bom senso
12:14e de interesses na sociedade.
12:18Roberto, agora,
12:19aqui no meu trabalho,
12:20se diminuírem a minha carga
12:21de trabalho,
12:22eu vou ficar feliz da vida.
12:24no caso do STF,
12:27se eles ampliam
12:29o fórum privilegiado,
12:31eles, em tese,
12:32teriam muito mais,
12:33uma carga maior
12:34de trabalho
12:36para cumprir.
12:37Mas o que eles querem,
12:38eles não estão
12:38se importando muito
12:39com isso,
12:40eu imagino.
12:40O que eles querem
12:41é poder
12:42pensar alguns casos
12:44específicos,
12:45segundo o que você falou,
12:46para exercer esse poder.
12:48Não é isso?
12:48É possível, Duda.
12:51Esta é uma interpretação.
12:53Quando eu digo
12:54que se reduz o trabalho,
12:57isso está ligado
12:58à ideia do princípio
12:59da eficiência,
13:00é um dado objetivo.
13:03Há uma outra interpretação
13:04que outras pessoas
13:05estão fazendo,
13:07no sentido de que,
13:09ao decidir dessa maneira,
13:11o Supremo Tribunal Federal
13:12passa a ter mais poder.
13:16Esta é uma leitura possível,
13:17é uma leitura possível.
13:19Claro,
13:20não se pode ser ingênuo.
13:23E isto pode ser fundamentado
13:25no princípio
13:26da perpetuácio jurisdiciones.
13:29Agora,
13:30o que é razoável?
13:33Usarmos princípios formais,
13:37burocráticos,
13:38ou olharmos a ideia
13:40da prevalência
13:41do interesse público?
13:43Quatro anos depois,
13:44o movimento processual
13:47despencou.
13:48O caminho é
13:50na diminuição
13:51dos privilégios.
13:54Veja,
13:55o foro privilegiado
13:57significa
13:57que você suprime
13:59a ideia da isonomia,
14:00significa que você suprime
14:02o duplo grau
14:03de jurisdição.
14:04E qual é o anseio
14:05da sociedade?
14:06Se fizermos
14:07uma oitiva
14:08da voz da sociedade,
14:10a sociedade quer o fim
14:11do foro privilegiado.
14:12Será que isso tem
14:13alguma relevância
14:14relevância
14:14para essa deliberação?
14:16A meu ver,
14:17deveria ter.
14:19Acho que tem uma questão
14:20que o ser humano
14:21sempre quer mais poder.
14:24Então, acho que
14:25essa decisão
14:26que foi tomada
14:26de reduzir o escopo
14:28há seis anos,
14:30em 2018,
14:31meio que foi
14:31contraintuitiva,
14:33porque se diminui
14:34a carga de trabalho,
14:35se diminui o poder
14:36do STF.
14:38Mas tem muitos ministros
14:39lá que querem
14:40exatamente exercer
14:41esse poder.
14:42Não sei se também
14:43tem uma dose
14:43de vaidade,
14:45de narcisismo,
14:46de querer realmente
14:47influenciar
14:49nos rumos
14:50da nação,
14:52o que move
14:53esses ministros.
14:57Roberto,
14:57você sabe um pouco
14:58como é o foro
14:59privilegiado
15:00em outros países?
15:02Você comentou
15:02no começo
15:03que são 54 mil pessoas
15:05com foro privilegiado
15:06no Brasil,
15:07é isso?
15:07Isso tem paralelo?
15:09Sim, Duda,
15:10a tendência
15:11é a seguinte,
15:13é de inexistir
15:15foro privilegiado.
15:16Os países,
15:17eles têm
15:18foro privilegiado
15:21para algumas
15:22poucas autoridades.
15:24Essa é a regra.
15:26E a proposta
15:27do senador
15:28Álvaro Dias
15:29é que nós
15:30tivéssemos
15:31foro privilegiado
15:32para o presidente
15:32da República,
15:34para o presidente
15:34do Senado,
15:36para o presidente
15:36da Câmara,
15:37para o procurador-geral
15:38da República,
15:40está certo?
15:41Para os ministros
15:41do Supremo Tribunal Federal
15:43e ponto final.
15:45Agora,
15:46você ter
15:47foro privilegiado
15:48para 54 mil pessoas,
15:51eu tenho impressão
15:52que isso é recorte mundial,
15:54isso não é plausível.
15:56Então,
15:57a tendência mundial
15:59é no sentido
16:01restritivo.
16:02aliás,
16:05a ideia do privilégio,
16:06o Brasil
16:07é o país
16:08dos privilégios,
16:09dos carros
16:12oficiais,
16:13dos palácios,
16:14isso não é razoável.
16:16Um país
16:17em que você tem
16:18tantas pessoas
16:19que não são atendidas
16:20pelo saneamento básico,
16:22em que você tem
16:23tanta desigualdade social,
16:25isso não é razoável.
16:26Tantos palácios,
16:28tanta riqueza,
16:29tudo tem que ser
16:31razoável,
16:33não é razoável.
16:36Chamou a atenção
16:36essa questão
16:37que você falou
16:37dos privilégios,
16:38porque aqui
16:39o nome mesmo
16:40é foro
16:40por prerrogativa
16:41de função,
16:42mas o povo
16:44conhece mesmo
16:45como foro privilegiado
16:46porque vê
16:47que isso é um privilégio.
16:49Geralmente,
16:50as pessoas
16:51são blindadas
16:53ou não são julgadas
16:55porque o caso
16:56prescreve.
16:58Então,
16:58acho que a população
16:58tem claramente
16:59essa ideia
17:00de que
17:00é mais para proteger
17:02quem desvia dinheiro
17:04ou lavagem de dinheiro
17:06do que realmente
17:07para ter um bom julgamento.
17:09É uma blindagem,
17:11Duda,
17:11como você falou.
17:12É uma nomenclatura
17:14para que
17:16a situação
17:17seja melhor
17:18compreendida
17:19pelas pessoas
17:20leigas.
17:22Se você fala
17:22foro
17:23por prerrogativa
17:24de função,
17:26essa é uma expressão
17:27de difícil compreensão
17:29pelas pessoas.
17:30Quando você diz
17:31foro privilegiado,
17:33fica mais fácil
17:33que as pessoas
17:34compreendam
17:35que é algo
17:36de elite,
17:39algo,
17:40um escudo,
17:41uma blindagem.
17:43Então,
17:43eu penso
17:44que essa expressão
17:45foi cunhada
17:45para que haja
17:46uma compreensão
17:47mais fácil
17:48de que se trata
17:49de uma benesse,
17:51de um privilégio,
17:52realmente,
17:53de uma blindagem,
17:53de um escudo,
17:54de um instrumento
17:56protetivo
17:57não razoável.
17:59Eu penso
18:00que a ideia
18:00é essa.
18:02E eu lembro também
18:03que quando,
18:04ainda no governo
18:05da Dilma Rousseff,
18:06que ela
18:07mandou o Bessias
18:09com uma carta
18:12nomeando o Lula
18:15chefe da Casa Civil,
18:17acho que naquela época
18:18o Gilmar
18:19manda uma decisão
18:21monocrática
18:22dizendo, olha,
18:23isso daí é para ele ter,
18:26para ele se blindar,
18:28quer dizer,
18:29ele ter uma justiça
18:30mais branda
18:31do que pegar
18:32a Lava Jato
18:33de frente.
18:35Acho que até
18:36era o Gilmar
18:36nessa época
18:37que fez isso
18:39e no final
18:39a história
18:41caiu no limbo
18:41porque a Dilma
18:42sofreu impeachment
18:43e o Lula
18:44acabou preso mesmo.
18:46Mas realmente
18:47tem essa ideia
18:48de ser um privilégio
18:50onde a justiça
18:51ali é mais branda, certo?
18:54É verdade.
18:54É verdade.
18:56E justamente
18:57isso,
18:59essa nomenclatura
19:00como a gente
19:00estava falando antes,
19:02está ligada a isso,
19:03procurar esses atalhos,
19:05esses caminhos
19:06para que a solução
19:08acabe sendo
19:10mais suave,
19:11o atalho da justiça
19:13beneficie aquele
19:15que pode ser
19:16por ela atingido.
19:18Roberto,
19:19você podia contar
19:20um pouquinho mais
19:21do que é
19:21o Instituto
19:22Não Aceito Corrupção?
19:23O que vocês fazem?
19:25Uma honra,
19:26uma alegria.
19:27Nós,
19:27inclusive,
19:28na semana passada,
19:30nós entregamos
19:31o quarto prêmio
19:33Não Aceito Corrupção.
19:34Revelamos os vencedores
19:35e o prêmio
19:37vem evoluindo
19:38ano a ano.
19:39Nessa edição
19:40tivemos seis categorias,
19:42Academia e Tecnologia e Inovação,
19:44voltada para
19:45acadêmicos de graduação
19:47e pós-graduação,
19:48Experiência Profissional
19:50e Boas Práticas
19:51de Governança,
19:52voltadas para
19:53o mundo profissional
19:54e o mundo corporativo,
19:57e Jornalismo Investigativo
19:58e Jornalismo Local,
20:00voltada para
20:01o mundo jornalístico.
20:03Cada uma das categorias
20:05premiou três pessoas
20:07ou empresas,
20:08portanto,
20:08tivemos 18 premiados
20:10com trabalhos extraordinários.
20:13Nessa edição do prêmio,
20:14nós tivemos 238 trabalhos,
20:17foi um recorde absoluto
20:18de todas as edições.
20:20Criamos também
20:21a menção honrosa
20:22para a integridade no esporte,
20:24é um embrião
20:25de futura categoria
20:26que nós estamos estudando,
20:28a possibilidade de criar
20:28na próxima edição.
20:30E também nessa edição
20:31instituímos o grande prêmio
20:34por campeão dos campeões,
20:36das seis categorias.
20:39Montamos uma banca
20:40e a banca deliberou
20:41qual é o melhor
20:42dos seis trabalhos
20:43e foi o vencedor
20:45da categoria
20:45experiência profissional.
20:47Um trabalho muito interessante
20:49de um candidato
20:51do Rio de Janeiro
20:52que trabalhou
20:53voltado para os resultados
20:54de um teste de integridade
20:56numa empresa privada.
20:58Então,
20:58foi um conjunto
20:59de observações
21:00em relação
21:01a um teste de integridade
21:02numa empresa privada,
21:04fazendo uma série
21:05de comentários
21:05em relação
21:06a este teste.
21:07no jornalismo investigativo,
21:11o Breno Pires
21:12foi vencedor,
21:14um trabalho muito interessante
21:15sobre orçamento secreto
21:17em relação ao SUS,
21:19e assim por diante.
21:20Foram trabalhos
21:21de uma qualidade
21:22extraordinária,
21:23cada edição do prêmio
21:25vai evoluindo,
21:26e essa é uma etapa
21:28do trabalho,
21:29Duda,
21:29porque agora
21:30que terminou
21:31a escolha dos melhores,
21:33agora começa
21:33a próxima etapa,
21:34nós estamos organizando
21:36um e-book
21:36com os 18 trabalhos
21:38premiados,
21:39e assim que esse livro
21:40ficar pronto,
21:41nós vamos divulgá-lo,
21:42vamos fazer um evento
21:43de lançamento
21:44para disseminar
21:45essas práticas,
21:46para que elas impactem
21:48concretamente
21:49na esfera privada,
21:51no mundo público,
21:52no terceiro setor,
21:53para que concretamente
21:54essas ideias
21:56contribuam
21:56para a melhoria
21:57do combate
21:58à corrupção.
21:59Então, o prêmio
22:00é uma das iniciativas,
22:02anualmente nós organizamos
22:03um grande seminário
22:05Caminhos Contra a Corrupção,
22:06estamos, portanto,
22:07no nono seminário,
22:09que vai acontecer
22:09no segundo semestre,
22:13talvez o maior evento
22:14do mundo anticorrupção,
22:16para debater
22:16os principais assuntos
22:18e construir
22:19este debate
22:21qualificado
22:22a respeito disso.
22:23Somos voz ativa
22:25no Congresso Nacional,
22:27os projetos,
22:28sempre existe
22:30uma voz importante
22:32do Instituto
22:32em relação a isso,
22:33participamos,
22:35estamos intervindo
22:36com o Amicos Cury
22:37nas principais discussões
22:39dos tribunais superiores,
22:40somos chamados
22:41nos conselhos,
22:43nas discussões,
22:44amanhã,
22:44inclusive,
22:45um conselho misto
22:46do Congresso
22:47nos chamou
22:48para sermos ouvidos
22:49em relação
22:50à pauta
22:50da agenda legislativa,
22:52semana passada
22:53estaremos em Brasília
22:55em audiência
22:56com o Procurador-Geral
22:57da República,
22:58com o Presidente
22:59do Senado,
22:59para discutir
23:00uma série de assuntos
23:01relacionados
23:02à agenda
23:03anticorrupção,
23:05estamos preparando
23:06um grande projeto
23:07que nós queremos
23:07lançar no ano que vem,
23:09o ano dos 10 anos
23:10do Instituto,
23:10que é o Observatório
23:11da Corrupção.
23:13Portanto,
23:13o Instituto
23:14trabalha
23:15com pesquisa,
23:17política pública
23:18anticorrupção,
23:18mobilização da sociedade
23:20e educação.
23:21Estamos preparando
23:22a nossa segunda edição
23:24da pesquisa
23:24Percepção Cotidiana
23:26da Corrupção,
23:27que é uma pesquisa
23:28que nós pretendemos
23:29sempre publicar
23:30nos anos de eleições
23:32para contribuir
23:33com a formação
23:33do senso crítico
23:34do cidadão
23:35para que ele leve
23:36em conta
23:37esse vetor
23:38na definição do voto.
23:40Essa pesquisa
23:41deve ser publicada
23:42no mês que vem.
23:44E como é que está
23:45a percepção
23:45da corrupção
23:46do brasileiro?
23:48Porque a transparência
23:49internacional
23:50mostrou
23:51o Brasil cai
23:52no ranking
23:53da percepção,
23:55que sinaliza
23:55que a população
23:57está sentindo
23:57que a corrupção
23:58está aumentando.
23:59Essa percepção
24:00que vocês têm também?
24:02Duda,
24:03a questão é a seguinte,
24:04isto é algo
24:05cíclico,
24:07isto não é estático,
24:09a pesquisa
24:10é um recorte
24:11de momento
24:12e você não pode
24:13esmorecer
24:15em relação a isso.
24:16O trabalho
24:17é no sentido
24:18de você
24:19mostrar
24:20o quanto
24:21o tema
24:21da corrupção
24:22é relevante,
24:24a angústia
24:25do brasileiro
24:25em relação
24:26à corrupção
24:27é algo
24:27que vem
24:28se solidificando,
24:30mas a pesquisa
24:30é um recorte
24:31de momento.
24:32Então,
24:33as perguntas
24:34que são dirigidas
24:35às pessoas
24:36que são entrevistadas,
24:37elas vêm sendo
24:38elaboradas,
24:39reelaboradas
24:40para tocarmos
24:42o dedo
24:42nessa ferida
24:43e,
24:44neste ano,
24:45nós retrabalhamos
24:46isso
24:47e queremos
24:48enfocar
24:49uma série
24:49de temas
24:50como a rachadinha,
24:51compra de votos,
24:53etc,
24:53etc,
24:53para provocarmos
24:55as pessoas
24:56em relação
24:56a esses temas
24:57para que
24:58estejam
24:58atentos
24:59a tudo isso
25:00no momento
25:00da definição
25:01do voto.
25:02Mas isso é algo,
25:03Duda,
25:04que não pode ser
25:04reservado
25:05ao momento,
25:06instante,
25:07tem que ser
25:07uma preocupação
25:07permanente
25:08para que
25:10o tema
25:11esteja sempre
25:12em discussão,
25:13sempre em pauta
25:14e sempre presente
25:16no momento
25:16em que se define
25:17o voto.
25:18para que
25:19o eleitor
25:20indague
25:21do seu candidato
25:22no momento
25:23da campanha,
25:24para que o eleitor
25:25cobre do eleito
25:26depois,
25:27para que isso
25:27se transforme
25:28numa preocupação
25:29permanente
25:31do cidadão.
25:32E essa é uma
25:32construção
25:33que deve ser
25:34permanente.
25:35Não adianta
25:36falar disso
25:36no momento
25:37e,
25:37no momento
25:38seguinte,
25:38isso ser
25:39abandonado.
25:40Joia.
25:41Roberto,
25:42superobrigado
25:43pela entrevista.
25:45Uma alegria,
25:46um prazer
25:46e quem está
25:47nos acompanhando,
25:48eu gostaria
25:48de convidar
25:49para segui-lo
25:50no Instagram,
25:51Roberto Liviano
25:52Oficial,
25:53e seguir também
25:54Não Aceito Corrupção.
25:56Um prazer,
25:56uma alegria,
25:57até a próxima.
25:58Tchau,
25:58até a próxima.
26:00Bom,
26:00eu conversei agora
26:01com o Roberto Liviano,
26:03presidente e fundador
26:04do Instituto
26:05Não Aceito Corrupção,
26:07ele que é doutor
26:08pela USP
26:09e também
26:10procurador de justiça
26:12do Ministério Público
26:13aqui em São Paulo.
26:15Esse foi mais um
26:15Cruzoé Entrevista
26:17e até a próxima.
26:18Tchau.
26:18Tchau.
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