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  • 07/06/2025
O economista Luiz Gonzaga Belluzzo analisa a desindustrialização brasileira, destacando a queda da participação da indústria de transformação no PIB. Ele critica políticas neoliberais e a ausência de uma estratégia industrial, apontando a necessidade de investimentos em tecnologia e colaboração entre Estado.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/zqAwLUFBpck

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Transcrição
00:01Aí deixa eu só perguntar uma questão para o senhor.
00:05Nesses, vamos chamar, anos dourados da economia brasileira,
00:09em 1930, 1980, 50 anos, meio século,
00:14foi marcado pelo processo de industrialização.
00:17Se nós lembrarmos especialmente o Quinquênio Juscelinista,
00:21em 1956, 1961, a chegada das montadoras,
00:26aqui o ABC Paulista, São Bernardo Camping em especial,
00:28todo esse processo de industrialização,
00:31no mesmo momento, num grande deslocamento
00:33de força de trabalho do Nordeste aqui para o Sudeste.
00:37E o Lula veio nessa.
00:38E o Lula é produto justamente desse deslocamento fantástico
00:42desse crescimento enorme da economia brasileira,
00:44marcado pela indústria.
00:46Hoje, quando a gente olha os dados do PIB brasileiro
00:49e olhamos a indústria, ela cada vez diminui
00:52a sua porcentagem, sua presença no PIB nacional,
00:56assim como nas exportações brasileiras,
00:58que, em certo momento, era bastante significativo.
01:00Você já deu uma aula sobre isso, eu não preciso falar nada.
01:02Não, não.
01:03Eu coloco para o senhor o seguinte.
01:06Por que dessa nossa desindustrialização?
01:09O que aconteceu conosco?
01:11Alguns falam assim, professor,
01:13elogiam a questão das commodities,
01:16a nossa presença hoje no mundo,
01:18mas aqueles mais radicais falam,
01:21pô, será que não é uma estrutura neocolonial?
01:24Ou, será que nós não conseguimos mais voltar
01:28a ter uma indústria importante no mundo?
01:32E quando nós chegamos a ter aqui
01:34uma presença industrial tão importante,
01:36o que aconteceu com o setor industrial?
01:39Então, nós estávamos falando do plano real, né?
01:41Sim, sim.
01:42Então, o plano real, da maneira que ele foi executado,
01:46deu um passo importante para a desindustrialização.
01:50Mas nós não podemos esquecer que isso começa
01:52ali na crise da dívida externa, né?
01:57Que você foi enfraquecendo a indústria nacional.
01:59Então, a queda em 1980, 79, 80,
02:08a participação da indústria de transformação no PIB
02:12era 28%, quase 30%.
02:14Hoje em dia é 9%.
02:17É 9%.
02:17É 9%.
02:19Então, é assustador isso, né?
02:21É uma coisa complicada.
02:23Agora, a industrialização brasileira,
02:25ela ocorreu dentro do determinado ambiente tecnológico, não é?
02:32Dos anos do pós-guerra para frente, né?
02:37Você estava falando da entrada de automobilística,
02:42do surgimento da automobilística.
02:45Então, esse é um exemplo para mim
02:46que eu costumo falar,
02:49porque eu gosto dessas ambiguidades,
02:52falar que o projeto nacional,
02:55internacionalizou a economia brasileira.
02:58Projeto nacional, internacionalizou.
03:00Porque há muita, na verdade, firula
03:04falando da nação como se fosse uma coisa separada
03:08do resto do mundo, e nunca foi.
03:11E o Juscelino,
03:14por habilidade, pela assessoria que tem,
03:17ele conseguiu um desempenho fantástico.
03:22Assim como depois o regime militar,
03:25brasileiro, a gente tem que falar isso,
03:27porque é uma questão da verdade,
03:29como vocês estão dizendo.
03:31O regime militar,
03:33sobretudo depois
03:34do plano do Roberto Campos, etc.
03:39E o Delfim,
03:40o Delfim foi muito meu amigo, né?
03:42Depois que ele saiu do governo.
03:45Então, ali, você tem o período
03:46do milagre brasileiro, né?
03:48Porque você não abandonou
03:50aqueles projetos e propósitos
03:53de avançar na industrialização.
03:57Infelizmente, isso foi interrompido
03:59pela crise da dívida externa.
04:02Porque aí tem o seguinte,
04:03eu não gostaria de falar isso,
04:06mas vou falar.
04:07Nós entramos na armadilha
04:09que o Martinez de Rosa
04:11estava propondo, né?
04:13Então, nós achamos,
04:14na verdade,
04:15as taxas de juros
04:16das operações
04:19dos empréstimos estrangeiros
04:21eram muito baixas,
04:22eram em torno de 6% ao ano.
04:24E nós,
04:26na verdade,
04:27fizemos um movimento
04:29de financiamento da economia
04:31muito perigoso.
04:33E isso teve um papel,
04:36eu era amigo dele, etc.,
04:38mas nunca mais vou esquecer
04:40que o Mário Henrique Simonsen
04:41é que promoveu isso,
04:45esse estímulo
04:46ao endividamento externo.
04:50Isso já é no governo Geisel, né?
04:52No governo Geisel, isso.
04:54No governo, exatamente,
04:55no governo Geisel.
04:56Como resposta,
04:57acho que é o primeiro choque
04:58do petróleo de 78.
04:59Isso, isso, isso, isso.
05:01É isso mesmo.
05:01O choque do petróleo
05:02tem a ver com
05:04acumulação de dólares
05:06na mão dos países produtores,
05:10árabes, né?
05:12E aí você teve a reciclagem
05:13dos petrodólares.
05:16Por exemplo, o Citibank
05:17tinha um representante no Brasil
05:20que era importante lá
05:22e que promoveu
05:25ou fez a propaganda
05:28desse processo de endividamento, né?
05:32Acabou onde acabou, né?
05:34Porque quando houve...
05:35Por que que acabou?
05:38Qual foi o motivo imediato
05:40da...
05:41da...
05:43da...
05:44da...
05:44eclosão da dívida externa?
05:46Eu estava em Belgrado,
05:49vou contar,
05:50Belgrado,
05:50numa reunião
05:51do Fundo Monetário Internacional.
05:53Então, o Alexandre Kafka,
05:58não sei se você lembra dele,
05:59foi...
05:59Foi representante durante décadas
06:01do Brasil lá, né?
06:02Lá, isso.
06:02Aí ele ficou...
06:04Nós estabelecemos
06:05uma boa relação.
06:07Ele me levou
06:08para conversar
06:08com o Paul Volcker
06:09na reunião do fundo.
06:11Só para lembrar
06:12o presidente
06:13do Banco Central...
06:14É, desculpa, desculpa.
06:16É, Paul Volcker.
06:17E aí eu comecei
06:18a conversar com ele
06:19e havia um projeto europeu
06:22porque é o seguinte,
06:24ao longo dos anos 70,
06:25depois da crise,
06:26o dólar sofreu
06:27uma desvalorização incrível.
06:30E a inflação americana
06:31em 78
06:32foi de 13,5%,
06:35o que, na verdade,
06:36é excepcional
06:37no caso da economia americana, né?
06:40E o que
06:41foi, então,
06:45determinado?
06:45Ele falou
06:46ninguém vai contestar
06:48o poder do dólar.
06:49falou para mim, né?
06:52E aí ele voltou
06:53para os Estados Unidos
06:53um pouco antes
06:55da reunião terminar
06:56e subiu a taxa de juros.
06:58Sabe como foi a escalada?
07:00Se lembra?
07:01Foi dois dígitos, né?
07:02Foi a 21%.
07:04Foi assim,
07:05caminhando
07:06ao longo dos anos 80,
07:07chegaram a 21%.
07:08O que aconteceu
07:09com os países devedores?
07:11Quebraram.
07:11Quebraram.
07:13Deixa eu colocar
07:14uma questão para o senhor
07:15que nós já estamos indo
07:16para o último terço.
07:17Parece futebol,
07:17que agora é moda
07:18falar um terço,
07:19um terço,
07:20último terço.
07:20Estamos indo
07:21para o último terço
07:22do programa, professor.
07:25Curiosamente,
07:25o senhor citou
07:26a questão do regime militar.
07:27Eu também gostava muito
07:29do professor Delphi Neto
07:30e várias vezes
07:32nós conversamos.
07:35Se no campo político
07:36o regime militar
07:37era anti-varguista,
07:38no campo econômico
07:39era varguismo puro.
07:41Perfeito, perfeito.
07:42Porque a tradição é incrível.
07:43Para voltar às ambiguidades.
07:45E a presença do Estado
07:48no governo Geisel,
07:49isso ficou muito claro,
07:50foi muito importante.
07:51Sim, Itaipu
07:52não existiria
07:53sem o gasto público.
07:54Claro,
07:54como elemento indutor
07:56do desenvolvimento.
07:57Você sabe qual era
07:57a participação
07:58do gasto público
07:59no PIB?
07:59Não.
08:00Era em torno de
08:0212%, 13%.
08:05Eu preciso me lembrar
08:06exatamente dos dados.
08:08Sim.
08:08Agora,
08:09vamos saltar então
08:10desse momento
08:11dos anos 70
08:12e antes saltando
08:14a questão da crise
08:15de 82
08:15e chega hoje
08:16em 2025.
08:18O Estado ainda
08:20é um elemento
08:21indutor do desenvolvimento.
08:22O que aconteceu
08:23com o Estado brasileiro?
08:26Meu caro Marco Villa,
08:29não existe nenhuma
08:30experiência de crescimento
08:31sem ter uma articulação
08:32entre Estado
08:33e mercado.
08:35Nenhuma.
08:36Você vai ao longo
08:37da história,
08:38eu não vou
08:39nem citar o Roosevelt,
08:40porque foi importante
08:42ao combater
08:44a deflação,
08:47mas pegar a França,
08:48por exemplo,
08:49sempre teve
08:50o que chamavam
08:52de dirigismo,
08:53o dirigismo.
08:55Assim como a Alemanha
08:57do Bismarck
08:58construiu a sua potente
09:02base industrial
09:03a partir das políticas
09:04estatais
09:07organizadas pelo
09:08Otto von Bismarck.
09:10Brasil, né?
09:11Então, esses são
09:12exemplos, mas
09:13num avançar
09:14da...
09:16Vamos pegar
09:16os Estados Unidos,
09:18né?
09:20O gasto militar
09:22nos Estados Unidos
09:22tem uma grande
09:23importância,
09:25enorme.
09:27Hoje em dia,
09:28o ano passado
09:29ele estava em
09:30900 e
09:31poucos
09:32bilhões de dólares,
09:34né?
09:35Por que
09:35que ele é importante?
09:36O Vale do Silício
09:37é produzido
09:39em boa medida
09:40pelo gasto militar.
09:42Por que
09:42que o gasto militar
09:43faz?
09:44Ele, na verdade,
09:44contribui
09:45para a pesquisa
09:47de tecnologia,
09:49né?
09:49Essa pesquisa
09:50é passada
09:51para os
09:52empresários,
09:54né?
09:54Porque o pessoal
09:55do Vale do Silício,
09:58né?
09:58Eles são a última
09:59etapa
09:59desse processo.
10:01Esse processo
10:01começa lá embaixo,
10:03né?
10:03Começa lá embaixo
10:05no gasto militar
10:07com pesquisa,
10:08com desenvolvimento,
10:10etc.,
10:11né?
10:12E
10:12isso precisa ser
10:15levado em conta.
10:16Porque dizem
10:17os Estados Unidos
10:17é uma economia liberal.
10:19Mentira.
10:21Sempre foi,
10:22sempre foi
10:23uma economia,
10:24isso eu não sei
10:25se você
10:26se lembra,
10:27você é mais moço
10:28que eu,
10:29do Eisenhower.
10:30O complexo
10:31industrial militar,
10:33que é o último
10:34discurso dele
10:34em 61,
10:35antes de passar...
10:36Ainda bem que eu falo
10:37com um bom historiador.
10:40Mas é...
10:41Agora,
10:41e jogando
10:42para o nosso caso
10:43aqui,
10:44para o Brasil,
10:44o que aconteceu
10:45com o nosso Estado?
10:46Onde também
10:47ele começou
10:47a capengar
10:48e perdeu
10:49essa capacidade
10:50de apontar
10:51o crescimento
10:52econômico
10:53e ter recursos
10:54suficientes
10:54de investimento?
10:56Pois é.
10:57Isso é uma
10:58boa questão,
10:59isso foi sendo
10:59desarranjado
11:02e destruído
11:04ao longo
11:04do tempo.
11:07Digamos que
11:08depois da crise
11:11da dívida externa,
11:13qual era a gritaria
11:14que isso
11:16tenha ocorrido
11:16porque o Estado
11:17gastou demais?
11:19E hoje em dia
11:20ainda está de pé
11:20essa ideia.
11:23Então,
11:23eu gosto
11:24sempre de usar
11:24o exemplo
11:26da China.
11:28A China
11:29fez as reformas,
11:30etc.,
11:31que, na verdade,
11:32abandonaram
11:33aquele projeto
11:35de economia
11:36de comando,
11:37como era
11:37a União Soviética.
11:39Eles transitaram
11:41rapidamente
11:41para uma economia
11:42em que articulava
11:45o mercado
11:45com o Estado,
11:47que é um exemplo
11:48fantástico,
11:50porque é o seguinte,
11:51os bancos públicos
11:54chineses
11:54que têm
11:5580% do crédito,
11:57eles, na verdade,
11:57financiam
11:58o setor privado
12:00e as empresas
12:01estatais chinesas.
12:03Porque as empresas
12:03estatais chinesas
12:04são grandes demandantes
12:06de bens,
12:08de produtos
12:10da...
12:11São grandes
12:12estimuladores,
12:13desculpe,
12:14da área
12:15privada.
12:17E o país
12:17onde você tem
12:18mais empreendedorismo
12:20hoje
12:21é na China,
12:22por incrível
12:22que pareça.
12:24Aí o pessoal
12:24fica dizendo,
12:25não,
12:26é comunista,
12:27não,
12:27é uma
12:28construção
12:30muito
12:31eficiente.
12:33Veja o que ele está,
12:34a superioridade
12:34tecnológica
12:35deles.
12:37E nesse caso,
12:38é que nós já estamos
12:39indo para o final,
12:40professor,
12:40e depois eu quero
12:41voltar ao Brasil,
12:42mas só pegando
12:42o gancho da China.
12:44Como a gente
12:45definiria a China?
12:47É um modo
12:48de produção capitalista,
12:49é um modo
12:49de transição
12:50para o socialismo,
12:51é um modo
12:52de produção socialista,
12:53isso naquelas
12:54definições clássicas.
12:55Clássicas, né?
12:55Definiríamos
12:57qual é o capitalismo
12:57de Estado,
12:59como que seria
12:59a definição
13:00da China hoje?
13:01Você pode chamar
13:02de um socialismo
13:02de mercado.
13:03Socialismo de mercado,
13:04perfeito.
13:06Porque os chineses
13:08entenderam,
13:08eu tenho dois volumes
13:10que tratam
13:12do processo
13:12de,
13:14desde os anos
13:1580,
13:16eles começaram
13:17a ser reintegrados
13:18na economia internacional
13:20no acordo
13:21que eles fizeram
13:21com o Kissinger,
13:23né?
13:23lá em 74,
13:25mas eles só conseguiram
13:27mobilizar isso
13:27a partir dos anos 80.
13:30Você olha,
13:31é uma discussão
13:31tão ampla
13:32entre todos
13:34os sociólogos,
13:35economistas,
13:36etc.,
13:37que forneceram
13:40as bases
13:41para as reformas
13:42do Deng Xiaoping,
13:44certo?
13:45E aí começa
13:46a economia
13:48socialista
13:51ou de
13:52capitalista
13:54de Estado
13:54ou socialista
13:55de mercado.
13:56O problema
13:56de você
13:57ficar com o nome
13:58é que você se perde,
13:59mas é um sistema
14:00peculiar.
14:01Sim.
14:02Peculiar.
14:04Você pode chamar
14:04do que você quiser.
14:05do que você quiser.

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