Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • anteontem
No Visão Crítica, Marcus Vinícius de Freitas, Valdir Bezerra e Juliana Inhasz debatem a entrada de novos membros, como Irã e Arábia Saudita, no BRICS. Eles analisam como essa expansão traz uma maior diversidade, mas também os desafios de conciliar posicionamentos de países com conflitos bilaterais, como a Rússia, dentro do próprio bloco.

Confira o programa na íntegra em: https://youtube.com/live/CRp3qewAzSc

Siga o canal "Jovem Pan News" no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029VaAxUvrGJP8Fz9QZH93S

Baixe o app Panflix: https://www.panflix.com.br/

Inscreva-se no nosso canal:
https://www.youtube.com/c/jovempannews

Entre no nosso site:
http://jovempan.com.br/

Facebook:
https://www.facebook.com/jovempannews

Siga no Twitter:
https://twitter.com/JovemPanNews

Instagram:
https://www.instagram.com/jovempannews/

TikTok:
https://www.tiktok.com/@jovempannews

Kwai:
https://www.kwai.com/@jovempannews

#JovemPan
#VisãoCrítica

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Professor Marcos Vinícius de Freitas, vocês tocaram rapidamente, o senhor também,
00:07a entrada originalmente era Brasil, Rússia e ainda a China, aí veio a África do Sul.
00:13E agora a inclusão de muitos membros muito dispares, eu não entendi inclusive alguns deles
00:20qual a razão de fazer parte do BRICS, quer dizer, entendo que eles queriam fazer parte,
00:27mas eu não sei se isso não perdeu uma certa homogeneidade inicial de quando foi criado,
00:32não sei se estou correto ou não.
00:34Na opinião do senhor, essa entrada dos novos membros ajuda o fortalecimento do BRICS,
00:40há um perigo, o senhor lembrou o caso do G77, para muitos que nos acompanham,
00:45vocês colocam lá num site de busca, que era um grupo muito conhecido à época,
00:50não é também a Conferência dos Países Não Alinhados, voltar a Bandung em 1955 na Indonésia,
00:56nada disso, é uma outra coisa, porque nós vemos um outro momento da história
01:00em que o eixo econômico se transfere para a região Ásia Pacífica, o eixo econômico do mundo.
01:05Na sua opinião, essa entrada dos novos membros, é benéfico ou não?
01:09Eu acredito, professor Vila, que reflete a diversidade do mundo, não é?
01:14E nós temos ali algumas coisas muito interessantes, por exemplo,
01:18a aproximação de Etiópia com o Egito.
01:22Tem problemas ali, enormes, na questão do Nilo, que quase que leva à guerra, muitas vezes,
01:28e a oportunidade de colocar esses dois para conversarem do ponto de vista de aproximação econômica.
01:35Nós temos a entrada do Irã e da Arábia Saudita, que está ainda meio cambaleando,
01:41mas o acordo que a China logrou no passado entre a Arábia Saudita e Irã também é inédito.
01:47Então, é uma aproximação importante.
01:49Trazer os países produtores de petróleo também é importante para o bloco ter uma relevância econômica
01:55cada vez maior, porque o petróleo ainda é o grande fator de energia do mundo.
02:02Por que vem a Indonésia?
02:03Bem, se nós pensarmos em Indonésia, é o maior país islâmico do mundo, não é?
02:07Neste processo todo.
02:08Então, a gente vai anotando que esta diversidade, que é a heterogênea, é um objetivo muito diferente do G7,
02:17que tem as suas diversidades internas.
02:20Nós podemos falar o que quisermos, mas a economia dos Estados Unidos é muito maior do que a dos outros países.
02:25É a mesma coisa que, às vezes, falam.
02:27Não, mas a economia chinesa é muito maior do que a dos outros membros do BRICS.
02:30É a mesma situação no G7.
02:31Isso também acontece.
02:32Mas a heterogeneidade do BRICS é o reflexo que quer se dar, efetivamente, num ambiente de multilateralismo.
02:42Então, esta que é, eu acho, o cerne fundamental.
02:45Tanto é que, se nós pensarmos naquele momento de constituição do BRICS, em que se trouxe a África do Sul,
02:52não se trouxe a África do Sul porque era a maior economia da África.
02:55A maior economia africana é a Nigéria.
02:57Então, por que se escolheu a África do Sul?
02:59Por causa do histórico da África do Sul, pela heterogeneidade da África do Sul.
03:05Podemos esquecer que Mandela era de uma família real dentro do contexto dos vários reinos que compõem a África do Sul.
03:10Eles chamam de Rainbow Nation, a nação do arco-íris.
03:14Então, reflete muito daquilo que é a África.
03:16É por essa razão que nós observamos que esta heterogeneidade, que é a grande diversidade,
03:22é que pretende ser uma marca do bloco.
03:25Então, por essa razão que é importante a gente analisar isso.
03:28E também levar em consideração alguns aspectos regionais.
03:32Na ocasião, o Brasil insistiu equivocadamente, depois nós vimos isso, pela Argentina.
03:40Porque o Brasil errou naquele contexto ao confundir ideologia com a fundamentação do bloco.
03:49Queríamos trazer a Argentina naquele momento político, sem levar em consideração que talvez fosse muito mais interessante para o BRICS,
03:57se atraísse algum outro país da região, com o qual nós poderíamos ter um relacionamento comércio muito maior,
04:03como o Chile, que poderia entrar, o Peru, pelo qual nos interessa ter uma travessia para o Pacífico.
04:09Então, o problema, muitas vezes, nosso é querer ideologizar muito essas questões.
04:16Quando o objetivo é, quanto mais heterogêneo, mais multilateral, mais forte o bloco será.
04:23Interessante essas questões.
04:24Lembrando aqui, nos acompanha, não sei se estou certo, se me corrijo,
04:27a Nigéria é o país mais populoso da África, né?
04:31E a gente esquece da Nigéria.
04:33Por isso que hoje, nós estamos lembrando, ela foi tocada aqui na Índia,
04:36eu vou voltar a falar da Índia, porque no Brasil nós falamos de tudo e parece que a Índia fica em Marte, né?
04:41E é uma economia que tem um crescimento tão rápido nos últimos anos.
04:45Era a sétima, a sexta, a quinta, a quarta.
04:48Ela está numa corrida extremamente importante e tem essas particularidades que já foi destacada aqui.
04:54Ela não tem essa presença geopolítica que os outros têm, né?
04:59Um dia, será que terá? Não sei.
05:02Eu gostaria de pensar na questão do Oceano Índio, como é que fica?
05:06Tem o velho problema com o Paquistão, sabemos, mas é complicado.
05:09Mas vamos colocar, professor Valdir Bezerra, a questão da Rússia, vamos...
05:13A Rússia, claro, ela está amarrada pelo conflito da Ucrânia e cria uma série de dificuldades no momento.
05:20O que chama a atenção, a guerra com a Ucrânia, de alguma forma a Rússia foi favorecida pela existência do BRICS?
05:28Eu pergunto nesse seguinte sentido.
05:30Evidentemente, não sou doido de achar que o BRICS é que levou a guerra, nada disso.
05:34Eu estou dizendo que a Rússia faz parte desse bloco econômico e, de alguma forma,
05:39isso acabou favorecendo a Rússia no momento de severas sanções econômicas do chamado Ocidente?
05:45Favoreceu a Rússia, sim. Favoreceu, no primeiro sentido, por conta de que a Rússia acabou não sendo isolada internacionalmente,
05:52como também tinha trazido na minha primeira intervenção.
05:55E a Rússia, como até a professora Juliana bem colocou, a Rússia e a China são considerados,
06:01por quem olha o BRICS de fora, como os principais líderes desse agrupamento.
06:06Justamente porque eles são grandes potências, Rússia e China,
06:09e porque esses dois países também ocupam uma posição de membro permanente, cadeira cativa,
06:15no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
06:17Então, eles têm mais atributos de poder.
06:19E a Rússia interpretou como uma vitória a expansão dos BRICS,
06:23que é um grupo dentro do qual ela é considerada como uma liderança.
06:28Então, a cúpula de Kazan, a ampliação dos BRICS,
06:32o fato de que a Rússia não se sentiu isolada internacionalmente por conta do bloco,
06:36e uma das pautas que a Rússia trouxe para o bloco dos BRICS,
06:41que é um trem que já partiu da estação e começa a ganhar velocidade e tração,
06:47é a pauta da desdolarização da economia global.
06:51Que é uma questão que a Rússia defende muito,
06:54porque a Rússia foi bastante sancionada pelas instituições ocidentais,
06:58que ela acusa de terem sido utilizadas politicamente.
07:01E essa pauta da desdolarização foi abraçada pelo chamado sul global.
07:08E tanto é que a Rússia, o comércio Rússia e China já é feito em 90% de moedas locais.
07:14E entre Rússia e Índia, é mais de 70% já realizado em rublo e rúpia.
07:19E essa pauta é uma pauta que a Rússia considera muito importante,
07:24e que o BRICS passou a considerar muito importante também.
07:26O que é bastante interessante nesse contexto de tensão geopolítica que a gente vive hoje.
07:32Professora Juliana, justamente pegando o gancho,
07:35tanto do Marcos Vinicius como do Valdir,
07:38sobre o que significa o BRICS hoje.
07:42E a professora destacou que no caso do Brasil,
07:44pelas nossas relações históricas com os Estados Unidos,
07:48e a importância que tem essas relações,
07:51e agora com uma presidência que é sempre uma surpresa a cada dia,
07:55com o presidente Trump, é difícil ter previsibilidade.
07:59E não há nada pior em diplomacia e em economia como falta de previsibilidade.
08:03Isso é terrível.
08:05Mas isso está ocorrendo, basta ver as últimas declarações,
08:08agora inclusive do presidente Trump, sobre a guerra Rússia-Ucrânia.
08:11Bem, no nosso caso, como é que a gente tem uma relação,
08:16claro, o nosso maior parceiro comercial já faz algum tempo,
08:19é a China, por surpresa de muitos.
08:21Se alguém falasse isso no final do século passado,
08:24e achar que essa pessoa está falando uma enorme bobagem, né?
08:26E isso acabou ocorrendo.
08:29E como é que fica?
08:30Quer dizer, nós temos sempre...
08:31Nós temos uma situação diferente que a Rússia.
08:34Ela tem uma presença no mundo, e aí como herdeira na Norte Soviética,
08:38muito grande.
08:39E antes, ainda na época do Império Tizarista,
08:42uma presença grande na Ásia e na Europa.
08:44O caso da Índia é um país muito novo, né?
08:48E já tem outras relações.
08:50O caso da China, bem esse, já tem uma história de milênios.
08:55Nós, a África do Sul, tem as suas particularidades com o fim do Apartheid,
09:00historicamente, há pouco tempo.
09:02Agora, nós.
09:03Nós é um caso diferente, o caso do Brasil, né?
09:05Então, como é que nós nos posicionamos?
09:07A senhora bem destacou.
09:09Tem os Estados Unidos ali, a declaração.
09:11Tinha de falar do Trump sem citá-lo, insinuar e tal.
09:15Nós temos uma situação muito complicada.
09:17Foi lembrada a tentativa de colocação da Argentina,
09:20que é muito bem lembrada pelo professor Marcos Unidos,
09:22foi um fracasso.
09:23E ainda bem, né?
09:24Você imagina se tivesse entrado.
09:26Como é que fica isso?
09:28Desculpe a longa peroração, mas é que eu quis só citar para quem nos acompanha.
09:32Acho que o Brasil é um bicho ali um pouco diferente
09:36dessas grandes potências, né?
09:38A gente está ali figurando entre os grandes países que fazem parte do BRICS,
09:42mas a gente tem particularidades, né?
09:44É diferente da China, que está numa dianteira.
09:47E como você falou, três décadas fizeram com que a China virasse o jogo
09:50de uma forma impressionante, né?
09:52A China hoje corre nessa atrás da economia americana.
09:59A gente não sabe ainda direito quando ela vai à frente, né?
10:02Pelo menos economicamente.
10:04Acho que politicamente existem outros desafios, regimes diferentes
10:07que precisam ser questões que precisam ser consideradas.
10:10Mas economicamente acho que a gente não tem dúvida de que China logo passa
10:14em algum momento a economia americana.
10:16Da mesma forma, a Rússia tem um poder estratégico ali onde está.
10:21O Brasil é um bicho um pouco diferente, né?
10:22Porque ele, de alguma forma, mantém relações positivas com todos esses países,
10:27mas também com a economia americana.
10:28Hoje busca uma alternativa também junto à economia europeia, né?
10:33Então, acho que o Brasil nessa história, apesar dele defender um multilateralismo,
10:38o que faz muito sentido, né?
10:39Porque a própria essência do bloco foi para isso que o BRICS foi criado,
10:43mas o Brasil hoje joga muito mais numa alternativa bilateral do que multilateral.
10:48Então, para o Brasil é importante sim estar no bloco,
10:50porque ele traz um tanto dessa história, dessa carga latina, né?
10:56É o país que representa claramente a América Latina, né?
10:59Tem uma relevância importante dentro desse jogo,
11:02mas é um país que tem essas características muito específicas, né?
11:06É um país que precisa desse bilateralismo, porque as relações multilaterais,
11:11por mais que sejam interessantíssimas, e na teoria são o ponto que a gente realmente gostaria de chegar,
11:16elas são difíceis de maneira prática.
11:19Especialmente porque, como o Marcos muito bem falou,
11:22a gente está, na verdade, num cenário onde os países têm características muito diferentes,
11:28eles são muito heterogêneos, né?
11:30Então, é difícil você conseguir dentro de um mesmo ambiente negociar regras que sejam boas para todo mundo,
11:38especialmente porque a gente tem os países em conflito, né?
11:41Que eu até enxergo que eles estão ali propositalmente, né?
11:44Eu acho que Etiópia e Egito estão juntos justamente para gerar um balanceamento de poder, de forças,
11:49para tentar fazer com que os conflitos bilaterais não influenciem dentro desse grande bloco.
11:55Mas, querendo ou não, a gente tem uma posição bem diferente, né?
11:59Então, eu acho que Brasil, nessa história, ele se beneficia muito de conseguir melhorar essas relações comerciais.
12:05Acho que ele tem uma voz muito grande, né?
12:08Eu acho que a gente tira a carga de ser uma economia chinesa que está batendo diretamente com a economia americana,
12:14uma economia russa que tem ali as suas características e tem os seus conflitos.
12:18Brasil é um bicho ali um pouco coringa, né?
12:22Consegue negociar com ambos os lados, a gente só tem que, talvez, maneirar e pensar como é que o discurso está sendo feito.
12:28A gente não pode usar essa posição que a gente tem de conseguir transitar bem entre esses pares e esses países,
12:34não pode usar ela como uma cartada que, de alguma forma, possa fazer a gente criar mais inimigos e mais problemas para a economia interna.
12:42É verdade.

Recomendado