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  • 30/06/2025
O cineasta e roteirista discute o destino das verbas dedicadas ao audiovisual brasileiro, que vão para filmes que ninguém quer assistir.

Cannito também critica a hegemonia identitária e da esquerda entre as pessoas que decidem quais filmes recebem verbas ou vencem festivais.

🎧 Podcast OA traz entrevistas exclusivas e debates sobre os principais temas da atualidade, com convidados de peso da política, economia e sociedade.

Com um formato descontraído e informativo, o programa oferece insights valiosos sobre atualidades, jornalismo independente e opinião especializada.

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Transcrição
00:00:01De conversa boa, todo mundo quer participar, o Antagonista também.
00:00:07Nossa equipe recebe convidados especiais para um bate-papo leve e divertido sobre as experiências de cada um.
00:00:15Podcast O.A. Conversa boa de ver e ouvir.
00:00:20Salve, salve, eu sou Felipe Moura Brasil, sejam bem-vindos a mais um episódio do Podcast O.A.
00:00:24Sempre um novo episódio, a cada segunda-feira, às 19h30, no canal de YouTube de O Antagonista,
00:00:29com um convidado presencial aqui no nosso estúdio em São Paulo.
00:00:32Se você não assistiu aos episódios anteriores, é só achar a playlist do Podcast O.A.
00:00:37Tem a playlist do ano de 2025, com os episódios desse ano, tem playlist passada.
00:00:42Você não pode perder, é sensacional esse programa e eu adoro fazer.
00:00:46E hoje a gente recebe um convidado muito especial, eu e o Duda Teixeira aqui na bancada,
00:00:51o cineasta Newton Canito, que já fez uma participação aqui, foi no Papo Antagonista,
00:00:57durante o carnaval, mas muita gente não viu porque estava na folia ou estava viajando.
00:01:02Ele é articulado, ele é uma figura, ele tem maravilhosas histórias sobre o cinema brasileiro
00:01:07e críticas também, determinadas patotas e a gente adora essa parte.
00:01:12Newton, seja bem-vindo mais uma vez.
00:01:13Prazer, muito obrigado pelo convite.
00:01:15Olha, o Newton, além de ser roteirista, diretor, ele tem vários livros publicados,
00:01:20como esse, Novos Monstros, Histórias do Mundo Atual.
00:01:25Olha aqui, tem também Confissões, olha só esse título, eu acho fantástico esse título,
00:01:31Confissões de Acompanhantes.
00:01:34Isso é uma figura hilária.
00:01:36Dá um close aqui.
00:01:37Deixa eu ver o que está aqui.
00:01:38Crônicas, contos e depoimentos de mulheres que sobrevivem da mais antiga profissão do mundo.
00:01:44Que coisa interessante, rapaz.
00:01:49Vocês gostam?
00:01:51Não, olha, a gente vai falar um pouquinho no começo dessa conversa sobre Cidade dos Homens
00:01:56que passou na TV, muita gente reconhece.
00:01:59Uma temporada foi escrita aqui pelo nosso roteirista-chefe.
00:02:03A gente vai falar de política cultural, da Ancine, dessas questões dos editais do cinema brasileiro.
00:02:08Mas antes, só uma palinha, esse livro foi resultado de quê?
00:02:12Como foi essa pesquisa de campo, Nilton?
00:02:14Ah, não, é pesquisa, é meio pesquisa, meio laboratório que a gente fala, né?
00:02:18É um pouco diferente, laboratório é difícil.
00:02:20Laboratório é quando você realmente participa daquela realidade,
00:02:24pesquisa é quando você só entrevista à distância.
00:02:27Então, no caso, foi mais laboratório mesmo.
00:02:29Foi mais laboratório, olha só.
00:02:31A imersão de Newton Carimbo nesse sublúdio.
00:02:35Tudo pela arte, tudo pela arte.
00:02:35Tudo pela arte.
00:02:36E você gostou do resultado?
00:02:38Na verdade, na época...
00:02:40Não, brincadeira confundo de verdade, a gente entendeu.
00:02:42Não, é verdade.
00:02:43Eu morava muito perto ali da zona.
00:02:48Na época era o Quilt, o Castelinho, você lembra do Quilt?
00:02:51Aqui é muito baseado no Quilt, que era um castelinho.
00:02:53Tinha aqui no Augusto, gente.
00:02:54Aquilo foi um pecado destruído.
00:02:57Para mim tinha que ser.
00:02:58A gente tentou, na época, virar o Museu da Noite de São Paulo,
00:03:02que tinha muitas histórias ali.
00:03:04E tem uma cultura ali que podia ser resgatada e tal.
00:03:07A gente tentou, na época, com a prefeitura.
00:03:09Não engatilhou.
00:03:10Porque lá era um espaço cultural maravilhoso.
00:03:12Ali do lado da cultura artística.
00:03:14Então, era muito baseado naquela região ali.
00:03:15Eu morava ali perto.
00:03:16E acabava...
00:03:18Aquela coisa, né?
00:03:18Você tinha um uísque lá.
00:03:20Você acordava três da manhã.
00:03:21Ia só no final para pegar o happy hour.
00:03:24Você não precisava nem...
00:03:25Então, acabar...
00:03:26Acabei ficando muito amigo.
00:03:27Era jovem.
00:03:28Naquela época, eu era jovem.
00:03:29Então, eu fiquei muito amigo das meninas.
00:03:30Namorei algumas.
00:03:31Então, é uma história meio confessional, assim.
00:03:35Ah, é?
00:03:35Na primeira pessoa?
00:03:37É, tem muita coisa de meus amigos, de mim mesmo.
00:03:39Histórias de mim.
00:03:40Mas é um manual, assim.
00:03:41É um livro que é um manual.
00:03:43Um manual tanto para o cliente escolher a menina bem,
00:03:47ser feliz na noite,
00:03:49quanto para a menina também entrar, saber como lidar e tal.
00:03:52Então, é bastante ver uma linha de manual.
00:03:54Inclusive, eu estou com um projeto há anos.
00:03:57Há anos.
00:03:58Estou tentando de novo agora.
00:04:00E é um dos projetos que a Ancine nunca aprova mais, né?
00:04:04Porque a Ancine é engraçado, né?
00:04:05Eu estava contando para você.
00:04:06A Ancine ficou careta.
00:04:08O cinema brasileiro ficou careta.
00:04:10O cinema brasileiro, gente, esse gênero, comédia erótica,
00:04:13é o gênero de mais sucesso na história do cinema brasileiro.
00:04:16A chanchada, a porno chanchada.
00:04:17A porno chanchada.
00:04:18E todo mundo fala mal, mas é bobagem.
00:04:21Eu estudei muito porno chanchada.
00:04:22Tem filmes maravilhosos de porno chanchada.
00:04:25Tem grandes clássicos de porno chanchada.
00:04:27Filmes, inclusive, com crítica social, debate social.
00:04:30A gente até...
00:04:30O termo mais exato até é comédia erótica, né?
00:04:33Porque, na verdade, eles têm lá erotismo e tal,
00:04:36mas muitas vezes é pequeno.
00:04:38Não era essa coisa pornô também,
00:04:39que ficou no final da porno chanchada.
00:04:42Antes, no começo, era um pequeno erotismo.
00:04:44Erotismo leve até.
00:04:45O filme que eu quero fazer, por exemplo, chama Puta Lição.
00:04:48É muito baseado nesse livro.
00:04:50Puta Lição, né?
00:04:52Que é uma lição.
00:04:53E, justamente, é uma história bem bonitinha.
00:04:56Esse livro é inspirado no livro.
00:04:57Tem bastante coisa no livro.
00:04:58Mas é uma boate utópica, praticamente, sabe?
00:05:03É uma coisa meio alegórica, assim.
00:05:05Que é um potencial, um negócio onde tem shows.
00:05:08Que já teve esse momento, né?
00:05:10Hoje em dia está...
00:05:11Eu estou indo poucas vezes recentemente.
00:05:13Não estou mais indo, não.
00:05:14Mas poucas vezes que eu fui recentemente,
00:05:16está muito menos poético, assim.
00:05:18Está cada vez mais ficando, né?
00:05:20E é poético no sentido de ter arte mesmo, sabe?
00:05:23Então, os cabarets que tinham arte,
00:05:25essa coisa toda, né?
00:05:26Está cada vez menos, né?
00:05:27Isso é uma pena.
00:05:28Mas o filme que eu fiz é um lugar utópico
00:05:31e é onde tem uma história invertida.
00:05:33Vou contar as novas para vocês que é hoje invertida.
00:05:35É tipo uma família Adams, assim,
00:05:37no sentido que é um lugar
00:05:38onde o cara é o dono daquele ambiente,
00:05:42o personagem principal.
00:05:44E ele só aceita que o filho case com prostitutas.
00:05:49É o contrário.
00:05:51Não, eu só aceito que case com prostitutas.
00:05:53Meu filho não pode casar com mulher de família
00:05:54porque ele tem um trauma.
00:05:56Ele acha que mulheres de família
00:05:58vão acabar sendo safadas.
00:06:00Eu adoro essas histórias que invertem
00:06:03o que é o comum.
00:06:04Exato.
00:06:05E é sobre isso.
00:06:05É sobre essa brincadeira,
00:06:07esse absurdo de separar puto e santa.
00:06:10Como se fossem duas coisas diferentes.
00:06:11Se uma mulher é puta, ela é santa.
00:06:12Como se ela tivesse que escolher.
00:06:14Isso é uma coisa machista, né?
00:06:16A mulher é puta, é santa.
00:06:17Não, a mulher é...
00:06:17Todo mundo é tudo, né, gente?
00:06:18Todas as pessoas no mundo são tudo.
00:06:20A gente tem todos os potenciais.
00:06:22Você sabe que eu fiz um teatro na época
00:06:24que eu frequentava colônia de férias
00:06:26que era justamente tudo invertido.
00:06:28Até a roupa fazia dos personagens.
00:06:32Foi um teatro que eu escrevi ali na hora
00:06:35e a gente encenou na colônia de férias
00:06:37de brincadeira, adolescente.
00:06:39Então, a calça vinha no braço,
00:06:41a camisa vinha, não sei o que.
00:06:43E aí eram dois irmãos que chegavam em casa
00:06:46e contavam pro pai que tinham tirado nota boa e tal.
00:06:49E o pai brigava.
00:06:50E todo mundo tirava nota boa e tal.
00:06:52Era tudo ao contrário.
00:06:53É, esses mundos divertidos.
00:06:54Eu fiz isso.
00:06:54Muito divertido, muito divertido.
00:06:55Muito divertido.
00:06:56E revela muita coisa sobre isso, né?
00:06:58Você acaba revelando, inclusive,
00:07:00preconceitos nossos e tal.
00:07:01Então, é uma brincadeira sobre isso,
00:07:03mas é uma comédia divertida
00:07:04que eu espero ainda filmar esse filme.
00:07:06Só começar aqui com mais um elemento pop.
00:07:08Você foi roteirista de Cidade dos Homens,
00:07:11que passou na TV,
00:07:11uma temporada de uma série
00:07:13do universo de Cidade de Deus,
00:07:15o filme que foi uma megaprodução
00:07:17e muito bem-sucedida,
00:07:19nacional e internacionalmente,
00:07:20dirigido pelo Fernando Meirelles.
00:07:22E tinha ali o pessoal mais criança na série,
00:07:25o Acerola e o Laranjinha.
00:07:26Você gostou desse resultado?
00:07:28Como é que foi essa história?
00:07:29Ah, foi maravilhoso.
00:07:30É uma honra, né?
00:07:32Engraçado que foi o meu primeiro trabalho.
00:07:33Eu até dou essa dica para roteiristas
00:07:35quando querem começar a carreira.
00:07:37Já há muitos anos, 20 anos atrás.
00:07:39E o meu primeiro trabalho
00:07:40foi ser roteirista-chefe
00:07:42de uma série da Globo importantíssima
00:07:43com o Fernando Meirelles.
00:07:44Olha que coisa.
00:07:46Primeiro trabalho.
00:07:46Nunca tinha feito nem colaboração.
00:07:48E como é que eu consegui isso?
00:07:50Consegui isso porque eu era muito fã do Fernando
00:07:53antes de ele fazer Cidade de Deus.
00:07:56Eu já sabia que ele era um gênio.
00:07:57Ele tinha feito domésticas,
00:07:58ele tinha feito outras coisas.
00:08:00Ele é um gênio, né?
00:08:01Ele tem uma capacidade de gerenciar a equipe
00:08:03e criar coisas criativas, inovadoras,
00:08:05que transgridem
00:08:06e, ao mesmo tempo,
00:08:07atingem público muito forte.
00:08:09Cidade de Deus, por exemplo,
00:08:10é realmente...
00:08:10E tem ritmo na direção.
00:08:12Tem ritmo.
00:08:12Porque tem boa parte do cinema brasileiro
00:08:15que eu acho que até causou uma má impressão,
00:08:17eventualmente um preconceito.
00:08:19Mas talvez não seja preconceito,
00:08:21talvez seja pós-conceito.
00:08:22Pós-conceito.
00:08:22Que são filmes muito arrastados, às vezes,
00:08:25cabeça demais e tal.
00:08:27E ele tem essa linguagem
00:08:28mais próxima do universo pop,
00:08:30mas sem perder o interesse
00:08:32em aprofundar determinadas questões.
00:08:34E eu acho que isso é envolvente.
00:08:35Exato.
00:08:35É necessário.
00:08:36É pop e, ao mesmo tempo,
00:08:38é super...
00:08:39A gente fala inovador,
00:08:40mas não é inovador no sentido...
00:08:41A gente pensa em inovador, às vezes,
00:08:42como se fosse uma coisa
00:08:43que espantasse o público.
00:08:44Não é verdade.
00:08:45O público busca inovação.
00:08:47O público busca em cinema
00:08:48o que nunca viu.
00:08:50Quando ele fez Cidade de Deus,
00:08:51ninguém tinha visto o filme de favela.
00:08:53Virou um gênero
00:08:53que agora a gente cansou.
00:08:55Eu mesmo fiz uns cinco filmes de favela.
00:08:56Eu fiz a favela movie,
00:08:58que a gente fala.
00:08:58Eu fiz muitos de favela depois.
00:09:00Porque cansou.
00:09:01Mas ele foi a primeira vez
00:09:02que ele revelou aqui no universo.
00:09:04Então, essa coisa do cineasta
00:09:05buscar algo que nunca foi visto
00:09:07e, ao mesmo tempo,
00:09:08misturar com a estética pop
00:09:10é algo importante.
00:09:12E é o que a gente chama,
00:09:13em mercado,
00:09:14inovação de valor.
00:09:15Porque não é uma inovação
00:09:16no sentido de inovar
00:09:17para não atingir público.
00:09:18É uma inovação que atinge públicos
00:09:20que nunca foram atingidos.
00:09:23Expande o público.
00:09:23Exato.
00:09:24Atinge o oceano azul
00:09:25de públicos inexplorados.
00:09:27E o Fernando Meleiros
00:09:28tem essa moeda
00:09:29e é um gênero nesse sentido.
00:09:30Então, foi um filme muito bom.
00:09:31E O Cidade dos Homens
00:09:33era a versão cotidiana
00:09:36do Cidade de Deus.
00:09:38O Cidade de Deus
00:09:39é uma tragédia,
00:09:40em termos de gênero dramático.
00:09:42O filme é uma tragédia.
00:09:43A tragédia é uma soberba
00:09:44e gera uma tragédia pública.
00:09:46É um filme policial,
00:09:47mas o gênero é tragédia.
00:09:49E O Cidade dos Homens
00:09:50é uma comédia.
00:09:51Então, são pequenas coisinhas
00:09:52do cotidiano da favela.
00:09:54Então, é um garoto
00:09:55que quer um e cinquenta
00:09:56para ir viajar,
00:09:58para ir fazer uma excursão.
00:09:59E como aquele pequenas coisas
00:10:01que a comédia
00:10:01é uma coisa do cotidiano,
00:10:03também podem revelar o universo.
00:10:05Então, foi uma experiência
00:10:06muito interessante
00:10:06porque eu fiz, na época,
00:10:09o que eu vou fazer de novo agora.
00:10:10Um workshop imenso.
00:10:12Eu consegui esse trabalho
00:10:13porque, na verdade,
00:10:14eu cheguei para o Fernando
00:10:15e falei assim,
00:10:15Fernando, você precisa de roteiristas.
00:10:17Eu era estudante da USP.
00:10:19E eu nunca tinha escrito,
00:10:20mas eu era um intelectual,
00:10:21eu não sabia estudar roteiro e tal.
00:10:22Estudava muito.
00:10:23Então, intelectual.
00:10:24Ler estudante, né?
00:10:25Muito bom.
00:10:26Sempre fui estudioso.
00:10:27Falei, não,
00:10:28vou fazer um livro
00:10:29para ensinar a fazer roteiro.
00:10:30Então, eu fiz um livro
00:10:31para ensinar a fazer roteiro
00:10:32antes de ter feito o roteiro.
00:10:34É sério.
00:10:34De colocar em prática.
00:10:36De colocar em prática.
00:10:36De colocar em prática.
00:10:39E o Fernando gostou,
00:10:41apoiou,
00:10:42e o livro usava
00:10:42O Cidade de Deus,
00:10:43usava a primeira temporada
00:10:44O Cidade dos Homens.
00:10:46Ele apoiou aquilo
00:10:47e a gente criou uma oficina
00:10:48no Brasil todo online,
00:10:49onde 800 pessoas
00:10:51participaram
00:10:52da criação do universo
00:10:53O Cidade dos Homens.
00:10:54Olha que coisa curiosa.
00:10:56Legal, né?
00:10:56Pensar isso.
00:10:57Porque não é apenas você fazer.
00:10:59É todo mundo colaborando.
00:11:01E aquilo deu muitas cenas
00:11:02e a gente criou tudo junto
00:11:03e eu vi o roteirista
00:11:03que coordenava isso.
00:11:05Então, foi um processo
00:11:06bem...
00:11:06Você sabe,
00:11:06antes do...
00:11:07Desculpa,
00:11:08mas eu não resisto aqui
00:11:09porque você está falando de roteiro.
00:11:11Eu fiz diversos cursos de roteiro.
00:11:12Eu li um monte desses livros
00:11:13de roteiro.
00:11:16Cid Field,
00:11:17Doc Comparato.
00:11:19Ah, vou te dar.
00:11:20Pois é, você tem que me dar.
00:11:21O Manuel,
00:11:22o primo pobre dos manuais.
00:11:24Nossa, mas tinha aqueles clássicos
00:11:25assim, eu li todos.
00:11:27Tem até um do Gabriel Garcia Marques.
00:11:29Sonhar, né?
00:11:30Exatamente.
00:11:31Eu li também.
00:11:32E quando eu fiz intercâmbio
00:11:34na faculdade em Madrid,
00:11:35que eu fiquei seis meses na Espanha,
00:11:37eu fiz um curso de roteiro lá
00:11:38com um roteirista muito bom espanhol
00:11:40e a aula dele eu achava ótima
00:11:42porque ele falava do universo do cinema
00:11:43de uma maneira muito interessante.
00:11:46E eu nunca vou esquecer
00:11:46que ele fez uma pergunta para a Sala.
00:11:48eu queria saber o que você acha disso.
00:11:50Ele perguntou assim,
00:11:51quem quer ser diretor um dia?
00:11:54E aí todo mundo que gostava de cinema,
00:11:55estava naquele curso,
00:11:56naquela aula e tal,
00:11:57quem quer ser diretor de cinema?
00:11:58Praticamente todo mundo levantou o dedo.
00:12:00E aí em seguida ele perguntou assim,
00:12:02e quem acha que já pode ser diretor,
00:12:05que já está preparado para ser diretor agora,
00:12:07hoje e tal?
00:12:08Aí uma ou duas pessoas levantaram,
00:12:10as outras ficaram mais chimes,
00:12:11uma ou duas que já deviam ter alguma atividade
00:12:13e tal, não sei o quê.
00:12:14E ele virou para as outras,
00:12:15por que vocês acham que vocês não podem ser diretor?
00:12:17Porque ser diretor é o seguinte,
00:12:19é você dizer sim, não,
00:12:21gosto, não gosto.
00:12:23O que você precisa ter é um bom diretor de fotografia,
00:12:26é um bom roteirista,
00:12:27é um bom figurinista,
00:12:28é um bom não sei o quê,
00:12:29é porque eles vão te apresentar opções,
00:12:30o diretor é aquele que concatena tudo,
00:12:32que ele diz,
00:12:33isso sim, isso não,
00:12:34vamos por aqui,
00:12:35vamos por ali e tal.
00:12:36Claro que é um modo grosseiro,
00:12:38você precisa ter conhecimento,
00:12:39você precisa ter prática,
00:12:40mas tem um quê disso,
00:12:41de ser o líder ali da equipe?
00:12:43Claro,
00:12:43o papel do diretor é ser o maestro
00:12:45daquele projeto,
00:12:47então ele tem que tanto saber escolher bem uma equipe,
00:12:49o Fernando, por exemplo,
00:12:50é ótimo nisso,
00:12:51mas a gente no Brasil,
00:12:53a gente está com problemas de diretores também,
00:12:55a gente fala,
00:12:55mas assim,
00:12:56de roteiristas,
00:12:57a gente está com problemas de tudo,
00:12:58mas assim,
00:13:01até no futebol.
00:13:03Acabou virando os diretores
00:13:04que são,
00:13:05hoje em dia,
00:13:06eles são bons de tocar o set,
00:13:09que o pessoal fala,
00:13:09é como se fosse um gerente de produção,
00:13:12o cara não segura,
00:13:13que diretor tem que ter,
00:13:14fora isso que você falou,
00:13:15não é só tocar o set,
00:13:17ele tem que ter a visão clara
00:13:19do que ele quer,
00:13:20porque é uma decisão sim ou não,
00:13:22não é uma decisão,
00:13:23é porque gosto,
00:13:24é o que soma para aquela história,
00:13:27cada plano tem que somar ou não para a história,
00:13:29e ele tem que ter, amigo,
00:13:31uma visão ideológica clara,
00:13:33uma ideia clara,
00:13:34os diretores,
00:13:35grandes diretores,
00:13:36têm visões autorais,
00:13:38isso que a gente não entende no Brasil,
00:13:39a gente acha que o diretor é só um cara
00:13:41que toca aquelas coisas,
00:13:42não segura,
00:13:43a gente quer ver cada vez mais,
00:13:44hoje em dia,
00:13:45no streaming,
00:13:46você não quer ver algo mais ou menos,
00:13:48ninguém procura algo mais ou menos,
00:13:50você procura algo mais ou menos,
00:13:50você pula,
00:13:52ou você quer algo muito bom,
00:13:53ou não dá nada,
00:13:55está mais difícil,
00:13:56antigamente o mais ou menos passava,
00:13:58é engraçado,
00:13:58hoje em dia,
00:13:59com a oferta muito grande,
00:14:01a gente procura algo muito especial,
00:14:03e em Hollywood,
00:14:05é engraçado a gente pegar,
00:14:06os grandes filmes,
00:14:07não são filmes sem autor,
00:14:09são filmes de autor,
00:14:11é o Batman do Tim Burton,
00:14:12é o Batman do Nolan,
00:14:14você contrata o autor,
00:14:16que é um cara,
00:14:17isso o Fernando tem uma história,
00:14:18uma vez perguntaram ao Fernando Meirelles,
00:14:21ele que me contou,
00:14:22vou compartilhar,
00:14:23mas acho que ele já contou em outros lugares,
00:14:25mas chamaram ele para fazer o Pompeia,
00:14:27o Fernando Meirelles,
00:14:28uma super produção de Hollywood,
00:14:30ele não sabia,
00:14:31mas eu não sei filmar essas coisas,
00:14:33larva,
00:14:34matando gente,
00:14:35não se preocupa não,
00:14:37isso é a segunda idade,
00:14:38eu olhei assim,
00:14:39não se preocupava com isso,
00:14:41como assim cara,
00:14:42por que vocês querem me contratar então,
00:14:44é porque você tem a visão,
00:14:46é isso que é precioso,
00:14:48é isso que é precioso,
00:14:49então no fundo,
00:14:50precisa ter uma ideia clara,
00:14:53que é uma visão,
00:14:54isso é uma autoria,
00:14:55uma visão de mundo,
00:14:57e hoje no Brasil,
00:14:57a gente está,
00:14:59as produtoras,
00:14:59como a Ancine já entrou no assunto,
00:15:02deu muito o poder,
00:15:03a gente acreditou muito,
00:15:04que quem resolve o filme é a produtora,
00:15:07a produtora,
00:15:08é uma empresa importante,
00:15:10grande,
00:15:10produz bem,
00:15:11e é verdade,
00:15:12entrega bem,
00:15:13produz,
00:15:14faz aquação,
00:15:15as coisas são importantes também,
00:15:16mas não resolve,
00:15:17aí eles querem os diretores que tocam set,
00:15:19que não dão trabalho para a produtora,
00:15:21entendeu,
00:15:22aí não dão trabalho,
00:15:23porque o diretor muito inteligente,
00:15:24dá trabalho,
00:15:25porque ele quer inventar umas coisas,
00:15:26aquilo atrapalha a produção,
00:15:27sempre atrapalha,
00:15:28você pega o Coppola no Pocalipse,
00:15:30não,
00:15:31atrapalhou,
00:15:32atrapalhou,
00:15:33qualquer cara autoral,
00:15:34atrapalha,
00:15:35atrapalha o sentido,
00:15:36tem umas ideias loucas,
00:15:37fala,
00:15:37não,
00:15:37você tem uma ideia louca,
00:15:38aí para de atrapalhar,
00:15:39a produtora nunca quer alguém muito louco,
00:15:42aí quer contratar alguém mais ou menos,
00:15:43que é um cara legal,
00:15:44legal,
00:15:45funciona,
00:15:45não funciona para o público,
00:15:48o público quer alguma dose de loucura,
00:15:50você não consegue,
00:15:52é mano,
00:15:52não é assim,
00:15:53você quer alguma nova vocação,
00:15:55coisa que você nunca viu,
00:15:55e o Fernando tem isso,
00:15:57ele consegue ter as duas coisas,
00:15:58quando o cara consegue ter as duas coisas,
00:16:00é melhor,
00:16:01mas é atenção,
00:16:03em qualquer área autoral,
00:16:05em qualquer área criativa,
00:16:06você quer uma liberdade,
00:16:08você quer até na nossa área de crônica,
00:16:11mesmo de análise,
00:16:12que está mais concatenada,
00:16:14fatos concretos e tal,
00:16:15você tem que ter um insight,
00:16:17você tem que ter uma coisa própria,
00:16:18tem que ter,
00:16:19qual que é o seu diferencial,
00:16:20é só um cara que passa os negócios,
00:16:21não,
00:16:21você tem uma visão,
00:16:22e essas coisas que as pessoas procuram,
00:16:24e na área de cinema também,
00:16:26muito,
00:16:26então está tendo uma certa burocratização,
00:16:29da função do diretor,
00:16:30que não segura,
00:16:32então a gente pega os diretores hoje em dia,
00:16:33quem são os diretores brasileiros?
00:16:34A maioria é o cara que vem do assistente de direção,
00:16:37que já toca o set,
00:16:38que vai ser direção,
00:16:38é o cara que toca o set,
00:16:40é o gerente de produção,
00:16:41é o cara que arruma lá,
00:16:42o negócio para funcionar,
00:16:43aí eles pegam esse cara,
00:16:44vem do diretor,
00:16:45pode ser legal,
00:16:45só que o cara não estudou,
00:16:47amigo,
00:16:47ele não leu lá o Merapena,
00:16:48não ficou estudando,
00:16:49e precisa de gente,
00:16:51o Merapena é que eu citei outro dia,
00:16:53no Papo Antagonista,
00:16:54é,
00:16:54eu sou um cara que eu gosto muito,
00:16:55ele precisa de gente,
00:16:56tem muita assistente de direção,
00:16:56que vende novela e tal,
00:16:58às vezes não tem,
00:16:58é,
00:16:58o cara é legal,
00:16:59ele é inteligente,
00:17:00mas não é um cara que ficou 20 anos estudando o livro,
00:17:04e autor,
00:17:04precisa ter,
00:17:06precisa ter a bagagem literária,
00:17:08senão não é um bom diretor,
00:17:10perfeito,
00:17:10tudo isso é cheio,
00:17:11então agora,
00:17:11a hora que o cara é inovador,
00:17:14criativo,
00:17:15maluco,
00:17:15que nem você falou,
00:17:16bate lá na porta da Ancine,
00:17:18ele consegue recurso,
00:17:19por exemplo,
00:17:20para fazer o filme dele?
00:17:21Vamos deixar claro aqui,
00:17:22o que é a Ancine,
00:17:23para quem não sabe,
00:17:24é a agência,
00:17:25qual é o nome todo completo da Ancine?
00:17:27Não,
00:17:27é a Agência Nacional do Cinema,
00:17:29é a Agência Nacional do Cinema,
00:17:30é a Agência Nacional do Cinema,
00:17:31que é um órgão que,
00:17:33é um órgão que financia o cinema brasileiro,
00:17:35mas é um órgão,
00:17:35aliás,
00:17:36é muito curioso,
00:17:36porque não existe isso,
00:17:38num lugar do mundo,
00:17:40um órgão que ele financia,
00:17:43ele regula,
00:17:44que geralmente são duas agências diferentes,
00:17:46a reguladora e a financiadora,
00:17:48aqui no Brasil,
00:17:50regula,
00:17:50financia,
00:17:51e ele mesmo julga o que ele financiou,
00:17:54então imagina só,
00:17:55você dá o dinheiro,
00:17:55você julga se foi bem avaliado,
00:17:57é,
00:17:58fica um negócio maluco,
00:17:59né,
00:17:59que você não pode,
00:17:59você me avalia se você,
00:18:01então é um negócio que...
00:18:02Memorais.
00:18:03Exatamente.
00:18:04Faz tudo.
00:18:06Então é um negócio que faz tudo ali,
00:18:08então obviamente ficou um negócio,
00:18:09um mastodonte,
00:18:11que está gastando muito dinheiro,
00:18:13graças a Deus tem recurso,
00:18:15isso é bom,
00:18:16a senhora brasileira precisa de recurso,
00:18:18eu sou aqueles que acham que é importantíssimo
00:18:21ter um projeto de audiovisual para a nossa nação,
00:18:24o audiovisual é o que dá a liga da nação,
00:18:26é o que dá a nossa visão,
00:18:27que faz o povo ficar unido,
00:18:29então é fundamental ter esse recurso,
00:18:31e isso tem gente que fica criticando que recurso é bom,
00:18:33não é isso,
00:18:34o problema não é recurso,
00:18:35o problema é saber investir o recurso,
00:18:37e tem dado muito pouco resultado.
00:18:40Onde estão os filmes que a Cine patrocina?
00:18:43Onde estão?
00:18:44Boa pergunta.
00:18:45Onde que eles foram parar?
00:18:49Onde foram parar, né?
00:18:50Quase 100 filmes por ano,
00:18:52cadê?
00:18:52Você assistiu o quanto?
00:18:53Se eu te perguntar,
00:18:54quantos você assistiu?
00:18:55Nenhum,
00:18:56porque o Art Stock aqui não tem ajuda, né?
00:18:58O Art Stock aqui não tem,
00:18:59o único que o pessoal assistiu,
00:19:01a Cine não ajudou,
00:19:02porque inclusive não ajudaria,
00:19:04porque pelos critérios da Cine hoje,
00:19:07para você ter uma ideia,
00:19:08os critérios da Cine hoje,
00:19:10não, é para essa coisa só, gente,
00:19:11é meio triste falar assim,
00:19:12eu falo que é triste,
00:19:13porque é muito importante a gente discutir,
00:19:14e reavaliar para investir melhor,
00:19:17não para não investir, tá?
00:19:18E não é culpa apenas,
00:19:19é culpa de vários motivos,
00:19:20a gente pode discutir depois,
00:19:22mas em termos de número,
00:19:23gastou,
00:19:24o ano passado,
00:19:252,3 bilhões
00:19:27em investimento em produção audiovisual,
00:19:31e o objetivo do fundo setorial
00:19:32é ter retorno para o fundo,
00:19:35não é um fundo perdido.
00:19:36pela legislação,
00:19:38ele deveria ser um investimento
00:19:39que retorna para a indústria.
00:19:41Vende ingresso cinema,
00:19:42e aí o dinheiro,
00:19:43o lucro volta.
00:19:43Uma parte do lucro volta para a Cine,
00:19:45retornou 63 milhões,
00:19:48de 2,3.
00:19:48Gasta 2,3 bilhões,
00:19:51e volta 63 milhões,
00:19:53é isso?
00:19:53Acho que foi 65,
00:19:54depois a gente vê exatamente,
00:19:55tem aí...
00:19:56Não vai fazer muita diferença.
00:19:57Mas em torno de 60 é melhor.
00:19:59Então retornou,
00:20:01o Felipe D'Ávila e o Jorandir
00:20:03fizeram umas análises recentes,
00:20:05tipo 31 vezes menos, né?
00:20:08Isso não é,
00:20:09eu sei que o audiovisual
00:20:10é uma área de risco,
00:20:11sempre foi uma área de risco,
00:20:12então isso é comum,
00:20:13mas é uma área de risco,
00:20:14não significa que dá tantos prejuízos,
00:20:16não é isso?
00:20:17É risco no sentido
00:20:17que você não sabe qual vai dar lucro,
00:20:20mas algum dá.
00:20:21Se você investe em 100 filmes
00:20:22e nenhum dá,
00:20:23é porque está errado.
00:20:24Então não é que não dá,
00:20:25esse papo assim não era de risco,
00:20:26não é verdade,
00:20:28o audiovisual da Coreia dá lucro,
00:20:29o audiovisual do Israel dá lucro,
00:20:31vários países dão lucro.
00:20:32Então a gente está com um problema
00:20:35de investimento,
00:20:37está investindo mal,
00:20:38está escolhendo mal os projetos.
00:20:39Imagina se fosse,
00:20:41por exemplo,
00:20:42um hospital,
00:20:42você compra um hospital,
00:20:44um investimento do Estado,
00:20:45e ninguém vai.
00:20:47Um hospital que ninguém foi.
00:20:49É isso,
00:20:50é isso,
00:20:50que é uma política pública
00:20:51que ninguém quer ir.
00:20:52As pessoas não querem assistir esse filme.
00:20:54E por que não querem assistir esse filme?
00:20:56Porque o médico,
00:20:56você vai lá,
00:20:57você não vai nesse hospital,
00:20:57esse médico,
00:20:58se eu chegar lá,
00:20:58o médico vai lacrar na minha cara.
00:21:01Mas você vai no hospital,
00:21:01o cara fala,
00:21:02você é branco.
00:21:03Que é meio isso, gente.
00:21:05Eu acho,
00:21:06de verdade,
00:21:07que o principal problema
00:21:08é que o cinema brasileiro
00:21:09ficou lacrador.
00:21:11A gente pode falar...
00:21:12Chato.
00:21:14Chato.
00:21:14Chato.
00:21:16Ideológico mesmo.
00:21:17Tem exceções,
00:21:17só para deixar claro.
00:21:18Mas a gente está falando aqui
00:21:19do bolo
00:21:20que passa por esse processo.
00:21:22Se tem exceção,
00:21:23é porque o cara conseguiu
00:21:24por algum truque.
00:21:24porque o modelo todo
00:21:26é imérito para as pessoas.
00:21:28Não é culpa dos artistas,
00:21:29é um modelo
00:21:30que a gente mesmo acreditou.
00:21:32Que mediocriza.
00:21:33Que mediocriza.
00:21:35Tem várias buscas
00:21:36de mediocridade mesmo,
00:21:38que a gente falou
00:21:38de não buscar o gênio.
00:21:41Todo modelo é baseado?
00:21:42A gente tem que conversar
00:21:43sobre como é o modelo de seleção.
00:21:44Nelson Rodrigues quer dizer
00:21:45que o gênio no Brasil
00:21:46não consegue emprego.
00:21:47Exato.
00:21:48Eu acho ótimo.
00:21:48É isso.
00:21:48E aquilo que o Nelson Rodrigues
00:21:50falou,
00:21:50a evolução dos idiotas,
00:21:52que é o famoso do Nelson,
00:21:53a frase é
00:21:54os idiotas vão dominar o mundo
00:21:56porque eles são a maioria.
00:21:57É isso.
00:21:58É a evolução dos idiotas.
00:21:59Mas não é para todo desempregado
00:22:00se sentir gênio.
00:22:01É.
00:22:02Então, realmente,
00:22:04aconteceu isso.
00:22:05Então, foi uma política inteira
00:22:07voltada para esse modelo,
00:22:10que é um modelo
00:22:10que acabou excluindo
00:22:12o público da equação.
00:22:13Mas como é que você corrige isso?
00:22:15É só se investir bem.
00:22:16Mudar as pessoas
00:22:18que determinam
00:22:20para onde vai o dinheiro.
00:22:21É isso?
00:22:21Não.
00:22:22É claro que, assim,
00:22:23se você pensar assim,
00:22:24eu acho, de verdade,
00:22:25que isso é um debate
00:22:26que a gente tem que pensar.
00:22:28Mas é comum,
00:22:29existem possibilidades,
00:22:30o gestor público,
00:22:31a Ancine,
00:22:31poderia virar, tipo,
00:22:32uma Petrobras,
00:22:33ou se existir,
00:22:34ou ter um gestor público
00:22:35que tem que dar resultado.
00:22:37Hoje não tem que.
00:22:38Ninguém cobra resultado
00:22:39do gestor da Ancine.
00:22:40Ele dá lá o recurso
00:22:40e não acontece nada.
00:22:41Então, a gente poderia...
00:22:42Primeira coisa,
00:22:43tem que ter resultado.
00:22:45A gente pode,
00:22:45não pode acontecer isso,
00:22:46e não ter um debate sobre isso.
00:22:48Não pode.
00:22:49A gente, o cinema brasileiro tem...
00:22:50Eu falar isso aqui, gente,
00:22:52é para a carreira da...
00:22:53Minha carreira é bem difícil.
00:22:54É bem complicado.
00:22:55Porque as pessoas falam
00:22:56que você é inimigo do cinema brasileiro.
00:22:57Não sou inimigo do cinema brasileiro, gente.
00:22:59Não sou mesmo.
00:23:00Sou o maior aliado do cinema brasileiro.
00:23:01De verdade.
00:23:02Acredito muito.
00:23:03Então, eu estou falando isso
00:23:04para melhorar.
00:23:05Mas, assim,
00:23:05a classe é muito corporativa.
00:23:07Então, qualquer crítica
00:23:08é tratada como se fosse inimigo.
00:23:11E não é.
00:23:12A gente tem que buscar.
00:23:12A gente sabe bem.
00:23:13Eu faço um monte de críticas
00:23:14ao mercado da comunicação também.
00:23:16E o pessoal se tratam...
00:23:17Você pode fechar a porta
00:23:19fazendo críticas.
00:23:20As pessoas vestem a carapuça
00:23:21de uma maneira individual.
00:23:22Mas eu busco falar,
00:23:23como você,
00:23:24sobre o mecanismo.
00:23:25Olha, esse modelo.
00:23:26Então, assim,
00:23:27a erva de publicidade federal
00:23:28que vai para o veículo,
00:23:29aí o veículo faz cobertura positiva
00:23:31do governo.
00:23:31Então, você corrompe o jornalismo.
00:23:33Isso é ruim.
00:23:33É a mesma coisa.
00:23:34Então, assim,
00:23:34deve ser discutida essa questão.
00:23:36Mas não é.
00:23:37No fundo,
00:23:37há várias variações
00:23:38do patrimonialismo brasileiro.
00:23:39Exatamente.
00:23:40Do Estado brasileiro
00:23:40querendo controlar
00:23:41as ideias das pessoas.
00:23:42E a Ancine foi a mesma coisa.
00:23:45É o Estado brasileiro
00:23:46tentando controlar
00:23:47o livre pensamento.
00:23:49Exatamente.
00:23:49Então, ele cria mecanismos
00:23:50que aparelham o Estado.
00:23:52A Ancine é aparelhada.
00:23:55Na verdade, é essa.
00:23:56Ela foi criada
00:23:56por pessoas de esquerda.
00:23:58Inclusive, pessoas...
00:23:59Literalmente...
00:24:00São pessoas que eu gosto,
00:24:02mas as pessoas do PCdoB,
00:24:03é verdade.
00:24:04A política inteira
00:24:05é criada por um pessoal
00:24:06comunista mesmo.
00:24:08E esse pessoal vai lá
00:24:08e cria uma máquina
00:24:10que passa as ideias
00:24:11que eles acreditam também.
00:24:12Só que vira um aparelhamento
00:24:14e aquilo em 20 anos,
00:24:16o que a gente está falando agora,
00:24:17não é agora.
00:24:18Ele está falando do PCdoB
00:24:20da Ancine,
00:24:20mas tinha gente mesmo
00:24:21ligada ao PCdoB.
00:24:22Não é maneira de falar, não,
00:24:24na Ancine.
00:24:25Eu sei disso.
00:24:26Pela cobertura jornalística.
00:24:28Então, aquilo é realmente
00:24:31um modelo de criação
00:24:33que aparelha
00:24:34e aquilo gera
00:24:35um certo consenso.
00:24:36Então, você faz o quê?
00:24:37Você cria critérios
00:24:38que você define a qualidade
00:24:40a partir, por exemplo,
00:24:41de festivais.
00:24:42E os festivais,
00:24:43a classe inteira
00:24:44é controlada pela esquerda.
00:24:46Então, filmes que pensam diferente
00:24:49não é que são de direita, não.
00:24:50É só pensar diferente
00:24:51do que a esquerda
00:24:53mandou se pensar naquele ano.
00:24:54Tipo, eu nem achava
00:24:55que era de direita,
00:24:56já não era.
00:24:56Porque se você não seguir
00:24:58exatamente o script,
00:25:00você não ganha o prêmio.
00:25:02E aquilo é um critério autista,
00:25:03é um critério autoavaliador.
00:25:05Se você tiver um vilão
00:25:07que pertence a uma minoria,
00:25:09algum traço identitário
00:25:11numa pessoa ruim, pronto.
00:25:12Já não sou.
00:25:13Aí você já tá...
00:25:13Não, você, na verdade,
00:25:14você tem, por exemplo,
00:25:15esse filme meu de...
00:25:17Eu tava falando no começo,
00:25:18de Porro Chanchada.
00:25:19Porro Chanchada já não podia.
00:25:21Não, porque não pode,
00:25:23porque não sei o quê,
00:25:23porque ficou muito
00:25:24politicamente correto, né?
00:25:25A esquerda toda politicamente correta.
00:25:27Aí eu falo,
00:25:27gente, cinema tem que ser...
00:25:29Não pode também.
00:25:30Aí não podia também,
00:25:30porque eu sou diretor homem.
00:25:32Aí o diretor homem
00:25:32não pode fazer filme
00:25:33sobre mulheres.
00:25:34Mas por que que não pode?
00:25:35Ah, porque tem lugar de fala.
00:25:37Não tem lugar de fala nada, gente.
00:25:39Então, todos os critérios
00:25:41foram baseados
00:25:41muitos anos
00:25:42de critérios de ideologia woke,
00:25:45analisando.
00:25:45Que não é...
00:25:46A classe toda
00:25:47foi dominada por isso.
00:25:49Como a gente sabe,
00:25:49teve um...
00:25:50A gente vive, gente.
00:25:51Vamos objetivar.
00:25:52Aliás, só um parênteses.
00:25:53O último episódio do podcast
00:25:54do A foi sobre
00:25:55identitarismo
00:25:56foi sobre cultura woke
00:25:57com o Elie Vieira,
00:25:59que é jornalista,
00:26:00que é biólogo,
00:26:01que é geneticista.
00:26:02Então, fala desse ponto de vista.
00:26:03Publicou um livro
00:26:03a respeito das falácias
00:26:05do identitarismo.
00:26:06Está aqui no canal de YouTube
00:26:07na nossa playlist
00:26:08do podcast O.A.
00:26:09Assista.
00:26:09Excelente, Vili.
00:26:10Eu li o livro até recentemente.
00:26:12E é justamente esse assunto
00:26:13que, na verdade,
00:26:14a gente acredita,
00:26:15é um consenso na classe,
00:26:17que aquilo é um valor.
00:26:18Você tem que usar
00:26:19os critérios woke.
00:26:20Então, o critério woke,
00:26:21por exemplo,
00:26:21você tem que...
00:26:22Não pode ter vilão negro.
00:26:25O vilão negro, sabe essas coisas?
00:26:26Um monte de critérios
00:26:27que vai impedindo a liberdade
00:26:29e vai ter que lacrar,
00:26:31tem que ensinar umas coisas.
00:26:32Aquilo vai afastando o público.
00:26:34Isso tudo é um modelo
00:26:36que parte por...
00:26:37Por exemplo,
00:26:38parte por o júri.
00:26:40O júri é uma área
00:26:42onde alguém definiu também,
00:26:44nós juntos,
00:26:45eu participei disso na época
00:26:46há 20 anos atrás,
00:26:47que a própria classe
00:26:48avalia ele mesmo.
00:26:50Aí a própria classe
00:26:51sofreu, como a gente sabe,
00:26:53uma invasão cultural.
00:26:54Esse negócio woke, gente,
00:26:56vamos objetivar,
00:26:57é uma invasão cultural.
00:26:58É grana internacional,
00:27:00a gente fala americana,
00:27:01mas é mais que isso,
00:27:02de corporações internacionais
00:27:03dominando o pensamento.
00:27:06Treinaram um monte de gente
00:27:07para acreditar naquelas coisas.
00:27:08Quem não acreditava
00:27:09é expulso das associações.
00:27:12Expulso.
00:27:12A gente foi expulso
00:27:13das associações de roteiristas
00:27:14porque a gente falou
00:27:15a palavra woke.
00:27:17Isso aconteceu.
00:27:17Isso é fato.
00:27:18Há um ano atrás.
00:27:19Então a pessoa falou
00:27:19o woke.
00:27:20Vamos debater o woke?
00:27:22Vocês são racistas.
00:27:23Expulsaram a gente.
00:27:24Então você não consegue debater.
00:27:27É um ambiente inteiro controlado
00:27:28onde as pessoas
00:27:29têm medo de debater
00:27:31e as pessoas vão ficando
00:27:32com o consenso
00:27:33que aquilo é o certo.
00:27:35E aquilo é uma ideologia
00:27:36que não dialoga
00:27:37com o povo brasileiro.
00:27:38O povo brasileiro não gosta disso.
00:27:40O povo brasileiro quer
00:27:40é filme mais divertido,
00:27:41mais ousado.
00:27:42E aí aquilo vai afastando
00:27:45o público.
00:27:45Então é um mecanismo inteiro
00:27:47de controle
00:27:48que parte de júri,
00:27:50o tipo que é feito júri,
00:27:52parte de festival,
00:27:53que os festivais
00:27:53são todos assim.
00:27:54Se você não seguir
00:27:55o filme do Josias Teófilo,
00:27:57que é um amigo meu
00:27:58que a gente montou
00:27:59Artistas Livres...
00:27:59Coronista da Cruz Oé.
00:28:01Então, maravilhoso.
00:28:02A gente montou
00:28:03e ele montamos
00:28:04uma associação
00:28:04para debater isso.
00:28:05É um Artistas Livres.
00:28:06Aliás, quem quiser
00:28:06se associar, ajudar,
00:28:08justamente para debater isso.
00:28:10O filme dele,
00:28:10ele foi passar num festival.
00:28:12Ele sofreu violência
00:28:13porque ele passou
00:28:14um filme que é
00:28:15sobre o lado de Carvalho.
00:28:15É, o filme sobre o lado.
00:28:17Violência física
00:28:18bateram nas pessoas.
00:28:20E aí nunca mais
00:28:21nenhum festival
00:28:21selecionou nenhum filme
00:28:23desse tipo.
00:28:24Claro, você vai selecionar...
00:28:25Então, não tem como.
00:28:27É uma área inteira
00:28:28controlada.
00:28:30E se a pessoa
00:28:30não seguir aquele discurso,
00:28:32ela não consegue.
00:28:33Então, isso de 20 anos,
00:28:35isso é 20 anos,
00:28:35gente.
00:28:36Não é uma coisa recente.
00:28:37Não é uma coisa...
00:28:38Não, a gente acompanha
00:28:39desde o começo.
00:28:40Então, 20 anos disso
00:28:41afasta o público daquilo.
00:28:43Então, a gente ficou
00:28:44um modelo de produção
00:28:44que faz um monte de filme
00:28:46que ninguém assiste
00:28:48e não tem interesse
00:28:49em assistir.
00:28:50E, no entanto,
00:28:50esse é o ponto crucial.
00:28:53Você tem muita gente
00:28:54aí dessa patota
00:28:55que é autoritária,
00:28:57embora se finja
00:28:58de defensora da diversidade,
00:29:00não aceita
00:29:01uma ideia
00:29:03de fora da cartilha.
00:29:06Que defende
00:29:07esses filmes
00:29:07que eles fazem
00:29:08como uma verdadeira arte.
00:29:10Como aquilo que
00:29:11a população brasileira
00:29:13deveria aprender a gostar.
00:29:14E, se não há público
00:29:16para aquilo,
00:29:17no entanto,
00:29:18o Estado tem que ajudar
00:29:19aquilo de qualquer maneira,
00:29:21porque aquilo
00:29:21que é o inteligente,
00:29:22afinal,
00:29:23elas são as mentes iluminadas
00:29:24que precisam
00:29:25civilizar o país.
00:29:27É uma ideia
00:29:28que foi até
00:29:28ecoada
00:29:30pelo presidente
00:29:31do Supremo Tribunal Federal,
00:29:32Luiz Roberto Barroso,
00:29:33que falou em civilizar
00:29:34o país outro dia.
00:29:34Que é o cara.
00:29:35Então, assim,
00:29:36o cara é o rei deles.
00:29:37Essa perspectiva
00:29:38de mente iluminada
00:29:40que precisa civilizar,
00:29:42ela é terrível
00:29:43para a arte.
00:29:44E você até,
00:29:45na sua última participação aqui,
00:29:47falou assim,
00:29:47olha,
00:29:49é no território artístico
00:29:51que certas discussões
00:29:52precisam ser travadas.
00:29:53Quando a gente vê
00:29:53que todas as discussões
00:29:54estão no território político,
00:29:56é que já há
00:29:57um mecanismo
00:29:58desfuncional,
00:29:59já há um desajuste,
00:30:01está no lugar errado.
00:30:02Dá dó,
00:30:02né?
00:30:02Dá arte não ser.
00:30:03Porque se a arte
00:30:04não consegue fazer isso,
00:30:05imagina o jornalismo.
00:30:05Não, porque o jornalismo também.
00:30:06O jornalismo é narrativas também,
00:30:09o jornalismo e a arte
00:30:10são narrativas,
00:30:10mas a arte ainda mais
00:30:12tem que ajudar
00:30:13a fazer o diálogo
00:30:13da sociedade.
00:30:14O jornalismo também.
00:30:16Tem esses papéis
00:30:17de fazer os pontos de vistas,
00:30:19você relativizar o ponto de vista,
00:30:20você fala,
00:30:20nossa,
00:30:21os dois pontos de vista,
00:30:22ouve o outro lado,
00:30:23esse tipo de coisa.
00:30:24E a arte,
00:30:24quando ela toma um lado só,
00:30:26como a arte brasileira tomou,
00:30:27o senhor brasileiro tomou um lado só,
00:30:29ele tomou opção
00:30:30na guerra cultural,
00:30:31ele virou ativista
00:30:34da guerra cultural,
00:30:34ele virou um guerreiro
00:30:36da guerra cultural.
00:30:37Que quer impor uma agenda.
00:30:38Os cineastas que deram certo
00:30:40nos últimos 20 anos,
00:30:41você vai olhar o Facebook,
00:30:42o Instagram dele
00:30:43é só PT o tempo todo,
00:30:44ela é ele o tempo todo.
00:30:45Se não seguir o protocolo,
00:30:48não adianta você não...
00:30:50Ficar em cima do muro,
00:30:51em cima do muro também não pode.
00:30:52Você tem que ficar no protocolo,
00:30:54aqueles que conseguiram
00:30:55conseguir carreira.
00:30:56Então,
00:30:57aquilo que eu falei,
00:30:58uma que tem que ser
00:30:59um bom técnico ali
00:31:00de arroz e feijão
00:31:01e seguir o discurso oficial.
00:31:03Aquilo cresce.
00:31:04Então,
00:31:0520 anos disso gera
00:31:06uma categoria inteira.
00:31:08Então,
00:31:08a gente tem que renovar
00:31:08a categoria urgente.
00:31:10Traz novas vozes,
00:31:11novas pessoas,
00:31:12novos talentos.
00:31:13Tem muitos talentos
00:31:14que foram cancelados
00:31:15por 20 anos.
00:31:17Talentos maravilhosos.
00:31:18Isso inclui gente,
00:31:19tanto gente jovem,
00:31:21que não consegue,
00:31:22mas gente adulta,
00:31:23gente grande cineasta,
00:31:24gente.
00:31:24A gente está no momento,
00:31:25olha que louco,
00:31:25o senhor brasileiro
00:31:26com tanto problema de público,
00:31:28não atingindo o público,
00:31:30e a gente está no momento,
00:31:31no nosso grupo,
00:31:33tem um grupo de roteiristas
00:31:34que se chama
00:31:35Roteiristas Livres.
00:31:36A gente reúne
00:31:37os maiores roteiristas
00:31:38do Brasil
00:31:39que já fizeram público,
00:31:41estão 20 anos
00:31:42fazendo público
00:31:43no cinema brasileiro
00:31:43e ninguém está trabalhando.
00:31:44Imagina só,
00:31:45como se você tivesse,
00:31:46de 50 anos,
00:31:47pessoas no auge da carreira,
00:31:48é como se você tivesse,
00:31:50a seleção brasileira
00:31:50está lá o Maradona,
00:31:51o Maradona não,
00:31:53o Pelé.
00:31:55É porque é difícil
00:31:55arrumar a referência atual
00:31:57de grandes jogadores,
00:31:58depois da derrota
00:31:59de 4x1 para a gente.
00:32:01Vamos pensar nos antigos,
00:32:02está lá o Pelé
00:32:02no banco de reserva
00:32:03e você não está convocando ele,
00:32:05está botando o moleque.
00:32:05É nesse nível o debate.
00:32:07Por quê?
00:32:09Porque os coroas
00:32:10não conseguem seguir
00:32:11essa cartilha.
00:32:12Não tem paciência.
00:32:13Porque quer fazer filme bom,
00:32:14também?
00:32:15Não tem paciência,
00:32:15não é porque ele é
00:32:16de esquerda ou direita,
00:32:17inclusive,
00:32:17é porque ele só quer
00:32:18fazer filme bom.
00:32:20Ele só quer fazer
00:32:20o diálogo dele
00:32:21sem gente controlando
00:32:23e o mecanismo todo
00:32:25é de controle.
00:32:26Está tudo controlado.
00:32:26Agora, a ANSINE
00:32:27é no nível federal,
00:32:29agora, no nível estadual
00:32:31também tem essas agências
00:32:32e aí também é o mesmo sistema
00:32:35ou elas têm mais liberdade
00:32:36de ajudar?
00:32:38A área está inteira controlada.
00:32:40A SPCINE, por exemplo,
00:32:41a gente está conversando
00:32:42com a presidente da SPCINE,
00:32:43a Liara,
00:32:44Artistas Livres,
00:32:45que é a nossa associação,
00:32:46está conversando com a Liara.
00:32:47A Liara está aberta
00:32:48à conversa.
00:32:49Daqui de São Paulo.
00:32:50Ficamos muito felizes
00:32:51de ver que ela está
00:32:51aberta à conversa.
00:32:52Gratidão, Liara, parabéns.
00:32:54Mas, ela está aberta,
00:32:55mas, assim,
00:32:56nos últimos oito anos
00:32:57virou o reino woke.
00:32:59A SPCINE, hoje,
00:33:01que é uma agência municipal,
00:33:03é o reino woke,
00:33:04o reino dos woke.
00:33:05O reino dos 100%
00:33:07da pauta é woke.
00:33:09E é difícil,
00:33:11quando você pega
00:33:11ela, uma gestora,
00:33:12agora,
00:33:13é difícil,
00:33:14porque a classe toda
00:33:15acredita nisso,
00:33:16aparentemente.
00:33:17Então, a primeira vez
00:33:17que surgiu agora
00:33:18gente que não acredita nisso,
00:33:20é nós.
00:33:21Então, ela tem que
00:33:22gerenciar esse conflito.
00:33:24Então, é uma transição.
00:33:24É uma transição
00:33:26que a gente até entende
00:33:27e estamos juntos
00:33:28para ajudar na transição.
00:33:29Uma transição que tem
00:33:30que aceitar
00:33:31que quem não concorda
00:33:33com o woke
00:33:34não é uma pessoa
00:33:35fascista, horrorosa.
00:33:36Simplesmente,
00:33:37a gente quer fazer
00:33:37outro tipo de filme.
00:33:38É só isso, gente.
00:33:39Não, porque não aceitam.
00:33:41Não aceitam, lógico.
00:33:42Não aceitam e não querem...
00:33:42Você pode chamar para debate.
00:33:43Se você não realizar pela castilha,
00:33:44você é traidor da pátria.
00:33:45Se você chama para debate
00:33:46e não quer ir.
00:33:47Então, vamos debater em público.
00:33:48Não pode debater em público.
00:33:49O que não pode
00:33:50debater em público, gente?
00:33:50Sou normal.
00:33:52Não, não pode.
00:33:53Então, eles não aceitam
00:33:54o debate público.
00:33:55Então, é difícil
00:33:56para os gestores
00:33:57e tem um consenso...
00:33:59Porque senão
00:33:59podem ser desmascarados.
00:34:00Também porque eles sabem
00:34:01que perdem o debate.
00:34:02Então, tem um consenso...
00:34:03Verdade é essa.
00:34:04Tem um consenso maluco...
00:34:06Maluco isso também.
00:34:07Porque, assim,
00:34:07a única área do planeta
00:34:09aonde as pessoas
00:34:11são avaliadas
00:34:12por pessoas menos qualificadas
00:34:13do que ela.
00:34:14Por exemplo,
00:34:15quem avalia meus projetos
00:34:16são gente menos avaliada
00:34:17que menos qualificada que eu.
00:34:18Imagina em ciência.
00:34:19É como se um doutor
00:34:20fosse avaliado
00:34:22por um estagiário
00:34:23para um aluno de graduação.
00:34:25É assim que está acontecendo
00:34:26na arte brasileira, gente.
00:34:28A gente acha isso normal.
00:34:30Isso não é normal.
00:34:31Por isso que o resultado
00:34:32está sendo baixo.
00:34:33Porque é mais fácil
00:34:34você controlar
00:34:34o aluno da graduação
00:34:36do que um livre docente
00:34:37que já tem carreira.
00:34:38Então, as pessoas adultas
00:34:40são canceladas
00:34:41tanto da realização
00:34:42quanto da seleção
00:34:45dos projetos.
00:34:47E tem solução.
00:34:48Eu apresento soluções
00:34:48para vocês agora.
00:34:50Olha, eu sei que
00:34:50comparar com os Estados Unidos
00:34:51é muito difícil
00:34:52porque os Estados Unidos
00:34:52é uma potência
00:34:53e lá todas as áreas
00:34:55têm uma indústria
00:34:56e você tem muitas alternativas
00:34:57para produzir conteúdo
00:34:59ou o que quer que seja.
00:35:01Mas lá também
00:35:02a esquerda dominou
00:35:03bastante
00:35:04o mercado cinematográfico.
00:35:06O Hollywood
00:35:06é sempre criticada
00:35:08pelos colunistas,
00:35:09autores,
00:35:10intelectuais
00:35:10mais à direita,
00:35:12mais conservadores,
00:35:12mais independentes.
00:35:13A gente vê
00:35:14a cerimônia do Oscar
00:35:15como ela também
00:35:17reflete muitas vezes
00:35:18a cultura,
00:35:18pelo menos durante anos
00:35:19até que houve muitas críticas,
00:35:21diminuíram um pouquinho.
00:35:23E eu vi, por exemplo,
00:35:25até escrevi a respeito
00:35:26livros de autores
00:35:29como Ben Shapiro,
00:35:30por exemplo,
00:35:30que fez uma investigação ali.
00:35:32Ele, na verdade,
00:35:33se colocou como alguém
00:35:34da tribo
00:35:36ao entrevistar roteiristas
00:35:38de séries de TV,
00:35:39de filmes.
00:35:40É muito tempo atrás.
00:35:42Uns 15 anos atrás.
00:35:43e aí ele foi,
00:35:45no meio da entrevista,
00:35:47como um jovem estudante
00:35:49de uma faculdade famosa
00:35:50e que é judeu
00:35:52e que, enfim,
00:35:52tinha conexões
00:35:53com algumas pessoas ali,
00:35:55ele foi fazendo perguntas
00:35:57sobre se era de propósito
00:35:58certas medidas
00:36:01que eles colocavam ali
00:36:02no roteiro,
00:36:03certas falas,
00:36:04certas cenas.
00:36:05Então,
00:36:06as pessoas foram entregando
00:36:07para ele
00:36:08sem saber
00:36:08que ele usaria isso
00:36:10para uma crítica,
00:36:11que faziam determinadas
00:36:13cenas
00:36:14de propósito
00:36:15em razão
00:36:16do seu viés ideológico.
00:36:19Então,
00:36:19por exemplo,
00:36:20para citar um exemplo
00:36:20bem ilustrativo,
00:36:21MacGyver,
00:36:22que a gente cresceu assistindo,
00:36:24que era o cara
00:36:24que saía das maiores
00:36:25enrascadas
00:36:26fazendo ali
00:36:28junções
00:36:30de mecanismos
00:36:31e aí explode
00:36:32alguma coisinha e tal,
00:36:33mas nunca com uma arma
00:36:34de fogo,
00:36:35tinha ali uma ideia
00:36:36de defender
00:36:37o desarmamento,
00:36:38da não necessidade
00:36:39da arma de fogo,
00:36:40por isso se colocava
00:36:42de determinada maneira,
00:36:43então fazia parte
00:36:44ali de uma agenda
00:36:44de esquerda.
00:36:45E aí vários roteiristas
00:36:46de séries famosas
00:36:47e tal foram dando
00:36:48depoimentos nesse sentido.
00:36:49Então,
00:36:50ele mostrou que,
00:36:51olha,
00:36:51é muita gente de esquerda
00:36:53aqui fazendo conteúdo
00:36:55que tem uma agenda
00:36:56por trás.
00:36:57No entanto,
00:36:58eu queria te perguntar
00:36:59assim,
00:36:59qual é a diferença
00:37:00mais significativa?
00:37:01Não tem o Mancini,
00:37:02lá você tem
00:37:03uma multiplicidade,
00:37:04você conhece mais ou menos
00:37:05a estrutura
00:37:05para fazer uma comparação
00:37:07com o Brasil?
00:37:08Não,
00:37:08lá é subsídio,
00:37:10mas tem capital
00:37:11de risco,
00:37:12que é uma possibilidade
00:37:13que a gente tem que fazer.
00:37:14O Mancini não pode dar
00:37:15fundo perdido,
00:37:17que nem aqui.
00:37:17Aqui é fundo perdido,
00:37:18eles falam que teria
00:37:20retorno,
00:37:21fundo,
00:37:21mas não teve,
00:37:21como a gente viu.
00:37:22Então ele dá para você,
00:37:23se não retornar,
00:37:24não acontece nada.
00:37:25Ninguém está correndo risco.
00:37:28Então é um modelo
00:37:29sem risco.
00:37:31É um modelo
00:37:31que a pessoa pega
00:37:3210 milhões,
00:37:3320 milhões
00:37:34para fazer um filme,
00:37:35falando que vai fazer
00:37:35uma indústria,
00:37:37aí o filme faz pouco,
00:37:38espectador,
00:37:38ele fala que é arte.
00:37:40E se você quiser avaliar,
00:37:42eles ficam bravos com você,
00:37:43porque falam,
00:37:43não é só arte,
00:37:44a arte não pode ser avaliada.
00:37:45Mas assim,
00:37:45como pode ser avaliada?
00:37:46Você falou que era indústria,
00:37:48eu lembro que uma vez
00:37:49eu era secretário,
00:37:50eu falei,
00:37:50gente,
00:37:51você falou que era indústria,
00:37:51agora você,
00:37:52não,
00:37:52olha a arte.
00:37:53Então você nunca pode
00:37:54debater o retorno
00:37:55no Brasil.
00:37:57Porque lá
00:37:58é a indústria real,
00:38:00o modelo principal.
00:38:00Então a indústria real,
00:38:01você pode,
00:38:02o Estado deve
00:38:03subsidiar,
00:38:04lá subsidia,
00:38:04subsidia via imposto,
00:38:08via vários caminhos,
00:38:09subsidia,
00:38:10mas as pessoas
00:38:11estão correndo risco.
00:38:13E elas têm realmente
00:38:15possibilidades a lucro.
00:38:16Aqui no Brasil,
00:38:17o produtor não consegue
00:38:17ter lucro, gente.
00:38:18Mesmo se o filme
00:38:19der muito dinheiro,
00:38:20o produtor não tem lucro,
00:38:21o modelo todo.
00:38:22Porque vai tudo
00:38:23para distribuidor
00:38:23e para não sei o quê.
00:38:24Então o produtor
00:38:25acaba virando um cara
00:38:27que ganha dinheiro
00:38:28na produção.
00:38:29Então ele não ganha
00:38:30dinheiro na venda.
00:38:32Imagina se você
00:38:32só ganha dinheiro
00:38:33produzindo,
00:38:33você não ganha dinheiro
00:38:34vendendo.
00:38:35No cinema brasileiro,
00:38:35é assim.
00:38:36É o modelo todo
00:38:37que faz a oração.
00:38:37Então o cara começa,
00:38:38e muitos anos disso,
00:38:39o cara já começa...
00:38:40E aí a verba pública
00:38:41que entra na produção
00:38:42com a distribuição
00:38:42de cachê
00:38:43a partir de orçamento.
00:38:44Exatamente.
00:38:45O cara já ganha
00:38:45muito dinheiro
00:38:46e ganha bem.
00:38:46Por uma agência federal.
00:38:48Ganha bem,
00:38:49mas é uma forma ótima
00:38:50de você controlar.
00:38:51Não é verdade,
00:38:52gente?
00:38:52Também tem um lado,
00:38:53deve ser,
00:38:54né, gente?
00:38:55Eu ouvi um amigo meu
00:38:56falando assim,
00:38:57o ouquismo também
00:38:57é uma forma
00:38:58das universidades,
00:38:59o ouquismo
00:39:00que fica pesquisando
00:39:03o Lee fala muito bem,
00:39:04é uma forma
00:39:05das universidades
00:39:05para a gente pesquisar
00:39:06coisas importantes.
00:39:07Vê se na China
00:39:08e na Índia
00:39:08eles ficam com esse papo.
00:39:09Não ficam pesquisando
00:39:10coisa que é importante
00:39:11para a nação.
00:39:12Aqui no Brasil
00:39:13fica discutindo bobagem.
00:39:14E o cinema brasileiro é igual.
00:39:16Então é uma forma
00:39:17da gente não dar certo
00:39:18no nosso cinema.
00:39:19Essas dominações culturais
00:39:20são para isso também.
00:39:21Eu acredito nisso.
00:39:22Não acho que é totalmente idiota.
00:39:24É para não dar certo mesmo.
00:39:26É, sabe?
00:39:27É para não dar certo.
00:39:28Agora, é engraçado
00:39:28que lá também compraram, né?
00:39:30Você viu a própria Disney
00:39:31que comprou essa agenda, né?
00:39:33Agora, mas a gente
00:39:33já romperam.
00:39:35Eles são mais rápidos
00:39:36do que nós.
00:39:36É, você viu o caso
00:39:36eu acompanhei por alto,
00:39:37mas o Alexandre Bosta
00:39:38está acompanhando
00:39:39a Branca de Neve, né?
00:39:40A Branca de Neve
00:39:40é um caso clássico, assim.
00:39:42A Branca de Neve
00:39:42virou, por exemplo,
00:39:44não pode ter anão, né?
00:39:44Você viu isso?
00:39:45Tiraram os anãos.
00:39:46Inclusive, tem o depoimento
00:39:48dos anãos,
00:39:49o sindicato de atores
00:39:50anãos bravos, né?
00:39:51Fala, gente,
00:39:52eu queria ser anão.
00:39:54Você vai ofender os anãos,
00:39:55mas pelo menos eu tinha emprego, né?
00:39:56Aí não, eles tiraram os anãos.
00:39:57Os anões discordam,
00:39:58mas as mentes iluminadas
00:40:00sabem o que é melhor
00:40:01para o anão
00:40:02do que o próprio anão.
00:40:03É que nem no Brasil.
00:40:04Os pretos brasileiros
00:40:05não concordam com o queísmo.
00:40:08Mentira.
00:40:08Os pretos brasileiros,
00:40:09a maioria dos pretos brasileiros
00:40:10são cristãos.
00:40:11Então não é verdade
00:40:12que é uma defesa
00:40:13do povo preto.
00:40:14É mentira.
00:40:15Não é verdade.
00:40:16Não é defesa de ninguém isso aí.
00:40:17Isso é para acabar.
00:40:19Então, realmente,
00:40:20agora lá, voltando,
00:40:21tem muito mais diversidade.
00:40:23Lá, por exemplo,
00:40:24eu sou muito fã
00:40:24de Salt Park,
00:40:25que eu já te falei
00:40:26para você aqui,
00:40:27que é uma série
00:40:27de sátira política.
00:40:28É impossível fazer
00:40:29qualquer sátira no Brasil.
00:40:31É impossível você passar
00:40:33sátiras políticas.
00:40:35Não tem produção cinematográfica
00:40:37sobre os episódios recentes
00:40:39da política brasileira.
00:40:40Não tem.
00:40:40O último foi o Candidato Néstor,
00:40:42do Paulo Cursino.
00:40:42Quando você faz,
00:40:43é sobre 50 anos atrás,
00:40:44na época da ditadura,
00:40:45que aí tem o monstro,
00:40:46que é uma coisa mais clara,
00:40:47aqui é o bem,
00:40:47aqui é o mal.
00:40:48Não consegue.
00:40:49Isso vem da justiça.
00:40:51Os produtores têm muito medo.
00:40:52Então a gente fica...
00:40:53De processo?
00:40:54De processo.
00:40:54A gente fica falando
00:40:55aos produtores,
00:40:56mas os produtores,
00:40:56a lógica dele é falar
00:40:57não, eu não quero o processo,
00:40:58vou comprar a briga com...
00:41:00O cara fala,
00:41:01não, eu quero ganhar dinheiro
00:41:01com o cinema,
00:41:02não quero o processo.
00:41:03E a mesma coisa
00:41:03com a editora de livro,
00:41:04você faz lá um livro
00:41:07sobre Eduardo Cunha,
00:41:08põe um pseudônimo,
00:41:10a editora,
00:41:11o editor,
00:41:11que fez...
00:41:12Tem que pagar multa.
00:41:14Esse livro aqui também,
00:41:16eu potei só pseudônimos,
00:41:17fiz os casos reais,
00:41:19o outro livro que eu fiz,
00:41:20Manual do Bullying também.
00:41:21Eu tenho um filme,
00:41:23que eu vou lançar agora em maio,
00:41:24que chama Saúde S.A.
00:41:25tá há sete anos também
00:41:26que não pode lançar,
00:41:28porque eu zombei
00:41:29do dono da outra farma.
00:41:31O dono da outra farma,
00:41:32zombei assim,
00:41:33super leve também.
00:41:35Não foi nada grave.
00:41:36Foi uma zombadinha.
00:41:36Uma zombadinha de leve.
00:41:37Básico.
00:41:37Mas não foi assim,
00:41:38uma acusação,
00:41:39não sabe, foi nada,
00:41:40foi só uma zombadinha mesmo.
00:41:41O produtor ficou achando
00:41:43que vai ofender
00:41:44e o cara vai processar,
00:41:45e o produtor tem medo
00:41:46de lançar.
00:41:47Dá pra entender o produtor também,
00:41:48não tô nem culpando ninguém.
00:41:49É um modelo brasileiro
00:41:51onde você não pode falar nada
00:41:53que tudo a justiça vai...
00:41:55E lá nos Estados Unidos
00:41:57tem primeira emenda?
00:41:58Tem.
00:41:59Primeira emenda, meu filho.
00:42:01Então, aqui a primeira gente
00:42:02que quer copiar tanta coisa
00:42:03nos Estados Unidos,
00:42:03a gente ia copiar a primeira emenda.
00:42:05As coisas boas, né?
00:42:05Primeira emenda, meu filho.
00:42:06E lá, então,
00:42:07permite que exista uma sátira
00:42:09como Salt Park.
00:42:10Aqui no Brasil
00:42:10é impossível você fazer isso.
00:42:12Então,
00:42:13o pensamento no Brasil
00:42:14é cerceado.
00:42:16A gente tem que ter claro isso.
00:42:18Isso é um projeto colonial
00:42:19pra gente não pensar livremente.
00:42:21A gente sabe disso.
00:42:22Isso é no jornalismo
00:42:23e é na arte.
00:42:24E pra render emprego
00:42:25pra companheirada.
00:42:26Pra companheirada,
00:42:27pra manter o controle
00:42:28do pensamento pra ninguém.
00:42:30Só que isso o público
00:42:31não aceita mais.
00:42:32Isso funcionava
00:42:33quando tinha uma TV
00:42:34que você era obrigado a assistir.
00:42:36Esse é o lado bom,
00:42:36que é o cansaço que gera,
00:42:38a exaustão.
00:42:39Chega uma hora
00:42:39que a demanda reprimida
00:42:41estoura, transborda.
00:42:42E se você perguntar
00:42:43pro pessoal do cinema,
00:42:43eles vão falar o quê?
00:42:44E segundo o pessoal,
00:42:45eles vão falar assim,
00:42:45não, o filme brasileiro
00:42:46não dá acesso,
00:42:47porque a culpa é da internet.
00:42:49Aí fica esse papo.
00:42:49A culpa é da internet.
00:42:50É mentira.
00:42:53Porque se você fizer
00:42:54um filme bom hoje,
00:42:55estoura.
00:42:57Se você fizer um filme livre,
00:42:58o cinema argentino faz, né?
00:43:00Estoura.
00:43:00Tem muito mais prêmio
00:43:01que o cinema brasileiro.
00:43:03Em festivais,
00:43:04que o outro argumento é
00:43:05o filme brasileiro vai
00:43:06ganhar um festival de Berlim.
00:43:07O cinema argentino
00:43:07tem muito mais prêmio
00:43:09que o cinema brasileiro.
00:43:10Não tem comparação.
00:43:11Eu adoro cinema argentino.
00:43:12É muito mais potente.
00:43:12A criatividade,
00:43:13um monte de filme
00:43:14que não tem nada de ideológico,
00:43:15não tem nada de...
00:43:16Tem muito mais respeito
00:43:17por autor.
00:43:18Eles têm uma tradição
00:43:20de dramaturgia muito...
00:43:20Roteiristas criativos,
00:43:22livres.
00:43:22Roteiristas livres e criativos.
00:43:24Eles têm uma tradição
00:43:25de dramaturgia muito grande,
00:43:26em situação de pensamento
00:43:27cinematográfico também.
00:43:29Então,
00:43:29e os autores escrevem
00:43:31e respeitam o texto dele.
00:43:33Aqui no Brasil inventaram
00:43:33um jeito, gente,
00:43:34que é assim,
00:43:34eu trabalho com roteirista, né?
00:43:36Inventaram a sala de roteiro.
00:43:38Parece legal,
00:43:39todo mundo criar coletivamente,
00:43:40mas na verdade é pra quê?
00:43:42Na sala de roteiro
00:43:43tem lá um...
00:43:45É tudo identitário.
00:43:46Aí tem as cotas,
00:43:47tem um preto,
00:43:48um trans,
00:43:48e são leitores sensíveis.
00:43:50Eles ficam magoados,
00:43:51eles ficam...
00:43:52É um censor dentro da sala.
00:43:54Antigamente a censura...
00:43:56Isso tem gente
00:43:57da região militar,
00:43:59amigo meu,
00:43:59Marcílio Moraes,
00:44:00por exemplo,
00:44:00que é um autor
00:44:01de 80 anos,
00:44:02que trabalhou
00:44:03desde o Roque Santeiro,
00:44:05fala que,
00:44:06claramente,
00:44:07que o regime militar
00:44:08era mais livre
00:44:08que hoje.
00:44:09E era, gente.
00:44:12É horrível falar
00:44:12com essa clareza.
00:44:14É difícil falar
00:44:14isso com essa clareza.
00:44:15Porque no regime militar,
00:44:16o que o cara fazia?
00:44:17Ele fazia um filme,
00:44:18tinha censura.
00:44:19Pelo menos você sabia,
00:44:20tinha um departamento de censura,
00:44:21falava claramente
00:44:21que era censura,
00:44:22agora não pode falar também.
00:44:24O cara fazia o filme,
00:44:25mandava pro departamento,
00:44:26ele cortava uns pedaços.
00:44:28Geralmente cortavam
00:44:28as partes eróticas.
00:44:31Cortava uns pedacinhos,
00:44:32umas coisas mais ofensivas.
00:44:33E pronto.
00:44:34Hoje em dia,
00:44:35os caras controlam
00:44:36o argumento,
00:44:37então virou um consenso
00:44:38que você tem que usar
00:44:39a palavra-chave
00:44:40pra você ter o projeto aprovado.
00:44:43Então se você não citar
00:44:43as palavras-chave do Woke,
00:44:45você não vai ter
00:44:45o projeto aprovado.
00:44:46Tem que falar de diversidade,
00:44:48tem que falar
00:44:48todas essas coisinhas
00:44:49que eles gostam.
00:44:50Depois tem acompanhamento
00:44:51do roteiro,
00:44:53depois tem acompanhamento
00:44:53do corte,
00:44:54tem acompanhamento
00:44:55em todas as etapas.
00:44:58Você fez me lembrar...
00:44:58Fica chato.
00:44:59O filme fica chato.
00:45:00Um monte de gente
00:45:00controlando a criação.
00:45:02Claro, claro.
00:45:03Você fez me lembrar
00:45:04uma entrevista
00:45:05que iria passar despercebida
00:45:07se eu não tivesse assistido,
00:45:09que foi do Silvio de Abreu,
00:45:11num programa de TV.
00:45:12Anos atrás,
00:45:13eu era polunista da Verde,
00:45:14eu ainda trabalhava lá também.
00:45:16E ele falou
00:45:18que aquele pessoal
00:45:20que era de cinema
00:45:21e de teatro
00:45:22na época da ditadura,
00:45:23que não estava conseguindo produzir,
00:45:24que estava sendo censurado
00:45:25e tal,
00:45:26acabou indo pra TV
00:45:27pra escrever novela.
00:45:29Maravilhoso.
00:45:30E aí os intelectuais,
00:45:32autores de esquerda,
00:45:33foram escrever novela.
00:45:34E eu estava mostrando
00:45:35que existe uma tradição
00:45:37na novela brasileira,
00:45:39claro que tem exceções,
00:45:41mas de autores de esquerda.
00:45:43Então, eventualmente,
00:45:44aparece uma questão ali
00:45:45de agenda ideológica,
00:45:47política, etc.
00:45:48E eu identifiquei
00:45:49várias em novelas,
00:45:50a gente sabe
00:45:51quem são os autores,
00:45:51de onde veio, etc.
00:45:53Eventualmente,
00:45:53são pessoas excelentes,
00:45:55porque desde Dias Gomes,
00:45:56Janete Clare e tal,
00:45:58Dias Gomes se considerava
00:45:59socialista.
00:46:00Pois é.
00:46:01Falava abertamente,
00:46:02tem entrevista dele,
00:46:03falando a respeito disso.
00:46:04Mas é um grande autor.
00:46:05Exatamente,
00:46:06mas é um grande autor.
00:46:07Até nisso,
00:46:08a esquerda decaiu.
00:46:10Então, você tinha pessoas ali
00:46:12que tinham algum ativismo,
00:46:13mas que mantinham a criatividade,
00:46:15não era essa prisão do culto.
00:46:17Quando você vai criar,
00:46:18a tua opinião
00:46:18não é o principal do filme.
00:46:21Exatamente.
00:46:22Não é o principal.
00:46:22Eu posto a minha opinião,
00:46:24mas não é o principal.
00:46:24O principal é fazer
00:46:25a dramaturgia funcionar.
00:46:27Para a dramaturgia funcionar,
00:46:28o meu antagonista,
00:46:29que eu não concordo,
00:46:30tem que ser muito bom.
00:46:31E eu tenho que ouvir muito ele.
00:46:32Eu, de verdade,
00:46:34a minha principal militância
00:46:35é a arte e a dramaturgia.
00:46:37Eu acredito,
00:46:38porque eu acredito
00:46:38que isso muda o mundo.
00:46:39Eu acredito.
00:46:40Porque é justamente
00:46:40quem cria o diálogo.
00:46:41Eu posso ter minha opinião ali,
00:46:43mas não é o principal, gente.
00:46:44O principal é fazer
00:46:45a dramaturgia funcionar.
00:46:46E o Dias Gomes
00:46:47fazia a dramaturgia funcionar.
00:46:48E eram autores,
00:46:50como a gente estava falando,
00:46:51intelectuais.
00:46:52Exato.
00:46:52Que tinham a visão de mundo,
00:46:55vinham da rua,
00:46:58entre aspas,
00:46:59do povo,
00:47:00do teatro.
00:47:00Hoje em dia,
00:47:01o que é a Globo?
00:47:02O que é a Globo?
00:47:03Vale tudo.
00:47:03Serviou a novela?
00:47:04Então, eu ia chegar aí.
00:47:05Eu ia fazer duas referências.
00:47:07Uma é a entrevista
00:47:09que o Boninho deu depois
00:47:10para contar a história
00:47:11do Roberto Marim,
00:47:12porque aí entrava lá
00:47:13o censor da ditadura militar
00:47:15na redação
00:47:15e teve uma frase
00:47:16que ficou famosa
00:47:17do Roberto Marim,
00:47:18que é
00:47:18dos meus comunistas
00:47:19cuido eu.
00:47:20Ele dava liberdade.
00:47:21Então, que era essa turma às vezes,
00:47:22que tinha vindo teatro.
00:47:24A outra que estava na redação,
00:47:25enfim.
00:47:27Mas dava liberdade.
00:47:28Um conservador
00:47:28que dava liberdade
00:47:29para os comunistas criarem.
00:47:30Exatamente.
00:47:31E agora,
00:47:32você tem o remake
00:47:34de Vale Tudo
00:47:35e aí houve essa entrevista
00:47:37da pessoa responsável ali
00:47:38para um veículo
00:47:40falando que ia mudar tudo
00:47:41para adaptar
00:47:42para a cultura woke.
00:47:43Ela não disse com essas palavras
00:47:44porque eles não gostam
00:47:45de admitir,
00:47:46mas é para tudo ficar bonitinho.
00:47:47Quando, na verdade,
00:47:48o Vale Tudo mostrava
00:47:49com crueza
00:47:51determinadas coisas
00:47:53que aconteciam no Brasil
00:47:54e que eram graves
00:47:55e que são até hoje.
00:47:56Não, ela falou claramente,
00:47:58a Manuela Dias,
00:47:58falou claramente
00:47:59que a Odete Hortman
00:48:01não vai falar tão mal
00:48:03do Brasil
00:48:04porque não está tão ruim
00:48:05o Brasil assim.
00:48:06Pois é.
00:48:08O Brasil está legal.
00:48:10Exatamente.
00:48:10É o discurso da esquerda
00:48:11assim,
00:48:12na cara dura.
00:48:12O que vocês estão falando?
00:48:14Nós somos uma democracia.
00:48:15O que vocês estão falando?
00:48:16A mesma coisa.
00:48:16Ela falou isso.
00:48:17Ela falou várias coisas.
00:48:18Como se o crime organizado
00:48:20não dominasse territórios,
00:48:21como se não houvesse inflação,
00:48:23como se as pessoas
00:48:24estivessem vivendo
00:48:25vidas nababescas.
00:48:27É a vida do Leblon.
00:48:27É, exatamente.
00:48:29E isso é sociológico.
00:48:31A gente brinca.
00:48:32Tem a ver com a classe dela.
00:48:34Porque o pessoal
00:48:35que alcançou muito na televisão
00:48:36tem acontecido muito isso.
00:48:38Aquilo que eu falei
00:48:39da meio de organização,
00:48:41a Globo é uma empresa
00:48:42muito grande,
00:48:43fez muito sucesso.
00:48:43Quando ela começou,
00:48:44o pai,
00:48:46criativo,
00:48:46gênio,
00:48:47inovador,
00:48:47conservador,
00:48:48conservador,
00:48:49mas que sabe conversar
00:48:50com os comunistas,
00:48:50traz os caras.
00:48:51Aí que cria diálogo
00:48:52e faz uma empresa
00:48:53ficar rica.
00:48:54Porque todo mundo
00:48:55consegue criar ali,
00:48:56mano.
00:48:56O cara,
00:48:56ele era de direita
00:48:57e chamou os caras de esquerda
00:48:58e todo mundo
00:48:59fez uma novela
00:48:59que fez sucesso
00:49:00e mobilizou a nação brasileira
00:49:02e debateu o povo brasileiro.
00:49:03Foi bom para todo o povo.
00:49:05Então,
00:49:06dá para os comunistas
00:49:06trabalhar também,
00:49:07gente.
00:49:07Ninguém é contra aqui,
00:49:08não é isso.
00:49:08A questão é funcionar
00:49:10o diálogo.
00:49:11E lá eles conseguiam.
00:49:12Aí o que aconteceu?
00:49:12Faz sucesso,
00:49:13vira uma empresa grande
00:49:14e o que acontece?
00:49:15Vira um mastodonte
00:49:16e vai virando
00:49:17uma cultura corporativa
00:49:18cada vez menos inovadora
00:49:20que vai premiando
00:49:21os burocratas da empresa.
00:49:22Isso acontece
00:49:23com muitas empresas.
00:49:24Exatamente.
00:49:24O burocrata da empresa.
00:49:25Então,
00:49:26a Globo,
00:49:27eu estive lá
00:49:28quando eu estive lá,
00:49:29era famosa.
00:49:29Eu vim de fora,
00:49:30eu vim via
00:49:31Fernando Meirelles,
00:49:33via caminhos
00:49:33mais alternativos.
00:49:35E já tinha a turma lá,
00:49:36que eram os colaboradores,
00:49:38que era o pessoal
00:49:39que tinha o gênio,
00:49:40que era o Gilberto Braga,
00:49:43o Agnaldo Silva,
00:49:44que ainda está aí.
00:49:44Que, aliás,
00:49:44o Agnaldo Silva
00:49:45olha com olhos críticos.
00:49:47Ele tem ótimas publicações
00:49:48nas redes sociais.
00:49:50Maravilhoso.
00:49:50Aliás,
00:49:50se alguém tiver contato
00:49:51do Agnaldo Silva,
00:49:51a gente quer trazer ele aqui também.
00:49:52Eu acho maravilhoso.
00:49:54Ele é um gênio.
00:49:55Ele explora aquele tiptop.
00:49:57Ele é um gênio.
00:49:58Então,
00:49:58essa turma realmente grande,
00:50:00o Antônio Calmon,
00:50:01o Silvio de Abreu,
00:50:01eram galera realmente muito forte.
00:50:03O Valdo César Muniz.
00:50:04Então,
00:50:05todos,
00:50:05acho que vão querer falar com você.
00:50:07E são autores muito fortes.
00:50:09E todos eles têm isso a dizer,
00:50:10essas coisas.
00:50:11E conseguiam fazer essas coisas, né?
00:50:13Mas era o colaborador.
00:50:14O colaborador é o cara lá
00:50:15que toca a escaleta.
00:50:17Esse cara é o cara
00:50:18que é o bom funcionário da empresa.
00:50:21Mas não é o gênio,
00:50:22mas é o bom funcionário.
00:50:23Aí até tinha a frase,
00:50:24para dar certo na Globo,
00:50:25você tem que falar baixo.
00:50:27E aí o pessoal mais que falava
00:50:29mais baixinho,
00:50:29começou a crescer.
00:50:31Aí foi ficando cada vez mais
00:50:32essa classe de mediúrgios, né?
00:50:35Mediúrgios.
00:50:36Essa galera.
00:50:37Essa galera é aquela
00:50:38politicamente correta,
00:50:39que não quer ofender ninguém.
00:50:40E ela fala,
00:50:40não pode ter vilão.
00:50:41O vilão não é um vilão.
00:50:42Então eles tiram vilania
00:50:44da novela.
00:50:45Tirar vilania do Dette Reutemann.
00:50:47Ela falou que vai tirar vilania.
00:50:48Aí a Eleninha Reutemann,
00:50:50que foi maravilhosa.
00:50:52Lembra que era alcoólatra?
00:50:53Sim,
00:50:53acompanhava.
00:50:54Renata Sorrá.
00:50:55Renata Sorrá,
00:50:55top.
00:50:56Debatendo o alcoolismo,
00:50:58chegando aquelas cenas
00:50:59de trágico-média,
00:51:00maravilhosas,
00:51:01com cenas que se a gente
00:51:03assistia aquilo,
00:51:04você ria
00:51:05e ficava o culpado de rir.
00:51:08É isso que é a situação.
00:51:09Não é assim.
00:51:10Você ria,
00:51:11mas você tem dó também.
00:51:12Você fala,
00:51:12gente,
00:51:12eu estou rindo disso,
00:51:13eu não ia rir.
00:51:14E aí que você consegue
00:51:15revelar a tristeza
00:51:17de ser um alcoolatra.
00:51:19Ela conseguiu revelar isso,
00:51:20que vai até o talo
00:51:21da dramaturgia.
00:51:22A dramaturgia tem que ir
00:51:23até o talo.
00:51:24Em novela,
00:51:24então,
00:51:24tem que ir até o extremo.
00:51:26Aqui no Brasil é o bom gosto.
00:51:27Agora ficou o bom gosto.
00:51:28Todo mundo é o bom gosto.
00:51:30Ah, não, não.
00:51:30Vai ofender.
00:51:31Não, vai magoar.
00:51:32Não, vai chocar.
00:51:33Mas vai chocar mesmo.
00:51:34Eu lembro
00:51:35uma série minha,
00:51:37um exemplo.
00:51:37Será que a última vilã
00:51:38foi a Carminha,
00:51:38Avenida Brasil?
00:51:39Não é a última.
00:51:40Nunca mais deixaram.
00:51:41Nunca mais deixaram
00:51:42ter vilã.
00:51:42Que tenha tido
00:51:43uma projeção.
00:51:45Nunca mais.
00:51:46Eu lembro uma cena
00:51:46que aconteceu comigo,
00:51:48uma série que eu fiz.
00:51:49Aí o aparecerista
00:51:50falou assim,
00:51:50não,
00:51:51uma série sobre Covid.
00:51:52O aparecerista falou assim,
00:51:53não,
00:51:55essa cena me chocou muito,
00:51:57porque a mãe
00:51:58perde um filho,
00:51:59perde uma filha.
00:52:00E eu sou mãe,
00:52:01e a cena me chocou.
00:52:02Então,
00:52:02não podemos ter essa cena.
00:52:04Mas é para te chocar mesmo.
00:52:06É isso que se chocou,
00:52:08funcionou.
00:52:09Não,
00:52:09aí tiram.
00:52:10Tudo que choca,
00:52:10tira.
00:52:11Eles vão tirando.
00:52:12Aí vai chegando
00:52:13esse negócio do bom senso,
00:52:14do bom gosto.
00:52:15Isso não funciona, amigo.
00:52:16Então,
00:52:17nós estamos lançando aqui,
00:52:17eu quero lançar aqui.
00:52:18Posso lançar?
00:52:19Pode lançar.
00:52:20Concurso Vale Tudo.
00:52:20Se você aqui está assistindo,
00:52:22dá ideias para a novela Vale Tudo.
00:52:25A Globo está fazendo
00:52:26o aniversário,
00:52:2660 anos,
00:52:27está precisando de ideias novas.
00:52:29O pessoal está difícil para eles,
00:52:30não está fácil,
00:52:31não estão conseguindo
00:52:31ter ideias novas.
00:52:33Então,
00:52:33vale tudo.
00:52:34Eu acho que o povo,
00:52:34ele vai dar ideias melhores
00:52:36do que a novela vai fazer.
00:52:38A novela está...
00:52:39Não sei se você viu
00:52:40os materiais.
00:52:41Vale a pena vocês mostram.
00:52:42Gente,
00:52:43parece que está vendo
00:52:44TV pirata,
00:52:45está ficando meio chato.
00:52:47Não,
00:52:48a Débora fazendo
00:52:49a Odete Roitman,
00:52:51TV pirata.
00:52:52A Maria de Fátima,
00:52:54que lembra
00:52:55que era a Glória Pires?
00:52:56Maravilhosa.
00:52:57A Glória Pires,
00:52:57uma vilã.
00:52:58Sim,
00:52:58ela é a Maria de Fátima.
00:52:59Uma vilã seca,
00:53:01metida,
00:53:02arrogante,
00:53:03poderosíssima.
00:53:05Botaram uma atriz negra,
00:53:06é claro,
00:53:07que isso não é o problema principal,
00:53:08acho que pode ser legal,
00:53:09na verdade,
00:53:10eu vou até sugerir uma coisa.
00:53:11Botaram uma atriz negra,
00:53:12mas a menina
00:53:12está fazendo dancinha
00:53:14do TikTok.
00:53:16A Maria de Fátima
00:53:17queria ser modelo,
00:53:18era arrogante,
00:53:18ela fica fazendo umas coisas.
00:53:19A menina puxa o saco dos outros,
00:53:21virou uma...
00:53:22Entendeu?
00:53:22Tirou a vilania.
00:53:25Eles tiram a vilania.
00:53:26Isso não dá certo
00:53:28em nenhuma dramaturgia,
00:53:30ainda mais de novela.
00:53:31Então,
00:53:32é uma tristeza.
00:53:33Ou a gente rompe,
00:53:34a gente fala do wokeísmo,
00:53:35mas tem a ver
00:53:35com o politicamente correto
00:53:37que veio antes do wokeísmo.
00:53:38Então,
00:53:38o wokeísmo
00:53:39é a radicalização disso,
00:53:40né?
00:53:40É uma profundidade.
00:53:42Mas é aquela chatice
00:53:43do médio.
00:53:45A gente tem que ter coragem
00:53:46de ir até o fim.
00:53:47A Globo é um maçodonte,
00:53:49então,
00:53:49que tem dificuldade
00:53:50de inovar,
00:53:52de fazer coisas
00:53:52muito surpreendentes
00:53:54e está presa
00:53:54nesse mundo woke.
00:53:55Agora,
00:53:56e na produção
00:53:57na internet,
00:53:59porque hoje a tecnologia
00:54:00permite que qualquer um
00:54:01valagrave,
00:54:02edite e publique,
00:54:04aí a gente não tem
00:54:05uma área de maior liberdade,
00:54:08por exemplo?
00:54:08Sem dúvida.
00:54:09Eu acho que a solução
00:54:10vai vindo aí mesmo.
00:54:11A gente hoje
00:54:12tem um oceano azul
00:54:14de oportunidade de mercado
00:54:16que é o humor,
00:54:16que o humor
00:54:17não tem mais
00:54:18na TV aberta.
00:54:19A TV aberta,
00:54:20como tem medo,
00:54:21a última vez que tentaram fazer,
00:54:22fizeram o Zorra,
00:54:23o novo Zorra,
00:54:23que tentaram fazer o humor
00:54:25sem piada,
00:54:26que foi uma coisa
00:54:26realmente consulgedora,
00:54:28e aquela coisa
00:54:28que depois revelou
00:54:30que lá dentro também
00:54:31eles não eram nada woke,
00:54:32que um ficava lá,
00:54:33aquela história do Melly,
00:54:35né?
00:54:35Cadê a Nicarabresa,
00:54:37da internet sempre esquisita.
00:54:38Na verdade,
00:54:38era tudo cena,
00:54:39as tretas deles,
00:54:40tudo cena,
00:54:41aquilo,
00:54:42mas faziam um humor
00:54:43sem piada.
00:54:43Então,
00:54:43o humor foi tirado
00:54:45da TV
00:54:45porque eles têm medo
00:54:46de ofender alguém.
00:54:48Então,
00:54:48olha só,
00:54:48o humor foi tirado.
00:54:49Então,
00:54:50aí,
00:54:51na internet,
00:54:53surge TikTok,
00:54:54tem muita gente talentosa,
00:54:55só que faltam os autores.
00:54:58Uma produção de ponta,
00:55:00não dá para fazer
00:55:00sem autor ponta,
00:55:02sem sala de redator,
00:55:04não dá,
00:55:05gente.
00:55:05Então,
00:55:05não tem ninguém investindo pesado.
00:55:08Se alguém chegar
00:55:08a investir mesmo,
00:55:10vai bombar,
00:55:11porque o último sucesso
00:55:11foi Porta dos Fundos
00:55:12há 10 anos,
00:55:14agora a Porta dos Fundos
00:55:14parece que se vendeu
00:55:15ao STF,
00:55:16pelo que eu devido.
00:55:16fez um esquete
00:55:20chapa branca
00:55:21em relação ao STF.
00:55:22Não,
00:55:22mas foi um acordo mesmo.
00:55:24Falaram que foi
00:55:24sem receber dinheiro.
00:55:26Falaram isso.
00:55:27Não sabia.
00:55:27Mas eu acho que tem
00:55:28depois do anúncio
00:55:29da saída do Antônio Tárbico,
00:55:30que aliás está convidado
00:55:31para vir aqui,
00:55:31o Tárbico está devendo
00:55:33aqui a visita.
00:55:33O Tárbico é um cara,
00:55:34não sei por que ele
00:55:35desceu,
00:55:35não sei,
00:55:36porque a forma ficou
00:55:36chapa branca,
00:55:37porque o pessoal,
00:55:39também,
00:55:39gente,
00:55:40é comum,
00:55:40quem faz sucesso
00:55:41depois de um tempo
00:55:41vira chapa branca.
00:55:42Então,
00:55:43para renovar é comum.
00:55:44Aqui não,
00:55:44antagonista.
00:55:45É comum.
00:55:47Então,
00:55:47eu estou nem culpando
00:55:47pessoalmente ninguém,
00:55:48não,
00:55:49mas não tem humor bom mais,
00:55:51humor realmente livre.
00:55:52A gente sente muita falta.
00:55:53Não tem humor mais,
00:55:54gente,
00:55:54a gente não consegue
00:55:54fazer humor.
00:55:55Então,
00:55:55tem uma oportunidade
00:55:56muito grande,
00:55:57mas falta investimento.
00:55:58Quem quiser investir aqui,
00:56:00a gente faz um núcleo
00:56:01sob direção do Newton Canito
00:56:03e a gente precisa
00:56:05do humor político,
00:56:07inclusive,
00:56:07da sátira em relação
00:56:09ao poder.
00:56:09João Soares dizia
00:56:10que o poder é risível
00:56:11e não falta assunto.
00:56:13É muito bom.
00:56:13A gente ironiza,
00:56:14a gente usa o sarcasmo
00:56:16na nossa cobertura analítica
00:56:18dos fatos,
00:56:19mas falta aquele sketch mesmo
00:56:21produzido.
00:56:21Lógico.
00:56:22É muito bom.
00:56:22E a gente tem um grupo
00:56:23de roteiristas,
00:56:24os maiores roteiristas
00:56:25do humor brasileiros
00:56:26reunidos num grupo.
00:56:27Quem quiser investir aqui,
00:56:28porque custa,
00:56:30né?
00:56:30É,
00:56:30custa para quem realmente custa.
00:56:31No departamento de humor
00:56:32do antagonista,
00:56:33estamos abertos.
00:56:34Você está aberto?
00:56:35Você topa?
00:56:35Pode ser maravilhoso.
00:56:37Falta?
00:56:38É muito caro o passe
00:56:40do Newton Canito,
00:56:40mas a gente vai tentar
00:56:41dar um jeito.
00:56:42A gente é meio caro,
00:56:42admito que a gente
00:56:42não é barato não,
00:56:43roteiristas aqui
00:56:44não são baratos.
00:56:45É,
00:56:45vem cá,
00:56:45a gente ia falar
00:56:46de Margarete Menezes
00:56:47também,
00:56:48Duda Teixeira.
00:56:49Exato,
00:56:49como é que você vê
00:56:50o desempenho dela
00:56:50com o Ministro da Cultura?
00:56:52Ah,
00:56:52nossa,
00:56:52é triste.
00:56:53É tipo,
00:56:54a gente vive a era
00:56:55dos remakes,
00:56:56né, gente,
00:56:56como vocês sabem.
00:56:58É tudo remake,
00:56:59né?
00:56:59O Lula é um remake
00:57:00do Lula anterior,
00:57:02as novelas são remakes.
00:57:03Sempre piorado.
00:57:04É sempre piorado.
00:57:05É tipo quando os americanos
00:57:07vão refilmar
00:57:08o filme argentino,
00:57:09é horror,
00:57:10fizeram a versão
00:57:11do Nove Rainhas,
00:57:13nossa,
00:57:14perderam todo o charme,
00:57:15até aquele humor
00:57:17meio babaca,
00:57:18assim,
00:57:18você dá uma pasteurizada,
00:57:20pronto,
00:57:20se perde tudo,
00:57:21né?
00:57:21Se perde.
00:57:22Então é meio que o Gil,
00:57:23né?
00:57:23É a poesia perdida
00:57:24na tradução.
00:57:24E aí,
00:57:24a Margarete,
00:57:26assim,
00:57:26e assim,
00:57:27gente,
00:57:27é um nível de relevância
00:57:30que chegou ao Ministério,
00:57:31né?
00:57:32O Gil tocava lá,
00:57:33a música na ONU,
00:57:34ela fica cantando
00:57:35no Nacional,
00:57:36que é isso,
00:57:36né?
00:57:36É,
00:57:37mas o Gil,
00:57:37inclusive,
00:57:38um dos motivos
00:57:38que ele saiu do Ministério,
00:57:39que ele saiu no começo
00:57:41do segundo mandato,
00:57:41foi porque ele queria voltar
00:57:42a fazer show
00:57:43pra sustentar o grupo dele,
00:57:44que não é só por ele,
00:57:45porque é um músico desse,
00:57:47e ele tinha shows
00:57:47pra fazer, né?
00:57:48A Margarete continua
00:57:49fazendo shows
00:57:50e,
00:57:52na verdade,
00:57:53ela aproveitou
00:57:53pra vender mais shows.
00:57:54do conflito de interesse.
00:57:55É,
00:57:55aproveitou pra fazer mais shows.
00:57:56Então é grave
00:57:57e é realmente,
00:57:59ali cedeu completamente
00:58:00ao alqueísmo,
00:58:01né?
00:58:01Então a gente tava falando
00:58:02da Ancine,
00:58:02é o máximo disso,
00:58:04porque eles estão controlando
00:58:05a política da Ancine também,
00:58:07é o máximo,
00:58:07é cota de 70%.
00:58:09Não é uma cota,
00:58:10cota antigamente
00:58:10era 20%,
00:58:11as cotas são de 70%.
00:58:13Então os editais...
00:58:14Você pode explicar
00:58:15o que é essa cota de 70%?
00:58:16Ah,
00:58:16por exemplo,
00:58:17a cota dos editais da Ancine,
00:58:18por exemplo,
00:58:19hoje,
00:58:19tá assim,
00:58:2050% é pra mulheres
00:58:21ou mulheres trans.
00:58:2450%.
00:58:24Mas 25%
00:58:25é para empresas
00:58:26que são ou de pretos
00:58:28ou de índios,
00:58:30como se tivesse
00:58:30os seus ingleses de índio.
00:58:31O diretor,
00:58:32tá pior que a defensoria pública
00:58:35do que concurso,
00:58:36né?
00:58:36A empresa.
00:58:37E mais ainda,
00:58:38não sei quantas cotas
00:58:39são pra regional.
00:58:41Então é toda a lógica inteira,
00:58:43é baseada na ideia,
00:58:44não é o Ministério da Cultura,
00:58:46é o Ministério da Classe Artística.
00:58:48É baseado na ideia,
00:58:50o Ministério inteiro
00:58:50é baseado na ideia
00:58:51de que você faz política
00:58:53para os artistas
00:58:54ganharem Bolsa Família.
00:58:56Essa é a lógica do Ministério.
00:58:58É como se fosse uma política social
00:59:00para artistas
00:59:00que precisam de ajuda.
00:59:02Exatamente.
00:59:02Gente,
00:59:02os artistas não precisam
00:59:04de ajuda,
00:59:04os artistas têm que ajudar
00:59:05o povo brasileiro
00:59:07e o Estado brasileiro
00:59:08precisa dos artistas.
00:59:09É o contrário.
00:59:11Eu acho isso.
00:59:12Eles têm que entender,
00:59:13os artistas não estão
00:59:14precisando de ajuda,
00:59:14eu não preciso de ajuda,
00:59:15ninguém precisa de ajuda.
00:59:16A gente não tá,
00:59:17tá com saúde e tal,
00:59:17vai trabalhar,
00:59:18se precisar vai trabalhar.
00:59:18Outra coisa,
00:59:19eu faço Uber,
00:59:20faço qualquer coisa,
00:59:21tô com saúde,
00:59:21não preciso de ajuda não.
00:59:22não tem isso,
00:59:24é mentira.
00:59:25Os artistas têm que ser livres
00:59:26e o Estado precisa apoiar
00:59:29os artistas para fazer arte boa
00:59:30para o povo brasileiro,
00:59:31para fazer o povo brasileiro
00:59:32se divertir,
00:59:33se divertir.
00:59:33Então,
00:59:34a política inteira
00:59:35é baseada na ideia
00:59:36de que não é mais
00:59:36política pública.
00:59:38É como se o Ministério da Saúde
00:59:40fizesse política para médicos.
00:59:42Olha que absurdo,
00:59:43já pensou o Ministério da Saúde?
00:59:44O Ministério dos Médicos.
00:59:45Exatamente.
00:59:46Aí você fala assim,
00:59:46ah, os médicos,
00:59:48não,
00:59:49ninguém vai no hospital,
00:59:50mas os médicos são pretos.
00:59:51mas daí, cara,
00:59:52ninguém vai no hospital.
00:59:54Percebe?
00:59:54Eu não vou no hospital por quê?
00:59:55Você tem a política
00:59:56para atender os pacientes
00:59:57em caso de necessidade,
00:59:59etc.
01:00:00Não para atender os profissionais.
01:00:02Cultura é a mesma coisa.
01:00:03Cultura é uma necessidade humana.
01:00:05Não é uma coisa assim,
01:00:06ah, não,
01:00:06os artistas precisam ganhar dinheiro.
01:00:08Não é isso que se trata.
01:00:09Todo mundo precisa ganhar dinheiro,
01:00:10os artistas,
01:00:11os jogadores,
01:00:11mas não é isso.
01:00:12Você não faz política pública
01:00:14porque o artista precisa ganhar dinheiro.
01:00:15Você faz política de cultura
01:00:17porque o povo precisa
01:00:18de boa cultura.
01:00:19E a gente não está tendo.
01:00:20Então, é uma tristeza
01:00:21a gente pensar bem.
01:00:23Imagina só,
01:00:24a gente, por exemplo,
01:00:25na internet,
01:00:25a gente estava falando da internet.
01:00:27A Ancine.
01:00:28A Ancine é a agência de audiovisual.
01:00:32Hoje,
01:00:32a maior economia do mundo
01:00:34e no Brasil é muito grande
01:00:35é a economia de internet.
01:00:37O que você estava falando.
01:00:38A Ancine,
01:00:38por que a Ancine não investe em internet?
01:00:41Você já imaginou
01:00:42se o Estado pudesse investir em internet?
01:00:43Por que o Estado,
01:00:44qual que é a função do Estado
01:00:45como investidor?
01:00:46Não é fazer o que o mercado quer,
01:00:48é fazer o que precisa.
01:00:50Então, ele faz além do mercado,
01:00:51você percebe?
01:00:52Porque qualifica.
01:00:54Hoje em dia,
01:00:54a internet,
01:00:55como a gente sabe,
01:00:56tem que ser uma posição
01:00:56muito imediata
01:00:57que acaba apelando.
01:01:00Manchete ser jornalista,
01:01:01porque se você ganhar dinheiro imediato,
01:01:03qualquer pessoa
01:01:03que precisa ganhar dinheiro imediato,
01:01:04apela.
01:01:05Ou pornografia,
01:01:07ou só coisa apelativa.
01:01:08Violência,
01:01:09porque aquilo que o mercado
01:01:10imediatamente faz.
01:01:12Quando o Estado,
01:01:13se o Estado investisse em internet,
01:01:15Ancine,
01:01:15ao invés de investir apenas em cinema
01:01:16que ninguém assiste,
01:01:17se investisse em qualidade
01:01:19de produtoras de internet,
01:01:20as produtoras poderiam qualificar
01:01:22seu trabalho,
01:01:23fazer produtoras de mais qualidade
01:01:24e conquistar o público aos poucos.
01:01:27Fazer projetos de dois,
01:01:28três anos.
01:01:29Então,
01:01:30muda completamente.
01:01:31Deixa de ser assistencialista
01:01:33e vira uma política
01:01:34de empreendedorismo.
01:01:36A política audiovisual
01:01:37tem que ser uma política
01:01:38de empreendedorismo
01:01:39para favorecer as empresas
01:01:41que dão mais retorno.
01:01:43Você tem que saber.
01:01:44investe em qualquer empresa,
01:01:46assim, né?
01:01:46O BDS também não é assim, não.
01:01:49Mas deveria ser.
01:01:51Você investe,
01:01:52quem dá mais retorno,
01:01:53você continua dando.
01:01:54Não é assim?
01:01:55Não é assim.
01:01:56Devia ser assim.
01:01:56Não é assim.
01:01:57O BDS não é.
01:01:59O BDS é dinheiro
01:01:59para a ditadura da Venezuela,
01:02:01para Cuba,
01:02:01para as empreiteiras amigas.
01:02:03A sigla é
01:02:04Banco Nacional de Dinheiro
01:02:06para Elites da Situação.
01:02:07É uma boa tradução.
01:02:10Dinheiro para quem é amigo.
01:02:11E Ancine é igual.
01:02:12É dinheiro para quem já é
01:02:14da patota.
01:02:15Isso tudo é o patrimonialismo
01:02:17do Estado brasileiro.
01:02:18Mas poderia ser
01:02:19uma política de empreendedorismo.
01:02:21Então, o Ministério da Cultura
01:02:22deveria ser isso.
01:02:23Mas virou
01:02:23a patota da patota da patota.
01:02:27E ela,
01:02:28para sintetizar isso,
01:02:29fica preocupada
01:02:30enchendo o saco
01:02:31da Cláudia Leite.
01:02:33Porque a Cláudia Leite
01:02:33mudou a música dela
01:02:34de Jesus
01:02:36para...
01:02:36A gente fez comentários.
01:02:37De Emanjá para Yeshua.
01:02:39Ela fica enchendo o saco
01:02:40perseguindo uma artista
01:02:41que ela está fazendo.
01:02:42Perseguindo uma artista.
01:02:43Uma ministra da Cultura
01:02:44perseguindo uma artista.
01:02:45Tirando a liberdade da artista
01:02:46para fazer o que ela quiser
01:02:47com a música dela.
01:02:48Perseguindo uma artista.
01:02:49Enquanto isso cai,
01:02:50a igreja,
01:02:51o infã está abandonado.
01:02:53O patrimônio cultural brasileiro
01:02:54abandonado.
01:02:56Então,
01:02:56eu sei que dá...
01:02:57Eu tenho até um pouco de dó.
01:02:59Vou ser sincero.
01:03:01Porque é uma pessoa
01:03:01que não está qualificada
01:03:03para o cargo.
01:03:03Botaram lá
01:03:04simbolicamente
01:03:05para ser amiga
01:03:06porque é amiga
01:03:07da primeira dama.
01:03:08Então,
01:03:10é isso, gente.
01:03:10Para fazer shows
01:03:11para a primeira dama,
01:03:12para passear,
01:03:12para levar lá.
01:03:14É nesse nível.
01:03:15É o nível
01:03:16por isso que a gente fala
01:03:16que é uma paródia
01:03:18piorada
01:03:19do segundo...
01:03:21Como eu te falei,
01:03:23eu acho
01:03:23o segundo governo Lula,
01:03:24o primeiro governo Lula
01:03:25criou esse modelo
01:03:27que deu hoje.
01:03:27Então,
01:03:28não estou defendendo, não.
01:03:29Mas pelo menos
01:03:29tinha uma potência
01:03:30e tinha gente potente.
01:03:31Agora é a paródia
01:03:33daquilo que já era ruim.
01:03:34Então,
01:03:35é tipo
01:03:35o fim de carreira
01:03:36de uma coisa
01:03:37que já não era bom.
01:03:39Você, Nilton,
01:03:40que defende o erotismo
01:03:41na arte,
01:03:42você leu
01:03:43o Henry Miller?
01:03:44Claro.
01:03:44Sexos,
01:03:44nexos,
01:03:45plexos,
01:03:46trópico de câncer.
01:03:46O Henry Miller,
01:03:47ele tinha um livro
01:03:48mais autoral
01:03:50ali na primeira pessoa.
01:03:52Esse é só o nexo
01:03:53e o plexo.
01:03:53Sim.
01:03:54Ele tem um livro
01:03:55chamado
01:03:55Pesadelo Refrigerado,
01:03:57que é ele
01:03:58percorrendo os Estados Unidos
01:03:59e as pessoas
01:04:00que ele encontra.
01:04:01Mas, assim,
01:04:01o centro do livro
01:04:03é pelo menos
01:04:04aquilo que me marcou
01:04:05bastante,
01:04:05é a defesa
01:04:06da liberdade
01:04:07do artista.
01:04:08Ah, não sabia.
01:04:08E ele,
01:04:09naquelas décadas
01:04:10atrás,
01:04:11ele já tinha
01:04:13uma insatisfação
01:04:14com o utilitarismo
01:04:15dos Estados Unidos
01:04:16e tal,
01:04:17e ele defendia
01:04:18que muitas vezes
01:04:19determinadas políticas
01:04:20queriam matar
01:04:21a liberdade
01:04:21do artista.
01:04:22Eu fico pensando
01:04:22o Henry Miller
01:04:23no Brasil,
01:04:24porque essa conversa
01:04:25toda,
01:04:26a gente vive isso
01:04:27no mercado
01:04:28da comunicação,
01:04:29você vive isso
01:04:29no cinema,
01:04:31tem outras áreas
01:04:32que também
01:04:33são afetadas.
01:04:34a gente vive
01:04:37num país
01:04:38em que você
01:04:38é pressionado
01:04:39a ser medíocre,
01:04:40você é pressionado
01:04:43a matar
01:04:43a sua singularidade
01:04:45de personalidade,
01:04:47a sua liberdade
01:04:49de pensamento
01:04:50para inovar,
01:04:51você,
01:04:53existe uma tentativa,
01:04:54uma pressão
01:04:55para que você
01:04:55se pasteurize,
01:04:56para que você
01:04:57se torne comum,
01:04:58se torne igual
01:04:59a todo mundo,
01:05:00produza em rebanho
01:05:01de acordo
01:05:01com uma pauta
01:05:02já pré-existente.
01:05:03É muito triste,
01:05:04né?
01:05:04É muito triste,
01:05:05né?
01:05:06É muito triste,
01:05:06não,
01:05:06e gera...
01:05:07Arrematar aqui
01:05:09a nossa conversa
01:05:09trazendo isso.
01:05:10Gera muita infelicidade,
01:05:11assim,
01:05:12a gente está reunindo
01:05:12muitos artistas
01:05:13nos Artistas Livres,
01:05:14gera muita infelicidade
01:05:15para muitos artistas,
01:05:16tem muito artista bom,
01:05:17gente,
01:05:17muito artista bom.
01:05:19E a maioria,
01:05:20e tem muita gente boa
01:05:20que está conseguindo fazer ainda,
01:05:22mas está sempre,
01:05:23eu trabalho,
01:05:23por exemplo,
01:05:24consigo,
01:05:24mas assim,
01:05:25eu sou bom,
01:05:25né?
01:05:26Esse cara que acha,
01:05:27né?
01:05:27É, gente,
01:05:28eu adoro.
01:05:28Tu lê aí,
01:05:29vem,
01:05:29tem que ser zoeiro também.
01:05:31Tipo,
01:05:31meus livros são,
01:05:32eu acho que são zoeiros.
01:05:33Mas a gente trabalha,
01:05:34mas muita,
01:05:35fala eu,
01:05:35mas assim,
01:05:36tem mesmo para aliviar a sua graça,
01:05:38a gente tem que confiar
01:05:39no próprio talento mesmo
01:05:40para vencer todas essas adversidades.
01:05:43É,
01:05:43não,
01:05:43eu acho que vai ter
01:05:45uma revolução em breve,
01:05:46assim,
01:05:47uma revolução de pensamento,
01:05:48liberdade do pensamento.
01:05:49A gente vai,
01:05:49não dá para aguentar.
01:05:50Quando chega no nível que chegou,
01:05:52o nível que chegou
01:05:52é muita pressão.
01:05:54A gente abriu
01:05:55Artistas Livres,
01:05:57aí agora é outubro,
01:05:58em poucos meses
01:05:59a gente tem mais
01:06:00de 300 pessoas participando,
01:06:01está abrindo lucros regionais
01:06:03de artistas
01:06:04querendo se libertar
01:06:05e querendo falar essas coisas
01:06:06e querendo soltar a sua arte.
01:06:08É que não tem nem,
01:06:09as políticas são inteiramente
01:06:10controladas atualmente,
01:06:12as políticas públicas.
01:06:14E,
01:06:14é claro,
01:06:15você fala,
01:06:15ah,
01:06:15vamos conquistar mercado,
01:06:16tratar,
01:06:17tratar,
01:06:17e o cara,
01:06:18qual que é o mercado?
01:06:19Internet?
01:06:20Internet tem que ser apelativo,
01:06:21não é uma coisa de qualidade.
01:06:22O cara é um artista,
01:06:23ele quer coisas de qualidade.
01:06:25Ele quer trabalhar o texto de verdade,
01:06:27ele quer fazer uma coisa boa,
01:06:28boa,
01:06:28e também,
01:06:29o cara não tem ainda
01:06:29a capacidade técnica,
01:06:31então,
01:06:31mas vai acontecer
01:06:33uma união
01:06:34entre os produtores de internet
01:06:36porque eles vão precisar
01:06:37qualificar.
01:06:38Está acontecendo agora,
01:06:39as produções de internet
01:06:40que já fez sucesso
01:06:41estão precisando qualificar,
01:06:43porque agora
01:06:43eles têm que sedimentar
01:06:44o público.
01:06:45A hora que eles forem qualificar,
01:06:46eles vão chamar os artistas,
01:06:48e os artistas vão começar
01:06:49a se aliar,
01:06:49os artistas que são
01:06:50gente mais intelectual,
01:06:52que são toda a prática,
01:06:53do mercado,
01:06:54vão se aliar
01:06:54a esses produtores de internet.
01:06:56Está começando a acontecer isso.
01:06:57e isso vai qualificar
01:06:59a internet,
01:07:00e a internet brasileira
01:07:01vai começar a fazer coisa.
01:07:02Ficção é mais demorado,
01:07:04mas documentários,
01:07:05bons, etc.,
01:07:06ficção,
01:07:06o investimento é mais alto.
01:07:07Vai precisar de apoio
01:07:08do Estado, sim.
01:07:09Isso aconteceu até com o colunismo.
01:07:11Eu fui contratado
01:07:13pelo primeiro grande veículo
01:07:15de comunicação
01:07:16a partir daquilo que eu publicava
01:07:17na internet.
01:07:18Que legal.
01:07:18Muitos colunistas
01:07:19começaram a apresentar
01:07:20o seu trabalho na internet,
01:07:21porque foi permitido isso,
01:07:24e num momento ali
01:07:25em que o mercado da comunicação
01:07:27exercia um filtro ideológico
01:07:29sobre a produção de notícias,
01:07:31a produção de análises.
01:07:33Então você consegue,
01:07:34muitas vezes,
01:07:34furar essa bolha por fora,
01:07:36com novos mecanismos,
01:07:37com nova tecnologia.
01:07:38O problema do cinema
01:07:39é que ele custa caro,
01:07:40equipamentos.
01:07:41Mas literatura também,
01:07:42eu fico impressionado,
01:07:42literatura brasileira,
01:07:43gente,
01:07:44aí o controle está nos festivais,
01:07:45né?
01:07:46Todos os festivais
01:07:47são muito loucos.
01:07:49Você vai na Flip
01:07:49e não dá para aguentar mais.
01:07:51É insuportável o negócio.
01:07:52Não, eu escrevia 10 anos atrás
01:07:53sobre o quanto a Flip
01:07:54tinha sido instrumentalizada
01:07:56pela esquerda
01:07:57e estava ficando insuportável.
01:07:58Mas ficou assim,
01:07:59agora eu estou indo.
01:07:59É uma pena,
01:08:00porque o festival em Paraty,
01:08:02eu amo Paraty,
01:08:03aquele lugar era maravilhoso.
01:08:04Uma tristeza.
01:08:04Você ia em um lugar
01:08:05para falar de livros,
01:08:07comprar,
01:08:07ah, é com aquele clima.
01:08:09E no entanto...
01:08:09Aí você fala,
01:08:09a Flip,
01:08:10mas assim,
01:08:10não tem um festival
01:08:11que não é assim.
01:08:12Todos são iguais.
01:08:13Então você fala,
01:08:14como é que eles conseguiram
01:08:15todos, cara?
01:08:15Não tem um.
01:08:17Você conhece algum?
01:08:17Não conheço.
01:08:18Festival literário
01:08:19que é onde pensamento e tal.
01:08:20Então, realmente,
01:08:21tem um aparelhamento
01:08:22bem grande,
01:08:23não está fácil,
01:08:24mas vai soltar rápido.
01:08:26Vamos furar essa boia.
01:08:27Vai soltar rápido,
01:08:28porque ninguém está
01:08:29aguentando mais.
01:08:30E quando chega no limite,
01:08:31assim,
01:08:31na década de 70,
01:08:33também teve o desbunde,
01:08:34né?
01:08:34As pessoas se entregam.
01:08:36Os artistas estão muito
01:08:37aprisionados,
01:08:38no medo de não ganhar
01:08:39o edital,
01:08:39tem que esquecer disso
01:08:41e começar a criar
01:08:41de outro jeito,
01:08:42com os amigos,
01:08:43voltar,
01:08:44porque aí vai estourar
01:08:44muito rápido.
01:08:45Então eu estou bastante
01:08:46otimista nos próximos anos.
01:08:48Acho que em dois anos
01:08:49a gente muda.
01:08:50Ainda vai ficar
01:08:50essa resquício aqui,
01:08:52porque nos Estados Unidos
01:08:52o Oak já caiu.
01:08:54Aqui no Brasil
01:08:55ainda está dominando tudo,
01:08:57porque domina
01:08:58todos os aparelhos,
01:08:59mas já perdeu
01:09:00o debate intelectual.
01:09:01Ninguém mais acredita.
01:09:02Quando o cara escreve
01:09:03um texto do Oak
01:09:04hoje em dia,
01:09:05a pessoa já lê e fala
01:09:06que parece uma coisa
01:09:06antiga.
01:09:07Teve reveses eleitorais
01:09:09também nos Estados Unidos.
01:09:11Aqui também.
01:09:12E vai ter mais.
01:09:13Então já é uma pauta
01:09:14que não tem mais como.
01:09:15E a TV Cultura
01:09:16queria falar da TV Cultura.
01:09:17Exatamente.
01:09:18A gente já está
01:09:19praticamente com o tempo
01:09:20estourado,
01:09:20mas se você conseguir
01:09:21resumir esse episódio
01:09:22da TV Cultura,
01:09:23a gente agradece muito.
01:09:25Fala aí.
01:09:25A TV Cultura a gente sabe,
01:09:27né?
01:09:27Uma TV maravilhosa,
01:09:27importantíssima.
01:09:27Porque é um desdobramento
01:09:28disso que você está falando.
01:09:29Importantíssima, né?
01:09:30E agora recentemente,
01:09:31está tendo um conflito
01:09:33entre o governador,
01:09:34que o governador é eleito
01:09:36e passa mais ou menos
01:09:37120 milhões
01:09:38para a TV Cultura.
01:09:40O governador de São Paulo
01:09:40está sendo de freitas.
01:09:41Está sendo de freitas
01:09:42e o conselho da TV Cultura
01:09:44que está em conflito ali.
01:09:46O conselho fala
01:09:46não, a TV tem que ser
01:09:47independente,
01:09:48tratar, tratar,
01:09:49o que parece,
01:09:49aparentemente,
01:09:50também tem a ver.
01:09:51A TV é um patrimônio
01:09:52maravilhoso,
01:09:53fundamental para a cultura
01:09:54brasileira,
01:09:55mas está completamente
01:09:56irrelevante, gente.
01:09:57A TV Cultura está
01:09:58irrelevante.
01:10:00Como a TV Brasil
01:10:01na esfera federal
01:10:02que ganhou o apelido
01:10:03de TV Lula,
01:10:04depois de TV Bolsonaro
01:10:05que sempre é instrumentalizado.
01:10:06Exatamente.
01:10:06Mas a TV Cultura
01:10:07tem uma tradição
01:10:08um pouco maior aqui.
01:10:09Tem uma tradição
01:10:10e conseguia ser relevante.
01:10:12Fazia produções infantis,
01:10:13coisas que se marcaram época.
01:10:15A Timbun.
01:10:15A Timbun.
01:10:16Hoje está irrelevante.
01:10:18Além do Roda Viva.
01:10:19E não tem nem audiência,
01:10:20nem repercussão.
01:10:22Então,
01:10:22é um problema.
01:10:24E o que aconteceu?
01:10:24Foi tomada ali
01:10:25por um certo consenso.
01:10:27É como se fosse
01:10:28o último reduto
01:10:29do PSDB histórico.
01:10:31Sabe?
01:10:31O PSDB,
01:10:31a Sossão Lucra.
01:10:32Exato.
01:10:32Ali virou ali.
01:10:33E é claro que tem
01:10:34muita gente legal no conselho.
01:10:35Conheço muita gente legal
01:10:36no conselho da TV Cultura.
01:10:38Só que eles estão barrando
01:10:39qualquer tipo de inovação.
01:10:41Então, por exemplo,
01:10:41duas pessoas do nosso movimento,
01:10:43Artistas Livres,
01:10:44foram barradas
01:10:45para entrar no conselho.
01:10:46Indicadas pelo governador
01:10:47e pela secretária Marília.
01:10:49E o conselho não negou.
01:10:51O Josias Teófilo,
01:10:52que é artiguista aqui,
01:10:53foi negado pelo conselho.
01:10:54É raríssimo
01:10:55que eles negarem
01:10:56uma indicação do governador.
01:10:58Negou.
01:10:58E agora o André Sturm,
01:11:00que é um gestor cultural
01:11:01reconhecidíssimo,
01:11:03assim,
01:11:03um cineasta ótimo
01:11:04e um gestor cultural,
01:11:05agora diretor do MIS.
01:11:07Então, não tem motivo
01:11:08para negar
01:11:08em troca
01:11:09de botarem pessoas woke.
01:11:11Mesmo Museu de Imagens e Som?
01:11:13Museu de Imagens e Som.
01:11:14Ele é diretor
01:11:15do Museu de Imagens e Som.
01:11:16Então, o conselho
01:11:17está entrando
01:11:18em rota de atrito direto
01:11:20com o governador.
01:11:21É uma tristeza, gente.
01:11:22A gente tem que fazer
01:11:23algum diálogo.
01:11:24O Tarcísio tem essa vocação,
01:11:26ele está conseguindo
01:11:27ter essa vocação
01:11:28de unir o Brasil.
01:11:30Ele está buscando isso.
01:11:31Ele consegue dialogar
01:11:32tanto com os bolsonaristas
01:11:33quanto com outros setores.
01:11:35Ele está conseguindo
01:11:36e está buscando isso.
01:11:38Ali é um desafio.
01:11:38Se ele conseguir isso
01:11:39na TV Cultura,
01:11:41fazer esse conselho,
01:11:42aceitar
01:11:42que tem que se renovar
01:11:44e tem que fazer
01:11:45uma TV
01:11:46que faz união,
01:11:47porque ela fica
01:11:47uma TV do PSDB
01:11:48que fica lacrando
01:11:49coisas.
01:11:51Fica um grupeiro,
01:11:52como se fosse
01:11:53um pequeno canal
01:11:54do PSDB.
01:11:54gente,
01:11:55a TV Cultura
01:11:56tem muito mais
01:11:57que isso.
01:11:58É a fundação
01:11:58Padre Enxieta.
01:11:59O Padre Enxieta
01:12:00é fundador
01:12:01da nossa nação,
01:12:02gente.
01:12:02É o cara
01:12:02que inventou
01:12:03a nação brasileira.
01:12:04O Padre Enxieta
01:12:04não é brincadeira,
01:12:05gente.
01:12:05Eu sou muito devoto.
01:12:06Então,
01:12:07ela tem esse papel
01:12:08na TV Cultura
01:12:08e eu acho
01:12:09que vai conseguir
01:12:10chegar em alguma coisa
01:12:11boa.
01:12:11Mas vai ter
01:12:12que ter esse diálogo
01:12:13e vai ter
01:12:14que ter um diálogo
01:12:15entre os dois lados
01:12:16que representam
01:12:17o lado da nação brasileira.
01:12:19Eu acho
01:12:19que nós temos
01:12:20a eleição agora
01:12:20em junho.
01:12:21Estamos com muita esperança
01:12:22porque a TV Cultura
01:12:22tem um potencial,
01:12:24gente,
01:12:24de fazer tudo
01:12:24o que a gente falou.
01:12:25Ela poderia ter um canal,
01:12:27eu imagino a TV Cultura,
01:12:28fazendo um encontro
01:12:29entre você
01:12:30e alguém de esquerda,
01:12:31fazendo jornalismo,
01:12:32contratando gente
01:12:33de canais...
01:12:34Crossover.
01:12:34Crossover de canais
01:12:35de direita e de esquerda,
01:12:36promovendo esses diálogos
01:12:38de verdade,
01:12:38fazendo um Roda Viva
01:12:39que alterne
01:12:40o apresentador
01:12:41para trazer gente diferente,
01:12:43para mostrar
01:12:44vários pontos de vista,
01:12:45inovando mesmo,
01:12:46promovendo esse diálogo
01:12:48que a cidade brasileira
01:12:48não está tendo.
01:12:50É possível acontecer isso,
01:12:51mas falta essa vontade.
01:12:53Acho que o Tarcísio,
01:12:54quando ele entender
01:12:54que ele tem ali
01:12:56uma tarefa
01:12:56de fazer a comunicação
01:12:58brasileira andar,
01:12:58ele vai conseguir
01:13:00e o conselho também
01:13:00vai ter gente boa
01:13:01que vai conseguir conversar.
01:13:03Estamos otimistas
01:13:04com as possibilidades,
01:13:06apesar das reveses recentes.
01:13:08Newton Canito,
01:13:09senhoras e senhores,
01:13:10já estouramos o tempo,
01:13:11sempre um prazer enorme
01:13:12falar com ele,
01:13:13essa figura divertida,
01:13:15louca,
01:13:16criativa,
01:13:17autoral
01:13:17e com um diagnóstico
01:13:19muito preciso
01:13:20sobre o que está acontecendo
01:13:21com a produção cinematográfica
01:13:23no Brasil,
01:13:23com a arte legal
01:13:24em geral
01:13:25e defensor
01:13:26disso que é um ponto comum
01:13:28entre a gente,
01:13:29a liberdade de pensamento,
01:13:31a autonomia intelectual,
01:13:33criativa,
01:13:34do artista,
01:13:35do produtor de conteúdo,
01:13:37a gente vai lutar
01:13:38até a morte.
01:13:39Muito obrigado.
01:13:39Muito obrigado, gente.
01:13:40Obrigado pela oportunidade
01:13:41de encaixar todo esse assunto.
01:13:42E segunda-feira que vem
01:13:44tem mais episódios
01:13:45do Podcast O.A.
01:13:46Toda segunda às 19h30
01:13:47um episódio novo.
01:13:48Assistam aos episódios anteriores
01:13:50que vocês perderam
01:13:51aqui no canal.
01:13:52Você tem a playlist
01:13:52Podcast O.A. 2025,
01:13:54tem a playlist anterior
01:13:55com os episódios
01:13:56de 2024
01:13:57e continuem acompanhando
01:13:59de segunda a sexta
01:13:59o Papo Antagonista
01:14:00do Teixeira e eu
01:14:01fazemos esse programa
01:14:02com rodízio de colunistas
01:14:04também,
01:14:04além do meio-dia
01:14:05em Brasília,
01:14:06aqui no YouTube
01:14:07e também na TV BMC.
01:14:08O Papo Antagonista
01:14:09é de segunda a sexta
01:14:10às 18h às 19h30
01:14:11ao vivo na TV BMC
01:14:13e no canal de YouTube.
01:14:14Um grande abraço a todos
01:14:15e até a próxima.
01:14:22Podcast O.A.
01:14:24Conversa boa de ver
01:14:25e ouvir.
01:14:41e ouvir.
01:14:43E ouvir.
01:14:44E ouvir.
01:14:44E ouvir.
01:14:44E ouvir.

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