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O Papo Antagonista desta segunda-feira, 21, exibe trechos de dois episódios do Podcast OA!
O primeiro é com o cineasta Newton Cannito, que falou sobre patrulha ideológica no cinema brasileiro.
O segundo é com Lygia Maria, mestre em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina e doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Ela falou sobre disputas políticas e culturais no Brasil.
🎙️ Papo Antagonista é o programa que explica e debate os principais acontecimentos do dia com análises críticas e aprofundadas sobre a política brasileira e seus bastidores.
Apresentado por Felipe Moura Brasil, o programa traz contexto e opinião sobre os temas mais quentes da atualidade. Com foco em jornalismo, eleições e debate, é um espaço essencial para quem busca informação de qualidade.
🕕 Ao vivo de segunda a sexta-feira às 18h.
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NotíciasTranscrição
00:00:00Eu preciso construir uma narrativa para destruir o inimigo.
00:00:03Que vingança.
00:00:04Estou aqui para me vingar dessa gente.
00:00:06Pretendo beneficiar o filho meu sim.
00:00:08Confesso publicamente que eu votei no Lula.
00:00:12Salve, salve. Eu sou Felipe Moura Brasil.
00:00:14Sejam bem-vindos ao Papo Antagonista na TV BMC e no canal do portal O Antagonista no YouTube.
00:00:18Hoje é segunda-feira, 21 de abril de 2025, dia de Tiradentes.
00:00:22Em razão do feriado, vamos exibir hoje trechos de dois episódios do podcast O.A.
00:00:27Para deixar o programa mais leve, mas amanhã a gente volta ao normal, ao formato tradicional do Papo Antagonista.
00:00:34Eu e o Duda Teixeira conversamos recentemente com o cineasta Nilton Canito no podcast O.A.
00:00:38E nós falamos sobre a patrulha ideológica no cinema brasileiro.
00:00:42Vamos assistir.
00:00:43E hoje a gente recebe um convidado muito especial, eu e o Duda Teixeira aqui na bancada.
00:00:48O cineasta Nilton Canito, que já fez uma participação aqui no...
00:00:52Foi no Papo Antagonista durante o carnaval, mas muita gente não viu porque estava na folia.
00:00:57Ou estava viajando, ele é articulado, ele é uma figura, ele tem maravilhosas histórias sobre o cinema brasileiro.
00:01:04E críticas também, determinadas patotas e a gente adora essa parte.
00:01:08Nilton, seja bem-vindo mais uma vez.
00:01:10Prazer, muito obrigado pelo convite.
00:01:12Olha, o Nilton, além de ser roteirista, diretor, ele tem vários livros publicados, como esse.
00:01:17Novos monstros, histórias do mundo atual.
00:01:22Olha aqui, tem também confissões...
00:01:24Olha só esse título, eu acho fantástico esse título.
00:01:28Confissões de acompanhantes.
00:01:30Isso é uma figura hilária.
00:01:32Dá um close aqui.
00:01:34Deixa eu ver o que está aqui.
00:01:35Crônicas, contos e depoimentos de mulheres que sobrevivem da mais antiga profissão do mundo.
00:01:40Que coisa interessante, rapaz.
00:01:46Vocês gostam?
00:01:47Não, olha, a gente vai falar um pouquinho no começo dessa conversa sobre Cidade dos Homens que passou na TV.
00:01:54Muita gente reconhece.
00:01:56Uma temporada foi escrita aqui pelo nosso roteirista-chefe.
00:02:00A gente vai falar de política cultural, da Ancine, dessas questões dos editais do cinema brasileiro.
00:02:05Mas antes, só uma palhinha.
00:02:07Esse livro foi resultado de quê?
00:02:08Como foi essa pesquisa de campo, Nilton?
00:02:11É meio pesquisa, meio laboratório, que a gente fala.
00:02:14É um pouco diferente.
00:02:16Laboratório é quando você realmente participa daquela realidade.
00:02:20Pesquisa é quando você só entrevista à distância.
00:02:24Então, no caso, foi mais laboratório mesmo.
00:02:26Foi mais laboratório.
00:02:27Olha só a imersão de Newton Caninco nesse supermercado.
00:02:31Tudo pela arte.
00:02:32Tudo pela arte.
00:02:33E você gostou do resultado?
00:02:34Na verdade, na época...
00:02:37Brincadeira, eu confundo de verdade.
00:02:38A gente entendeu.
00:02:39Não, é verdade.
00:02:40Quando eu morava muito perto ali da cidade da Augusta, da época no Quilte, o castelinho.
00:02:47Você lembra do Quilte?
00:02:47Aqui é muito baseado no Quilte, que era um castelinho.
00:02:50Tinha aqui no Augusta, gente.
00:02:51Aquilo foi um pecado destruído.
00:02:54Para mim, tinha que ser.
00:02:55A gente tentou, na época, virar o Museu da Noite de São Paulo, que tinha muitas histórias ali.
00:03:01E tem uma cultura ali que podia ser resgatada.
00:03:03A gente tentou, na época, com a prefeitura.
00:03:05Não engatilhou.
00:03:07Porque lá era um espaço cultural maravilhoso.
00:03:09Ali do lado da cultura artística.
00:03:10Então, era muito baseado naquela região ali.
00:03:12Eu morava ali perto.
00:03:13E acabava...
00:03:14Aquela coisa, né?
00:03:15Você tinha um uísque lá.
00:03:16Você acordava três da manhã.
00:03:18Ia só no final.
00:03:19Para pegar o happy hour.
00:03:20Você não precisava nem...
00:03:21Então, acabar...
00:03:23E acabar ficando muito amigo.
00:03:24Era jovem.
00:03:24Naquela época, eu era jovem.
00:03:25Então, eu fiquei muito amigo das meninas.
00:03:27Namorei algumas.
00:03:28Então, é uma história meio confessional, assim.
00:03:31Ah, é?
00:03:32Na primeira pessoa?
00:03:33É, tem muita coisa de meus amigos, de mim, mesmo.
00:03:36Histórias de mim.
00:03:36Mas é um manual, assim.
00:03:38É um livro que é um manual.
00:03:40Um manual tanto para o cliente escolher a menina bem, ser feliz na noite, quanto para a menina também.
00:03:47Entrar, saber como lidar, tal.
00:03:49Então, é bastante ver uma linha de manual.
00:03:51Inclusive, eu estou com um projeto há anos.
00:03:54Há anos.
00:03:54Estou tentando de novo agora.
00:03:55E é um dos projetos que a Ancine nunca prova mais, né?
00:04:00Porque a Ancine, engraçado, né?
00:04:02Eu estava contando para você.
00:04:03A Ancine ficou careta.
00:04:05O cinema brasileiro ficou careta.
00:04:06O cinema brasileiro, gente, esse gênero, comédia erótica, é o gênero de mais sucesso na história do cinema brasileiro.
00:04:12A chanchada, a porno chanchada.
00:04:14A porno chanchada.
00:04:15E todo mundo fala mal, mas é bobagem.
00:04:17Eu estudei muito porno chanchada.
00:04:19Tem filmes maravilhosos de porno chanchada.
00:04:21Tem grandes clássicos de porno chanchada.
00:04:23Filmes, inclusive, com crítica social, debate social.
00:04:26O termo mais exato é até comédia erótica, né?
00:04:29Porque, na verdade, eles têm lá erotismo e tal, mas muitas vezes é pequeno.
00:04:34Não era essa coisa pornô também, que ficou no final da porno chanchada.
00:04:38Antes, no começo, era um pequeno erotismo.
00:04:41Um erotismo leve até.
00:04:42O filme que eu quero fazer, por exemplo, chama Puta Lição.
00:04:45É muito baseado nesse livro.
00:04:46Que título!
00:04:47É Puta Lição, né?
00:04:48Que é uma lição.
00:04:50E é, justamente, uma história bem bonitinha.
00:04:52Esse livro é inspirado no livro.
00:04:54Tem bastante coisa no livro.
00:04:55Mas é uma boate utópica, praticamente.
00:05:00É uma coisa meio alegórica.
00:05:02Que é um potencial.
00:05:02Um negócio onde tem shows.
00:05:05Que já teve esse momento.
00:05:07Hoje em dia está...
00:05:08Estou indo poucas vezes recentemente.
00:05:09Não estou mais indo, não.
00:05:10Mas poucas vezes que fui recentemente.
00:05:12Está muito menos poético.
00:05:15Está cada vez mais ficando...
00:05:17E é poético no sentido de ter arte mesmo, sabe?
00:05:19Então, os cabarets que tinham arte, essa coisa toda, né?
00:05:22Está cada vez menos, né?
00:05:24Isso é uma pena.
00:05:24Mas o filme que eu fiz é um lugar utópico.
00:05:28E é onde tem uma história invertida.
00:05:30Vou contar as novas coisas que é hoje invertida.
00:05:32É tipo uma família Adams, assim.
00:05:33No sentido que é um lugar onde o cara é o dono daquele ambiente.
00:05:39O personagem principal.
00:05:41E ele só aceita que o filho case com prostitutas.
00:05:46É o contrário.
00:05:46Não, eu só aceito que casem com prostitutas.
00:05:49Meu filho não pode casar com mulher de família.
00:05:51Porque ele tem um trauma.
00:05:52Ele acha que mulheres de família vão acabar sendo safadas.
00:05:56Eu adoro essas histórias que invertem.
00:05:59Inversão.
00:06:00O que é o comum.
00:06:01Exato.
00:06:01E é sobre isso.
00:06:02É sobre essa brincadeira.
00:06:04Esse absurdo de separar puta e santa.
00:06:07Como se fossem duas coisas diferentes.
00:06:08Uma mulher é puta e ela é santa.
00:06:09Como se ela tivesse que escolher.
00:06:11Isso é uma coisa machista, né?
00:06:12A mulher é puta e é santa.
00:06:13Não, mulher...
00:06:14Todo mundo é tudo, né, gente?
00:06:15Todas as pessoas no mundo são tudo.
00:06:17A gente tem todos os potenciais.
00:06:18Você sabe que eu fiz um teatro na época que eu frequentava colônia de férias?
00:06:23Que era justamente tudo invertido.
00:06:25Até a roupa.
00:06:26Que legal.
00:06:27Eu fazia dos personagens.
00:06:28Foi um teatro que eu escrevi ali na hora.
00:06:32E a gente encenou na colônia de férias.
00:06:33De brincadeira.
00:06:34Adolescente, né?
00:06:34Foi assim.
00:06:35Então, a calça vinha no braço.
00:06:38A camisa vinha.
00:06:39E aí eram dois irmãos que chegavam em casa e contavam pro pai que tinham tirado nota boa e tal.
00:06:45E o pai brigava.
00:06:46E todo mundo tirava nota boa e tal.
00:06:49Era tudo ao contrário.
00:06:50É, esses mundos divertidos.
00:06:51Eu fiz isso.
00:06:51Muito divertido.
00:06:52Muito divertido.
00:06:53E revela muita coisa sobre isso, né?
00:06:55Você acaba revelando.
00:06:56Inclusive preconceitos nossos e tal.
00:06:58Então, é uma brincadeira sobre isso.
00:06:59Mas é uma comédia divertida que eu espero ainda filmar esse filme.
00:07:03Só começar aqui com mais um elemento pop.
00:07:05Você foi roteirista de Cidade dos Homens, que passou na TV.
00:07:08É uma temporada de uma série do Universo de Cidade de Deus.
00:07:11O filme que foi uma mega produção e muito bem sucedida.
00:07:15Nacional e internacionalmente.
00:07:17Dirigido pelo Fernando Meirelles.
00:07:19E tinha ali o pessoal mais criança na série.
00:07:21O Acerola e o Laranjinha.
00:07:23Você gostou desse resultado?
00:07:25Como é que foi essa história?
00:07:26Ah, foi maravilhoso.
00:07:27É uma honra, né?
00:07:28Engraçado que foi o meu primeiro trabalho.
00:07:30Eu até dou essa dica para roteiristas quando querem começar a carreira.
00:07:34Já há muitos anos.
00:07:3420 anos atrás.
00:07:35E o meu primeiro trabalho foi ser roteirista-chefe de uma série da Globo importantíssima com
00:07:40o Fernando Meirelles.
00:07:41Olha que coisa.
00:07:42Primeiro trabalho.
00:07:43Nunca tinha feito nem colaboração.
00:07:45E como é que eu consegui isso?
00:07:46Consegui isso porque eu era muito fã do Fernando antes de ele fazer Cidade de Deus.
00:07:52Eu já sabia que ele era um gênio.
00:07:54Ele tinha feito domésticas.
00:07:55Ele tinha feito outras coisas.
00:07:57Ele é um gênio, né?
00:07:57Ele tem uma capacidade de gerenciar a equipe e criar coisas criativas, inovadoras que transgridem
00:08:02e, ao mesmo tempo, atingem público muito forte.
00:08:06Cidade de Deus, por exemplo, é realmente...
00:08:07E tem ritmo na direção.
00:08:09Tem ritmo.
00:08:09Porque tem boa parte do cinema brasileiro que eu acho que até causou uma má impressão, eventualmente
00:08:14um preconceito das pessoas, mas talvez não seja preconceito, talvez seja pós-conceito.
00:08:18Pós-conceito.
00:08:19Que são filmes muito arrastados, às vezes, cabeça demais e tal.
00:08:24E ele tem essa linguagem mais próxima do universo pop, mas sem perder o interesse em aprofundar determinadas
00:08:30questões.
00:08:30E eu acho que isso é envolvente.
00:08:31Exato.
00:08:32É necessário.
00:08:33É pop e, ao mesmo tempo, é super...
00:08:35A gente fala inovador, mas não é inovador no sentido...
00:08:38A gente pensa em inovador, às vezes, como se fosse uma coisa que espantasse o público.
00:08:41Não é verdade.
00:08:42O público busca inovação.
00:08:43O público busca em cinema o que nunca viu.
00:08:46Quando ele fez Cidade de Deus, ninguém tinha visto o filme de favela.
00:08:49Virou um gênero que agora a gente cansou.
00:08:51Eu mesmo fiz uns cinco filmes de favela.
00:08:53Eu fiz a favela movie, que a gente fala.
00:08:55Eu fiz muitos de favela depois.
00:08:56Porque cansou.
00:08:58Mas ele foi a primeira vez que ele revelou aqui no universo.
00:09:00Então, essa coisa do cineasta buscar algo que nunca foi visto e, ao mesmo tempo, misturar
00:09:05com a estética pop, é algo importante.
00:09:08E é o que a gente chama, em mercado, inovação de valor.
00:09:11Porque não é uma inovação no sentido de inovar para não atingir público.
00:09:15É uma inovação que atinge públicos que nunca foram atingidos.
00:09:19Expande o público.
00:09:20Exato.
00:09:21Atinge o oceano azul de públicos inexplorados.
00:09:23E o Fernando Meleiros tem essa moeda e é um gênero nesse sentido.
00:09:27Então, foi um filme muito bom.
00:09:28E O Cidade dos Homens era a versão cotidiana do Cidade de Deus.
00:09:35O Cidade de Deus é uma tragédia.
00:09:37Em termos de gênero dramático, um filme é uma tragédia.
00:09:39A tragédia é uma soberba e gera uma tragédia pública.
00:09:42É um filme policial, mas o gênero é tragédia.
00:09:45E O Cidade dos Homens é uma comédia.
00:09:47Então, são pequenas coisinhas do cotidiano da favela.
00:09:51Então, é um garoto que quer uns 50 para ir viajar, para ir fazer uma excursão.
00:09:56E como aquele pequenas coisas que a comédia é uma coisa do cotidiano, né?
00:10:00Também podem revelar o universo.
00:10:01Então, foi uma experiência muito interessante, porque eu fiz, na época, o que eu vou fazer
00:10:06de novo agora.
00:10:07Um workshop imenso.
00:10:09Eu consegui esse trabalho, porque, na verdade, eu cheguei para o Fernando e falei assim,
00:10:12Fernando, você precisa de roteiristas.
00:10:14Eu era estudante da USP.
00:10:15E eu nunca tinha escrito, mas eu era um intelectual, eu não sabia estudar roteiro e tal.
00:10:19Estudava muito.
00:10:20Então, intelectual.
00:10:20Leia estudante, né?
00:10:22Mas muito bom.
00:10:23Sempre fui estudioso, né?
00:10:24Falei, não.
00:10:25Vou fazer um livro para ensinar a fazer roteiro.
00:10:27Então, eu fiz um livro para ensinar a fazer roteiro antes de ter feito o roteiro.
00:10:30É sério.
00:10:31A gente coloca em prática.
00:10:32A gente coloca em prática.
00:10:33A gente coloca em prática.
00:10:36E o Fernando gostou, apoiou.
00:10:38E o livro usava O Cidade de Deus, usava a primeira temporada O Cidade dos Homens.
00:10:42Ele apoiou aquilo e a gente criou uma oficina no Brasil todo, online, onde 800 pessoas participaram
00:10:49da criação do universo O Cidade dos Homens.
00:10:51Olha que coisa curiosa.
00:10:52Legal, né?
00:10:53Pensar isso.
00:10:54Porque não é apenas você fazer.
00:10:55É todo mundo colaborando.
00:10:57E aquilo deu muitas cenas e a gente criou tudo junto.
00:11:00E eu vi o roteirista que coordenava isso.
00:11:01Então, foi um processo bem...
00:11:02Você sabe, antes do...
00:11:04Desculpa, mas eu não resisto aqui que você está falando de roteiro.
00:11:07Eu fiz diversos cursos de roteiro.
00:11:09Eu li um monte desses livros de roteiro.
00:11:12Cidfield, né?
00:11:14O meu você não leu?
00:11:15Comparato.
00:11:16Ah, vou te dar um.
00:11:17Pois é, você tem que me dar.
00:11:18O Manuel, o primo pobre dos manuais.
00:11:20Nossa, mas tinha aqueles clássicos assim.
00:11:22Eu li todos.
00:11:24Tem até um do Gabriel Garcia Marques.
00:11:26Sonhar, né?
00:11:27Exatamente.
00:11:27Eu li também.
00:11:29E quando eu fiz intercâmbio na faculdade em Madrid, que eu fiquei seis meses na Espanha,
00:11:34eu fiz um curso de roteiro lá, com um roteirista muito bom espanhol.
00:11:37E a aula dele eu achava ótima, porque ele falava do universo do cinema de uma maneira muito interessante.
00:11:42E eu nunca vou esquecer que ele fez uma pergunta para a sala.
00:11:45Eu queria saber o que você acha disso.
00:11:46Ele perguntou assim, quem quer ser diretor um dia?
00:11:50E aí todo mundo que gostava de cinema, estava naquele curso, naquela aula e tal.
00:11:54Quem quer ser diretor de cinema?
00:11:55Praticamente todo mundo levantou o dedo.
00:11:56E aí em seguida ele perguntou assim, e quem acha que já pode ser diretor?
00:12:02Que já está preparado para ser diretor agora, hoje e tal.
00:12:04Aí uma ou duas pessoas levantaram, as outras ficaram mais chimes, né?
00:12:07Uma ou duas que já deviam ter alguma atividade e tal, não sei o quê.
00:12:11E ele virou para as outras.
00:12:11Por que vocês acham que vocês não podem ser diretor?
00:12:14Porque ser diretor é o seguinte, é você dizer sim, não.
00:12:18Gosto, não gosto.
00:12:19O que você precisa ter é um bom diretor de fotografia, é um bom roteirista, é um
00:12:23bom figurinista, é um bom não sei o quê.
00:12:25Porque eles vão te apresentar opções, o diretor é aquele que concatena tudo, né?
00:12:29Que ele diz, isso sim, isso não, vamos por aqui, vamos por ali e tal.
00:12:33Claro que é um modo grosseiro, você precisa ter conhecimento, você precisa ter prática.
00:12:37Mas tem um quê disso, de ser o líder ali da equipe?
00:12:40Claro, o papel do diretor é ser o maestro daquele projeto.
00:12:43Então ele tem que tanto saber escolher bem uma equipe, o Fernando, por exemplo, é ótimo nisso.
00:12:47Mas a gente no Brasil, a gente está com problemas de diretores também.
00:12:51A gente fala, mas assim, de roteiristas, a gente está com problemas de tudo, né?
00:12:56Mas assim, acabou virando os diretores que são, hoje em dia, eles são bons de tocar o set,
00:13:05o que o pessoal fala, como se fosse um gerente de produção.
00:13:09O cara não segura, mano, que diretor tem que ter, fora isso que você falou, não é só tocar o set.
00:13:13Ele tem que ter a visão clara do que ele quer, porque é uma decisão sim ou não, não é uma decisão porque eu gosto.
00:13:20É o que soma para aquela história.
00:13:23Exatamente.
00:13:24Cada plano tem que somar ou não para a história.
00:13:26E ele tem que ter, amigo, uma visão ideológica clara, uma ideia clara.
00:13:31Os diretores, grandes diretores, têm visões autorais.
00:13:34Isso que a gente não entende no Brasil.
00:13:36A gente acha que o diretor é só um cara que toca lá as coisas.
00:13:38Não segura.
00:13:39A gente quer ver cada vez mais, hoje em dia, no streaming.
00:13:42Você não quer ver algo mais ou menos.
00:13:45Ninguém procura algo mais ou menos.
00:13:46Você procura algo mais ou menos, você pula.
00:13:48Ou você quer algo muito bom ou não dá nada.
00:13:51Está mais difícil.
00:13:53Antigamente, o mais ou menos passava.
00:13:54É engraçado.
00:13:55Hoje em dia, com a oferta muito grande, a gente procura algo muito especial.
00:14:00E, em Hollywood, é engraçado a gente pegar.
00:14:03Os grandes filmes não são filmes sem autor.
00:14:06São filmes de autor.
00:14:07É o Batman do Tim Burton, é o Batman do Nolan.
00:14:10Você contrata o autor, que é um cara...
00:14:14Isso, o Fernando tem uma história sobre isso.
00:14:15Uma vez perguntaram para o Fernando Meirelles.
00:14:18Ele que me contou, vou compartilhar, mas...
00:14:20Acho que ele já contou em outros lugares.
00:14:22Chamaram ele para fazer o Pompeia, o Fernando Meirelles.
00:14:25Uma super produção de Hollywood.
00:14:27Ele não sabia.
00:14:28Eu falei, mas eu não sei filmar essas coisas.
00:14:30Larva, matando gente.
00:14:32Ele falou, não, não se preocupa, não.
00:14:33Isso é a segunda-idade.
00:14:34Não sei se preocupar com isso.
00:14:37Como assim, cara?
00:14:38Por que vocês querem me contratar, então?
00:14:40É porque você tem a visão.
00:14:42É.
00:14:43Exatamente.
00:14:44É isso que é precioso.
00:14:44É isso que é precioso.
00:14:45Então, no fundo, precisa ter uma ideia clara, que é uma visão.
00:14:50Isso é uma autoria, uma visão de mundo.
00:14:53E hoje, no Brasil, a gente está...
00:14:55As produtoras, como a Ancine já entrou no assunto,
00:14:58deu muito o poder.
00:15:00A gente acreditou muito que quem resolve o filme é a produtora.
00:15:03A produtora é uma empresa importante, grande, produz bem.
00:15:08E é verdade, entrega bem, produz, faz...
00:15:11Essas coisas são importantes também.
00:15:13Mas não resolve.
00:15:14Aí eles querem os diretores que tocam o set,
00:15:15que não dão trabalho para a produtora.
00:15:18Entendeu?
00:15:18Aí não dão trabalho.
00:15:19Porque um diretor muito inteligente, dá trabalho.
00:15:21Porque ele quer inventar umas coisas, aquilo atrapalha a produção.
00:15:24Sempre atrapalha.
00:15:25Pega o Coppola no Pocalipse, não.
00:15:27Atrapalhou.
00:15:29Atrapalhou.
00:15:29Qualquer cara autoral atrapalha.
00:15:31Atrapalha o sentido.
00:15:32Ele tem umas ideias loucas, fala,
00:15:34você tem uma ideia louca, aí para de atrapalhar.
00:15:36Aí a produtora nunca quer alguém muito louco.
00:15:38Aí querem contratar alguém mais ou menos,
00:15:40que é um cara legal, legal, funciona.
00:15:42Não funciona para o público.
00:15:44O público quer alguma dose de loucura.
00:15:47Você não consegue...
00:15:48É, mano.
00:15:49Não é assim, filho?
00:15:49Claro, pô.
00:15:50Você quer alguma nova vocação,
00:15:51coisa que você nunca viu.
00:15:53E o Fernando tem isso.
00:15:54Ele consegue ter as duas coisas, né?
00:15:55Quando o cara consegue ter as duas coisas, é melhor, né?
00:15:57Mas é a atenção...
00:16:00Em qualquer área autoral, em qualquer área criativa.
00:16:02Criativa.
00:16:03Você quer uma liberdade.
00:16:04Você quer até na nossa área de crônica.
00:16:07Mesmo de análise.
00:16:08Mesmo de análise.
00:16:09Que está mais concatenada a fatos concretos e tal.
00:16:12Você tem que ter um insight.
00:16:13Você tem que ter uma coisa própria, né?
00:16:15Tem que ter.
00:16:15Qual que é o seu diferencial?
00:16:16Exatamente.
00:16:17É só um cara que passa os negócios?
00:16:18Não, você tem uma visão.
00:16:19E essas coisas que as pessoas procuram.
00:16:21E na área de cinema também, muito.
00:16:23Então está tendo uma certa burocratização da função do diretor.
00:16:27Que não segura.
00:16:28Então a gente pega os diretores hoje em dia.
00:16:30Quem são os diretores brasileiros?
00:16:31A maioria é o cara que vem do assistente de direção.
00:16:33Que já toca o set.
00:16:34Que assiste a direção.
00:16:35É o cara que toca o set.
00:16:36É o gerente de produção.
00:16:38É o cara que arruma lá o negócio pra funcionar.
00:16:40Aí eles pegam esse cara e viram diretor.
00:16:41Pode ser legal.
00:16:42Só que o cara não estudou, amigo.
00:16:44Ele não leu lá o Merapena.
00:16:45Não ficou estudando.
00:16:47E precisa de gente que...
00:16:48O Merapena que eu citei outro dia no Papo Antagonista.
00:16:50É, eu sou um cara que eu gosto muito.
00:16:52E precisa de gente que...
00:16:52Tem muito assistente de direção que vem de novela e tal.
00:16:54Às vezes não tem.
00:16:55Então o cara é legal, é inteligente e tal.
00:16:57Mas não é um cara que ficou 20 anos estudando o livro.
00:17:00E autor...
00:17:01Precisa ter.
00:17:02Precisa ter a bagagem literária.
00:17:04Precisa ter a bagagem literária.
00:17:05Senão não é um bom diretor.
00:17:06Perfeito.
00:17:07Tudo de jeito.
00:17:07Então agora, a hora que o cara é inovador, criativo, maluco, que nem você falou, bate
00:17:13lá na porta da Ancine.
00:17:14Ele consegue recurso, por exemplo, pra fazer o filme dele?
00:17:18Não.
00:17:18Vamos deixar claro aqui o que é a Ancine, pra quem não sabe.
00:17:21É a agência...
00:17:22Qual é o nome todo completo da Ancine?
00:17:24Não, é a Agência Nacional do Cinema.
00:17:25É a Agência Nacional do Cinema.
00:17:27É a Agência Nacional do Cinema, que é um órgão que financia o cinema brasileiro,
00:17:32mas é um órgão, aliás, é muito curioso, porque não existe isso em nenhum lugar
00:17:36do mundo.
00:17:37O órgão que ele financia, ele regula, que geralmente são duas agências diferentes,
00:17:43a reguladora e a financiadora.
00:17:44aqui no Brasil, regula, financia e ele mesmo julga o que ele financiou.
00:17:51Então, imagina só, você dá o dinheiro e você julga se foi bem avaliado.
00:17:54Ficou um negócio maluco, né?
00:17:56Você não pode...
00:17:56Você me avalia se você...
00:17:57Então, é um negócio que...
00:17:59Memorais.
00:18:00Exatamente.
00:18:01Faz tudo.
00:18:02É memoral.
00:18:03Então, é um negócio que faz tudo ali.
00:18:04Então, obviamente, ficou um negócio mastodonte, que tá gastando muito dinheiro.
00:18:09Graças a Deus tem recurso, isso é bom.
00:18:12A senhora brasileira precisa de recurso.
00:18:14Eu sou aqueles que acham que é importantíssimo ter um projeto de audiovisual para a nossa
00:18:19nação.
00:18:20O audiovisual é o que dá a liga da nação, é o que dá a nossa visão, que faz o povo
00:18:24ficar unido.
00:18:25Então, é fundamental ter esse recurso e isso tem gente que fica criticando que o recurso
00:18:29é bom.
00:18:30Não é isso.
00:18:31O problema não é recurso.
00:18:31O problema é saber investir o recurso, né?
00:18:33E tem dado muito pouco resultado, né?
00:18:37Onde estão os filmes que a Cine patrocina?
00:18:39Onde estão?
00:18:40Boa pergunta.
00:18:43Onde que eles foram parar?
00:18:45Onde foram parar, né?
00:18:47Quase 100 filmes por ano.
00:18:49Cadê?
00:18:49Você assistiu quantos?
00:18:50Se eu te perguntar, quantos você assistiu?
00:18:52Nenhum.
00:18:53A gente está aqui e não tem ajuda, né?
00:18:54A gente está aqui e não tem.
00:18:56O único que o pessoal assistiu, a Cine não ajudou.
00:18:59Porque, inclusive, não ajudaria.
00:19:01Porque, pelos critérios da Cine hoje, pra você ter uma ideia, os critérios da Cine
00:19:06hoje, não, é pra essa conversação, gente.
00:19:07É meio triste falar assim.
00:19:08Eu falo que é triste porque é muito importante a gente discutir e reavaliar pra investir
00:19:13melhor, não pra não investir, tá?
00:19:14E não é a culpa apenas, é a culpa de vários motivos, a gente pode discutir depois.
00:19:18Mas, em termos de número, gastou, o ano passado, 2,3 bilhões em investimento em produção
00:19:26audiovisual.
00:19:26E o objetivo do fundo setorial é ter retorno para o fundo.
00:19:31Não é um fundo perdido.
00:19:33Pela legislação, ele deveria ser um investimento que retorna pra indústria.
00:19:37Vende ingresso cinema e aí o dinheiro, o lucro...
00:19:40Uma parte do lucro volta pra Cine.
00:19:42Retornou 63 milhões.
00:19:44Gasta 2,3 bilhões e volta a 63 milhões.
00:19:50Isso foi 65.
00:19:51Depois a gente vê exatamente o que tem aí.
00:19:52Não vai fazer muita diferença.
00:19:53Não vai fazer muita diferença.
00:19:54Mas é em torno de 60 milhões.
00:19:56Então, retornou...
00:19:58O Flux Felipe Dávila e o Jorandir fizeram umas análises recentes, tipo, 31 vezes menos.
00:20:04Isso não é...
00:20:05Eu sei que o audiovisual é uma área de risco.
00:20:08Sempre foi uma área de risco.
00:20:09Então, isso é comum.
00:20:10Mas é uma área de risco.
00:20:11Não significa que dá tantos prejuízos.
00:20:12Não é isso.
00:20:13É risco no sentido que você não sabe qual vai dar lucro.
00:20:16Mas algum dá.
00:20:17Se você investe em 100 filmes e nenhum dá, é porque tá errado.
00:20:20Então, não é que não dá.
00:20:21Esse papo assim não era de risco.
00:20:23Então, não é verdade.
00:20:24Os audiovisual da Coreia dá lucro.
00:20:26Os audiovisual do Israel dá lucro.
00:20:28Vários países dão lucro.
00:20:29Então, a gente tá com um problema de investimento.
00:20:33que tá investindo mal.
00:20:34Tá escolhendo mal os projetos.
00:20:36Imagina se fosse, por exemplo, um hospital.
00:20:39Você compra um hospital.
00:20:40O investimento do Estado.
00:20:42E ninguém vai.
00:20:43É um hospital que ninguém foi.
00:20:45É isso.
00:20:46É isso.
00:20:47Que é uma política pública que ninguém quer ir.
00:20:49As pessoas não querem assistir esse filme.
00:20:51E por que não querem assistir esse filme?
00:20:52Porque o médico, você vai lá.
00:20:53Você não vai nesse hospital.
00:20:54Nesse médico, se eu chegar lá, o médico vai lacrar na minha cara.
00:20:57Mas você vai no hospital e o cara vai falar.
00:20:58Ah, você é branco.
00:21:00Que é meio isso, gente.
00:21:01O cinema, eu acho, de verdade.
00:21:03Que o principal problema é que o cinema brasileiro ficou lacrador.
00:21:08Muito bem.
00:21:08Agora a gente faz uma pausa nessa transmissão de trechos do podcast O.A.
00:21:14Lembrando que é um programa que vai ao ar toda segunda-feira, às 19h30,
00:21:18no canal de YouTube de O Antagonista.
00:21:20E vamos pra um intervalinho na TV BMC.
00:21:23E você do YouTube já assiste a tudo direto nesse feriado.
00:21:26E pra vocês que estão acompanhando o programa Papo Antagonista aqui no YouTube de O Antagonista,
00:21:31esse episódio continua direto, sem pausa.
00:21:33De volta com o Papo Antagonista, dando sequência ao episódio do podcast O.A.
00:21:37com o cineasta Nilton Canito.
00:21:39A gente tá mostrando alguns trechos de entrevista que a gente fez no podcast O.A.,
00:21:43um programa do canal de YouTube do Antagonista,
00:21:46durante esse feriado de Tiradentes.
00:21:49Vamos assistir mais um pouquinho.
00:21:50Mas como é que você corrige isso?
00:21:52É só se investir bem.
00:21:54Mudar as pessoas que determinam pra onde vai o dinheiro, é isso?
00:21:58Não, é claro que assim, se você pensar assim,
00:22:00eu acho de verdade que...
00:22:03Isso é um debate que a gente tem que pensar.
00:22:04Mas é comum, existem possibilidades, o gestor público, a Ancine,
00:22:08poderia virar tipo uma Petrobras,
00:22:09ou ter uns gestores públicos que têm que dar resultado.
00:22:13Hoje não tem que.
00:22:14Ninguém cobra resultado do gestor da Ancine.
00:22:16Ele dá lá o recurso e não acontece nada.
00:22:17Então a gente poderia...
00:22:19Primeira coisa.
00:22:20Tem que ter resultado.
00:22:21A gente pode, não pode acontecer isso e não ter um debate sobre isso.
00:22:24Não pode.
00:22:25A gente, o cinema brasileiro tem...
00:22:27Eu falar isso aqui, gente, é pra carreira da...
00:22:29Minha carreira é bem difícil, é bem complicado.
00:22:32Porque as pessoas falam, você é inimigo do cinema brasileiro.
00:22:33Eu não sou inimigo do cinema brasileiro, gente.
00:22:35Não sou mesmo.
00:22:36Sou o maior aliado do cinema brasileiro.
00:22:37De verdade, acredito muito.
00:22:40Então, eu estou falando isso pra melhorar.
00:22:41Mas assim, a classe é muito corporativa.
00:22:44Então qualquer crítica é tratada como se fosse inimigo.
00:22:47E não é.
00:22:48A gente tem que buscar.
00:22:49A gente sabe bem.
00:22:50Eu faço um monte de críticas ao mercado da comunicação também.
00:22:52E o pessoal que tratam...
00:22:54Você pode fechar a porta fazendo críticas.
00:22:57Se as pessoas vestem a carapuça de uma maneira individual.
00:22:59Mas eu busco falar, como você, sobre o mecanismo.
00:23:01Olha, esse modelo.
00:23:03Então assim, é perda de publicidade federal que vai pro veículo.
00:23:06Aí o veículo faz cobertura positiva do governo.
00:23:08Então você corrompe o jornalismo.
00:23:09Isso é ruim.
00:23:10É a mesma coisa.
00:23:10Então assim, precisa ser discutida essa questão, mas não é.
00:23:13No fundo, é várias variações do patrimonialismo brasileiro.
00:23:16Exatamente.
00:23:16Do Estado brasileiro querendo controlar as ideias das pessoas.
00:23:19E a Ancine foi a mesma coisa.
00:23:22É o Estado brasileiro tentando controlar o livre pensamento.
00:23:25Exatamente.
00:23:26Então ele cria mecanismos que aparelham o Estado.
00:23:29A Ancine é aparelhada.
00:23:31Na verdade, é essa.
00:23:32Ela foi criada por pessoas de esquerda.
00:23:34Inclusive, pessoas sendo literalmente...
00:23:37São pessoas que eu gosto, mas são pessoas do PCdoB, na verdade.
00:23:40A política inteira é criada por um pessoal comunista mesmo.
00:23:44E esse pessoal vai lá e cria uma máquina que passa as ideias que eles acreditam também.
00:23:49Só que vira um aparelhamento e aquilo em 20 anos, cara.
00:23:52O que a gente tá falando agora, não é agora.
00:23:55Ele tá falando do PCdoB, mas tinha gente mesmo ligada ao PCdoB.
00:23:59Não é maneira de falar, não, na Ancine.
00:24:02Eu sei disso.
00:24:03Pela cobertura jornalística.
00:24:04Então aquilo é realmente um modelo de criação que aparelha e aquilo gera um certo consenso.
00:24:12Então você faz o quê?
00:24:13Você cria critérios que você define a qualidade a partir, por exemplo, de festivais.
00:24:19E os festivais, a classe inteira controlada pela esquerda.
00:24:23Então filmes que pensam diferentes...
00:24:25Não é que são de direita, não.
00:24:26É só você pensar diferente do que a esquerda mandou você pensar naquele ano.
00:24:31Tipo, eu nem achava que era de direita, já não era.
00:24:33Porque se você não seguir exatamente o script, você não ganha o prêmio.
00:24:38E aquilo é um critério autista.
00:24:40É um critério autoavaliador.
00:24:42Se você tiver um vilão que pertence a uma minoria.
00:24:45Algum traço identitário numa pessoa ruim.
00:24:49Pronto.
00:24:49Você, na verdade, você tem, por exemplo, esse filme meu de...
00:24:53Eu tava falando no começo, de Porro Chanchada.
00:24:56Porro Chanchada já não podia.
00:24:58Não, porque não pode.
00:24:59Porque não sei o quê.
00:25:00Porque ficou muito politicamente correto, né?
00:25:01A esquerda toda politicamente correta.
00:25:03Aí eu falo, gente, cinema tem que ser...
00:25:05Não pode também.
00:25:06Aí não podia também porque eu sou diretor homem.
00:25:08Aí diretor homem não pode fazer filme sobre mulheres.
00:25:11Mas por que que não pode?
00:25:11Ah, porque tem lugar de fala.
00:25:14Falando que tem lugar de fala nada, gente.
00:25:15Então, todos os critérios foram baseados muitos anos de critérios de ideologia woke.
00:25:21Analisando.
00:25:22Que não é a classe toda que foi dominada por isso.
00:25:25Como a gente sabe teve...
00:25:26A gente vive, gente.
00:25:28Vamos objetivar.
00:25:28É só uma parêntese.
00:25:29O último episódio do podcast O.A.
00:25:31Foi sobre identitarismo.
00:25:32Foi sobre cultura e woke com o Elie Vieira.
00:25:36Que é jornalista, que é biólogo, que é geneticista.
00:25:38Então fala desse ponto de vista.
00:25:39Publicou um livro a respeito das falácias do identitarismo.
00:25:42Tá aqui no canal do YouTube.
00:25:44Na nossa playlist do podcast O.A.
00:25:45Assista.
00:25:46Excelente.
00:25:46Eu li o livro até recentemente.
00:25:48E é justamente esse assunto que, na verdade, a gente acredita...
00:25:52É um consenso na classe que aquilo é um valor.
00:25:55Você tem que usar os critérios woke.
00:25:57Então, o critério woke, por exemplo, você tem que...
00:25:59Não pode ter vilão negro.
00:26:01O vilão negro, sabe essas coisas?
00:26:02Um monte de critérios que vai impedindo a liberdade.
00:26:07E tem que lacrar.
00:26:08Tem que ensinar umas coisas.
00:26:08Aquilo vai afastando o público.
00:26:10Isso tudo é um modelo que parte por...
00:26:14Por exemplo, parte por o júri.
00:26:16O júri é uma área onde alguém definiu também, nós juntos.
00:26:22Eu participei disso na época, 20 anos atrás, que a própria classe avalia ele mesmo.
00:26:26Aí a própria classe sofreu, como a gente sabe, uma invasão cultural.
00:26:31Esse negócio do woke, gente, vamos objetivar.
00:26:33É uma invasão cultural.
00:26:35É grana internacional.
00:26:37A gente fala americana.
00:26:38É mais que isso.
00:26:38É de corporações internacionais dominando o pensamento.
00:26:42Treinaram um monte de gente para acreditar naquelas coisas.
00:26:44Quem não acreditava é expulso das associações.
00:26:48Expulso.
00:26:49A gente foi expulso das associações de roteiristas porque a gente falou a palavra woke.
00:26:53Isso aconteceu.
00:26:54Isso é fato.
00:26:54Há um ano atrás.
00:26:55Então a pessoa falou woke.
00:26:57Vamos debater woke?
00:26:58Vocês são racistas.
00:27:00Expulsaram a gente.
00:27:01Então você não consegue debater.
00:27:03É um ambiente inteiro controlado.
00:27:05Onde as pessoas têm medo de debater.
00:27:08E as pessoas vão ficando com o consenso que aquilo é o certo.
00:27:11E aquilo é uma ideologia que não dialoga com o povo brasileiro.
00:27:14O povo brasileiro não gosta disso.
00:27:16O povo brasileiro quer filme mais divertido, mais ousado.
00:27:19E aí aquilo vai afastando o público.
00:27:22Então é um mecanismo inteiro de controle que parte de júri.
00:27:27O tipo que é feito júri.
00:27:28Parte de festival.
00:27:30Os festivais são todos assim.
00:27:31Se você não seguir o filme do Josias Teófilo,
00:27:34que é um amigo meu que a gente montou, Artistas Livres...
00:27:36Coronista da Cruz Oé.
00:27:37Então, maravilhoso.
00:27:39A gente montou, eu e ele montamos uma associação para debater isso.
00:27:42Chama Artistas Livres.
00:27:42Aliás, quem quiser se associar, ajudar...
00:27:45Justamente para debater isso.
00:27:46O filme dele foi passar num festival.
00:27:48Ele sofreu violência.
00:27:50Porque ele passou um filme que é sobre o Olavo de Carvalho.
00:27:51Tinha vindo das aflições.
00:27:52É, filme sobre o Olavo.
00:27:54Violência física.
00:27:55Bateram nas pessoas.
00:27:56E aí nunca mais nenhum festival selecionou nenhum filme desse tipo.
00:28:00Claro, você vai selecionar.
00:28:02Então, não tem como.
00:28:04É uma área inteira controlada.
00:28:06E se a pessoa não seguir aquele discurso, ela não consegue.
00:28:10Então, isso de 20 anos...
00:28:11Isso é 20 anos, gente.
00:28:12Não é uma coisa recente.
00:28:14Não é uma coisa...
00:28:15Não, a gente acompanha desde o começo.
00:28:16Então, 20 anos disso afasta o público daquilo.
00:28:20Então, a gente ficou um modelo de produção que faz um monte de filme
00:28:22que ninguém assiste e não tem interesse em assistir.
00:28:26E, no entanto, esse é o ponto crucial.
00:28:30Você tem muita gente aí dessa patota que é autoritária.
00:28:34Embora se finja de defensora da diversidade, não aceita uma ideia de fora da cartilha.
00:28:41Que defende esses filmes que eles fazem como a verdadeira arte.
00:28:46Como aquilo que a população brasileira deveria aprender a gostar.
00:28:51E se não há público para aquilo, no entanto, o Estado tem que ajudar aquilo de qualquer maneira.
00:28:57Porque aquilo que é o inteligente...
00:28:59Afinal, elas são as mentes iluminadas que precisam civilizar o país.
00:29:03É uma ideia que foi até adequada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Roberto Barroso.
00:29:09Que falou em civilizar o país outro dia.
00:29:11Que é o cara.
00:29:12Então, assim...
00:29:13O cara é o rei deles.
00:29:14Essa perspectiva de mente iluminada que precisa civilizar, ela é terrível para a arte.
00:29:21E você até, na sua última participação aqui, falou assim...
00:29:24Olha, é no território artístico que certas discussões precisam ser travadas.
00:29:29Quando a gente vê que todas as discussões estão no território político, é que já
00:29:33há um mecanismo disfuncional.
00:29:36Já há um desajuste.
00:29:37Está no lugar errado.
00:29:38Dá dó da arte.
00:29:40Porque se a arte não consegue fazer isso, imagina o jornalismo.
00:29:42Porque o jornalismo também.
00:29:43O jornalismo é narrativas também.
00:29:45O jornalismo e a arte são narrativas.
00:29:47Mas a arte, ainda mais, tem que ajudar a fazer o diálogo da sociedade.
00:29:51O jornalismo também.
00:29:52Tem esses papéis de fazer os pontos de vista...
00:29:55Se você relativizar o ponto de vista.
00:29:56Você fala, nossa, os dois pontos de vista.
00:29:58Ouvir o outro lado, esse tipo de coisa.
00:30:00E a arte, quando ela toma um lado só, como a arte brasileira tomou, o cinema brasileiro
00:30:04tomou um lado só.
00:30:05Ele tomou opção na guerra cultural.
00:30:08Ele virou ativista da guerra cultural.
00:30:11Ele virou um guerreiro da guerra cultural.
00:30:14Que quer impor uma agenda.
00:30:15Os cineastas que deram certo nos últimos 20 anos, você vai olhar o Facebook, o Instagram
00:30:19dele é só PT o tempo todo.
00:30:21Ela é ele o tempo todo.
00:30:22Se não seguir o protocolo, não adianta você não...
00:30:26Ficar em cima do mundo.
00:30:28O senhor do muro também não pode.
00:30:29Você tem que ficar no protocolo.
00:30:30Aqueles que conseguiram conseguir carreira.
00:30:33Então, é aquilo que eu falei.
00:30:34Uma que tem que ser um bom técnico ali de arroz e feijão e seguir o discurso oficial.
00:30:40Aquilo cresce.
00:30:41Então, 20 anos disso gera uma categoria inteira.
00:30:44Então, a gente tem que renovar a categoria urgente.
00:30:46Trazer novas vozes, novas pessoas, novos talentos.
00:30:49Tem muitos talentos que foram cancelados por 20 anos.
00:30:54Talentos maravilhosos.
00:30:55Isso inclui gente, tanto gente jovem, que não consegue, mas gente adulta, gente grande
00:31:00cineasta, gente.
00:31:01A gente está num momento...
00:31:01Olha que louco.
00:31:02O senhor é brasileiro com tanto problema de público, não atingindo o público.
00:31:07E a gente está num momento...
00:31:08Por exemplo, o nosso grupo tem um grupo de roteiristas que se chama Roteiristas Livres.
00:31:12A gente reúne os maiores roteiristas do Brasil, que já fizeram público, estão 20 anos
00:31:19fazendo público no Senado Brasileiro e ninguém está trabalhando.
00:31:21Imagina só como se você tivesse, de 50 anos, pessoas no auge da carreira, é como
00:31:25se você tivesse a seleção brasileira, está lá o Maradona, o Maradona não, o Pelé.
00:31:31É porque é difícil arrumar a referência atual de grandes jogadores, depois da derrota
00:31:36de 4x1 para a gente.
00:31:37Vamos pensar nos antigos.
00:31:38Está lá o Pelé no banco de reserva e você não está convocando ele, está botando
00:31:42a mulher...
00:31:42É nesse nível o debate.
00:31:44Por quê?
00:31:45Porque os coroas não conseguem seguir essa cartilha.
00:31:49Não tem paciência.
00:31:50Porque quer fazer filme bom também.
00:31:51Não tem paciência porque...
00:31:52Não é porque ele é de esquerda ou direita, inclusive.
00:31:54É porque ele só quer fazer filme bom.
00:31:56Ele só quer fazer o diálogo dele.
00:31:58Sem gente controlando.
00:32:00E o mecanismo todo é de controle.
00:32:02Está tudo controlado.
00:32:03O Nilton agora...
00:32:03A Ancine é no nível federal.
00:32:06Agora, no nível estadual também tem essas agências.
00:32:09E aí também é o mesmo sistema?
00:32:11Ou elas têm mais liberdade de ajudar?
00:32:15A área está inteira controlada.
00:32:16A SPCine, por exemplo, a gente está conversando com a presidente da SPCine, a Liara.
00:32:20Artistas Livres, que é a nossa associação, está conversando com a Liara.
00:32:24A Liara está aberta à conversa.
00:32:26Daqui de São Paulo.
00:32:27Ficamos muito felizes de ver que ela está aberta à conversa.
00:32:29Gratidão, Liara.
00:32:29Parabéns.
00:32:30Mas está aberta.
00:32:32Mas, assim, os últimos oito anos virou o reino woke.
00:32:36A SPCine, hoje, que é uma agência municipal, é o reino woke.
00:32:41O reino dos woke.
00:32:42O reino dos 100% da pauta é woke.
00:32:46E é difícil, quando você pega ela, uma gestora agora, é difícil, porque a classe
00:32:52toda acredita nisso, aparentemente.
00:32:53Então, a primeira vez que surgiu agora gente que não acredita nisso, é nós.
00:32:57Então, ela tem que gerenciar esse conflito.
00:33:00Então, é uma transição.
00:33:01Sabemos como é essa a batalha.
00:33:02É uma transição que a gente até entende e estamos juntos para ajudar na transição.
00:33:06Uma transição que tem que aceitar que quem não concorda com o woke não é uma pessoa
00:33:12fascista, horrorosa.
00:33:13Simplesmente a gente quer fazer outro tipo de filme.
00:33:15É só isso, gente.
00:33:16Não, porque não aceitam.
00:33:17Não aceitam.
00:33:17Não aceitam e não querem...
00:33:19Você pode chamar para debate.
00:33:20Se você não realizar pela castilha, você é traidor da pátria.
00:33:22Se você chama para debate, você não quer ir.
00:33:24Vamos debater em público.
00:33:25Não pode debater em público.
00:33:25O que não pode debater em público, gente?
00:33:27Eu sou normal, eu sou uma pessoa normal.
00:33:29Não, não pode.
00:33:30Então, eles não aceitam o debate público.
00:33:32Então, é difícil para os gestores...
00:33:33E tem um consenso...
00:33:35Porque se não, podem ser desmascarados.
00:33:37Também porque eles sabem que perdem o debate.
00:33:39Então, tem um consenso...
00:33:40Verdade é essa.
00:33:41Tem um consenso maluco...
00:33:43Maluco isso também.
00:33:43Porque, assim, a única área do planeta aonde as pessoas são avaliadas por pessoas menos
00:33:49qualificadas do que ela.
00:33:51Por exemplo, quem avalia meus projetos são gente menos avaliada que menos qualificada que eu.
00:33:54Imagina em ciência.
00:33:55É como se um doutor fosse avaliado por um estagiário, por um aluno de graduação.
00:34:01É assim que está acontecendo na arte brasileira, gente.
00:34:05A gente acha isso normal.
00:34:06Isso não é normal.
00:34:08Por isso que o resultado está sendo baixo.
00:34:09Porque é mais fácil você controlar o aluno da graduação do que um livre docente que já tem carreira.
00:34:14Então, as pessoas adultas são canceladas tanto da realização quanto da seleção dos projetos.
00:34:23E tem solução.
00:34:24Eu apresento soluções para vocês agora.
00:34:26Muito bem.
00:34:26Depois de mais um trecho delicioso aí da nossa conversa com o cineasta Newton Canito,
00:34:30a gente vai para mais um intervalo na TV BMC.
00:34:33E você que acompanha no YouTube vai assistir a tudo direto nesse episódio especial de feriado.
00:34:39E para vocês que acompanham o Papo Antagonista no canal de YouTube de O Antagonista,
00:34:42vocês vão assistir seguidinho, tudo direto, sem pausa nem intervalo.
00:34:46Muito bem, Papo Antagonista está de volta.
00:34:48Salve, salve.
00:34:49Lembrando que a gente está fazendo um episódio especial nesse feriado de Tiradentes
00:34:53com trechos das entrevistas que a gente fez no podcast UAR.
00:34:58E vamos exibir mais um trecho da conversa que eu tive com o Duda Teixeira,
00:35:03com o cineasta Newton Canito,
00:35:05nesse programa que vai ao ar toda segunda-feira, 19h30,
00:35:08no canal de YouTube de O Antagonista.
00:35:10Pode rodar.
00:35:10Eu sei que comparar com os Estados Unidos é muito difícil,
00:35:12porque os Estados Unidos é uma potência.
00:35:14e lá todas as áreas têm uma indústria
00:35:16e você tem muitas alternativas para produzir conteúdo,
00:35:20ou o que quer que seja.
00:35:21Mas lá também a esquerda dominou bastante o mercado cinematográfico.
00:35:26Hollywood é sempre criticada pelos colunistas,
00:35:30autores intelectuais mais à direita, mais conservadores, mais independentes.
00:35:34A gente vê a cerimônia do Oscar como ela também reflete muitas vezes a cultura,
00:35:39pelo menos durante anos, até que houve muitas críticas,
00:35:41diminuíram um pouquinho.
00:35:42E eu vi, por exemplo, e até escrevi a respeito,
00:35:47livros de autores como Ben Shapiro, por exemplo,
00:35:51que fez uma investigação ali.
00:35:53Ele, na verdade, se colocou como alguém da tribo
00:35:56ao entrevistar roteiristas de séries de TV, de filmes.
00:36:01É muito tempo atrás.
00:36:02Uns 15 anos atrás.
00:36:03E aí ele foi, no meio da entrevista,
00:36:07como um jovem estudante de uma faculdade famosa e que é judeu
00:36:12e que, enfim, tinha conexões com algumas pessoas ali,
00:36:16ele foi fazendo perguntas sobre se era de propósito certas medidas
00:36:21que eles colocavam ali no roteiro, certas falas, certas cenas.
00:36:25Então, as pessoas foram entregando para ele, sem saber que ele usaria isso para uma crítica,
00:36:32que faziam determinadas cenas de propósito em razão do seu viés ideológico.
00:36:39Então, por exemplo, para citar um exemplo bem ilustrativo,
00:36:42MacGyver, que a gente cresceu assistindo,
00:36:43que era o cara que saía das maiores enrascadas fazendo ali junções de mecanismos
00:36:52e aí explode alguma coisinha e tal, mas nunca com uma arma de fogo,
00:36:55tinha ali uma ideia de defender o desarmamento,
00:36:59da não necessidade da arma de fogo.
00:37:01Por isso se colocava de determinada maneira.
00:37:03Então, fazia parte ali de uma agenda de esquerda.
00:37:05E aí vários roteiristas de séries famosas e tal foram dando depoimentos nesse sentido.
00:37:09Então, ele mostrou que, olha, é muita gente de esquerda aqui fazendo conteúdo
00:37:15que tem uma agenda por trás.
00:37:17No entanto, eu queria te perguntar, assim, qual é a diferença mais significativa?
00:37:22Não tem o Mancini, lá você tem uma multiplicidade.
00:37:25Você conhece mais ou menos a estrutura para fazer uma comparação com o Brasil?
00:37:29Não, lá é subsídio, mas tem capital de risco,
00:37:32que é uma possibilidade que a gente tem que fazer.
00:37:35O Mancini não pode dar fundo perdido, que nem aqui.
00:37:37Aqui é fundo perdido.
00:37:39Eles falam que teria retorno, fundo, mas não teve, como a gente viu.
00:37:43Então, ele dá para você, se não retornar, não acontece nada.
00:37:45Ninguém está correndo risco.
00:37:49Então, é um modelo sem risco.
00:37:51É um modelo que a pessoa pega 10 milhões, 20 milhões para fazer um filme,
00:37:55falando que vai fazer uma indústria,
00:37:57aí o filme faz pouco espectador e ele fala que é arte.
00:38:00E se você quiser avaliar, eles ficam bravos com você.
00:38:04Porque falam, não é só arte, a arte não pode ser avaliada.
00:38:05Mas, assim, como pode ser avaliada? Você falou que era indústria.
00:38:08Eu lembro que uma vez eu era secretário e falei,
00:38:10gente, você falou que era indústria, agora você...
00:38:12Não, olha a arte.
00:38:13Então, você nunca pode debater o retorno no Brasil.
00:38:17Porque lá é a indústria real, o modelo principal.
00:38:21Então, a indústria real você pode, o Estado deve subsidiar.
00:38:24Lá subsidia.
00:38:25Esse papo que, ah, não, não subsidia, subsidia via imposto, via vários caminhos.
00:38:30Subsidia, mas as pessoas estão correndo risco.
00:38:33E elas têm, realmente, possibilidades a lucro.
00:38:36Aqui no Brasil, o produtor não consegue ter lucro, gente.
00:38:39Mesmo se o filme der muito dinheiro, o produtor não tem lucro.
00:38:42O modelo todo.
00:38:43Porque vai tudo para distribuidor e para não sei o quê.
00:38:45Então, o produtor acaba virando um cara que ganha dinheiro na produção.
00:38:50Então, ele não ganha dinheiro na venda.
00:38:52Imagina se você só ganha dinheiro produzindo,
00:38:54você não ganha dinheiro vendendo.
00:38:55Isso é, no Brasil, é assim.
00:38:56É o modelo todo que faz isso.
00:38:58Então, o cara começa...
00:38:59E muitos anos disso, o cara já começa...
00:39:00Lerba pública que entra na produção com a distribuição de cachê a partir de orçamento.
00:39:05Exatamente.
00:39:05O cara já conhece o orçamento dele, ganha bem o orçamento.
00:39:07Por uma agência federal.
00:39:08Ganha bem.
00:39:09Mas é uma forma ótima de você controlar, né?
00:39:11Não é verdade, gente?
00:39:12Também tem um lado...
00:39:14Deve ser, né, gente?
00:39:15Eu ouvi um amigo meu falando assim...
00:39:17O ouquismo também é uma forma das universidades...
00:39:20O ouquismo, que fica pesquisando essas bobagens que a gente fala, né?
00:39:23O que o Lee fala muito bem.
00:39:25É uma forma das universidades pararem de pesquisar coisas importantes.
00:39:27Vê se na China e na Índia eles ficam com esse papo.
00:39:30Não ficam pesquisando coisa que é importante para a nação.
00:39:33Aqui no Brasil fica discutindo bobagem.
00:39:35E o cinema brasileiro é igual.
00:39:36Então, é uma forma da gente não dar certo no nosso cinema.
00:39:40Essas dominações culturais são para isso também.
00:39:42Eu acredito nisso.
00:39:43Não acho que é totalmente idiota.
00:39:44É para não dar certo mesmo.
00:39:47É, sabe?
00:39:47É para não dar certo.
00:39:48Agora, é engraçado que lá também compraram, né?
00:39:50Você viu a própria Disney que comprou essa agenda, né?
00:39:53Agora, mas as agendas já romperam.
00:39:55Eles são mais rápidos que nós.
00:39:56Eu acompanhei por alto, mas o Alexandre Bosch está acompanhando.
00:39:59A Branca de Neve, né?
00:40:00A Branca de Neve é um caso clássico.
00:40:02A Branca de Neve virou...
00:40:04Por exemplo, não pode ter anão, né?
00:40:05Você viu isso?
00:40:06Tiraram os anãos.
00:40:07Inclusive, tem o depoimento dos anãos.
00:40:09O sindicato de atores anãos bravos, né?
00:40:12Fala, gente, eu queria ser...
00:40:13Ah, não.
00:40:14Você vai ofender os anãos, mas pelo menos eu tinha emprego.
00:40:17Aí não, eles tiraram os anãos.
00:40:18Os anãos discordam, mas as mentes iluminadas sabem o que é melhor para o anão do que o próprio anão.
00:40:23É que nem no Brasil.
00:40:25Os pretos brasileiros não concordam com o queísmo.
00:40:28Mentira.
00:40:29Os pretos brasileiros, a maioria dos pretos brasileiros, são cristãos.
00:40:32Então, não é verdade que é uma defesa do povo preto.
00:40:35É mentira.
00:40:36Não é verdade.
00:40:36Não é defesa de ninguém isso aí.
00:40:38Isso é para acabar.
00:40:39Então, realmente...
00:40:40Agora, lá, voltando, tem muito mais diversidade.
00:40:43Lá, por exemplo, eu sou muito fã de South Park, que é uma série de sátira política.
00:40:49Impossível fazer qualquer sátira no Brasil.
00:40:52No Brasil é impossível você passar sátiras políticas.
00:40:56Não contasse mais.
00:40:56Não tem produção cinematográfica sobre os episódios recentes da política brasileira?
00:41:00Não tem?
00:41:01Não tem?
00:41:01Não tem?
00:41:01É relevante?
00:41:02O candidato Ernesto, do Paulo Cursino...
00:41:03Quando você faz, é sobre 50 anos atrás, na época da ditadura, que aí tem o monstro,
00:41:06que é uma coisa mais clara, aqui é o bem, aqui é o mal.
00:41:09Não consegue.
00:41:09Isso vem da justiça.
00:41:11Os produtores têm muito medo.
00:41:12Então, a gente fica...
00:41:13De processo?
00:41:14De processo.
00:41:15A gente fica falando aos produtores e tal.
00:41:16Mas os produtores, a lógica dele é falar, não, eu não quero processo, vou comprar
00:41:19briga com...
00:41:20O cara, ele fala, não, eu quero ganhar dinheiro com cinema, não quero processo.
00:41:23E a mesma coisa com a editora de livro, né?
00:41:25Você faz lá um livro sobre Eduardo Cunha, põe um pseudônimo, a editora, o editor, né,
00:41:32que fez...
00:41:33Tem que pagar multa, né?
00:41:34Eu, esse livro aqui também, eu potei só pseudônimos, fiz os casos reais.
00:41:39Um outro livro que eu fiz, Manual do Bullying, também.
00:41:41Eu tenho um filme que eu vou lançar agora em maio, que chama Saúde S.A.
00:41:46Tá há sete anos também que não pode lançar, porque eu zombei do dono da outra farma.
00:41:52O dono da outra farma, eu zombei assim, super leve também.
00:41:55É, não foi nada grave.
00:41:56É uma zombadinha.
00:41:57Uma zombadinha de leve.
00:41:57Mas não foi assim, uma acusação, sabe?
00:42:00Foi nada, foi só uma zombadinha mesmo.
00:42:02O produtor ficou achando que vai ofender e o cara vai processar.
00:42:06E o produtor tem medo de lançar.
00:42:07Dá pra entender o produtor também?
00:42:09Não tô nem culpando ninguém.
00:42:10É um modelo brasileiro, aonde você não pode falar nada, que tudo a justiça vai...
00:42:16E lá nos Estados Unidos tem primeira emenda?
00:42:19Tem, a liberdade de pressão é muito maior.
00:42:21Primeira emenda, meu filho.
00:42:21Então, aqui a primeira gente que quer copiar tanta coisa nos Estados Unidos, a gente ia copiar a primeira emenda.
00:42:25As coisas boas, né?
00:42:26Primeira emenda, meu.
00:42:27E lá, então, permite que exista uma sátira como o Salt Park.
00:42:30Aqui no Brasil é impossível você fazer isso.
00:42:33Então, há o pensamento.
00:42:35No Brasil é cerceado.
00:42:37A gente tem que ter claro isso.
00:42:39Isso é um projeto colonial pra gente não pensar livremente.
00:42:41A gente sabe disso.
00:42:43Isso é no jornalismo e é na arte.
00:42:44E pra render emprego pra companheirada.
00:42:46Pra companheirada, pra manter o controle do pensamento pra ninguém.
00:42:50Só que isso o público não aceita mais.
00:42:53Isso funcionava quando tinha uma TV que você era obrigado a assistir.
00:42:56Esse é o lado bom.
00:42:57É o cansaço que gera.
00:42:59É a exaustão.
00:42:59Chega uma hora que a demanda reprimida estoura, transborda.
00:43:03E se você perguntar pro pessoal do cinema, eles vão falar o quê?
00:43:05E se você perguntar pro pessoal do cinema, eles vão falar o quê?
00:43:06Não, o filme brasileiro não dá excesso, porque a culpa é da internet.
00:43:09Aí fica esse papo.
00:43:10A culpa é da...
00:43:11Mentira!
00:43:13Porque se você fizer um filme bom hoje, estoura!
00:43:18Se você fizer um filme livre...
00:43:18A cinema argentino faz, né?
00:43:20E estoura.
00:43:21Tem muito mais prêmio que o cinema brasileiro.
00:43:23Em festivais, que o outro argumento é o filme brasileiro vai ganhar um festival de Berlim.
00:43:27O cinema argentino tem muito mais prêmio que o cinema brasileiro.
00:43:30Não tem comparação.
00:43:31Eu adoro cinema argentino.
00:43:32É muito mais potente.
00:43:33A criatividade, um monte de filme que não tem nada de ideológico, não tem nada de...
00:43:37Tem muito mais respeito por autor.
00:43:39Eles têm uma tradição de dramaturgia...
00:43:41Roteiristas criativos, livres.
00:43:43Roteiristas livres e criativos.
00:43:44Eles têm uma tradição de dramaturgia muito grande.
00:43:47A situação de pensamento cinematográfico também.
00:43:49Então, e os autores escrevem e respeitam o texto dele.
00:43:53Aqui no Brasil inventaram um jeito, gente, que é assim.
00:43:55Eu trabalho com roteiristas, né?
00:43:57Inventaram a sala de roteiro.
00:43:59Parece legal.
00:43:59Todo mundo criava coletivamente.
00:44:01Mas, na verdade, é pra quê?
00:44:03Na sala de roteiro tem lá um...
00:44:05É tudo identitário.
00:44:07Aí tem as cotas.
00:44:08Tem um preto, um trânsito.
00:44:09E são leitores sensíveis.
00:44:11Eles ficam magoados.
00:44:12Eles ficam...
00:44:13É um censor dentro da sala.
00:44:15Antigamente, a censura...
00:44:17Isso tem gente da região militar.
00:44:19Amigo meu, Marcílio Moraes, por exemplo.
00:44:21Que é um autor de 80 anos.
00:44:23Que trabalhou desde o Roque Santeiro.
00:44:26Fala que, claramente, que o regime militar era mais livre que hoje.
00:44:29E era, gente.
00:44:32É horrível falar com essa clareza.
00:44:34É difícil falar com essa clareza.
00:44:36Porque no regime militar, o que o cara fazia?
00:44:37Ele fazia um filme, tinha censura.
00:44:40Pelo menos você sabia.
00:44:40Tinha um departamento de censura.
00:44:41Falava claramente que era censura.
00:44:43Agora não pode falar também.
00:44:44O cara fazia o filme, mandava pro departamento e cortava uns pedaços.
00:44:48Geralmente cortavam as partes eróticas.
00:44:51Cortava uns pedacinhos, umas coisas mais ofensivas.
00:44:54E pronto.
00:44:55Hoje em dia, os caras controlam o argumento.
00:44:57Então, virou um consenso que você tem que usar a palavra chaves
00:45:01pra você ter o projeto aprovado.
00:45:03Então, se você não citar as palavras chaves do Woke,
00:45:05você não vai ter o projeto aprovado.
00:45:07Tem que falar diversidade.
00:45:08Tem que falar todas essas coisinhas que eles gostam.
00:45:10Depois tem acompanhamento do roteiro.
00:45:13Depois tem acompanhamento do corte.
00:45:15Tem acompanhamento em todas as etapas.
00:45:18Você fez me lembrar, mano.
00:45:19Fica chato.
00:45:19O filme fica chato.
00:45:21Um monte de gente controlando a criação.
00:45:22Muito bem.
00:45:23Pausa rápida pra mais um intervalo durante essa transmissão.
00:45:27esse episódio especial de feriado do Papo Antagonista
00:45:30com trechos do outro programa do nosso canal de YouTube,
00:45:33o Podcast O.A.
00:45:34A gente já volta na TV e você do YouTube já assiste a tudo direto.
00:45:38E no canal de YouTube de O Antagonista,
00:45:40você continua assistindo a esse episódio sem intervalo.
00:45:42Salve, salve.
00:45:43Estamos de volta com o Papo Antagonista.
00:45:45Vamos à sequência do Podcast O.A.
00:45:47nesse episódio especial do Papo,
00:45:48em que a gente exibe trechos do outro programa,
00:45:50com o cineasta Newton Canito.
00:45:53Pode rodar.
00:45:53Você fez me lembrar uma entrevista
00:45:55que iria passar despercebida
00:45:57se eu não tivesse assistido,
00:46:00que foi do Silvio de Abreu,
00:46:01num programa de TV.
00:46:02Anos atrás, eu era colunista da Verde,
00:46:04eu ainda trabalhava lá também.
00:46:06E ele falou que aquele pessoal
00:46:10que era de cinema e de teatro,
00:46:12na época da ditadura,
00:46:13que não estava conseguindo produzir,
00:46:14que estava sendo censurado e tal,
00:46:16acabou indo para a TV,
00:46:18para escrever novela.
00:46:19Maravilhoso.
00:46:20E aí, os intelectuais, autores de esquerda,
00:46:23foram escrever novela.
00:46:25E eu estava mostrando
00:46:26que existe uma tradição na novela brasileira,
00:46:29claro que tem exceções,
00:46:31mas de autores de esquerda.
00:46:33Então, eventualmente,
00:46:34aparece uma questão ali
00:46:35de agenda ideológica, política, etc.
00:46:38E eu identifiquei vários em novelas,
00:46:40a gente sabe quem são os autores,
00:46:42de onde veio, etc.
00:46:43Eventualmente, são pessoas excelentes.
00:46:45Porque desde Dias Gomes,
00:46:46Janete Clare e tal,
00:46:48Dias Gomes se considerava socialista.
00:46:51Pois é.
00:46:52Falava abertamente.
00:46:53Tem entrevista dele falando a respeito disso.
00:46:54Mas é um grande autor.
00:46:55Exatamente.
00:46:56Mas é um grande autor.
00:46:57Até nisso, a esquerda decaiu.
00:47:00Então, você tinha pessoas ali
00:47:02que tinham algum ativismo,
00:47:03mas que mantinham a criatividade.
00:47:05Não era essa prisão da cultura.
00:47:07Quando você vai criar,
00:47:08a tua opinião não é o principal do filme.
00:47:11Exatamente.
00:47:12Não é o principal.
00:47:13Eu posto a minha opinião,
00:47:14mas não é o principal.
00:47:15O principal é fazer a dramaturgia funcionar.
00:47:17Para a dramaturgia funcionar,
00:47:18o meu antagonista,
00:47:19que eu não concordo,
00:47:20tem que ser muito bom.
00:47:21E eu tenho que ouvir muito ele.
00:47:23Eu, de verdade,
00:47:24a minha principal militância
00:47:26é a arte e a dramaturgia.
00:47:27Eu acredito que isso muda o mundo.
00:47:29Eu acredito.
00:47:30Porque é justamente quem cria o diálogo.
00:47:32Eu posso ter minha opinião ali,
00:47:33mas não é o principal, gente.
00:47:34O principal é fazer a dramaturgia funcionar.
00:47:36E o Dias Gomes fazia a dramaturgia funcionar.
00:47:39E eram autores,
00:47:40como a gente estava falando,
00:47:41intelectuais.
00:47:42que tinham a visão de mundo,
00:47:45vinham da rua,
00:47:48entre aspas,
00:47:49do povo,
00:47:50do teatro.
00:47:50Hoje em dia,
00:47:51o que é a Globo?
00:47:52O que é a Globo?
00:47:53Vale tudo.
00:47:54Você viu as novelas?
00:47:54Então, eu ia chegar aí.
00:47:55Eu ia fazer duas referências.
00:47:57Uma é a entrevista
00:47:59que o Boninho deu depois
00:48:00para contar a história
00:48:01do Roberto Marim.
00:48:02Porque aí entrava lá
00:48:03o censor da ditadura militar
00:48:05na redação
00:48:06e teve uma frase
00:48:06que ficou famosa
00:48:07do Roberto Marim,
00:48:08que é
00:48:08dos meus comunistas cuido eu.
00:48:10Ele dava liberdade.
00:48:11Então, que era essa turma às vezes,
00:48:12que tinha vindo teatro.
00:48:14Outra que estava na redação,
00:48:15enfim.
00:48:17Mas dava liberdade.
00:48:18Um conservador
00:48:18que dava liberdade
00:48:19para os comunistas criarem.
00:48:20Exatamente.
00:48:21E agora,
00:48:23você tem o remake
00:48:25de Vale Tudo.
00:48:26E aí houve essa entrevista
00:48:27da pessoa responsável ali
00:48:28para um veículo
00:48:30falando que ia mudar tudo
00:48:31para adaptar
00:48:32para a cultura woke.
00:48:33Ela não disse com essas palavras,
00:48:34porque eles não gostam
00:48:35de admitir.
00:48:36Mas é para tudo ficar bonitinho.
00:48:37Quando, na verdade,
00:48:38o Vale Tudo mostrava
00:48:39com crueza
00:48:41determinadas coisas
00:48:43que aconteciam no Brasil
00:48:44e que eram graves
00:48:45e que são até hoje.
00:48:46Não, ela falou claramente,
00:48:48a Manuela Dias,
00:48:49falou claramente
00:48:49que a Odete Hortman
00:48:51não vai falar tão mal
00:48:53do Brasil,
00:48:55porque não está tão ruim
00:48:55o Brasil assim.
00:48:56Pois é.
00:48:58O Brasil está legal.
00:49:00Exatamente.
00:49:00É o discurso da esquerda
00:49:01assim,
00:49:02na cara dura.
00:49:03O que vocês estão falando?
00:49:04Nós somos uma democracia.
00:49:05O que vocês estão falando?
00:49:06Primeira coisa.
00:49:07Ela falou isso.
00:49:07Ela falou várias coisas.
00:49:09Como se o crime organizado
00:49:10não dominasse territórios,
00:49:11como se não houvesse inflação,
00:49:13como se as pessoas
00:49:14estivessem vivendo
00:49:15vidas nababescas.
00:49:17É a vida do Leblon.
00:49:18É, exatamente.
00:49:19E isso é sociológico.
00:49:21A gente brinca.
00:49:22Tem a ver com a classe dela.
00:49:24O que o pessoal
00:49:25aconteceu muito na televisão,
00:49:27tem acontecido muito isso.
00:49:28Aquilo que eu falei
00:49:29da meio de aquisização,
00:49:31a Globo é uma empresa
00:49:32muito grande,
00:49:33fez muito sucesso.
00:49:33Quando ela começou,
00:49:34o pai,
00:49:36criativo,
00:49:36gênio,
00:49:37inovador,
00:49:38conservador,
00:49:38conservador,
00:49:39mas que sabe conversar
00:49:40com os comunistas,
00:49:40traz os caras.
00:49:41Aí que cria diálogo
00:49:42e faz uma empresa ficar rica.
00:49:44Porque todo mundo
00:49:45consegue criar ali, mano.
00:49:46O cara,
00:49:47ele era de direita
00:49:48e chamou os caras de esquerda
00:49:49e todo mundo
00:49:49fez uma novela
00:49:50que fez sucesso
00:49:50e mobilizou a nação brasileira
00:49:52e debateu o povo brasileiro.
00:49:53Foi bom para todo o povo.
00:49:55Então,
00:49:56dá para os comunistas
00:49:56trabalhar também, gente.
00:49:57Ninguém é contra aqui,
00:49:58não é isso.
00:49:59A questão é funcionar
00:50:00o diálogo.
00:50:01E lá eles conseguiam.
00:50:02Aí o que aconteceu?
00:50:03Faz sucesso,
00:50:03vira uma empresa grande
00:50:04e o que acontece?
00:50:05Vira um mastodonte
00:50:06e vai virando
00:50:07uma cultura corporativa
00:50:08cada vez menos inovadora
00:50:10que vai premiando
00:50:11os burocratas da empresa.
00:50:12Isso acontece
00:50:13com muitas empresas.
00:50:14Exatamente.
00:50:14O burocrata da empresa.
00:50:15Então, a Globo,
00:50:17eu estive lá,
00:50:18quando eu estive lá,
00:50:19era famosa.
00:50:19Eu vim de fora, né?
00:50:20Eu vim via
00:50:21Fernando Meirelles,
00:50:23via caminhos mais alternativos.
00:50:25Já tinha turma lá,
00:50:26que eram os colaboradores,
00:50:28que era o pessoal
00:50:29que tinha o gênio,
00:50:30que era o...
00:50:31o Gilberto Braga,
00:50:33o Agnaldo Silva,
00:50:34que ainda está aí.
00:50:34Que, aliás,
00:50:35o Agnaldo Silva
00:50:35olha com olhos críticos.
00:50:37Ele tem ótimas publicações
00:50:39nas redes sociais.
00:50:40Maravilhoso.
00:50:40Aliás, se alguém tiver contato
00:50:41com o Agnaldo Silva,
00:50:42a gente quer trazer ele aqui também.
00:50:43Eu vou te passar.
00:50:44Eu acho maravilhoso.
00:50:45Ele é um gênio, assim.
00:50:46Ele explora aquele tif-top.
00:50:48Ele é um gênio.
00:50:48Então, essa turma realmente grande,
00:50:50o Altário Calmon,
00:50:51o Silvio de Abreu,
00:50:52eram um galera, assim,
00:50:52realmente muito forte.
00:50:53O Valo César Muniz.
00:50:54Então, todos,
00:50:55acho que vão querer falar com você, viu?
00:50:57Eles são autores muito fortes.
00:50:58E todos eles têm isso a dizer,
00:51:00essas coisas.
00:51:01E conseguiam fazer essas coisas, né?
00:51:03Aí, mas eu era o colaborador.
00:51:04O colaborador é o cara lá
00:51:05que toca a escaleta.
00:51:07Esse cara é o cara
00:51:08que é o bom funcionário da empresa.
00:51:11Mas não é o gênio,
00:51:11mas é o bom funcionário.
00:51:13Aí, até tinha a frase,
00:51:14para dar certo na Globo,
00:51:15você tem que falar baixo.
00:51:17E aí, o pessoal mais
00:51:18que falava mais baixinho
00:51:19começou a crescer.
00:51:21Aí, foi ficando cada vez mais
00:51:22essa classe de midi-pads, né?
00:51:26Essa galera.
00:51:27Essa galera é aquela
00:51:28politicamente correta,
00:51:29que não quer ofender ninguém.
00:51:30Ela fala, não pode ter vilão.
00:51:32O vilão não é um vilão.
00:51:33Então, eles tiram vilania
00:51:34da novela.
00:51:35Tirar a vilania do Dette Reutemann.
00:51:37Ela falou que vai tirar a vilania.
00:51:38Aí, a Eleninha Reutemann,
00:51:40que foi maravilhosa.
00:51:42Lembra que era alcoólatra?
00:51:43Sim, acompanhava.
00:51:44Renata Sorrá.
00:51:45Renata Sorrá, top.
00:51:47Debatendo o alcoolismo, né?
00:51:49Chegando aquela cena
00:51:49de trágica comédia,
00:51:51maravilhosa,
00:51:51com cenas que se você...
00:51:53A gente assistia aquilo,
00:51:54você ria
00:51:55e ficava o culpado de rir.
00:51:57É isso que é a situação
00:51:59que você coloca.
00:52:00Não é assim?
00:52:00Você ria,
00:52:01mas você tem dó também.
00:52:02Você fala,
00:52:02gente, eu tô rindo disso,
00:52:03eu não ia rir.
00:52:04E aí que você consegue
00:52:06revelar a tristeza
00:52:07de ser um alcoólatra.
00:52:09Ela conseguiu revelar isso,
00:52:10que vai até o talo
00:52:12da dramaturgia.
00:52:12A dramaturgia tem que ir
00:52:13até o talo.
00:52:14Em novela, então,
00:52:15tem que ir até o extremo.
00:52:16Aqui no Brasil,
00:52:17é o bom gosto.
00:52:17Agora ficou o bom gosto.
00:52:19Todo mundo é o bom gosto.
00:52:20Ah, não, não.
00:52:21Vai ofender.
00:52:21Não, vai magoar.
00:52:22Não, vai chocar.
00:52:23Mas vai chocar mesmo.
00:52:24Eu lembro uma série minha,
00:52:27um exemplo.
00:52:27Será que é a última vilã
00:52:28que foi a Carminha,
00:52:28Avenida Brasil?
00:52:29Não é a última.
00:52:30Última.
00:52:31Nunca mais deixaram.
00:52:32Nunca mais deixaram ter vilã.
00:52:33Que tenha tido uma
00:52:33forma, uma projeção.
00:52:35Nunca mais.
00:52:36Eu lembro uma cena
00:52:37que aconteceu comigo,
00:52:38uma série que eu fiz.
00:52:39Aí o parecerista falou assim,
00:52:41não,
00:52:41uma série sobre Covid.
00:52:43O parecerista falou assim,
00:52:44não,
00:52:45essa cena me chocou muito,
00:52:47porque a mãe perde um filho,
00:52:49perde uma filha.
00:52:50E eu sou mãe,
00:52:51e a cena me chocou.
00:52:52Então,
00:52:53podemos ter essa cena.
00:52:54Mas é pra se chocar mesmo.
00:52:56É isso que se chocou,
00:52:58funcionou.
00:52:59Não,
00:52:59aí tiram.
00:53:00Tudo que choca,
00:53:01tira.
00:53:01Eles vão tirando.
00:53:02Aí vai chegando assim,
00:53:03como se fosse do bom senso,
00:53:04do bom gosto.
00:53:05Isso não funciona, amigo.
00:53:06Então,
00:53:07nós estamos lançando aqui,
00:53:08eu quero lançar aqui.
00:53:08Posso lançar?
00:53:09Pode lançar.
00:53:10Concurso Vale Tudo.
00:53:11Se você aqui está assistindo,
00:53:12Contrapasteurização.
00:53:13Ideias para a novela Vale Tudo.
00:53:15A Globo está fazendo
00:53:16o aniversário,
00:53:1760 anos,
00:53:17está precisando de ideias novas.
00:53:19O pessoal está difícil pra eles,
00:53:20não está fácil,
00:53:21não estão conseguindo
00:53:22ter ideias novas.
00:53:22Então,
00:53:23vale tudo.
00:53:24Eu acho que o povo vai dar ideias melhores
00:53:26do que a novela vai fazer.
00:53:28A novela está...
00:53:29Não sei se você viu os materiais.
00:53:31Vale a pena vocês mostram depois.
00:53:32Gente,
00:53:33parece...
00:53:34Está vendo TV pirata,
00:53:35assim.
00:53:36Está ficando meio chato.
00:53:37Não,
00:53:38a Débora fazendo
00:53:39a Odete Roitman,
00:53:41TV pirata.
00:53:43A Maria de Fátima,
00:53:44que lembra que agora era Pires?
00:53:46Maravilhosa.
00:53:47Agora é Pires,
00:53:47uma vilã.
00:53:48Sim,
00:53:48ela é uma vilã.
00:53:49Uma vilã seca,
00:53:51metida,
00:53:52arrogante,
00:53:53poderosíssima.
00:53:55Botaram uma atriz negra,
00:53:56é claro,
00:53:57que isso não é o problema principal,
00:53:58acho que pode ser legal,
00:53:59na verdade,
00:54:00eu vou até sugerir uma coisa.
00:54:01Botaram uma atriz negra,
00:54:02mas a menina
00:54:03está fazendo dancinha
00:54:04do TikTok.
00:54:06A Maria de Fátima
00:54:07queria ser modelo,
00:54:08era arrogante,
00:54:09ela fica fazendo umas coisas.
00:54:09A menina puxa o saco dos outros,
00:54:11virou uma...
00:54:12Entendeu?
00:54:12Tirou.
00:54:13Tirou a vilania.
00:54:15Eles tiram a vilania.
00:54:16isso não dá certo
00:54:18em nenhuma dramaturgia,
00:54:20ainda mais de novela.
00:54:21Então,
00:54:22é uma tristeza,
00:54:23ou a gente rompe,
00:54:24a gente fala do ouqueísmo,
00:54:25mas tem a ver com o politicamente correto.
00:54:28Então,
00:54:28o ouqueísmo é a radicalização disso.
00:54:31É uma profunda.
00:54:32Mas é aquela chatice
00:54:33do médio.
00:54:35A gente tem que ter coragem
00:54:36de ir até o fim.
00:54:37Muito bem,
00:54:38vamos para mais um pit stop
00:54:39aqui nesse Papo Antagonista
00:54:40especial de feriado
00:54:41com trechos do Podcast O.A.
00:54:43Sempre lembrando que
00:54:44todos os nossos programas
00:54:45ficam disponíveis
00:54:46no canal de YouTube
00:54:47de O Antagonista.
00:54:48Quem está acompanhando
00:54:49o episódio de hoje
00:54:49na TV BMC,
00:54:51a gente vai para um intervalo.
00:54:52Quem está acompanhando
00:54:53no YouTube
00:54:54já vai ver tudo direitinho.
00:54:55E para vocês que estão
00:54:56acompanhando o programa
00:54:57Papo Antagonista
00:54:58aqui no YouTube
00:54:59de O Antagonista,
00:55:00esse episódio
00:55:01continua direto,
00:55:02sem pausa.
00:55:02Salve, salve.
00:55:03De volta com o Papo Antagonista
00:55:04exibindo hoje
00:55:05trechos da conversa
00:55:06que eu e o Duda Teixeira
00:55:07tivemos com o cineasta
00:55:08Newton Canito
00:55:09no Podcast O.A.,
00:55:10que é outro programa
00:55:11do nosso canal de YouTube
00:55:12de O Antagonista.
00:55:13Vamos rodar
00:55:14mais um pouquinho.
00:55:14A Globo é um mastodonte
00:55:16que tem dificuldade
00:55:17de inovar,
00:55:19de fazer coisas
00:55:19muito surpreendentes
00:55:21e está presa
00:55:21nesse mundo woke.
00:55:23E na produção
00:55:25na internet?
00:55:26Porque hoje
00:55:27a tecnologia permite
00:55:28que qualquer um
00:55:28valagrave,
00:55:29edite e publique.
00:55:31Aí a gente não tem
00:55:32uma área de maior liberdade,
00:55:35por exemplo?
00:55:35Sem dúvida.
00:55:36Acho que a solução
00:55:37vai vindo aí mesmo.
00:55:38A gente hoje
00:55:39tem um oceano azul
00:55:41de oportunidade de mercado
00:55:43que é o humor.
00:55:43que o humor
00:55:44não tem mais
00:55:45na TV aberta.
00:55:46A TV aberta
00:55:47como tem medo.
00:55:48A última vez
00:55:48tentaram fazer,
00:55:49fizeram o Zorra,
00:55:50o novo Zorra,
00:55:51que tentaram fazer
00:55:52o humor sem piada,
00:55:53que foi uma coisa
00:55:54realmente consorgedora.
00:55:55E aquela coisa
00:55:56que depois revelou
00:55:57que lá dentro
00:55:57também não era
00:55:58nada o woke,
00:55:59que não ficava lá.
00:56:00Aquela história
00:56:01do Melly,
00:56:02caderno de calabresa,
00:56:04na internet
00:56:04sempre pesquisa.
00:56:05Na verdade,
00:56:05era tudo cena,
00:56:06as tretas deles,
00:56:07tudo cena,
00:56:08mas faziam
00:56:09um humor sem piada.
00:56:10Então o humor
00:56:11foi tirado da TV
00:56:12porque eles têm medo
00:56:13de ofender alguém.
00:56:15Então olha só,
00:56:15o humor foi tirado.
00:56:17Então aí,
00:56:18na internet,
00:56:20surge TikTok,
00:56:21tem muita gente talentosa,
00:56:22só que faltam os autores.
00:56:25Uma produção de ponta,
00:56:27não dá para fazer
00:56:27sem autor ponta.
00:56:29E sem sala de redator,
00:56:31não dá, gente.
00:56:32Então não tem ninguém
00:56:33investindo pesado.
00:56:35Se alguém chegar
00:56:35a investir mesmo,
00:56:37vai bombar.
00:56:38Porque o último sucesso
00:56:38foi Porta dos Fundos
00:56:39há 10 anos.
00:56:41Agora a Porta dos Fundos
00:56:42parece que se vendeu
00:56:42ao STF.
00:56:45Fez, é.
00:56:45Fez um esquete
00:56:47chapa branca
00:56:48em relação ao STF.
00:56:49Não, foi um acordo mesmo.
00:56:51Falaram que foi
00:56:51sem receber dinheiro.
00:56:53Falaram isso.
00:56:54Falaram isso.
00:56:54Foi publicado
00:56:55depois do anúncio
00:56:56da saída do Antônio Tarlas,
00:56:57que aliás está convidado
00:56:58para vir aqui.
00:56:58O Tablet está
00:56:59devendo aqui a visita.
00:57:00O Tablet tem o cara,
00:57:01não sei por que ele
00:57:02desce, não sei.
00:57:03Porque a forma ficou
00:57:04chapa branca, né?
00:57:05Porque o pessoal...
00:57:06Também, gente,
00:57:07é comum.
00:57:07Quem faz sucesso
00:57:08depois de um tempo
00:57:08vira a chapa branca.
00:57:10Então, para renovar
00:57:11é comum.
00:57:11Aqui não.
00:57:11É comum.
00:57:14Então, não estou nem
00:57:14culpando pessoalmente
00:57:15ninguém, não.
00:57:16Mas não tem humor bom mais.
00:57:18Humor realmente livre.
00:57:19Não, não tem.
00:57:19A gente sente muita falta.
00:57:20Não tem humor mais, gente.
00:57:21A gente não consegue
00:57:21fazer humor.
00:57:22Então, tem uma oportunidade
00:57:23muito grande,
00:57:24mas falta investimento.
00:57:25Então, eu se fosse...
00:57:26Quem quiser investir aqui
00:57:27a gente faz um núcleo
00:57:28sob direção do Newton Canito
00:57:30e a gente precisa...
00:57:32A gente já tem o núcleo
00:57:33essa grupo roteirista.
00:57:33Humor político, inclusive.
00:57:35A sátira em relação
00:57:36ao poder.
00:57:37Já o Suárez dizia
00:57:37que o poder é risível
00:57:38e não falta assunto.
00:57:40É muito bom.
00:57:40A gente ironiza,
00:57:41a gente usa o sarcasmo
00:57:43na nossa cobertura
00:57:44analítica dos fatos,
00:57:46mas falta aquele sketch
00:57:47mesmo produzido.
00:57:48Lógico.
00:57:49É muito bom.
00:57:50E a gente tem um grupo
00:57:50de roteiristas,
00:57:51os maiores roteiristas
00:57:52do humor brasileiro
00:57:53reunidos num grupo.
00:57:54Quem quiser investir aqui,
00:57:55porque custa, né?
00:57:57É, custa pra quem realmente custa.
00:57:58No departamento de humor
00:57:59do antagonista,
00:58:00estamos abertos.
00:58:01Você está aberto?
00:58:02Você topa?
00:58:02Total.
00:58:02Pode ser maravilhoso.
00:58:04Falta?
00:58:05É muito caro o passe
00:58:07do Newton Canito,
00:58:08mas a gente vai tentar
00:58:08dar um jeito.
00:58:09A gente é meio caro.
00:58:09A gente não é barato,
00:58:10não.
00:58:10Roteiristas aqui
00:58:11não são baratos.
00:58:12Vem cá,
00:58:13a gente ia falar
00:58:13de Margarete Menezes
00:58:14também,
00:58:15Duda Teixeira.
00:58:16Exato.
00:58:16Como é que você vê
00:58:17o desempenho dela
00:58:18como ministro da cultura?
00:58:19É, nossa,
00:58:20é triste.
00:58:21É tipo,
00:58:22a gente vive a era
00:58:23dos remakes, né, gente?
00:58:24Como vocês sabem.
00:58:25É tudo remake, né?
00:58:26O Lula é um remake
00:58:27do anterior,
00:58:29as novelas são remakes.
00:58:30Sempre piorado.
00:58:31É sempre piorado.
00:58:32É tipo quando os americanos
00:58:34vão refilmar
00:58:35o filme argentino, né?
00:58:36Exato.
00:58:37É horror, assim.
00:58:38Fizeram a versão
00:58:38do Nove Rainhas.
00:58:39É piorado.
00:58:40Nossa, perderam
00:58:41todo o charme,
00:58:42até aquele humor
00:58:44meio babaca, assim.
00:58:45Você dá uma pasteurizada,
00:58:47pronto,
00:58:47se perde tudo, né?
00:58:48Se perde.
00:58:49Então é remake do Gil, né?
00:58:50A poesia perdida
00:58:51na tradução.
00:58:51É, a Margarete, assim,
00:58:53e assim, gente,
00:58:55é um nível de relevância
00:58:58que chegou ao Ministério, né?
00:58:59O Gil tocava lá,
00:59:00a música é na ONU,
00:59:01ela fica cantando
00:59:02no Nacional,
00:59:03que é isso, né?
00:59:03É, mas o Gil, inclusive,
00:59:05um dos motivos
00:59:05que ele saiu do Ministério,
00:59:07que ele saiu no final,
00:59:07no começo do segundo mandato,
00:59:09foi porque ele queria voltar
00:59:10a fazer show
00:59:10para sustentar o grupo dele,
00:59:12que não é só por ele,
00:59:12porque é um músico desse.
00:59:14E ele tinha shows
00:59:14para fazer, né?
00:59:15A Margarete continua
00:59:17fazendo shows
00:59:17e, na verdade,
00:59:20ela aproveitou
00:59:20para vender mais show.
00:59:21É, aproveitou
00:59:23para fazer mais show.
00:59:23Então é grave
00:59:24e realmente ali
00:59:26cedeu completamente
00:59:27ao alqueísmo, né?
00:59:28Então a gente estava falando
00:59:29da Ancine,
00:59:30é o máximo disso,
00:59:31porque eles estão controlando
00:59:32a política da Ancine também,
00:59:34é o máximo,
00:59:34é cota de 70%.
00:59:36Não é uma cota,
00:59:37a cota antigamente
00:59:38era 20%,
00:59:38as cotas são de 70%.
00:59:40Então os editais...
00:59:41Você pode explicar
00:59:42o que é essa cota?
00:59:43Ah, por exemplo,
00:59:44a cota dos editais da Ancine,
00:59:45por exemplo, hoje,
00:59:46está assim,
00:59:4750% é para mulheres
00:59:48ou mulheres trans.
00:59:5150%.
00:59:51Mas 25%
00:59:52é para empresas
00:59:53que são ou de pretos
00:59:55ou de índios,
00:59:57como se tivessem
00:59:57os seus presos índios.
00:59:58O diretor, é isso?
00:59:59A empresa.
01:00:00A empresa.
01:00:01Está pior
01:00:01que a defensoria pública,
01:00:02do que concurso, né?
01:00:03A empresa.
01:00:04E mais ainda,
01:00:05não sei quantas cotas
01:00:06são para a regional.
01:00:08Então é toda a lógica inteira,
01:00:10é baseada na ideia...
01:00:10Não é o Ministério da Cultura,
01:00:13é o Ministério
01:00:13da classe artística.
01:00:15É baseado na ideia,
01:00:17o Ministério inteiro
01:00:18é baseado na ideia
01:00:19de que você faz política
01:00:20para os artistas
01:00:21ganharem Bolsa Família.
01:00:23Essa é a lógica do Ministério.
01:00:25É como se fosse
01:00:25uma política social
01:00:27para artistas
01:00:27que precisam de ajuda.
01:00:29Exatamente.
01:00:29Gente,
01:00:30os artistas não precisam de ajuda.
01:00:31Os artistas têm que ajudar
01:00:32o povo brasileiro
01:00:34e o Estado brasileiro
01:00:35precisam dos artistas.
01:00:36É o contrário.
01:00:38Eu acho isso.
01:00:39Eles têm que entender.
01:00:40Os artistas não estão
01:00:41precisando de ajuda.
01:00:41Eu não preciso de ajuda,
01:00:42ninguém precisa de ajuda.
01:00:43A gente não está com saúde,
01:00:44vai trabalhar,
01:00:45vai trabalhar.
01:00:46Outra coisa,
01:00:46eu faço Uber,
01:00:47faço qualquer coisa.
01:00:48Estou com saúde,
01:00:48não tenho que precisar de ajuda, não.
01:00:49Não tem isso.
01:00:51É mentira.
01:00:52Os artistas têm que ser livres.
01:00:54E o Estado precisa apoiar
01:00:56os artistas
01:00:56para fazer arte boa
01:00:57para o povo brasileiro,
01:00:58para fazer o povo brasileiro
01:00:59se divertir, se divertir.
01:01:00Então,
01:01:01a política inteira
01:01:02é baseada na ideia
01:01:03de que não é mais
01:01:03política pública.
01:01:05É como se o Ministério da Saúde
01:01:07fizesse política para médicos.
01:01:09Olha que absurdo.
01:01:10Já pensou o Ministério da Saúde?
01:01:11O Ministério dos Médicos.
01:01:12Exatamente.
01:01:13Aí você fala assim,
01:01:14ah, os médicos...
01:01:15Não,
01:01:16ninguém vai no hospital,
01:01:17mas os médicos são pretos.
01:01:19Aí daí, cara,
01:01:19ninguém vai no hospital.
01:01:21Percebe?
01:01:21Eu não vou no hospital por quê?
01:01:22Você tem a política
01:01:23para atender os pacientes
01:01:24em necessidade,
01:01:25em caso de necessidade,
01:01:27etc.
01:01:27E cultura é a mesma coisa.
01:01:30Cultura é uma necessidade
01:01:31humana.
01:01:32Não é uma coisa assim,
01:01:33ah, não,
01:01:34os artistas precisam ganhar dinheiro.
01:01:35Não é isso que se trata.
01:01:37Todo mundo precisa ganhar dinheiro,
01:01:37os artistas,
01:01:38mas não é isso.
01:01:39Você não faz política pública
01:01:41porque o artista precisa ganhar dinheiro.
01:01:42Você faz política de cultura
01:01:44porque o povo precisa
01:01:45de boa cultura.
01:01:46E a gente não está tendo.
01:01:48Então,
01:01:48é uma tristeza,
01:01:49se a gente pensar bem...
01:01:50Imagina só,
01:01:51a gente,
01:01:52por exemplo,
01:01:52a internet,
01:01:52a gente estava falando da internet.
01:01:54A Ancine.
01:01:55A Ancine
01:01:56é a agência de audiovisual.
01:01:59Hoje,
01:01:59a maior economia do mundo
01:02:01e no Brasil é muito grande
01:02:02é a economia de internet.
01:02:04O que você estava falando.
01:02:05A Ancine,
01:02:06por que a Ancine
01:02:06não investe em internet?
01:02:08Você já imaginou
01:02:09se o Estado pudesse investir
01:02:10em internet?
01:02:10Por que o Estado,
01:02:11qual que é a função do Estado
01:02:12como investidor?
01:02:13Não é fazer o que o mercado quer,
01:02:15é fazer o que precisa.
01:02:17Então,
01:02:17ele faz além do mercado,
01:02:18você percebe?
01:02:19Porque ele qualifica.
01:02:21Hoje em dia,
01:02:21a internet,
01:02:22como a gente sabe,
01:02:23tem que ser uma posição
01:02:23muito imediata
01:02:24que acaba apelando.
01:02:27Manchete sensacionalista,
01:02:28porque se você ganhar dinheiro imediato,
01:02:30qualquer pessoa
01:02:30que precisa ganhar dinheiro imediato
01:02:31apela.
01:02:32Ou pornografia,
01:02:34ou só coisa apelativa.
01:02:35Violência,
01:02:36porque é aquilo
01:02:37que o mercado
01:02:37imediatamente faz.
01:02:39Quando o Estado,
01:02:40se o Estado investisse
01:02:41em internet,
01:02:42a Ancine,
01:02:42ao invés de investir
01:02:43apenas em cinema
01:02:43que ninguém assiste,
01:02:45se investisse em qualidade
01:02:46de produtores de internet,
01:02:47as produtores poderiam
01:02:48qualificar o seu trabalho,
01:02:50fazer produtores
01:02:51de mais qualidade
01:02:51e conquistar o público
01:02:53aos poucos.
01:02:54Fazer projetos
01:02:54de dois,
01:02:55três anos.
01:02:56Então,
01:02:57muda completamente.
01:02:58Deixa de ser assistencialista
01:03:00e vira uma política
01:03:01de empreendedorismo.
01:03:03A política audiovisual
01:03:05tem que ser uma política
01:03:05de empreendedorismo
01:03:07para favorecer
01:03:08as empresas
01:03:08que dão mais retorno.
01:03:10Você tem que saber.
01:03:11Investe,
01:03:12qualquer empresa é assim,
01:03:13você investe,
01:03:14o BDES também não é assim,
01:03:15mas deveria ser.
01:03:17você investe,
01:03:19quem dá mais retorno
01:03:20você continua dando,
01:03:21não é assim?
01:03:22Não é assim,
01:03:23devia ser assim.
01:03:24Não é assim,
01:03:24o BDES não é.
01:03:26O BDES é dinheiro
01:03:26para a ditadura da Venezuela,
01:03:28para Cuba,
01:03:29para as empreiteiras amigos.
01:03:30A sigla é
01:03:31Banco Nacional de Dinheiro
01:03:33para Elites da Situação.
01:03:34É,
01:03:35uma boa tradução.
01:03:37Dinheiro para quem é amigo.
01:03:38E a Ancine é igual,
01:03:39é dinheiro para quem já é
01:03:41da patota.
01:03:42Isso todo é o patrimonialismo
01:03:44do Estado brasileiro.
01:03:45mas poderia ser
01:03:46uma política de empreendedorismo.
01:03:48Então o Ministério da Cultura
01:03:49deveria ser isso.
01:03:50Mas virou
01:03:51a patota da patota da patota
01:03:54e ela,
01:03:55para sintetizar isso,
01:03:56fica preocupada
01:03:57enchendo o saco
01:03:58da Cláudia Leite,
01:04:00porque a Cláudia Leite
01:04:00mudou a música dela
01:04:02de Jesus
01:04:03para...
01:04:03A gente fez comentários.
01:04:04De Manjá para Yeshua.
01:04:06Ela fica enchendo o saco
01:04:07perseguindo uma artista,
01:04:09que é isso que ela está fazendo,
01:04:09perseguindo uma artista,
01:04:10uma ministra da cultura
01:04:11perseguindo uma artista,
01:04:12tirando a liberdade da artista
01:04:13de fazer o que ela quiser
01:04:14com a música dela,
01:04:14perseguindo uma artista,
01:04:16enquanto isso cai a igreja,
01:04:19o infante está abandonado,
01:04:21o patrimônio cultural brasileiro
01:04:22abandonado.
01:04:23Então,
01:04:23eu sei que dá...
01:04:25Eu tenho até um pouco de dó,
01:04:26se eu for muito sincero,
01:04:27porque é uma pessoa
01:04:29que não está qualificada
01:04:30para o cargo,
01:04:30botaram lá
01:04:31simbolicamente
01:04:32para ser amiga
01:04:33porque é amiga
01:04:34da primeira dama.
01:04:36Então,
01:04:37é isso, gente,
01:04:38para fazer shows
01:04:38para a primeira dama,
01:04:39para passear,
01:04:40para levar lá...
01:04:41É nesse nível,
01:04:42por isso que a gente fala
01:04:43que é uma paródia
01:04:45piorada
01:04:46do segundo...
01:04:49Como eu te falei,
01:04:50eu acho
01:04:50que o segundo governo Lula,
01:04:52o primeiro governo Lula,
01:04:53criou esse modelo
01:04:54que deu hoje.
01:04:54Então,
01:04:55não estou defendendo,
01:04:55não.
01:04:56Mas, pelo menos,
01:04:57tinha uma potência
01:04:57e tinha gente potente.
01:04:58Agora,
01:04:58é a paródia
01:05:00daquilo que já era ruim.
01:05:01Então,
01:05:02é tipo o fim de carreira
01:05:03de uma coisa
01:05:04que já não era bom.
01:05:06Você,
01:05:07Nilton,
01:05:07que defende o erotismo
01:05:08na arte,
01:05:09você lê o Henry Miller?
01:05:10Sexos,
01:05:11Nexos,
01:05:12Plexos,
01:05:13Trópico de Câncer.
01:05:14O Henry Miller,
01:05:14ele tinha um livro
01:05:15mais autoral
01:05:17ali na primeira pessoa.
01:05:19Esse é só o Nexos e Plexos.
01:05:21Sim,
01:05:21ele tem um livro
01:05:22chamado
01:05:22Pesadelo Refrigerado,
01:05:24que é ele
01:05:25percorrendo os Estados Unidos
01:05:26e as pessoas
01:05:27que ele encontra.
01:05:28Mas, assim,
01:05:28o centro do livro,
01:05:31pelo menos aquilo
01:05:31que me marcou bastante,
01:05:33é a defesa
01:05:33da liberdade do artista.
01:05:35Ah, não sabia.
01:05:35E ele,
01:05:36naquelas décadas atrás,
01:05:38ele já tinha
01:05:40uma insatisfação
01:05:41com o utilitarismo
01:05:42dos Estados Unidos
01:05:43e tal.
01:05:44E ele defendia
01:05:45que, muitas vezes,
01:05:46determinadas políticas
01:05:47queriam matar
01:05:48a liberdade do artista.
01:05:49Eu fico pensando
01:05:50o Henry Miller no Brasil,
01:05:51né?
01:05:51Essa conversa toda,
01:05:53a gente vive isso
01:05:54no mercado da comunicação,
01:05:56você vive isso
01:05:57no cinema,
01:05:58tem outras áreas
01:05:59que também são afetadas.
01:06:01A gente tem muitos artistas.
01:06:02A gente vive
01:06:04num país
01:06:05em que você é pressionado
01:06:06a ser medíocre.
01:06:08Você é pressionado
01:06:10a matar
01:06:11a sua singularidade
01:06:12de personalidade,
01:06:14a sua liberdade
01:06:16de pensamento
01:06:17para inovar.
01:06:20Existe uma tentativa,
01:06:21uma pressão
01:06:22para que você
01:06:22se pasteurize,
01:06:23para que você
01:06:24se torne comum,
01:06:25se torne igual
01:06:26a todo mundo,
01:06:27produza em rebanho
01:06:28de acordo com uma pauta
01:06:29já pré-existente.
01:06:30É muito triste, né?
01:06:31É muito triste, né?
01:06:33É muito triste,
01:06:33e gera...
01:06:34Arrematar aqui
01:06:36a nossa conversa
01:06:36trazendo isso.
01:06:37Gera muita infelicidade,
01:06:38a gente está reunindo
01:06:40muitos artistas
01:06:40nos Artistas Livres,
01:06:41gera muita infelicidade
01:06:42para muitos artistas,
01:06:43tem muito artista bom,
01:06:44gente,
01:06:44muito artista bom.
01:06:46E a maioria,
01:06:47tem muita gente boa
01:06:47que está conseguindo fazer ainda,
01:06:49mas está sempre,
01:06:50eu trabalho,
01:06:50por exemplo,
01:06:51consigo,
01:06:51mas assim,
01:06:52eu sou bom, né?
01:06:54Os caras que acham, né?
01:06:55É, gente, eu adoro.
01:06:55Tu lê aí,
01:06:56vem ver o que você dá.
01:06:57Tem que ser zoeiro também.
01:06:58Tipo, meus livros são,
01:06:59eu acho que são zoeiros.
01:07:00Mas a gente trabalha,
01:07:01mas muita,
01:07:02não fala eu também.
01:07:02Mas assim,
01:07:03tem medo
01:07:03para aliviar a sua graça,
01:07:05a gente tem que confiar
01:07:06no próprio talento mesmo
01:07:07para vencer
01:07:08todas essas adversidades.
01:07:10É,
01:07:10eu acho que vai ter
01:07:12uma revolução em breve,
01:07:14uma revolução de pensamento,
01:07:15liberdade do pensamento.
01:07:16A gente vai,
01:07:16não dá para aguentar.
01:07:17Quando chega no nível
01:07:18que chegou,
01:07:19o nível que chegou
01:07:20é muita pressão.
01:07:21A gente abriu
01:07:22Artistas Livres
01:07:23em,
01:07:24aí agora é outubro,
01:07:25em poucos meses
01:07:26a gente tem mais
01:07:27300 pessoas participando,
01:07:28abrindo lucros regionais
01:07:30de artistas
01:07:31querendo se libertar
01:07:32e querendo falar
01:07:33essas coisas
01:07:33e querendo soltar
01:07:34a sua arte.
01:07:35É que não tem nem,
01:07:36as políticas são inteiramente
01:07:38controladas atualmente,
01:07:39as políticas públicas.
01:07:41E, é claro,
01:07:42você fala,
01:07:42ah, vamos conquistar mercado,
01:07:43tratar, tratar,
01:07:44e o cara,
01:07:45qual que é o mercado?
01:07:46Internet?
01:07:47Internet tem que ser apelativo,
01:07:48não é uma coisa de qualidade.
01:07:49O cara é um artista,
01:07:51ele quer coisas de qualidade.
01:07:52Ele quer trabalhar
01:07:53o texto de verdade,
01:07:54ele quer fazer uma coisa boa.
01:07:55E também,
01:07:56o cara não tem ainda
01:07:57a capacidade técnica.
01:07:57Então,
01:07:58mas vai acontecer
01:08:00uma união
01:08:01entre os produtores
01:08:03de internet,
01:08:03porque eles vão
01:08:04precisar qualificar.
01:08:05Está acontecendo agora,
01:08:06as produções de internet
01:08:07que já fez sucesso,
01:08:08estão precisando qualificar,
01:08:10porque agora
01:08:10eles têm que sedimentar
01:08:11o público.
01:08:12A hora que eles
01:08:13forem qualificar,
01:08:13eles vão chamar
01:08:14os artistas,
01:08:15e os artistas vão começar
01:08:16a se aliar,
01:08:16os artistas que são
01:08:17gente mais intelectual,
01:08:19que não são toda a prática,
01:08:20do mercado,
01:08:21vão se aliar
01:08:21a esses produtores de internet.
01:08:23Está começando a acontecer isso.
01:08:24e isso vai qualificar
01:08:26a internet,
01:08:27e a internet brasileira
01:08:28vai começar a fazer coisa.
01:08:29Ficção é mais demorado,
01:08:31mas documentários bons,
01:08:33etc.,
01:08:33ficção é o investimento
01:08:34mais alto.
01:08:34Vai precisar de apoio
01:08:35do Estado, sim.
01:08:36Isso aconteceu até
01:08:37com o colunismo.
01:08:39Eu fui contratado
01:08:40pelo primeiro grande
01:08:42veículo de comunicação
01:08:43a partir daquilo
01:08:43que eu publicava
01:08:44na internet.
01:08:45Que legal.
01:08:45Muitos colunistas
01:08:46começaram a apresentar
01:08:47o seu trabalho
01:08:48na internet,
01:08:48porque foi permitido isso.
01:08:51E num momento ali
01:08:52em que o mercado
01:08:53da comunicação
01:08:54exercia um filtro ideológico
01:08:56sobre a produção
01:08:58de notícias,
01:08:58a produção de análises.
01:09:00Então você consegue,
01:09:01muitas vezes,
01:09:02furar essa bolha
01:09:03por fora,
01:09:03com novos mecanismos,
01:09:05com nova tecnologia.
01:09:06O problema do cinema
01:09:06é que ele custa caro,
01:09:07equipamentos.
01:09:08Mas literatura também,
01:09:09eu fico impressionado,
01:09:09literatura brasileira,
01:09:10o controle está nos festivais.
01:09:13Todos os festivais
01:09:14são muito loucos.
01:09:16Você vai na Flip
01:09:16e não dá para aguentar mais.
01:09:18É insuportável o negócio.
01:09:19Eu escrevia 10 anos atrás
01:09:21sobre o quanto a Flip
01:09:22tinha sido instrumentalizada
01:09:23pela esquerda
01:09:24e estava ficando insuportável.
01:09:25Mas ficou assim,
01:09:26agora eu estou indo.
01:09:27É uma pena,
01:09:27porque o festival em Paraty,
01:09:29eu amo Paraty,
01:09:30aquele lugar era maravilhoso.
01:09:31Você ia em um lugar
01:09:32para falar de livros,
01:09:34com praia,
01:09:34com aquele clima.
01:09:36E aí você fala,
01:09:36a Flip,
01:09:37mas não tem um festival
01:09:38que é assim.
01:09:39Todos são iguais.
01:09:40Então você fala,
01:09:41como é que eles conseguiram
01:09:42todos, cara?
01:09:43Não tem um.
01:09:44Você conhece algum?
01:09:44Não conheço.
01:09:45O festival literário
01:09:46é onde pensamento e tal.
01:09:48Então realmente
01:09:48tem um aparelhamento
01:09:49bem grande,
01:09:50não está fácil,
01:09:51mas vai soltar rápido.
01:09:53Vamos furar essa boi.
01:09:54Vai soltar rápido
01:09:55porque ninguém está
01:09:56aguentando mais.
01:09:57E quando chega no limite,
01:09:58assim,
01:09:58na década de 70,
01:10:00também teve o desbunde,
01:10:01né?
01:10:01As pessoas se entregam.
01:10:03Os artistas estão
01:10:04muito aprisionados
01:10:05no medo de não ganhar
01:10:06o edital,
01:10:06tem que esquecer disso
01:10:08e começar a criar
01:10:08de outro jeito,
01:10:09com os amigos,
01:10:10voltar,
01:10:11porque aí vai estourar
01:10:11muito rápido.
01:10:12Muito bem,
01:10:13rápida pausa
01:10:13para o break
01:10:14de dois minutos
01:10:15na TV BMC.
01:10:16Você que está acompanhando
01:10:16esse Papo Antagonista
01:10:17especial com trechos
01:10:19do podcast O.A.
01:10:20no YouTube,
01:10:20você vai assistir
01:10:21a tudo direto.
01:10:22E no canal de YouTube
01:10:23de O Antagonista,
01:10:24você continua assistindo
01:10:25a esse episódio
01:10:26sem intervalo.
01:10:27Salve, salve.
01:10:27O Papo Antagonista
01:10:28especial de feriado
01:10:29está de volta
01:10:30e agora vamos exibir
01:10:31um trecho do podcast O.A.
01:10:32com Lígia Maria,
01:10:33mestre em jornalismo
01:10:34pela Universidade Federal
01:10:35de Santa Catarina
01:10:36e doutora em comunicação
01:10:37e semiótica
01:10:38pela PUC de São Paulo.
01:10:39Ela é colunista.
01:10:40Nós conversamos sobre
01:10:42disputas políticas
01:10:43e culturais no Brasil,
01:10:44no exterior
01:10:45e até no jornalismo.
01:10:47Assista um pouquinho
01:10:48dessa conversa deliciosa.
01:10:50Eu já quero começar
01:10:51pela postagem fixada
01:10:53no seu perfil do X.
01:10:55Que é para já entrar
01:10:56na polêmica rápido.
01:10:58Este perfil é progressista
01:11:00segunda, quarta e sexta,
01:11:01conservador terça, quinta e sábado
01:11:04e niilista domingo,
01:11:05porque é preciso acreditar em algo.
01:11:08Eu acho muito divertido
01:11:10esse, como é que se diz,
01:11:14esse resumo,
01:11:14essa descrição que se diz
01:11:16em rede social, né?
01:11:17Aquela descrição
01:11:18e ela já é uma certa ironia
01:11:20a esses grupos,
01:11:22a essas caixinhas,
01:11:23a esses estereótipos
01:11:24em que todo mundo
01:11:25quer colocar as pessoas
01:11:26no debate público.
01:11:27Você já mostra
01:11:27que você chegou lá
01:11:28para quebrar tudo, é isso?
01:11:30É, porque, se eu não me engano,
01:11:32acho que é de 2016
01:11:33essa postagem,
01:11:34alguma coisa assim.
01:11:35Foi na época...
01:11:362015, olha só.
01:11:386 de junho de 2015.
01:11:39É, um ano antes
01:11:40do impeachment,
01:11:41então foi quando
01:11:42começou a...
01:11:45A polarização já vem vindo
01:11:46desde lá do Lula,
01:11:47do Nós contra Eles e tal,
01:11:49e aí com o impeachment
01:11:50ela foi para o espaço
01:11:52e aí veio o Bolsonaro
01:11:53e a gente está nessa loucura
01:11:56que a gente vê hoje
01:11:56nas redes sociais.
01:11:57E aquilo já me incomodava
01:11:59naquela época, entendeu?
01:12:00Que bom.
01:12:00É, fã de político
01:12:03não tem condição, né?
01:12:04Fã de político não dá.
01:12:05Acho que dá para ser
01:12:06só fã de artista
01:12:07e humorista, eu acho.
01:12:09Mas, enfim,
01:12:10então a postagem...
01:12:10E aí, assim,
01:12:11parafraseando o Milor.
01:12:12O Milor na PifPaf
01:12:13tinha umas notas
01:12:15de rodapé
01:12:16na revista PifPaf
01:12:17que era
01:12:18as páginas pares
01:12:19são de esquerda,
01:12:20as páginas ímpares
01:12:20são de direita e tal.
01:12:22E aí eu peguei
01:12:23um pouco isso
01:12:24e o lado do niilismo também, né?
01:12:26Porque em matéria de política,
01:12:28ainda mais no Brasil,
01:12:29eu acho muito difícil
01:12:30esse negócio de telado
01:12:31e...
01:12:32Ah, a gente é acusado
01:12:33de ser isentão, né?
01:12:34Mas pode me acusar
01:12:35de isentão
01:12:35ter problema nenhum.
01:12:36Exatamente.
01:12:36É porque,
01:12:37acho que foi principalmente
01:12:38o bolsonarismo
01:12:39nos últimos tempos,
01:12:40eles precisaram criar
01:12:41um valor negativo
01:12:42para quem é independente.
01:12:44Porque é mais fácil
01:12:46você criar um valor negativo
01:12:47sobre quem é independente
01:12:48do que positivo
01:12:49sobre quem é puxa-saco
01:12:50de político, né?
01:12:51Exato.
01:12:51Porque pega mal, né?
01:12:52Não, você tem que bajular
01:12:53o político e tal.
01:12:54Então, se você falar isso
01:12:55com todas as letras,
01:12:56fica ruim.
01:12:57Então, naquela seara
01:12:59de criar inimigos públicos,
01:13:01eles fazem isso.
01:13:02E o niilismo?
01:13:03Até para você explicar,
01:13:04para quem não sabe,
01:13:05já que você tem
01:13:06uma bagagem filosófica também.
01:13:08Olha, é assim,
01:13:09é um niilismo freestyle, né?
01:13:11Assim,
01:13:12no sentido de que...
01:13:14É muito difícil
01:13:15ver sentido,
01:13:16eu acho, né?
01:13:17Na existência.
01:13:19Falando assim,
01:13:20de modo mais profundo.
01:13:22E no âmbito da política
01:13:23ainda é mais difícil,
01:13:24eu acho.
01:13:25É principalmente para o jornalista.
01:13:26Eu acho que essa postura
01:13:27é interessante, sabe?
01:13:30Partiu do princípio
01:13:31de que, assim,
01:13:31a princípio,
01:13:32todo mundo está mentindo
01:13:33ou quer ganhar alguma coisa.
01:13:34Entendeu?
01:13:35E a sua função
01:13:35é ir investigar
01:13:37se aquilo é verdade,
01:13:38se aquilo não é,
01:13:39quais são as causas e tal.
01:13:41E eu acho que
01:13:42essa passionalidade
01:13:44na política, né?
01:13:45De você ter essa adoração
01:13:47por políticos
01:13:48e figuras de autoridade.
01:13:49Juiz, sabe?
01:13:51Já a gente está
01:13:51numa situação
01:13:52em que juízes
01:13:53têm fã-clube.
01:13:54E isso é muito perigoso
01:13:56para a democracia,
01:13:57eu acho.
01:13:58Entendeu?
01:13:58A gente precisa
01:13:59manter essa independência,
01:14:00principalmente,
01:14:01eu acho que os jornalistas.
01:14:03Então, é nesse sentido
01:14:04o niilismo, sabe?
01:14:05De tentar ver,
01:14:08de ver que não dá
01:14:09para ter muito lado.
01:14:10A gente tem que estar
01:14:11em busca
01:14:11de se aproximar da verdade,
01:14:14eu acho,
01:14:14porque a verdade também,
01:14:15às vezes,
01:14:16ela não é totalmente alcançável,
01:14:17mas o objetivo
01:14:19sempre tem que ser esse,
01:14:20de se aproximar.
01:14:21Independe de quem
01:14:22se é de esquerda,
01:14:23se é de direita.
01:14:24E essa coisa
01:14:27de buscar os inimigos,
01:14:29então fica uma coisa
01:14:29também de uma
01:14:31sinalização de virtude.
01:14:33Exato.
01:14:33Se você não é a favor
01:14:34do que tal político
01:14:36faz ou diz,
01:14:37então você é contra
01:14:38uma grande causa
01:14:39que é muito benéfica
01:14:41para a humanidade.
01:14:42Não, não é isso.
01:14:43Às vezes você está sendo
01:14:44contra o que ele está dizendo
01:14:45porque ele está falando
01:14:45uma mentira
01:14:46ou porque aquela postura
01:14:47pode não ser muito boa
01:14:48para políticas públicas,
01:14:50para as pessoas
01:14:50que realmente precisam.
01:14:52Então, é isso.
01:14:53Ah, mas vai explicar isso
01:14:55para quem se acha
01:14:56no grupo do bem
01:14:56contra o grupo do mal.
01:14:58É bastante complicado.
01:14:59E esse grupo do bem
01:15:00e do mal
01:15:00tem nos dois lados.
01:15:01Os dois lados
01:15:02acham que estão
01:15:03no lado certo
01:15:04da história
01:15:04ou da moral.
01:15:06Eu costumo dizer
01:15:07que falta muita gente
01:15:08com todos os problemas
01:15:09educacionais no Brasil,
01:15:10mas é claro que é um problema
01:15:11mundial e varia o grau
01:15:13em cada país, evidentemente.
01:15:15Mas falta capacidade
01:15:16de abstração.
01:15:17Eu digo isso porque
01:15:18tem muita gente
01:15:19que só consegue raciocinar
01:15:20em cima daquilo
01:15:20que é concreto,
01:15:22que consegue ver.
01:15:23Então, assim,
01:15:24as pessoas se dizem
01:15:25de direita
01:15:26ou se dizem de esquerda
01:15:27ou se dizem progressistas
01:15:29ou se dizem conservadores.
01:15:31E muitas vezes,
01:15:32se você for fazer
01:15:33uma entrevista
01:15:33com cada um,
01:15:34eu aposto, né?
01:15:35Porque precisa de uma pesquisa
01:15:36mais direcionada
01:15:38para isso.
01:15:39Elas vão associar
01:15:40essas correntes políticas
01:15:42e ideológicas
01:15:43ou tradições de pensamento
01:15:45a determinadas pessoas
01:15:46do mundo político
01:15:47contemporâneo.
01:15:49Não a determinadas ideias,
01:15:50a determinados valores.
01:15:52E mesmo que elas
01:15:54sejam identificadas
01:15:56com determinadas ideias,
01:15:57com determinados valores,
01:15:58não quer dizer
01:15:59que elas precisam
01:15:59passar pano
01:16:00para o político
01:16:01quando ele mente.
01:16:02Então, assim,
01:16:03você distinguir
01:16:04o que é valor,
01:16:05ideia, princípio, etc.
01:16:06e o que é
01:16:07a agenda política,
01:16:09o discurso
01:16:10de um político específico,
01:16:11de uma patota,
01:16:13é uma das funções nossas, né?
01:16:15É como jornalistas,
01:16:16como colunistas,
01:16:17porque senão
01:16:17isso tudo se mistura.
01:16:19E a pessoa fala assim,
01:16:20não, eu me identifico
01:16:20com a direita,
01:16:21logo eu defendo
01:16:22esse grupo político e tal.
01:16:23E às vezes é um grupo político
01:16:24que nem sequer
01:16:25tem práticas direitistas.
01:16:26E a mesma coisa
01:16:27do outro lado.
01:16:29Então, assim,
01:16:29é nessa confusão
01:16:30que a gente habita hoje,
01:16:31é assim que você vê também.
01:16:33É, e eu acho que
01:16:34rolou uma inversão também
01:16:37de ideias,
01:16:38de princípios,
01:16:39falando-se de esquerda
01:16:40e direita, né?
01:16:41O que a gente vê,
01:16:42por exemplo,
01:16:42com o movimento identitário
01:16:43ou com a esquerda
01:16:44atualmente,
01:16:45é inimaginável, assim,
01:16:46eu na época da minha faculdade
01:16:48pensar que a esquerda
01:16:49poderia estar do lado
01:16:50de medidas
01:16:51ou propostas
01:16:52que restringem
01:16:53a liberdade de expressão.
01:16:55Não estou falando
01:16:55do que a lei,
01:16:56a lei já restringe
01:16:57a liberdade de expressão.
01:16:58Já está lá,
01:16:59tem um crime de calúnia,
01:17:00de injúria,
01:17:01de difamação.
01:17:01Exatamente.
01:17:03Ameaça.
01:17:03Exato.
01:17:04Então, assim,
01:17:04a lei já cumpre isso,
01:17:05mas, assim,
01:17:06e além,
01:17:07eu nunca imaginei
01:17:07que isso pudesse acontecer.
01:17:08Isso aqui não é só no Brasil,
01:17:10né?
01:17:10Nos Estados Unidos
01:17:11e em outros países.
01:17:12Houve essa inversão.
01:17:14A direita até
01:17:15tem uma postura
01:17:16que até tem agariado
01:17:17muitos jovens,
01:17:18porque a direita
01:17:19parece estar mais revolucionária
01:17:21porque ela é disruptiva,
01:17:22ela tem esse aspecto
01:17:23que é populista,
01:17:24vamos combinar, né?
01:17:25Mas, enfim,
01:17:26tem esse aspecto.
01:17:27Então,
01:17:28está rolando essas inversões
01:17:30e a esquerda está perdendo
01:17:31a noção
01:17:32dos seus próprios princípios
01:17:34básicos e fundadores,
01:17:35eu acho.
01:17:36E, sem querer entrar
01:17:37numa polêmica,
01:17:38num tema mais espinhoso,
01:17:39tão cedo aqui
01:17:40na nossa conversa,
01:17:41mas é que você passou,
01:17:42assim,
01:17:42de passagem.
01:17:42Eu passei por ele.
01:17:44Pelo Alexandre de Moraes.
01:17:46Exatamente.
01:17:47Você passou,
01:17:48você sentiu que ele foi aludido
01:17:50de uma maneira indireta,
01:17:51porque as medidas
01:17:54têm sido tomadas,
01:17:56geralmente,
01:17:57contra críticos da esquerda,
01:17:58contra críticos
01:17:59de determinadas condutas
01:18:00de determinados ministros
01:18:01do Supremo Tribunal Federal
01:18:03e, evidentemente,
01:18:05em diversos casos
01:18:06contra pessoas
01:18:07que, de fato,
01:18:08estão fazendo,
01:18:11tendo algum tipo
01:18:12de conduta imoral
01:18:14ou criminosa, etc.
01:18:15O que acontece
01:18:16é que vai tudo
01:18:16no mesmo balaio.
01:18:18Então,
01:18:18tem o delinquente virtual
01:18:20que incorre
01:18:20num crime de calúnia,
01:18:21injúria,
01:18:22difamação ou de ameaça,
01:18:24só que você tem,
01:18:24ao mesmo tempo,
01:18:25uma revista como a Cruzoé,
01:18:26que fez uma reportagem
01:18:27verdadeira
01:18:28sobre o codinome
01:18:29do ministro Dias Toffoli
01:18:30nos e-mails
01:18:31do Marcelo Debrecht
01:18:33que foi censurada
01:18:34lá na Raim.
01:18:35E até o debate
01:18:36sobre isso
01:18:36ele é
01:18:37todo confuso.
01:18:39Recentemente,
01:18:40teve a visita
01:18:41lá do relator especial
01:18:42para a liberdade de expressão
01:18:43da Corte Internacional
01:18:44dos Direitos Humanos.
01:18:45E você tem ali
01:18:46os opositores
01:18:46ligados ao bolsonarismo
01:18:48que eles tentam
01:18:48dar toda
01:18:49uma visão
01:18:51de perseguição
01:18:53à direita
01:18:53e a gente precisa
01:18:54estabelecer
01:18:54algumas nuances
01:18:55nesse debate.
01:18:57Mas quando você colocou,
01:18:58você colocou
01:18:59como a esquerda
01:19:00querendo restringir
01:19:02a liberdade
01:19:02de expressão.
01:19:05Então, assim,
01:19:06a gente quando é alvo
01:19:07de uma injura,
01:19:08a gente tem que acionar
01:19:09um advogado,
01:19:09o advogado precisa
01:19:10identificar o autor
01:19:11da postagem,
01:19:11às vezes é difícil
01:19:12porque tem muita
01:19:14conta fake,
01:19:15conta fantasma
01:19:16e tal,
01:19:16você entra com processo,
01:19:17demora...
01:19:18Agora o Moraes,
01:19:19ele vai lá e suspende
01:19:20o perfil inteiro
01:19:21da pessoa,
01:19:21não só a postagem específica,
01:19:23sem processo.
01:19:23E se a rede social
01:19:25se queixar,
01:19:27etc.,
01:19:27ele suspende
01:19:27o país inteiro.
01:19:29E eu vi você
01:19:29criticando isso.
01:19:30Suspende a plataforma
01:19:31inteira,
01:19:3122 milhões de pessoas.
01:19:33Então, assim,
01:19:34como é que você enxerga
01:19:35esse momento tão...
01:19:36Eu, para fazer a pergunta,
01:19:38eu tenho que fazer
01:19:38uma introdução
01:19:39dos fatos
01:19:41de como as coisas
01:19:42estão se dando.
01:19:43E, claro,
01:19:44a gente precisa analisar
01:19:44cada caso específico,
01:19:45que é o que se perde.
01:19:46Sim.
01:19:48De fato,
01:19:49tudo começou,
01:19:50esse inquérito
01:19:51do fim do mundo,
01:19:52das pequenas...
01:19:53Tudo começou,
01:19:54e eu sempre ressalto isso,
01:19:55a gente não pode se esquecer
01:19:56que tudo começou
01:19:57com a censura
01:19:58a um veículo
01:19:59de imprensa.
01:20:00Foi a partir daí
01:20:01que começou.
01:20:02Veio até um pouco de antes,
01:20:03mas aí foi o estopinho
01:20:04da coisa.
01:20:05Então,
01:20:05o começo já está errado,
01:20:07né?
01:20:07Possível.
01:20:08Uma corte constitucional
01:20:09fazer isso é absurdo.
01:20:11Mas, enfim,
01:20:11é exatamente o que você falou.
01:20:13Você suspender
01:20:14o devido processo legal,
01:20:16aí se usou como argumento
01:20:18a questão de um período
01:20:21excepcional,
01:20:22uma situação excepcional,
01:20:24que era o Bolsonaro,
01:20:25que era a eleição e tal.
01:20:26O Carmem Lúcia
01:20:26falou isso uma vez.
01:20:28Não tem mais
01:20:28esse período excepcional,
01:20:29mesmo considerando
01:20:31que,
01:20:32num período excepcional,
01:20:33numa democracia,
01:20:35isso poderia acontecer,
01:20:36mas isso já passou.
01:20:38A gente tem que se livrar
01:20:39do Bolsonaro,
01:20:40já acabou.
01:20:41A gente tem que seguir
01:20:41para frente,
01:20:42pensar no que fazer
01:20:43pelo Brasil,
01:20:43entendeu?
01:20:44E isso não está acontecendo,
01:20:45porque sempre vem
01:20:46a questão do Bolsonaro.
01:20:47E isso foi usado
01:20:48como desculpa
01:20:49para a gente
01:20:49infringir direitos,
01:20:51porque você infringe direitos,
01:20:53você censura alguém,
01:20:53você pode,
01:20:55a partir de um devido
01:20:56processo legal
01:20:56de julgamento,
01:20:57excluir uma postagem
01:20:58que violou alguma,
01:21:01que fez um crime,
01:21:03injura,
01:21:04difamação,
01:21:05enfim.
01:21:05Mas isso deve seguir
01:21:06os ritos.
01:21:07Uma judicialização
01:21:08a granel,
01:21:09então você vai pegando
01:21:10grupos de pessoas
01:21:11e não é assim
01:21:12que a liberdade de expressão
01:21:14funciona,
01:21:15o direito à liberdade
01:21:16de expressão.
01:21:16você não pode coibir
01:21:17alguém de falar.
01:21:18Você pagar uma conta,
01:21:20isso é muito grave.
01:21:21Pode parecer uma bobagem,
01:21:22mas não é.
01:21:23E se foi escalando
01:21:25e tem se escalado
01:21:26até chegar
01:21:27ao bloqueio
01:21:29do X
01:21:29do antigo Twitter
01:21:31no Brasil,
01:21:32você vê que é algo
01:21:33que é perigoso.
01:21:34Então,
01:21:35a questão não é
01:21:35que pode se dizer tudo,
01:21:37não é que pode se falar tudo.
01:21:38É óbvio que há
01:21:39regras
01:21:40para o que se pode falar.
01:21:42Não é disso
01:21:43que a gente está falando.
01:21:43E aí sempre
01:21:45a esquerda
01:21:46ou alguns outros grupos
01:21:47chegam e falam
01:21:47Ah, mas só que
01:21:48você não pode falar
01:21:49tudo o que você quiser.
01:21:50Eu também concordo,
01:21:51mas também o judiciário
01:21:52não pode agir
01:21:53da forma que ele quiser.
01:21:54Porque aí se chama
01:21:54estar o democrático
01:21:55de direito,
01:21:56onde a gente está.
01:21:57Tem regras a serem seguidas.
01:21:59Muito bem,
01:21:59ponto final
01:22:00nessa edição especial
01:22:01do Papo Antagonista
01:22:02de feriado.
01:22:03Para quem curtiu
01:22:04assistir,
01:22:05para quem não tinha visto
01:22:05ainda trechos
01:22:06do podcast
01:22:07eu relembro
01:22:09e é um programa
01:22:10disponível no nosso canal
01:22:11de YouTube
01:22:11de O Antagonista.
01:22:13É só ver ali
01:22:14na aba playlist
01:22:15e tem vários episódios
01:22:16com vários convidados
01:22:17presenciais
01:22:18aprofundando
01:22:19questões importantes
01:22:20que às vezes
01:22:21ficam ali
01:22:21à margem
01:22:23no debate público,
01:22:24mas a gente consegue
01:22:25nessa conversa
01:22:27mais franca,
01:22:28mais aberta,
01:22:29esmiuçar melhor
01:22:30em maiores detalhes.
01:22:31Então vocês podem
01:22:32procurar ali
01:22:33os episódios
01:22:34no canal
01:22:36de YouTube
01:22:36de O Antagonista
01:22:37e acompanhar
01:22:37toda segunda-feira
01:22:38um novo episódio
01:22:39às 19h30,
01:22:41logo depois
01:22:41da edição de segunda
01:22:43do Papo Antagonista.
01:22:45Amanhã tem mais
01:22:46Papo Antagonista
01:22:47às 18h
01:22:48ao vivo
01:22:48e aí sim
01:22:49analisando
01:22:50as últimas notícias
01:22:51desses últimos dias
01:22:52como a gente
01:22:53costuma fazer.
01:22:54Um grande abraço
01:22:55e até lá.
01:23:04confesso publicamente
01:23:06que eu votei
01:23:07no Lula.
01:23:07do Papo Antagonista
01:23:09e aí sim
01:23:10Legenda por Sônia Ruberti