- ontem
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NotíciasTranscrição
00:00:00De conversa boa, todo mundo quer participar, o antagonista também.
00:00:07Nossa equipe recebe convidados especiais para um bate-papo leve e divertido sobre as experiências de cada um.
00:00:15Podcast O.A. Conversa boa de ver e ouvir.
00:00:20Salve, salve! Eu sou Felipe Moura Brasil. Sejam todos bem-vindos a mais um episódio do Podcast O.A.,
00:00:25o nosso programa semanal.
00:00:26É verdade que às vezes a gente tem algum problema aqui ou tem muito escândalo no debate público,
00:00:30a gente acaba não conseguindo fazer o podcast numa semana, mas a gente tenta fazer todas as semanas,
00:00:37vai ao ar às segundas-feiras, às 19h30, no canal de YouTube de O Antagonista,
00:00:41sempre com um convidado presencial para a gente falar sobre a trajetória dele,
00:00:45sobre os seus posicionamentos, sobre o que ele pensa da vida e aprofundar certos temas
00:00:51que ficam ali no canto do debate público, muitas vezes não devidamente esmiuçados.
00:00:57E hoje eu tenho a honra de receber aqui um cara em cujo podcast eu já fui quatro vezes,
00:01:03então o mínimo que ele podia fazer era vir uma vez no nosso podcast.
00:01:08Senhoras e senhores, ele que é um multiartista, Rogério Villela.
00:01:12Não minta, foi a primeira vez que você me convidou, não vim antes porque você não me convidou.
00:01:19Desculpa, desculpa os farrapados.
00:01:20Tá certo, mas virei mais vezes também, obrigado pelo convite.
00:01:23Nos encontramos em um churrasco, e o convite foi feito no churrasco,
00:01:27e eu bebendo aceitei, agora tem que vir.
00:01:31Demorou duas semanas depois do churrasco para vir, mas acabou vindo.
00:01:34Rogério Villela, vocês sabem, ele tem o podcast Inteligência Limitada,
00:01:39que é um fenômeno de audiência no YouTube, é alguém aí muito influente nas redes sociais
00:01:44e consegue dialogar com todo mundo, a gente vai falar a respeito disso também,
00:01:49mas tem todo um histórico aí como ilustrador, roteirista, quadrinista, stand-up comedy.
00:01:58Duplador, ator, aeromoça.
00:02:00A aeromoça, comissária de bordo.
00:02:02Comissária de bordo.
00:02:03Rogério Villela, eu estava conversando até com a sua assessora,
00:02:07que chegou mais cedo do que você.
00:02:09Verdade, ela sempre antes de mim.
00:02:12E ela estava me contando que foi na pandemia que o Inteligência Limitada começou,
00:02:17eu não tinha feito essa associação.
00:02:20Então, quer dizer, você é um dos raros exemplos de alguém que empreendeu na pandemia
00:02:25de uma maneira que depois acabou sendo muito bem sucedida.
00:02:28Na verdade, acho que reinventar, na verdade, né?
00:02:32Porque pandemia, imagina que eu estava trabalhando como comediante stand-up
00:02:36e de repente todos os shows caíram.
00:02:38E você é um comediante, você não tem uma grana garantida, você ganha por show, você ganha por evento.
00:02:44Então, eventos e empresas caindo.
00:02:46Shows marcados caindo.
00:02:47No começo você achava que era 15 dias, mais 15 dias, mais um mês.
00:02:50Depois você percebeu que o teu setor seria o último a voltar, porque é aglomeração de pessoas.
00:02:57E aí bate o desespero, porque você tem uma grana guardada, você tem família,
00:03:01e você vê aquilo lá sendo consumido aos poucos durante a pandemia.
00:03:05E aí eu pensei, eu tenho um estúdio em casa, o que eu posso fazer?
00:03:08Eu já fazia alguns conteúdos para o meu canal e estava se começando a fazer mesacasts, né?
00:03:15Esse formato de podcast filmado, com câmeras e tudo mais.
00:03:21Eu participei de um podcast, foi muito legal.
00:03:25E aí eu falei, pô, vou fazer lá no meu porão, eu tenho um estúdio já lá.
00:03:29E foi daí que nasceu, em novembro de 2020.
00:03:32Vamos fazer cinco anos agora em novembro.
00:03:34Pois é, eu não tinha essa dimensão de que é relativamente recente.
00:03:38Porque para mim 2020 foi ontem, né?
00:03:40Pois é.
00:03:40Estou aqui no Jornalinha há 20 anos já.
00:03:43Pois é.
00:03:43É 2020 porque pelo tamanho, né?
00:03:45Foi um fenômeno, assim.
00:03:47Foi um casamento ali, claro que do seu talento, da sua capacidade.
00:03:52Mas também de um momento eu acho que as pessoas estavam procurando esse tipo de conteúdo.
00:03:56Muita gente em casa, quer dizer, todo mundo em casa, querendo consumir conteúdos.
00:04:01Tem uma hora que você já assistiu os filmes que tinha assistido, ouviu as mesmas músicas.
00:04:08E aí esse debate diário com pessoas, papos de duas horas, três horas, você conhecer
00:04:15mais sobre um assunto, sobre uma pessoa, de repente caiu no gosto desse público que
00:04:19estava em casa à toa, né?
00:04:22É.
00:04:22Esperando.
00:04:23E aí você mantém as pessoas lá encarceradas durante quatro horas sem acabar.
00:04:27O convidado olha o relógio.
00:04:28Eu ainda estou aqui, já fiquei com umas quatro horas e meia lá, conversando no Inteligência
00:04:34Limitada.
00:04:34Maravilhoso.
00:04:35Aqui a gente tem uma hora só, porque o estúdio tem outras coisas, a gente tem que fazer
00:04:38programa ao vivo.
00:04:39Record de lá.
00:04:39É 11 horas.
00:04:40São 11 horas de programa.
00:04:42Quem foram os loucos?
00:04:43Foi um debate sobre criacionistas e evolucionistas.
00:04:4611 horas é pouco, então.
00:04:48É pouco.
00:04:48Não deu tempo.
00:04:49Não.
00:04:49É um debate milenar.
00:04:51O debate terminou e eles continuaram discutindo em vídeos em cada canal.
00:04:55Até hoje tem essa discussão entre eles.
00:04:58Isso costuma acontecer com diversas outras tretas, até porque você abriu o seu podcast
00:05:02para debates.
00:05:03Inclusive a gente está fazendo essa gravação na esteira, que quer dizer, nesse momento ainda
00:05:07está repercutindo um debate entre o Arthur Duvaldo MBL e um MC Smith a respeito dessa
00:05:14questão de apologia do crime em funk, da prisão do MC Pose, que depois acabou sendo liberado.
00:05:23E eu vi, a gente estava vendo aqui mensagem na rede social, que às vezes você, diante
00:05:28da discussão deles, é que acaba sendo atacado.
00:05:30É como o time do cara perde e ele acusa a CBF de ter marcado aquele jogo.
00:05:37Fala, como você marcou esse jogo?
00:05:39Meu time tomou de 5 a 0.
00:05:41Então, quando alguém vai muito mal no debate, e isso já aconteceu tanto no espectro da
00:05:44direita quanto da esquerda, esse espectro fica muito chateado com a pessoa por ter aceitado
00:05:50ir, por ela não estar preparada e por mim de falar, ah, você tem objetivos obscuros
00:05:57de tentar destruir tal espectro político, quando na verdade é só um palco, entendeu?
00:06:05As pessoas normalmente, elas tretam ou elas começam a discutir na rede social, aí marcam
00:06:14um debate e me marcam.
00:06:16Quer que seja lá no Inteligência, Bilela, você topa?
00:06:18Aí eu falo, topo, as regras são essas, a gente tem regras lá sobre tempo, sobre postura
00:06:23e tudo mais, topam, topam e marcamos uma data.
00:06:25Simplesmente isso.
00:06:26É muito difícil, a não ser os que são mais temáticos, que aí eu mesmo vou atrás
00:06:31dos participantes e marco, por exemplo, temas religiosos ou temas de divulgação científica,
00:06:40que aí são coisas que eu quero saber mesmo.
00:06:42Ah, vamos saber sobre apocalipse nas escrituras.
00:06:45Quem pensa de um jeito, quem pensa de outro.
00:06:48Judeus e cristão, qual a diferença sobre entendimento de Cristo?
00:06:51Esse tipo de coisa, aí eu marco e penso nos convidados, mas quando é uma pessoa contra
00:06:56outra e elas estão discutindo nas redes sociais, normalmente isso daí vaza alguém deles,
00:07:02ou alguém no negócio fala, marquem lá no Inteligência Limitada, ou me marca, e aí
00:07:06eu já falo, vocês querem, aqui está aberto.
00:07:09E aí pode ser qualquer tipo de debate.
00:07:12E quando envolve alguma militância, a militância fica triste que você não interveio para salvar
00:07:18o influencer ou o político de estimação dela.
00:07:22Não posso, não posso.
00:07:22Você não jogou uma boinha?
00:07:24Você estava vendo a pessoa ficar encurralada com uma argumentação contrária e você não
00:07:29ajudou, você não é um juiz bom.
00:07:31Pois é.
00:07:32É mais ou menos isso.
00:07:33É o famoso Vila, ela me salva.
00:07:35Não posso, né, cara?
00:07:36O que eu posso é fazer respeitar o tempo.
00:07:37Ontem um dos convidados estourou muito tempo, falei, ó, acabou o seu tempo, o outro convidado
00:07:43cedeu o tempo dele para o outro, mas era um banco de horas e um deles estourou muito
00:07:48mais, fez 20 minutos a mais do que o outro, entendeu?
00:07:51E nesse aí teve aquela discussão de repudia o comando vermelho, fala, fala que é bandido.
00:07:57Fala na cara, aqui na câmera.
00:08:00Que seja preso, que seja eliminado, se entrar em confronto com a polícia.
00:08:04Teve esse tipo de coisa.
00:08:06Então fala também que os políticos são não sei o que.
00:08:09Eu falo.
00:08:09Não, mas fala você então.
00:08:12E tem momentos realmente que a gente fica preocupado, cara.
00:08:15De sair briga.
00:08:16É, normalmente de 90% dos debates são tranquilos, mas acho que dois ou três debates a gente
00:08:25fica meio preocupado de falar, encerramos, o que a gente faz, como que...
00:08:30Aí normalmente eu chamo o chat, pergunto do chat, porque aí os ânimos vão num crescente,
00:08:36você fala, vai para o físico...
00:08:37Eles vão se pegar lá fora.
00:08:38É.
00:08:39Não, lá fora não.
00:08:40Dentro da sua casa.
00:08:41Se for lá fora, tudo bem, o problema é dentro, tem câmeras.
00:08:44É tudo na casa do Rogério Velela.
00:08:45Exato.
00:08:46Eu fui lá uma vez, aí acabei puxando um assunto de trânsito de São Paulo, porque
00:08:50eu sou carioca.
00:08:50Falei, como é que vocês aguentam o trânsito de São Paulo?
00:08:52Ele falou assim, mas que trânsito?
00:08:54Eu não saio de casa.
00:08:55Eu pego o elevador, eu desço o elevador e desço três andares, assim, eu estou no porão.
00:08:59Exato.
00:09:00E ele é totalmente separado, você viu, né?
00:09:01Entra pela garagem, tem uma entrada toda, é toda separada da minha casa.
00:09:04Minha casa, quando você entrou pela garagem e passou pela academia, passando naquela porta
00:09:10tem a churrasqueira e tal, e de lá para cima é minha casa, assim, a sala, não sei o
00:09:16quê.
00:09:16Então ela fica totalmente separada.
00:09:18Mas alguém já brigou lá, saiu no tapa mesmo?
00:09:19Não, nunca, nunca, nunca.
00:09:21Cara, normalmente, mesmo ontem, dando como exemplo, que foi bem, uma hora, estavam bem
00:09:28agressivos um com o outro, cara, eles ficaram mais uma hora conversando entre eles lá,
00:09:32de boa.
00:09:33Um dando toque para o outro, disso, não sei o quê, porque o MC quer se tornar político,
00:09:38aí ele falando, ó, acho melhor você se candidatar por São Paulo ou não, pelo Rio e tal.
00:09:43O MC, o Arthur foi embora, o MC ainda ficou mais uma hora lá com a gente falando sobre
00:09:48música, sobre Michael Jackson, eu e o Lenny, que também é músico.
00:09:50Então, assim, normalmente o pessoal acha que acaba e fica atreta.
00:09:54Não, quando acaba, está todo mundo tranquilo e aí tem uma mesa de comida, a gente fica
00:09:59comendo, bebendo e aí fica tranquilo.
00:10:00Então, muitas vezes eu vejo que é muita coisa que o pessoal vai lá para fazer corte
00:10:05mesmo.
00:10:05Eles se exaltam, colocam a dedo na cara, depois acaba, o cara dá uma mão, beleza, beleza.
00:10:11E tipo assim, não é que vão virar amigos.
00:10:13A sua persona pública já atuou ali.
00:10:16Todo mundo sai satisfeito, tem o corte para a minha rede social, vou crescer em números.
00:10:20E aí todo mundo ganha, né?
00:10:21Eles ganham, nosso canal ganha relevância.
00:10:23Então, é bom para todo mundo.
00:10:25Exatamente.
00:10:27E você, muitas vezes, você tem que entrevistar pessoas que estão falando coisas com as quais
00:10:32você não concorda.
00:10:33Sim, sim.
00:10:34Isso acontece ou, às vezes, até radicalmente discorda.
00:10:38Embora você mantenha, assim, uma serenidade.
00:10:41Você é uma pessoa muito legal com quem se conversar.
00:10:45Então, o pessoal tem o maior prazer de ir lá.
00:10:47Não tem pegadinha, assim.
00:10:48Não tem pegadinha.
00:10:48Se alguém for lá, fala, ah, o Vilela vai me pegadinha, vai me colocar em uma zona.
00:10:51Não, vou te deixar falar.
00:10:53Posso não concordar, vou colocar um ponto e falar, pô, será que é isso mesmo?
00:10:56Ó, eu acho que não é assim.
00:10:57Tal convidado falou, mas se ele continuar com aquilo, ele fala durante duas horas.
00:11:01Por exemplo, foi um cara defender a Coreia do Norte.
00:11:04Ele tem, e com argumentos, com livros e tudo mais.
00:11:07Eu deixei ele falando, coloquei meus pontos, mas eu não vou ficar falando.
00:11:10Eu acho que é mentira, eu acho que não sei o que, não.
00:11:12Depois eu trago uma outra pessoa que dá uma outra visão da Coreia do Norte.
00:11:15Foi assim com Cuba.
00:11:16Eu tive pessoas com visão pró e contra Cuba lá.
00:11:20E programas longos, assim, com a pessoa com total liberdade de falar.
00:11:25Você faz aquela pergunta, é isso mesmo?
00:11:28É.
00:11:28Fala mais um pouquinho.
00:11:29Tem certeza mesmo?
00:11:30Não é isso que o pessoal fala.
00:11:32E quando o pessoal fala tal coisa?
00:11:33Ah, estão errados.
00:11:34Mas sério?
00:11:35Então, assim, eu faço o contraponto de quem está assistindo,
00:11:39que gostaria de perguntar aquilo,
00:11:40mas não de forma ofensiva, né?
00:11:43É.
00:11:43E quando a pessoa vai se aprofundando num terreno bastante espinhoso,
00:11:50você já imagina que o pessoal vai cortar essa parte,
00:11:53vai comentar nas redes sociais, vai compartilhar.
00:11:55Sim, sim.
00:11:56Então tem, evidentemente, uma vantagem para o programa.
00:11:58É.
00:11:59Quando é alguma coisa ingênua,
00:12:00que a pessoa não tem noção de que aquilo vai ser ruim para ela,
00:12:04eu dou um toque no ar mesmo.
00:12:06Eu falo assim, você não quis dizer tal coisa?
00:12:09Ou então, eu entendi o que você quis dizer.
00:12:11Já teve um convidado que falou,
00:12:12putz, eu sou meio autista, sabe?
00:12:14Eu falei, tá, eu acho que você usou o termo errado,
00:12:17mas você quer dizer que você é assim, assim, assado?
00:12:19Ah, é, é.
00:12:19Então, pô, é melhor do que usar o termo autista.
00:12:21Porque senão eu sei que depois vão recortar isso e falar,
00:12:24pô, não se usa o termo autista para isso.
00:12:26Porque ele querendo falar que ela é introspectiva e tal.
00:12:28Claro.
00:12:29Quando eu vejo que vai dar problema para o cara,
00:12:30eu dou uma chance dele refazer a...
00:12:33Claro, quando é na ingenuidade,
00:12:34quando é uma posição agressiva já que o sujeito tem.
00:12:37Exato.
00:12:37E a maior audiência foi a entrevista com o Bolsonaro,
00:12:39foi na época eleitoral?
00:12:41Foi, eu acho que dificilmente vai repetir isso,
00:12:44porque a gente teve a eleição mais polarizada de todos os tempos.
00:12:50Era a uma semana do segundo turno,
00:12:52e estava uma corrida dos presidenciáveis indo em podcasts,
00:12:56batendo, sempre um batendo o número do outro.
00:12:58Então o Lula foi no Podpar,
00:13:01deu, sei lá, os números podem não ser corretos,
00:13:05mas, sei lá, deu 600 mil.
00:13:07Aí o Bolsonaro foi não sei aonde,
00:13:09deu um milhão.
00:13:11Aí o Lula foi no Flow, se não me engano,
00:13:14deu um milhão.
00:13:15E cem, sei lá.
00:13:17E aí o Bolsonaro foi no meu programa e deu dois milhões.
00:13:21Estamos falando tudo de audiência ao vivo, né?
00:13:23De gente ao vivo assistindo.
00:13:25Então foi isso, assim.
00:13:26Estava uma corrida de ver quem trazia mais gente,
00:13:28porque isso também era uma moeda,
00:13:30era uma força para mostrar,
00:13:31olha, olha a força que eu tenho nas redes.
00:13:33Então quer dizer que as pesquisas estão certas
00:13:36ou as pesquisas estão erradas.
00:13:37Então tinha muito essa preocupação.
00:13:39Então você via que no programa um dia o Lula
00:13:43tinha anúncio do Bolsonaro no meio do podcast
00:13:47e vice-versa, no do Bolsonaro aparecia do Lula.
00:13:50Então as equipes também estavam injetando dinheiro
00:13:52para colocar propagandas nos podcasts do adversário.
00:13:56também foi uma coisa maluca
00:13:58que eu achei que não ia se repetir essa polarização,
00:14:01mas aconteceu nessa última eleição
00:14:03para a Prefeitura de São Paulo,
00:14:05que também foi, não em números,
00:14:07mas em projeção nacional foi um absurdo, né?
00:14:11Cadeirada, soco...
00:14:13A presença do Pablo Marçal,
00:14:14que deu uma esquentada ali nos outros,
00:14:15saiu da tena,
00:14:16se deixou irritar também.
00:14:18O bolo foi para cima,
00:14:19a Tabata também bateu.
00:14:23A Tabata, Marina Helena,
00:14:24e o Ricardo Nunes que acabou se elegendo.
00:14:26Que o Ricardo Nunes...
00:14:27Que nem ficou.
00:14:28Que não ficou fazendo nada,
00:14:29ele só deixou o pessoal se batendo.
00:14:31Exato, é o jogar parado.
00:14:33Exato, é o que jogou parado e ganhou.
00:14:35Ele viu a cadeira passar,
00:14:36ele falou, não é comigo.
00:14:37Documento falso, ser publicado e tal,
00:14:40eu estou aqui.
00:14:40Exato, exato.
00:14:42Muito bem.
00:14:44Mas é legal isso, né?
00:14:46Um programa de internet,
00:14:49ele ser tão relevante
00:14:50a ponto de influenciar uma eleição
00:14:52ou de ser um lugar
00:14:54onde as pessoas queiram estar
00:14:56para colocar ideias sem edição,
00:14:58ao vivo,
00:15:01em que ela pode falar livremente,
00:15:03que é o contrário de um programa de televisão
00:15:05que tem tempo,
00:15:06que tem edição às vezes,
00:15:07que tem pauta e tudo mais.
00:15:09Então, virou,
00:15:10o podcast virou realmente
00:15:11uma agora,
00:15:12um lugar onde as pessoas vão
00:15:14e sabem que lá,
00:15:15no mínimo,
00:15:16ele vai ter a liberdade
00:15:18de falar a coisa boa
00:15:20ou a besteira dele
00:15:20e todo mundo vai chegar ao público.
00:15:23Exatamente.
00:15:24Eu fui brincar aqui de cadeirada,
00:15:25quase perdi o que eu ia brincar com você,
00:15:27que é,
00:15:28o Flow é o seu maior concorrente?
00:15:30O Igor virou um inimigo?
00:15:31Vou botar aqui vocês dois
00:15:33para debater.
00:15:33Não, inimigo de maneira alguma.
00:15:35Estou provocando.
00:15:36Hoje em dia a gente...
00:15:36Viajei com o Igor,
00:15:37o Igor entrava,
00:15:38mudou bem com os dois.
00:15:39O Igor é parceiro,
00:15:40eu sempre falo em todo lugar que eu vou
00:15:41que eu não existiria o meu podcast
00:15:44se não fosse o Flow.
00:15:46Eles não só...
00:15:47Que bonito.
00:15:48Me ajudaram com equipamento no começo,
00:15:50com...
00:15:51É assim que se faz,
00:15:52não é assim,
00:15:52nossa métrica é assim e tal,
00:15:54como eles me emprestaram o estúdio
00:15:56nos dois primeiros programas.
00:15:57Ah, que legal.
00:15:57Meus dois primeiros programas eu fiz lá no Flow,
00:15:59porque eu falei,
00:16:00não, vou fazer aqui
00:16:01e depois eles me ajudaram a montar lá no meu estúdio.
00:16:04Então assim,
00:16:04a gratidão é uma absurda.
00:16:07Tanto o Monarque quanto o Igor me ajudaram muito
00:16:09e hoje em dia eu os ajudo também,
00:16:11a gente troca convidados,
00:16:13troca contatos e tal.
00:16:15Eu não vejo como concorrente,
00:16:16mas dos podcasts generalistas,
00:16:19hoje em dia ficaram poucos, né?
00:16:21Eu acho que só eu e o Flow,
00:16:22só a gente e o Flow mesmo.
00:16:24Porque o PodPay,
00:16:25ele acabou segmentando mais
00:16:27a esquerda,
00:16:29podcast que leva esquerda, direita, centro,
00:16:33web comunista, tudo,
00:16:34ficou mais o meu e o dele.
00:16:36E o meu mais,
00:16:37e o meu ainda a gama,
00:16:39o arco é muito maior ainda
00:16:41de pessoas que eu levo.
00:16:42Por o fato de eu fazer mais programas,
00:16:44eu levo pessoas mais distintas
00:16:46do que o Flow hoje em dia.
00:16:48Mas se fosse pensar como concorrente,
00:16:49é o Flow e o Inteligência hoje
00:16:52que são o mesmo tipo de programa.
00:16:55Com a diferença,
00:16:56é que eu faço o programa temático,
00:16:58faço o debate,
00:16:58e eles não fazem.
00:16:59Então eu ramifiquei para outros formatos.
00:17:02E assim, acho que tem um ponto em comum,
00:17:05que vocês dois são figuras que conversam
00:17:08como cidadão comum.
00:17:09Exato.
00:17:09Quer dizer, é o representante do povo ali
00:17:11numa conversa informal,
00:17:12sem aquele oficialismo,
00:17:14sem aquele formalismo,
00:17:15da velha imprensa.
00:17:17Então isso acaba tendo uma conexão muito grande,
00:17:20principalmente com o público jovem.
00:17:21Pois é.
00:17:22Vocês têm um monitoramento?
00:17:23Tem, tem.
00:17:23É de fato um público mais jovem?
00:17:25É, eu imagino que o Podpá tem um público
00:17:28mais jovem do que o meu.
00:17:29O meu é de 25 a 30 e poucos.
00:17:31Aquela faixa grande é isso.
00:17:35Jovem, jovem mesmo,
00:17:36assiste uma ou outra entrevista,
00:17:37mas o meu público é um pouco mais adulto.
00:17:40É o adulto relativamente jovem.
00:17:42Exato, exato.
00:17:42Vamos falar um pouquinho da sua trajetória.
00:17:44Primeiro, para a gente não esquecer,
00:17:45mostrar o livro.
00:17:46Deixa eu mostrar aqui para a câmera.
00:17:47O livro?
00:17:47Esse livro que eu já tenho autografado.
00:17:49Você tem uma edição de capa dura.
00:17:50Só preciso comprar o tempo para ler agora.
00:17:52É.
00:17:53Estou devendo essa leitura
00:17:54para fazer a minha análise.
00:17:56Fala aí o título,
00:17:57liga os pontos.
00:17:57Liga os pontos,
00:17:58Jogos do Apocalipse.
00:17:58É uma série de livros,
00:18:00esse é o primeiro,
00:18:00o segundo eu estou escrevendo.
00:18:01Você tem uma versão em capa dura
00:18:02que foi para o pessoal
00:18:04que fez o crowdfunding, né?
00:18:05E agora a gente está lançando
00:18:06para todo mundo
00:18:06em capa mole,
00:18:08uma edição mais barata agora
00:18:09que é para atingir
00:18:10uma galera maior aí.
00:18:12E é um universo fantástico,
00:18:14tipo O Senhor dos Anéis?
00:18:16Você tem influência de que
00:18:18para escrever dessa maneira?
00:18:19Influência de Stephen King,
00:18:21Neil Gaiman ou Alan Moore.
00:18:24Tem muita influência de quadrinhos,
00:18:25muita influência de filmes.
00:18:28É um thriller, né?
00:18:28É um suspense
00:18:29com realidade fantástica
00:18:32onde tem anjos, demônios
00:18:33e seres ancestrais.
00:18:35e trata dessa humanidade,
00:18:38da civilização que a gente conhece,
00:18:40mas se algumas coisas
00:18:42que aconteceram
00:18:43no decorrer da história
00:18:44tivessem influência
00:18:45de outros seres
00:18:46e não só as nossas decisões.
00:18:48É como se outros seres
00:18:49estivessem jogando com a gente.
00:18:51A gente participa de jogos,
00:18:52jogos muito antigos
00:18:53e a gente joga sem saber.
00:18:55Então o que a gente acha
00:18:56que é livre-arbítrio
00:18:57ou destino,
00:18:58na verdade,
00:18:59tem pessoas manipulando a gente
00:19:00com esses jogos.
00:19:01Mas tem um ponto de reflexão
00:19:04sobre o comportamento humano
00:19:05em que medida?
00:19:07Quer dizer,
00:19:07porque muitas vezes
00:19:08você está
00:19:09num terreno fantástico,
00:19:11você está
00:19:11num universo paralelo
00:19:12que não é o nosso,
00:19:14tem anjo, tem demônio,
00:19:15às vezes tem monstro
00:19:16no filme,
00:19:16na literatura.
00:19:17Pois é.
00:19:18Só que no fundo
00:19:19tem um elemento ali
00:19:20comum que interessa a todos,
00:19:22que é como você reagiria
00:19:24nessa situação,
00:19:25ajuda ao próximo,
00:19:26não é?
00:19:27É o egoísmo?
00:19:28Que elemento você consegue
00:19:29destacar nesse?
00:19:30Cada livro
00:19:31eu trato de um tema
00:19:32específico, né?
00:19:33No primeiro livro,
00:19:35eu acho que o tema
00:19:35que eu mais trato
00:19:36é sobre paternidade,
00:19:38porque o personagem principal
00:19:40ele perdeu o pai
00:19:41e ele descobre
00:19:42que o pai provavelmente
00:19:43está vivo
00:19:44e faz parte
00:19:45desses jogos
00:19:46ou é um personagem
00:19:48muito especial.
00:19:51Fala sobre vingança,
00:19:52sobre paternidade.
00:19:53Agora o segundo
00:19:53que eu estou escrevendo
00:19:54basicamente é sobre memória,
00:19:55sobre o que é memória,
00:19:58o que a gente pode confiar,
00:20:00no que a gente lembra,
00:20:01o que não lembra,
00:20:01o que pode ser implantado,
00:20:03o que pode ser memória falsa.
00:20:04Então o segundo livro
00:20:05é basicamente sobre memória.
00:20:06E sempre são histórias pessoais.
00:20:09Aqui são quatro personagens principais,
00:20:11cada um com seu ponto de vista,
00:20:12cada capítulo abre
00:20:13com o nome de um personagem
00:20:15e é o ponto de vista dele.
00:20:17Então a gente tem o Marcel,
00:20:19que é um cara que faz stand-up comedy,
00:20:21ele está começando como comediante,
00:20:23entendeu?
00:20:23E ao mesmo tempo ele é jogado nesse jogo.
00:20:26A Beatriz, que é uma quadrinista,
00:20:28então tem uma parte minha
00:20:29em cada personagem.
00:20:29tem o vilão da história,
00:20:32que é um cara que é...
00:20:35Eu não posso falar muito sobre ele,
00:20:36mas também que ele está envolvido nesse jogo.
00:20:38E você conhece cada personagem a fundo,
00:20:41as motivações e essa coisa humana
00:20:43de tentar encontrar a verdade mesmo.
00:20:46E muita coisa,
00:20:47você pode seguir o jogo,
00:20:49ele se passa em vários países,
00:20:50em vários lugares,
00:20:52por isso que chama Liga os Pontos.
00:20:53Você consegue ligar os pontos.
00:20:54Se você for em cada lugar,
00:20:55você consegue fazer o trajeto
00:20:56que cada personagem fez
00:20:58para descobrir as pistas
00:20:59e continuar esse jogo.
00:21:00Mas olha,
00:21:01eu sou jornalista,
00:21:02eu estou toda hora buscando a verdade.
00:21:04Agora os ativistas aí
00:21:05da rede social da qual a gente está falando
00:21:06estão buscando a mentira o tempo todo.
00:21:08Exato.
00:21:08A narrativa mais conveniente,
00:21:10o viés de confirmação.
00:21:11Ah, fala aquilo que eu quero ouvir.
00:21:13Ah, obrigado.
00:21:14E tal, vou ficar por aqui.
00:21:15Mas tem muito a ver
00:21:15com um dos jogos principais,
00:21:17esse jogo,
00:21:17que é o último livro
00:21:18que vai chamar
00:21:18Jokem Po, né?
00:21:21Onde as pessoas
00:21:22são divididas em papel,
00:21:24pé de tesoura.
00:21:24Então o papel da gente
00:21:25é ser papel mesmo, né?
00:21:27É mudar o mundo com ideias, né?
00:21:29É, exatamente.
00:21:30Pedra é a grande massa da população,
00:21:32muda a realidade
00:21:33porque são muitos,
00:21:34é uma massa de pessoas.
00:21:35E tesoura é o poder político,
00:21:37econômico e religioso,
00:21:38que muda porque tem poder.
00:21:40E aí funciona como jogo.
00:21:42Você já lembra, né?
00:21:42Papel embrulha pedra.
00:21:44A gente convence uma massa
00:21:45a fazer mudança.
00:21:46Pedra quebra tesoura.
00:21:48Uma massa enfurecida
00:21:49pode derrubar um governo,
00:21:50pode começar uma nova forma
00:21:52de governo,
00:21:53começa ou termina uma religião.
00:21:54e tesoura,
00:21:55corta papel.
00:21:56Se você estiver incomodando
00:21:57algum desses três poderes,
00:21:58você pode ser preso,
00:21:59excomungado
00:22:00ou ficar pobre, entendeu?
00:22:01Eu nunca tinha visto
00:22:03uma reflexão filosófica
00:22:04sobre pedra,
00:22:05papel e tesoura.
00:22:07Pois é.
00:22:07E eu adorava jogar isso.
00:22:08Nunca mais você vai jogar agora.
00:22:09Nunca mais vou jogar
00:22:10do mesmo jeito.
00:22:11Olha só,
00:22:12pedra, papel e tesoura
00:22:12também é cultura.
00:22:13E tem, por exemplo,
00:22:14e quadrinho também,
00:22:14que eu sou quadrinista,
00:22:15esse daqui é do mesmo universo.
00:22:16Aquele lá não tem ilustração,
00:22:18não tem quadrinho,
00:22:19é do seu lado escritor.
00:22:20Tem ilustração,
00:22:21poucas ilustrações,
00:22:22três ilustrações.
00:22:22E aqui é todo ilustrado.
00:22:24Um livro de 400 páginas.
00:22:26Só levanta mais um pouquinho
00:22:27para o pessoal ver.
00:22:27Não, dentro?
00:22:28Isso.
00:22:28Aqui, ó.
00:22:29Que beleza.
00:22:31Que estilo.
00:22:31Que esse é baseado
00:22:32na história do meu vô,
00:22:34mas aí é uma história
00:22:35também fantástica, né?
00:22:36E também dentro
00:22:36desse mesmo universo aqui.
00:22:38Ele se passa,
00:22:39tem referências
00:22:41ao que acontece
00:22:41no quadrinho
00:22:42aqui dentro do livro também.
00:22:43E esse você sonha
00:22:44que vira em série?
00:22:45De streaming?
00:22:45Sim, sim, sim.
00:22:46A ideia é essa.
00:22:47A ideia é essa.
00:22:48Transformar em série.
00:22:49Olha, vem por aí.
00:22:51Não quer falar.
00:22:52É, estou fazendo pouca coisa,
00:22:53vamos fazer mais coisa.
00:22:54Que bom.
00:22:54Aí o stand-up
00:22:56veio depois
00:22:56do portal de humor
00:22:58que você criou,
00:22:58do Canibal.
00:22:59Sim, a ordem é essa, né?
00:23:01A ordem é
00:23:01eu começo como desenhista,
00:23:03trabalho em agência,
00:23:05monto o meu estúdio,
00:23:06trabalho como freelancer,
00:23:07fazendo ilustração
00:23:08para revistas e jornais,
00:23:10começo a fazer tira para folha,
00:23:11quadrinhos.
00:23:11Mas essa ilustração
00:23:12para revistas e jornais
00:23:13não era charge,
00:23:14era algo mais de design.
00:23:17Se vocês forem procurar
00:23:18na internet,
00:23:19por exemplo,
00:23:19a matéria na Playboy
00:23:21sobre a morte do PC Farias,
00:23:23eu ilustrei aquilo lá.
00:23:24Capa da,
00:23:26pôster da placar
00:23:28sobre a melhor seleção
00:23:30de todos os tempos,
00:23:30eu fiz.
00:23:32Super interessante,
00:23:33precisava ilustrar
00:23:34uma matéria
00:23:34sobre supercondutor,
00:23:36sabe essas coisas?
00:23:37Aí depois eu fui para charge
00:23:38e comecei a fazer
00:23:39tira para folha.
00:23:41Depois disso,
00:23:42eu comecei a fazer quadrinhos,
00:23:44ganhei uns prêmios,
00:23:46primeira bienal de quadrinhos e tal.
00:23:49Mandei meu quadrinho
00:23:50lá para os Estados Unidos
00:23:50como amostra,
00:23:52comecei a pegar quadrinhos
00:23:53dos Estados Unidos
00:23:54para fazer aqui no Brasil.
00:23:55Roteiro de inglês,
00:23:57vai fazer X-Men,
00:23:58vai fazer história de ficção e tal.
00:24:01E comecei a fazer cards
00:24:02de Magic the Gathering,
00:24:05capas de RPG,
00:24:07sabe que é RPG?
00:24:08Role Playing Games.
00:24:09Sim, sim.
00:24:09Essas coisas.
00:24:10Então, eu tive toda uma carreira.
00:24:11Eu achava, quando eu era moleque,
00:24:12eu achava que era coisa de nerd.
00:24:13É isso mesmo?
00:24:14É, mas é muito nerd.
00:24:15Eu sempre fui nerd.
00:24:17Aí daí, comecei a fazer...
00:24:18Eu só queria jogar bola,
00:24:19ir para a praia.
00:24:20Eu também jogar bola,
00:24:21nunca parei.
00:24:22Aí, inclusive,
00:24:23todo domingo estou lá,
00:24:24com os velhos lá.
00:24:25Aí, a partir disso, comecei...
00:24:27Vou entrar nessa pelada,
00:24:28fazer uns gols.
00:24:28Vamos?
00:24:29Não, é só chamar.
00:24:30Estou precisando de uma pelada
00:24:30aqui em São Paulo.
00:24:31Você vai curtir.
00:24:32É um monte de...
00:24:32O Carioca é sensual, né?
00:24:33Ele chama futebol de pelada, né?
00:24:36Aqui, os paulistas são...
00:24:37Eles chamam de racha,
00:24:39coisa violenta, né?
00:24:40É, racha.
00:24:41Verdade, cara.
00:24:42Nunca tinha pensado nisso.
00:24:43Então, aí foi quadrinho,
00:24:45foi abrir uma escola,
00:24:47comecei a fazer animação
00:24:48com o Mundo Canibal.
00:24:49Aí, comecei a trabalhar com humor,
00:24:52fui para o palco,
00:24:53fui fazer stand-up.
00:24:54E do stand-up,
00:24:55agora podcast.
00:24:56Mas, só para...
00:24:56Nos Estados Unidos,
00:24:57teve um vínculo com a Marvel?
00:24:58Alguma coisa assim?
00:25:00Você é por obra, né?
00:25:01Você trabalha com encomenda,
00:25:02você faz contrato lá.
00:25:03É job.
00:25:04Você vai fazer essa minissérie,
00:25:06você vai fazer tal coisa.
00:25:07E tem pessoas que são contratadas mesmo
00:25:09e o cara é artista exclusivo.
00:25:11Eu não era artista exclusivo.
00:25:12Mas, vem cá,
00:25:13de ilustração,
00:25:14de quadrinho para stand-up,
00:25:17é uma habilidade completamente diferente, né?
00:25:20Total.
00:25:20Quadrinho, o cara pode ser até
00:25:21um cara recuso, recatado,
00:25:23fica ali dentro de casa,
00:25:25nem precisa falar com ninguém.
00:25:27Mas normalmente é.
00:25:27As pessoas percebem o seu talento,
00:25:29começam a pedir,
00:25:30faz um negócio para cá,
00:25:31faz,
00:25:31daqui a pouco o cara está cobrando e tal.
00:25:32Isso.
00:25:33Mas o cara está lá na dele.
00:25:34Agora, stand-up,
00:25:35o cara tem que pegar o microfone,
00:25:36ir para frente,
00:25:37ser bem desinibido.
00:25:39E, para você,
00:25:39foi natural essa transição?
00:25:40Na verdade,
00:25:43para mim sempre foi um desafio, né?
00:25:47Cada coisa que eu fui fazer.
00:25:49Para mim, o desenho era a coisa mais natural.
00:25:51Agora, me expor no palco,
00:25:53ou me expor esse tipo de coisa,
00:25:55é uma coisa que você treina, né?
00:25:56É uma coisa que não acontece.
00:25:58Eu não era esse cara,
00:25:59desde criança,
00:26:00que fiz teatro
00:26:01ou ia na frente da classe
00:26:04para apresentar trabalho.
00:26:07Eu me transformei nessa pessoa
00:26:09porque eu queria fazer isso.
00:26:11Eu era muito tímido,
00:26:12eu era muito recluso,
00:26:13me sentia muito mal
00:26:14porque eu não conseguia
00:26:15nem chegar numa garota.
00:26:16Estou falando isso muito novo.
00:26:17Chegar numa garota para falar oi.
00:26:19E aí, quando eu decidi,
00:26:20eu lembro que foi na oitava série
00:26:21que eu decidi
00:26:21que não ia ser mais essa pessoa,
00:26:23eu, depois de um tempo,
00:26:24era o cara que a molecada falava,
00:26:26os caras falavam,
00:26:26vai lá.
00:26:27Eu ia num grupo de garotas,
00:26:29eu puxava papo
00:26:29e chamava outros caras.
00:26:31Mas não porque eu era o cara,
00:26:32é porque eu me propus
00:26:33a ir vencendo meus medos.
00:26:35E daí,
00:26:36ir para o palco,
00:26:36ir para a frente da sala de aula
00:26:38apresentar trabalho,
00:26:39daí fazer teatro,
00:26:42daí fazer stand-up.
00:26:44E aí foi uma coisa
00:26:45que foi um desafio
00:26:46que a gente teve que fazer.
00:26:47Minha origem é de timidez,
00:26:48garoto tímido e tal.
00:26:50Mas tem uma frase ótima
00:26:51da avó de um amigo meu
00:26:52que é,
00:26:53timidez depois dos 14 anos
00:26:54é falta de educação.
00:26:57Então assim,
00:26:57você é tímido,
00:26:58não interessa,
00:26:59vai ter que lidar com isso.
00:27:01Porque tem gente assim
00:27:01que usa de muleta
00:27:02certa característica.
00:27:03Ah, eu sou assim.
00:27:04Ah, eu sou taurino.
00:27:05Ah, eu sou não sei o que.
00:27:07Você faz uma coisa errada,
00:27:08alguém reclama de você.
00:27:10Ah, eu sou assim.
00:27:11Eu sou time.
00:27:12Ah, você precisa
00:27:13fazer algum trabalho e tal.
00:27:15O chefe está cobrando,
00:27:15não sei o que.
00:27:16Ah, mas eu sou time.
00:27:17Bom, aí você não vence,
00:27:19você não sai do lugar.
00:27:20Então,
00:27:21esse desafio,
00:27:21esse comprometimento
00:27:22com a superação do medo
00:27:23é muito importante até
00:27:24para ser esse multitarefa,
00:27:27multiartista.
00:27:28É.
00:27:29Foi uma coisa
00:27:30que eu agradeço muito
00:27:31ter começado lá atrás.
00:27:32assim de...
00:27:33É aquela exposição
00:27:34ao que você tem medo, né?
00:27:35Você vai devagar,
00:27:36vai aumentando
00:27:37e até você chega
00:27:38a fazer um show
00:27:40na Praça da Sé
00:27:40com sei lá quantas pessoas.
00:27:42Tinha 40 mil,
00:27:4380 mil pessoas.
00:27:44Que beleza.
00:27:44É uma coisa
00:27:45que você vai vencendo aos poucos.
00:27:46Você não sai
00:27:46de um dia para o outro
00:27:47e fala,
00:27:47vou no palco
00:27:48contar umas piadas.
00:27:49Não é assim.
00:27:50Mas o seu quadrinho
00:27:50já tinha humor?
00:27:51Porque tem esse elemento comum, né?
00:27:53Não.
00:27:53É que assim,
00:27:54o meu quadrinho
00:27:55que eu fazia encomendado
00:27:57era o que aparecia.
00:27:59Sex Bens,
00:28:00é uma história de ficção.
00:28:01Quando eu comecei a fazer
00:28:02quadrinho autoral,
00:28:03eu comecei a fazer
00:28:04quadrinho sério.
00:28:05E paralelamente a isso,
00:28:06eu fazia a tira
00:28:07que era o humor.
00:28:09Como a tira eu gostei
00:28:11e chamava
00:28:11Canibites,
00:28:14que era uma tribo
00:28:14de canibais
00:28:15que moravam na...
00:28:16A tribo era na Amazônia,
00:28:18caia produtos
00:28:18da Zona Franca de Manaus,
00:28:20então os caras tinham
00:28:20fone de micro-ondas.
00:28:22Em vez daquele negócio
00:28:22na boca
00:28:23era um disco
00:28:25discman.
00:28:26Então tinha essas piadas.
00:28:27Daí eu criei
00:28:28o Mundo Canibal,
00:28:28que era o humor,
00:28:29mas era a animação.
00:28:30E como eu comecei
00:28:31a trabalhar muito
00:28:32com humor,
00:28:33foi meio natural
00:28:33eu ir para o palco
00:28:34com humor.
00:28:35Mas o humor não era
00:28:36lá no começo
00:28:37uma intenção minha sempre.
00:28:39Meus livros
00:28:39são mais sérios
00:28:40do que para humor,
00:28:41entendeu?
00:28:41E animação assim,
00:28:43vídeo mesmo,
00:28:44você chegou a fazer
00:28:45como o André Guedes
00:28:45faz no YouTube?
00:28:46Então,
00:28:46o Mundo Canibal.
00:28:47O Mundo Canibal.
00:28:48Lembra disso?
00:28:48A Baira de Pau?
00:28:50É,
00:28:50eu não tenho
00:28:51esse conhecimento
00:28:52profundo
00:28:53do Mundo Canibal.
00:28:54Toma-lhe,
00:28:55eu acompanhei você
00:28:56mais depois.
00:28:57É,
00:28:58cara,
00:28:58fiz um sucesso absurdo
00:28:59no início dos anos 2000,
00:29:01assim,
00:29:01era meme,
00:29:01cara,
00:29:02era,
00:29:02foi um site,
00:29:04depois um canal
00:29:05enorme,
00:29:06assim,
00:29:07Partoba e tal,
00:29:08então foi,
00:29:09foi minha estreia,
00:29:10assim,
00:29:11em humor desse,
00:29:12esse humor mais
00:29:13politicamente incorreto e tal,
00:29:14que na época era,
00:29:15era super valorizado.
00:29:17Hoje em dia,
00:29:18rende uma pena de prisão.
00:29:19Então,
00:29:19aproveitando esse gancho
00:29:20que você falou da prisão,
00:29:22a gente teve o caso
00:29:22da condenação do Léo Lins
00:29:24aí a oito anos de prisão,
00:29:25em primeira instância,
00:29:26e você estava falando
00:29:29agora há pouco do stand-up,
00:29:30eu já ia começar
00:29:30a desenvolver aqui
00:29:31essa nossa conversa
00:29:32sobre como era
00:29:34o seu stand-up.
00:29:35Uma das discussões,
00:29:36no caso do Léo Lins,
00:29:38é,
00:29:38é um personagem
00:29:39ou é a pessoa?
00:29:40E aí eu pergunto,
00:29:41enfim,
00:29:41não sei se você se posicionou,
00:29:42se você quer se posicionar
00:29:43sobre a prisão,
00:29:44mas no seu stand-up comedy,
00:29:46era 100% você
00:29:48ou tinha?
00:29:49É uma fantasia ali,
00:29:51tinha uma coisa
00:29:52que às vezes você fala
00:29:52na primeira pessoa,
00:29:53mas que não necessariamente
00:29:54aconteceu com você,
00:29:55não necessariamente
00:29:56é o que você pensa.
00:29:57não, não.
00:29:58Cara,
00:29:58o pessoal tem que esquecer
00:30:00essa coisa de é você no palco.
00:30:01Tem uma coisa que não é
00:30:02nem personagem
00:30:03e nem a pessoa física,
00:30:04que é a persona.
00:30:05Exato.
00:30:06Persona é.
00:30:08Normalmente,
00:30:09ela é o oposto
00:30:10do que você é
00:30:10ou é uma parte
00:30:11do que você é.
00:30:13Então,
00:30:14você vai ver
00:30:14muito comediante
00:30:15que é o arrogante.
00:30:17É o cara que fala
00:30:17eu sou mesmo.
00:30:18eu não sei o que.
00:30:19Tem o cara que é
00:30:20o cara que não entende nada.
00:30:21Pô, eu não entendo, né?
00:30:22Por que que mulher faz isso?
00:30:24É o cara que tá perdido.
00:30:26Então,
00:30:26você tem uma persona no palco.
00:30:27Você não é aquele cara idiota
00:30:28que não entende nada.
00:30:30Você só usa essa persona
00:30:31pra colocar um cara
00:30:32meio bobão
00:30:33e a partir daí
00:30:34fazer as perguntas
00:30:35mais óbvias.
00:30:36Eu,
00:30:36quando era
00:30:37no passado,
00:30:39quando eu comecei
00:30:39a fazer stand-up,
00:30:40eu não era casado,
00:30:41eu era solteiro.
00:30:42Então,
00:30:42eu tinha uma persona
00:30:43um pouco mais de falar
00:30:44sobre sexo,
00:30:46sobre balada,
00:30:47sobre não sei o que
00:30:47e tal,
00:30:48que não era eu.
00:30:49Eu tenho uma piada
00:30:50que é assim.
00:30:51É um saco
00:30:52esse negócio
00:30:53de minha sogra
00:30:54que ela vem em casa
00:30:55e fica quatro meses
00:30:56morando e,
00:30:57pô,
00:30:57perde toda a intimidade
00:30:59do casal.
00:30:59A noite você quer transar,
00:31:00tem que transar baixinho
00:31:01pra não acordar a minha mulher.
00:31:02Aí o cara escuta isso
00:31:03e fala,
00:31:03nossa,
00:31:04ele transa com a sogra.
00:31:05Claro que não.
00:31:06É só pra te fazer rir.
00:31:08É só pra ter uma...
00:31:09Você vai pra um caminho
00:31:10e vai pro outro.
00:31:10O que você faz no palco
00:31:12só tem uma função,
00:31:13fazer o outro rir.
00:31:14Se você vai usar hipérbole,
00:31:16se você vai usar...
00:31:17Você vai colocar uma expectativa
00:31:19e vai pro outro lado.
00:31:20Se você vai usar
00:31:21como o Léo Lins,
00:31:22que é...
00:31:23Ele faz um show
00:31:24do mais pesado possível.
00:31:26Você vai lá,
00:31:27você fica,
00:31:27meu,
00:31:27ele vai falar isso mesmo?
00:31:28E aquele constrangimento
00:31:30gera um riso nervoso
00:31:31porque essa é aquela função
00:31:33e ele é o oposto disso,
00:31:35fora dos palcos,
00:31:36em declarações
00:31:36e a pessoa dele,
00:31:37quando você conhece,
00:31:38quando ele fala,
00:31:39em qualquer entrevista,
00:31:40você vê que ele não
00:31:40pensa como aquilo.
00:31:42Então as pessoas
00:31:43tentam imputar
00:31:45como se aquilo fosse ele.
00:31:46Ele tem um figurino diferente,
00:31:48ele vende como show
00:31:49de humor ácido
00:31:50e vai no palco,
00:31:52fala aqueles absurdos
00:31:52e é óbvio
00:31:53que aquilo
00:31:53só tem uma função.
00:31:54e quando um americano
00:31:56faz isso,
00:31:56como o Jesel Nick,
00:31:57como o Luiz Siquei e tal,
00:31:59o pessoal aqui aplaude,
00:32:00entendeu?
00:32:01Porque claramente
00:32:02aquilo lá
00:32:02é uma forma
00:32:04do cara
00:32:05colocar um personagem,
00:32:07uma persona
00:32:08no palco,
00:32:08não é aquela pessoa,
00:32:09entendeu?
00:32:10Você falou isso
00:32:11de ser solteiro
00:32:12e fazer a piada
00:32:13mais com balada
00:32:14e tal,
00:32:14eu brincava disso
00:32:15com o Renato Albani
00:32:16quando ele ia casar
00:32:17e tal,
00:32:17ele casou,
00:32:18vai ter que mudar, né?
00:32:19Você vai contar o quê?
00:32:20Porque era só isso, né?
00:32:21Ele participou aqui do podcast,
00:32:22provoquei ele.
00:32:23O que ele falou?
00:32:24Ele falou que mudou também
00:32:24o texto?
00:32:25É, ele falou,
00:32:26não, mas eu sempre no fundo,
00:32:27o elemento comum,
00:32:29acho que foi isso
00:32:29que ele quis dizer,
00:32:30é que eu sempre estava
00:32:31contando histórias minhas,
00:32:32mas não, assim,
00:32:34não é dele,
00:32:35é exatamente como você falou,
00:32:36é dentro do quadro
00:32:37da persona,
00:32:37mas coisas que acontecem
00:32:38com ele,
00:32:38que aí ele vai inventando
00:32:39em cima,
00:32:39vai colocando toda
00:32:41uma narração,
00:32:42então, assim,
00:32:42no fundo você tem
00:32:43uma continuidade,
00:32:44mas é claro que pode
00:32:45mudar o tema, né?
00:32:46Então você está vivendo
00:32:47mais uma coisa,
00:32:47aquilo está aparecendo
00:32:48mais no seu show,
00:32:50você está vivendo mais outra,
00:32:51mas é como se,
00:32:52aquele mecanismo
00:32:54do humorista
00:32:54para captar as coisas,
00:32:55ele continua
00:32:56em todas as fases da vida.
00:32:57Pois é, pois é,
00:32:58você está casado
00:32:59ou você tem um tipo
00:33:00de visão?
00:33:01Você está solteiro
00:33:01ou tem outro tipo
00:33:02de visão?
00:33:02E outra,
00:33:03tem personagem
00:33:04que faz exatamente
00:33:05ou tenta colocar
00:33:07mais opinião dele,
00:33:09entendeu?
00:33:09Mas mesmo assim,
00:33:10mesmo esse pessoal
00:33:12que bate no peito
00:33:14falando,
00:33:14a piada não é só piada,
00:33:16piada é opinião,
00:33:17mesmo ele,
00:33:17você pode recordar
00:33:18um monte de piada
00:33:18e falar,
00:33:19ah, você pensa isso mesmo?
00:33:20Ah, não, não,
00:33:21aí eu estou usando ironia,
00:33:22estou usando o hipérbole,
00:33:23então pronto.
00:33:24Se você vai fazer
00:33:25um TED Talk,
00:33:27aí eu vou entender
00:33:28que aquilo é o que você pensa.
00:33:30Se você vai no show de humor,
00:33:31é outra coisa.
00:33:32É, não é uma palestra.
00:33:33É, não é uma palestra,
00:33:34o pessoal está tratando
00:33:35o comediante
00:33:37como se fosse um palestrante
00:33:38e trata político
00:33:39quando fala sério
00:33:40como se fosse piada.
00:33:41Então está totalmente invertido.
00:33:43O cara contando piada,
00:33:45ah, você quis dizer isso?
00:33:46Tem um comediante americano
00:33:47que fala isso assim,
00:33:48engraçado,
00:33:49ninguém chega para os MCs do rap
00:33:52e fala para ele,
00:33:53você quis dizer aquilo mesmo
00:33:55na letra?
00:33:55Ou o cara quando está cantando
00:33:56fala assim,
00:33:57é, tem que estar tirado,
00:33:58tem que ser,
00:33:59mas eu não quis dizer isso,
00:34:00e continua cantando.
00:34:01É óbvio que aquilo,
00:34:02ele está narrando
00:34:03uma situação
00:34:05ou está sendo cronista
00:34:06do tempo dele,
00:34:07entendeu?
00:34:08E ali ele quer
00:34:10deixar você,
00:34:12levar para você
00:34:13para algum lugar.
00:34:14Assim é a piada.
00:34:15a gente está levando
00:34:16para um lado lúdico,
00:34:17entendeu?
00:34:18Se a gente está,
00:34:18pô, tem piada que eu flutuo,
00:34:20tem piada que no final
00:34:22minha mãe é,
00:34:23é,
00:34:24é não sei o que,
00:34:25então assim,
00:34:26tem essa,
00:34:26essa liberdade poética
00:34:27de às vezes você
00:34:28fala, tá,
00:34:30é isso,
00:34:31eu odeio velho
00:34:33num banco,
00:34:33os caras ficam naquela fila,
00:34:35velho tem que morrer.
00:34:36Pica,
00:34:36peraí,
00:34:37isso aí não pode falar
00:34:38na rede,
00:34:38cadeia.
00:34:39Está vendo?
00:34:40Odeio velho mesmo.
00:34:41Só um exemplo.
00:34:42Dando um exemplo.
00:34:43Mas aí,
00:34:44eu,
00:34:44eu,
00:34:45para mostrar
00:34:46que eu estou puto,
00:34:47eu mostro
00:34:47um exagero,
00:34:49entendeu?
00:34:50Claro.
00:34:50Velho tem que morrer,
00:34:51velho tem que acabar.
00:34:53Isso,
00:34:53para depois,
00:34:53é um absurdo,
00:34:54é um absurdo.
00:34:55É o punch da piada.
00:34:55É o punch,
00:34:56que aí eu preparo,
00:34:57olha o que o cara está falando,
00:34:58porque não sei o que,
00:34:59não sei o que,
00:35:00e aí eu vou para a piada,
00:35:01vou para outro lugar,
00:35:02entendeu?
00:35:02Então você prepara isso,
00:35:03ou não,
00:35:04você fala muito bem de velho,
00:35:05pô,
00:35:05eu adoro velhos,
00:35:07os velhos são não sei o que e tal,
00:35:08e no final,
00:35:09eu falo uma coisa
00:35:10totalmente absurda.
00:35:12Exato.
00:35:12Tem uma coisa que eu sempre falo
00:35:13quando tem algum convidado lá.
00:35:15É o choque,
00:35:16o contraste repentino
00:35:17que gera aquela risada.
00:35:19Isso que as pessoas,
00:35:21já teve convidado
00:35:22que foi no meu programa,
00:35:22e falaram,
00:35:23pô,
00:35:23você é escorpiano,
00:35:24não sei o que,
00:35:24e falaram,
00:35:25acho ridículo,
00:35:26esse negócio de gente
00:35:26que acredita em signo,
00:35:28acho ridículo,
00:35:29acho uma coisa,
00:35:30a pior coisa que pode ser
00:35:31do ser humano.
00:35:32Isso é você que está falando,
00:35:32ou quem está falando?
00:35:33Então,
00:35:33mas aí vem o final,
00:35:35aí vem a inversão.
00:35:36Eu falo,
00:35:36acho ridículo isso,
00:35:37acho absurdo que incrível,
00:35:38mas isso é coisa de escorpiano,
00:35:39tá?
00:35:39Não esquenta não.
00:35:41Quer dizer,
00:35:42para ter essa piada,
00:35:43eu tenho que falar
00:35:44que eu odeio,
00:35:45que acho absurdo,
00:35:46não sei o que,
00:35:46e depois o que eu faço?
00:35:47Eu uso o argumento
00:35:48de gente que acredita
00:35:50em um horóscopo
00:35:51para avalizar
00:35:53o que eu estou falando,
00:35:54ou seja,
00:35:55a pessoa fala,
00:35:55ué,
00:35:56ele meteu o pau no horóscopo
00:35:57e depois ele usa
00:35:58que ele é escorpiano.
00:35:59Claro,
00:35:59é isso.
00:36:00Essa confusão
00:36:01que é o engraçado.
00:36:02Quando as pessoas
00:36:02vieram me perguntar o signo,
00:36:03eu só comecei a acreditar nisso
00:36:05quando eu estava sentado
00:36:05ali no Parque do Povo,
00:36:07um dos raios momentos
00:36:08que eu pude sentar ali
00:36:10e descansar.
00:36:12E aí veio um pai
00:36:12correndo atrás
00:36:13de uma criancinha
00:36:14e a criancinha
00:36:14correndo em direção
00:36:15ao piquenique
00:36:16de uma família,
00:36:17de uma outra família
00:36:17que o pai não conhecia.
00:36:19Aí a criancinha foi
00:36:20e entrou em cima
00:36:21da toalha,
00:36:22pegou um pacotão
00:36:24de biscoito,
00:36:24aqueles biscoitos polvilhos,
00:36:26meteu a mão dentro
00:36:27e botou na boca.
00:36:28Aí tinham
00:36:29umas cinco pessoas
00:36:30daquela família,
00:36:31a mulher virou para o pai,
00:36:32o pai veio atrás
00:36:33e disse,
00:36:33desculpa,
00:36:34desculpa,
00:36:34meu filho,
00:36:34e a mulher virou assim,
00:36:35taurino,
00:36:36né?
00:36:37E aí o pai falou,
00:36:38é,
00:36:38eu falei,
00:36:39caramba,
00:36:39e eu sou taurino,
00:36:41a gente é tudo puloso.
00:36:42Eu que sou escorpião,
00:36:43estou lá escorpião,
00:36:44né?
00:36:44Ah, tá,
00:36:45então tá bom.
00:36:46Aliás,
00:36:46eu falei desse mecanismo
00:36:47do humor,
00:36:47me lembrou também
00:36:48a participação aqui
00:36:49do Fábio Rabin,
00:36:50porque a esposa dele
00:36:51teve câncer,
00:36:52olha só que legal,
00:36:54a esposa dele teve câncer
00:36:56e eu perguntei para ele
00:36:57como é que ficava
00:36:59a vontade dele
00:37:01de fazer piada
00:37:01naquele momento,
00:37:02se ele consegue fazer piada
00:37:04agora que passou
00:37:05ou se conseguia na hora,
00:37:07e ele deu uma resposta
00:37:07interessante,
00:37:08ele falou assim,
00:37:08cara,
00:37:09as piadas vinham na minha cabeça
00:37:11porque é automático,
00:37:12eu já penso na vida
00:37:14com esse piadinho,
00:37:15você tem um olhar,
00:37:15o que eu tiraria de piada
00:37:17dessa situação,
00:37:18ele até falou,
00:37:19ah,
00:37:19você é jornalista também,
00:37:20é,
00:37:20a gente vive e pensa
00:37:21qual seria a manchete,
00:37:23que ponto que eu iria
00:37:24abordar em relação
00:37:26a esse assunto.
00:37:27Pois é.
00:37:28Mas você gosta,
00:37:31você continua fazendo stand-up,
00:37:33você tem um tema
00:37:36que você gosta
00:37:36de tratar mais no palco?
00:37:38Eu parei de fazer stand-up
00:37:39por causa do stand-up,
00:37:40por causa do podcast.
00:37:41Você tem uma empresa,
00:37:42um podcast super bem sucedido.
00:37:44Mas eu sinto falta,
00:37:44eu sinto falta.
00:37:45Eu cheguei a voltar
00:37:46a fazer stand-up
00:37:47quando voltou da pandemia
00:37:49mas aí eu percebi
00:37:51que minha vida
00:37:52ia ser só trabalhar
00:37:54porque segunda a sexta
00:37:55eu trabalho no podcast,
00:37:56eu só tinha sábado e domingo
00:37:57para fazer show,
00:37:58normalmente fora de São Paulo.
00:37:59Então eu ia ficar
00:38:00sem nenhum dia
00:38:02para descansar.
00:38:03Então eu,
00:38:04eu falo,
00:38:04e eu estava sem tempo
00:38:05de escrever também
00:38:06porque eu não quero fazer
00:38:07sempre as minhas piadas.
00:38:09Entendeu?
00:38:09e você falou de tema,
00:38:11o tema varia,
00:38:12é o que eu estou vivendo
00:38:13no momento.
00:38:14Hoje,
00:38:14se eu fosse voltar
00:38:16e eu vou voltar daqui
00:38:17uns dois, três anos
00:38:18a fazer stand-up,
00:38:18mas se hoje eu fosse voltar
00:38:20a fazer stand-up,
00:38:21com certeza eu ia falar
00:38:22do que acontece no podcast,
00:38:24do que acontece
00:38:24nas redes sociais,
00:38:26de como é
00:38:27essa vida
00:38:28desse negócio,
00:38:29de eu estou lá
00:38:30brincando com meu filho,
00:38:31almoçando,
00:38:32aí chegou o convidado,
00:38:33eu desço
00:38:33e de repente está um cara
00:38:34falando sobre,
00:38:35sei lá,
00:38:36buraco negro,
00:38:37astronomia,
00:38:38no outro dia está
00:38:38André Surak,
00:38:39no outro dia está
00:38:40um pastor,
00:38:41no outro dia está
00:38:42e essa maluquice que é,
00:38:43outro dia está um cara
00:38:44falando que está vendo
00:38:45espíritos naquele ambiente
00:38:47e eu estou com encosto,
00:38:49essas coisas.
00:38:49A gente tem que virar
00:38:50uma chave,
00:38:51a gente brinca disso aqui,
00:38:53porque eu estou aqui
00:38:54conversando com você,
00:38:55um papém mais agradável
00:38:57e tal,
00:38:57daqui a pouco eu vou sair daqui
00:38:58e vou ver lá
00:38:59o que está Lula,
00:39:00Bolsonaro,
00:39:01Supremo Tribunal Federal,
00:39:03às vezes vem um convidado
00:39:04internacional,
00:39:05aí você tem que
00:39:06falar outra linha,
00:39:07é um monte de chavinha
00:39:08que você tem que virar rápido
00:39:09com o mundo virtual ainda
00:39:11enquanto tem um monte
00:39:12de militante atacando você
00:39:13na internet.
00:39:14Eu preciso ainda,
00:39:15estava pedindo dica
00:39:16tua aqui antes,
00:39:19como conviver com esse inferno,
00:39:20cara,
00:39:20porque eu ainda
00:39:21ainda fico brigando
00:39:24muito lá
00:39:24e eu quero sair disso,
00:39:26eu não tenho saúde para isso.
00:39:27Eu estava falando
00:39:27para o Vilela
00:39:28que não dá para reagir
00:39:28com o fígado,
00:39:30porque,
00:39:31só refletindo um pouquinho,
00:39:32aproveitando o nosso tempo,
00:39:33eles mentem a respeito
00:39:36do nosso trabalho,
00:39:37acusam você
00:39:38de coisas que você nunca fez
00:39:39e de ter uma posição
00:39:42que você nunca teve,
00:39:43às vezes é exatamente
00:39:44o contrário.
00:39:45Diz mais sobre eles
00:39:46do que sobre você.
00:39:47Ele tem aquilo,
00:39:48ele acha que você é do mesmo jeito.
00:39:50Por exemplo,
00:39:50uma coisa que eu
00:39:51vejo muito escrita,
00:39:55você só pode ter
00:39:56ganho dinheiro
00:39:57para trazer essa pessoa.
00:39:58quando é um princípio meu
00:40:00não receber.
00:40:03Muita gente se oferece,
00:40:04é muito político,
00:40:05quer pagar para ir lá,
00:40:06muito empresário,
00:40:06a gente não vem de pauta.
00:40:08Que bom,
00:40:09que bom.
00:40:09Mas aí a pessoa,
00:40:10como ela aceitaria,
00:40:12eu aceitaria,
00:40:12se eu estivesse na posição dele,
00:40:13ele acha que você é igual,
00:40:14então ele te acusa
00:40:15do que ele faria.
00:40:17Exatamente.
00:40:17Porque se passa
00:40:18pela cabeça dele
00:40:19aceitar dinheiro
00:40:20para entrevistar uma pessoa,
00:40:21é porque ele aceitaria.
00:40:23Exatamente.
00:40:23Uma das narrativas
00:40:25de militância
00:40:26de rede social,
00:40:26não vou nem falar
00:40:27ao lado aqui
00:40:27para não politizar,
00:40:28é que a gente
00:40:29está apontando
00:40:30um elemento negativo
00:40:31e às vezes é uma informação,
00:40:32só que é informação
00:40:33que pega mal para o político.
00:40:34Às vezes não é nem a crítica,
00:40:35é a simples informação,
00:40:37verdadeira,
00:40:37verificável,
00:40:38mas ele não queria
00:40:38que você divulgasse.
00:40:40E ele fala,
00:40:40você só está falando isso
00:40:42porque você não aceitou
00:40:42um carguinho no governo.
00:40:44Não,
00:40:44não é porque você não aceitou,
00:40:46você só está falando isso
00:40:47porque não te deram,
00:40:48não ofereceram o carguinho
00:40:50no governo.
00:40:51Por que que é isso?
00:40:51É uma gente até
00:40:52sem noção de mercado.
00:40:53Pois é,
00:40:53porque no governo
00:40:54a gente ganha menos
00:40:55do que na iniciativa privada
00:40:57nos postos que a gente tem.
00:40:58Então nem financeiramente,
00:41:00fora,
00:41:01é uma questão
00:41:01que nunca foi meu objetivo,
00:41:03é ter um carguinho,
00:41:05uma boquinha no governo.
00:41:05Mas o que?
00:41:06Essa pessoa aceitaria.
00:41:07Mas essa pessoa aceitaria,
00:41:08o sonho da vida dela,
00:41:09ela acha que isso é o máximo,
00:41:11ela acha que inclusive
00:41:11você fica super bem
00:41:14para sempre e tal.
00:41:15Claro que enfim,
00:41:15tem uns políticos que roubam,
00:41:16tem uns políticos que abusam
00:41:18ali do poder,
00:41:19mas não tem nenhuma base
00:41:21para falar aquilo.
00:41:23Então eles apontam
00:41:24um monte de coisa.
00:41:25E aí se você reage individualmente,
00:41:27você dá palanque para o cara.
00:41:28Pois é.
00:41:29E o problema,
00:41:31talvez,
00:41:31é que tem massa de manobra,
00:41:33tem muita gente
00:41:33com pouca capacidade cognitiva
00:41:35que elas vão acreditando
00:41:37nessas narrativas.
00:41:38Então a militância,
00:41:39ela usa realmente
00:41:40a desinformação,
00:41:41a mentira
00:41:42para fazer algumas pessoas
00:41:43acreditarem.
00:41:44E a gente tem que ir
00:41:45pelo nosso trabalho,
00:41:47mostrando determinadas mentiras,
00:41:49mas sem dar palanque
00:41:50individual para cada um.
00:41:51Eu queria entender
00:41:52quando foi que a palavra isento
00:41:54virou um xingamento.
00:41:56Porque isento
00:41:56deveria ser um elogio,
00:41:57você não está contaminado
00:41:59com alguma coisa,
00:42:00então você é isento
00:42:01para falar sobre alguma coisa.
00:42:03Mas a pessoa fala,
00:42:04não, você é isentão,
00:42:05você é isento.
00:42:06Porque ela está impregnada
00:42:08tanto com aquele político
00:42:09que ela ama
00:42:09que ela não consegue ser isenta.
00:42:11Ela só vê as coisas
00:42:12através daquele viés,
00:42:13daquele espectro.
00:42:15E aí fala,
00:42:15vou ser isentão.
00:42:16Sou.
00:42:17Eu tento ser isento,
00:42:18pelo menos.
00:42:19O que é impossível.
00:42:20É o nós contra eles.
00:42:21Aquela pessoa quer
00:42:22que você esteja do lado dela.
00:42:24E tem uma burrice envolvida
00:42:25que é o fato de que
00:42:27há pessoas independentes,
00:42:30há pessoas moderadas.
00:42:31As pesquisas estão mostrando
00:42:32que os isentões,
00:42:33seja isentão mais à direita,
00:42:35seja no meio,
00:42:35sem posicionamento,
00:42:36seja à esquerda,
00:42:37são maioria na sociedade.
00:42:38Então você tem bolsonaristas
00:42:39e lulistas aqui
00:42:40como minoria,
00:42:41só que elas são minorias
00:42:42muito barulhentas.
00:42:43É, a leitura que eu tenho
00:42:45depois dessas duas eleições
00:42:46que a gente participou
00:42:47com debates e tudo mais,
00:42:49é que inclusive
00:42:50os moderados
00:42:51é que decidem o segundo turno.
00:42:52Exato.
00:42:52Primeiro turno.
00:42:53Eu falei isso lá
00:42:54no seu podcast
00:42:56quando você me entrevistou
00:42:58entre o primeiro e o segundo turno
00:43:01da eleição de 2022,
00:43:02eu acho.
00:43:02É?
00:43:03Eu acho que foi em 2022.
00:43:05É, acho que foi em 2022.
00:43:05Então você sente isso também?
00:43:07Sim.
00:43:07No primeiro turno,
00:43:08esses que gritam mais
00:43:10levam seus candidatos
00:43:11lá aqui em cima,
00:43:12tem votações mais altas
00:43:13e os moderados
00:43:14ficam divididos em vários,
00:43:16mas o segundo turno
00:43:17mantém,
00:43:18ninguém vai tirar do outro.
00:43:19O segundo turno.
00:43:20Quem gosta desse cara
00:43:21e odeia o outro
00:43:22não vai mudar.
00:43:22Os moderados é que vão escolher
00:43:24quem vai ser.
00:43:24E aí eles ficam desesperados
00:43:26para atingir o nosso público
00:43:27porque eles atacaram
00:43:28durante quatro anos.
00:43:29Pois é.
00:43:30Eu te chamei de fascista,
00:43:31mas vamos conversar.
00:43:32Eu te chamei de comunista,
00:43:33mas vamos conversar.
00:43:34É hora da união,
00:43:35é hora da união.
00:43:36Não, e o que é curioso
00:43:41é que eu sou jornalista,
00:43:43você tem um histórico
00:43:44como humorista,
00:43:45embora você tenha
00:43:45muitas funções,
00:43:47mas o stand-up
00:43:47é associado ao humor,
00:43:49assim como o quadrinho.
00:43:51E essas pessoas,
00:43:51elas têm que ser.
00:43:53é um pressuposto praticamente
00:43:56do ofício bem exercido
00:43:59à isenção,
00:44:00à independência.
00:44:02E, no entanto,
00:44:02essas pessoas ficam falando
00:44:03como se fosse um mega defeito.
00:44:05Pois é.
00:44:06É.
00:44:06Então, você...
00:44:07Ah, é isentão,
00:44:08esse jornalismo falido,
00:44:10essa coisa.
00:44:12O Jô Soares,
00:44:13ele defendia até
00:44:15uma certa anarquia.
00:44:16É.
00:44:16Ele tem várias entrevistas boas
00:44:18falando disso,
00:44:19o humorista tem que falar
00:44:20de todo mundo,
00:44:21tem que brincar com todo mundo.
00:44:23Pois é,
00:44:23o Jô Soares já sofreu isso
00:44:24naquela época.
00:44:25Exatamente.
00:44:26Como você traz a Dilma,
00:44:27como você traz o presidente.
00:44:28Pô, é o presidente, cara.
00:44:30Você está dando palco
00:44:32para o Bolsonaro,
00:44:32eu estou dando palco?
00:44:34O cara é presidente,
00:44:35é candidato à reeleição
00:44:36e eu estou dando palco.
00:44:38Como você traz o Haddad,
00:44:39como você traz o Lula,
00:44:40como você traz o...
00:44:41Cara, eu não preciso dar palco.
00:44:42Ele já tem o palco dele.
00:44:43Entendeu?
00:44:44Agora, assim,
00:44:45você até falou
00:44:45do episódio do cara
00:44:47da Coreia do Norte,
00:44:48eu sei que tem outro
00:44:49bem anti-Israel
00:44:50para não dizer outra coisa.
00:44:52Então, assim,
00:44:53às vezes rola uma dúvida,
00:44:56né, de convidar pessoas
00:44:58que têm posições
00:45:00que estão ali na fronteira
00:45:02ou já até cruzaram
00:45:04a linha do crime,
00:45:06já foram alvo de condenação
00:45:07e tal.
00:45:07Quando é assim,
00:45:08eu faço gravado, cara.
00:45:09Faz gravado por precaução.
00:45:11Eu faço por precaução
00:45:11porque eu até explico
00:45:13para a pessoa.
00:45:13Eu fiz uns quatro programas assim.
00:45:17Principalmente quando era
00:45:17a primeira vez
00:45:18que a pessoa estava indo,
00:45:19eu falei, cara,
00:45:19eu vou te falar uma coisa.
00:45:21Você falou isso, isso, isso.
00:45:22Ah, não, mas foi...
00:45:23Tudo bem.
00:45:23Pode ter sido mal interpretado
00:45:24e tal, mas você não pode
00:45:26defender isso aqui
00:45:27no meu programa,
00:45:28senão eu vou te contrapor.
00:45:29Não, fica tranquilo.
00:45:30Eu fiz gravado,
00:45:31não teve problema,
00:45:32coloquei para o ar.
00:45:32Ou convidado que fala
00:45:35uns absurdos,
00:45:35falou dois ou três absurdos,
00:45:37falei, cara,
00:45:37vou ter que cortar isso.
00:45:39Zofilia não.
00:45:39Zofilia não.
00:45:42Aí você corta
00:45:43e vai para o ar.
00:45:43Mas você não chama mais também, né?
00:45:45É, aí é complicado.
00:45:46E aí eu tenho feito isso,
00:45:47eu tenho essa sensualidade,
00:45:48é claro que às vezes
00:45:49eu posso errar,
00:45:50mas quando é uma coisa
00:45:51problemática,
00:45:52eu faço gravado.
00:45:52Claro, porque você já é atacado,
00:45:54você tem um debate
00:45:55e você não intervém.
00:45:56Imagina se a pessoa fala ali
00:45:58realmente algo criminoso
00:45:59e você fica quieto e tal,
00:46:01aí você...
00:46:02Você acaba levando a culpa
00:46:03por aquilo que ele falou.
00:46:04É, eu não levaria a culpa
00:46:05porque eu teria que ser
00:46:06grosseiro com a pessoa,
00:46:07eu teria que falar
00:46:07que aquilo está errado e tal
00:46:08e eu não quero fazer esse papel,
00:46:10porque é muito chato
00:46:12você ser o professor oral
00:46:13ou ter que falar,
00:46:14cara, isso é um absurdo,
00:46:15não sei o quê,
00:46:15como você fala um negócio
00:46:16desse, isso é criminoso.
00:46:17Então eu prefiro fazer gravado
00:46:18do que ter esse papel.
00:46:20Não aconteceu ainda
00:46:21de eu ter que fazer isso,
00:46:22só aconteceu em debate
00:46:22de alguém se exaltar muito
00:46:24e falar, cara,
00:46:25você já estourou seu tempo,
00:46:26não sei o quê,
00:46:26ah, não sei o quê,
00:46:27você acalma, não sei o quê
00:46:28e ter que dar bronca do cara.
00:46:31Mas é um debate
00:46:32e ele estava estourando
00:46:33o tempo do outro, entendeu?
00:46:34E todo mundo concorda contigo,
00:46:36fala, não, ainda bem,
00:46:37você tem que falar
00:46:37porque o cara estava
00:46:38atrapalhando o debate e tal.
00:46:39Vamos falar rapidamente
00:46:40sobre os seus ídolos,
00:46:42as suas referências
00:46:43nessas diversas atividades
00:46:44que você tem.
00:46:45Nossa!
00:46:46Quadrinho, stand-up, livro,
00:46:51quem são as pessoas assim
00:46:52que fizeram a sua cabeça?
00:46:53Vamos de trás para frente, né,
00:46:55das minhas coisas
00:46:57que eu fiz de trás para frente.
00:46:59Como é de stand-up,
00:47:00que foi a penúltima coisa
00:47:01que eu fiz, né,
00:47:02e vou voltar a fazer,
00:47:04Luiz Siquei,
00:47:05Bibiglia,
00:47:08pô, tem, cara,
00:47:09tem muita gente lá fora,
00:47:11o, o,
00:47:13aquele Ruivo, cara,
00:47:15você é do,
00:47:16Ruivo?
00:47:16Ruivo, ele é bom para caramba,
00:47:18agora me foge o nome.
00:47:19Esses mais recentes,
00:47:20às vezes,
00:47:20eu sou da geração Ed Murphy.
00:47:22É, ele é logo depois.
00:47:24Luiz Siquei,
00:47:25Bibiglia, o,
00:47:27cara, estou muito ruim para nome.
00:47:28que ele voltou agora,
00:47:30ele tinha um programa na,
00:47:31faz muito tempo que você não faz stand-up.
00:47:33Exato, né?
00:47:33Muito tempo sem falar a respeito disso.
00:47:35Caramba.
00:47:36Você está, aliás,
00:47:36igual o Ed Murphy,
00:47:37que é assim,
00:47:37não, eu já fiz,
00:47:38mas eu vou fazer um dia,
00:47:38um dia eu vou voltar.
00:47:40O Ed Murphy,
00:47:40você viu uns vídeos,
00:47:41uns shows antigos dele,
00:47:43ele ia ser preso.
00:47:43Ele ia tomar 64 anos de prisão,
00:47:46né,
00:47:46no Brasil.
00:47:47É,
00:47:47o Ed Murphy Raw, né?
00:47:49Bill Burr,
00:47:50Bill Burr,
00:47:50estava tentando lembrar.
00:47:51Bill Burr também,
00:47:52cara,
00:47:52para mim é o melhor,
00:47:53assim.
00:47:53E de quadrinhos,
00:47:55eu gosto muito de escritores como
00:47:57Alan Moore,
00:47:58Neil Gaiman,
00:47:59Grant Morrison,
00:48:00artistas Dave McKimby,
00:48:02o Sam Kevitz,
00:48:04de ilustradores,
00:48:05putz,
00:48:06aí entra numa série que a galera nunca ouviu falar, né?
00:48:09Já está difícil para mim.
00:48:11Bob Peake,
00:48:11tem um pessoal que eu curto para caramba.
00:48:14Benício,
00:48:14que é aqui do Brasil,
00:48:15que fazia todos os pôsteres dos Trapalhões,
00:48:18todos os pôsteres de filmes da década de 80,
00:48:22e 80,
00:48:23ele era o cara que fazia todos os pôsteres,
00:48:24assim.
00:48:25O Homem da Capa Preta,
00:48:26os Trapalhões e tal,
00:48:27é um cara que era muito bom,
00:48:28muito bom.
00:48:30E de que mais?
00:48:30E de dezembro?
00:48:31Desse universo você já falou aí,
00:48:32Tolkien ou o quê?
00:48:33Ah,
00:48:33de escritores?
00:48:36Putz,
00:48:36Tolkien,
00:48:40Bradbury,
00:48:41a minha maior inspiração,
00:48:42Ray Bradbury,
00:48:43é um escritor dos anos 60, 70,
00:48:47que escrevia muito ficção científica,
00:48:48fantasia,
00:48:50é muito bom,
00:48:50assim,
00:48:51ele escreve tudo pela ótica,
00:48:52mais do humanismo,
00:48:54do ser humano e tudo mais.
00:48:56Gosto pra caramba dele,
00:48:58Stephen King,
00:49:00tem muita referência,
00:49:01eu leio muito,
00:49:02muita coisa,
00:49:02e muita coisa diversa,
00:49:04que não tem nada a ver uma coisa com a outra.
00:49:05E o que te levou pra esse universo
00:49:07de cultura,
00:49:08entretenimento,
00:49:09variedades,
00:49:10você lembra de algum episódio
00:49:12da sua infância,
00:49:13alguma coisa assim,
00:49:14que foi a primeira revistinha?
00:49:15Cara,
00:49:16a coisa mais antiga que eu lembro
00:49:17é eu desenhando na parede de casa
00:49:18e minha mãe dando bronca,
00:49:19fazendo corrida de carro do Speed Racer,
00:49:25eu era fascinado por aquele desenho do Speed Racer,
00:49:28corrida de carro,
00:49:29e eu achava demais as histórias,
00:49:30eu ficava viajando,
00:49:31criando histórias,
00:49:32porque era uma corrida na África do Sul,
00:49:34outra corrida no meio de um vulcão e tal,
00:49:37e aquilo, cara,
00:49:38me fazia viajar,
00:49:40criar histórias e falar,
00:49:41e na minha cabeça eu tenho certeza
00:49:42que eu pensava,
00:49:43algum dia eu vou fazer alguma coisa desse tipo,
00:49:45ou escrevendo,
00:49:45ou desenhando,
00:49:46eu não sabia o que era,
00:49:47mas eu queria fazer aquilo,
00:49:49e desde pequeno eu escrevia muita história,
00:49:51e aí quando eu comecei a desenhar,
00:49:52fazer história em quadrinho,
00:49:53tosca,
00:49:54mas fazer história em quadrinho,
00:49:55e daí para animação,
00:49:57quero fazer filme,
00:49:58quero fazer série,
00:49:59basicamente é contar a história,
00:50:00e você é de uma cidadezinha do interior de São Paulo,
00:50:02Penápolis,
00:50:03Penápolis,
00:50:04você ainda frequenta lá?
00:50:05Muito difícil,
00:50:06eu ia mais quando meus pais tinham casa lá,
00:50:08agora eles saíram de lá,
00:50:09já faz tempo,
00:50:10estão em Santos,
00:50:11eu ia bastante lá,
00:50:12é perto de Barbosa,
00:50:14que é um lugar onde meus pais,
00:50:16me criaram no começo,
00:50:18depois a gente veio para a Diadema,
00:50:19depois para São Bernardo,
00:50:20até os 17,
00:50:21depois para Manaus,
00:50:22e finalmente aqui em São Paulo,
00:50:24então eu mudei muito de casa.
00:50:25Agora vem cá,
00:50:26você...
00:50:27É a terra da Sabrina Sato,
00:50:28Penápolis.
00:50:29Da Sabrina.
00:50:29Todo mundo conhece por causa da Sabrina,
00:50:31não por causa da...
00:50:31Que também tem uma persona.
00:50:34Total, total.
00:50:35Muitas vezes ela se faz de boba,
00:50:36já conhecia a Sabrina pessoalmente,
00:50:39é muito esperta,
00:50:41então...
00:50:41Inteligentíssima.
00:50:42Essa persona ali é bem diferente,
00:50:47muitas vezes,
00:50:47quando você conhece as pessoas,
00:50:49mas eu digo agora,
00:50:51você tem uma base,
00:50:52você tem um podcast bem sucedido,
00:50:53que você luta diariamente
00:50:54para que continue bem sucedido,
00:50:56com grande alcance,
00:50:57recebendo as pessoas influentes e tal,
00:51:01você tem uma dificuldade de organizar o seu tempo
00:51:04para fazer tantas atividades?
00:51:05Tenho, tenho.
00:51:06Mas mais por culpa minha do que por qualquer coisa.
00:51:09Porque todos que temos mentes inquietas e criativas
00:51:14em determinadas áreas,
00:51:17a gente fica louco para comprar o tempo.
00:51:19Eu não sei se acontece contigo,
00:51:21mas quanto mais coisa eu estou fazendo,
00:51:23mais coisa eu tenho vontade de fazer.
00:51:24Exatamente.
00:51:24Quanto menos coisa...
00:51:25Eu lembro que teve épocas
00:51:26que eu estava assim...
00:51:28Puta, era um trabalho que eu tinha só...
00:51:30E eu tinha muito tempo livre para...
00:51:32Pô, agora eu vou escrever o livro.
00:51:33E não saía.
00:51:34Aí não saía.
00:51:35As épocas mais criativas
00:51:36era a época que eu estava trabalhando mais,
00:51:38estava com menos tempo
00:51:39e você fica com aquela vontade de fazer mais.
00:51:41Exato.
00:51:41Que é agora.
00:51:42Agora eu trabalho...
00:51:42Porque acumula.
00:51:43É, acumula e você quer botar para fora.
00:51:44Exato.
00:51:45Então, às vezes, eu não tenho tempo
00:51:46para escrever um negócio mais elaborado,
00:51:49vamos dizer assim, durante a semana.
00:51:50Chate GPT.
00:51:51É...
00:51:52Não dá, né?
00:51:54Não dá, né?
00:51:54Eu sou colunista, sou ângulo,
00:51:55sou diretor de jornalismo e tal,
00:51:57mas às vezes chega no fim de semana,
00:51:58chega no sábado, no domingo,
00:51:59eu deveria aproveitar,
00:52:00deveria ir jogar bola,
00:52:02ir para o samba,
00:52:02as coisas que eu gosto de fazer e tal.
00:52:04Mas, cara, está tudo acumulado,
00:52:05está aqui na cabeça,
00:52:06às vezes eu preciso sentar e botar para fora.
00:52:08Pois é.
00:52:08Escrever ali com um tempinho maior.
00:52:11O meu lance é não começar.
00:52:13Se eu começo,
00:52:14eu crio um problema para mim.
00:52:15Então, esse segundo livro que eu estou fazendo,
00:52:18eu estou na parte de...
00:52:18A parte mais difícil,
00:52:20que é organizar o esqueleto todo dele.
00:52:22E isso eu posso fazer a qualquer momento.
00:52:24Agora,
00:52:24eu sei que quando eu começar a sentar para escrever,
00:52:27ferrou a minha vida social.
00:52:28Mas aí você tem um plano para o futuro agora?
00:52:33Tipo,
00:52:33eu estou bem economicamente?
00:52:36Ao mesmo tempo,
00:52:37sempre tem uma angústia,
00:52:38porque fala assim,
00:52:38se eu parar o podcast total para escrever um livro,
00:52:42depois é difícil resgatar,
00:52:44não dá para parar.
00:52:45E depende bastante de mim e tal,
00:52:47eu tenho que estar lá.
00:52:47Então, assim,
00:52:48você precisa se organizar
00:52:49para fazer as coisas concomitantemente.
00:52:51Às vezes você diminui um pouquinho aqui,
00:52:53aumenta um pouquinho ali.
00:52:54Mas eu vejo que você fala assim,
00:52:56ainda quero voltar a fazer stand-up.
00:52:58Mas assim,
00:52:58você pensa numa coisa de
00:53:00vou largar tudo um dia,
00:53:02que eu já vou estar bem e tal,
00:53:03e aí eu vou fazer o que eu quero?
00:53:05Ou é só essa administração?
00:53:07É,
00:53:07o podcast é uma coisa que eu
00:53:09não tenho necessidade de fazer
00:53:10cinco,
00:53:10seis,
00:53:11sete por semana.
00:53:12Então,
00:53:12a ideia é que daqui a um tempo,
00:53:13até porque eu estou com dois mil programas,
00:53:15vai chegar um tempo
00:53:16que eu vou fazer dois por semana,
00:53:18fazer um por semana.
00:53:19É isso.
00:53:19E estou fazendo experiências,
00:53:21e vou continuar fazendo,
00:53:22de colocar outras pessoas
00:53:23para apresentar outros programas
00:53:25dentro do canal.
00:53:25Então,
00:53:26a partir do momento que esses programas
00:53:27começam a engrenar,
00:53:29me dá uma liberdade de falar,
00:53:30ufa,
00:53:30beleza,
00:53:31eu tenho outros programas,
00:53:33dá para fazer menos podcasts.
00:53:35Então,
00:53:35a ideia é essa,
00:53:36é diminuir o número de podcasts
00:53:37com o tempo,
00:53:38ainda não agora,
00:53:40com outros programas
00:53:41que eu já estou pilotando,
00:53:43hoje já tenho uns que já estrearam,
00:53:45e aí eu consigo fazer
00:53:47um pouco de stand-up,
00:53:49que também não vai ser aquela loucura
00:53:50de segunda a segunda
00:53:51que eu fazia,
00:53:52stand-up,
00:53:52e escrever o livro,
00:53:53que a coisa que mais me dá prazer
00:53:55é escrever,
00:53:56de todas,
00:53:57de todas que eu faço.
00:53:58Quando eu estou quieto,
00:54:00o filho está dormindo,
00:54:02e eu estou lá de madrugada,
00:54:04ou logo de manhãzinha,
00:54:05acordei mais cedo,
00:54:05e estou escrevendo
00:54:06sem barulho nenhum.
00:54:07Cara,
00:54:07é uma sensação absurda.
00:54:09E é mais difícil nesses tempos.
00:54:10E é mais difícil.
00:54:11Você conseguiu o tempo,
00:54:12você conseguiu o silêncio,
00:54:13você conseguiu que ninguém
00:54:14esteja ligando,
00:54:15cobrando alguma coisa,
00:54:16que não tenha burocracia
00:54:17para resolver e tal,
00:54:18é uma luta
00:54:19para conseguir escrever.
00:54:21Pois é.
00:54:22Bom,
00:54:22maravilha conversar
00:54:24com o Rogério Villela.
00:54:24Mas tinha culpa minha,
00:54:25tudo eu que arranjo,
00:54:26se eu estou sem tempo,
00:54:28se eu estou com...
00:54:28Eu que arranjei,
00:54:29então eu não posso reclamar.
00:54:31Exato.
00:54:31Não,
00:54:31é a vocação.
00:54:31Eu sou muito grato.
00:54:32Eu sou muito grato.
00:54:33Existe sempre aquela loucura,
00:54:34a gente tem a vocação
00:54:35e a gente percebe
00:54:36que está gastando
00:54:37muito tempo com ela,
00:54:38mas a gente percebe também
00:54:39que a gente não vai se realizar
00:54:41se não exercê-la,
00:54:43de alguma maneira
00:54:43e de uma maneira
00:54:44que satisfaça a gente.
00:54:45Mas isso é uma coisa
00:54:45que eu estou tranquilo comigo.
00:54:47Se hoje eu perdesse
00:54:50o que eu tenho
00:54:51e não trabalhasse mais
00:54:52com as coisas
00:54:52que eu já trabalhei,
00:54:54eu tenho assim,
00:54:55já fiz a minha parte.
00:54:56Em toda a área
00:54:58que eu atuei,
00:54:59eu fiz o começo,
00:55:01o meio e o fim.
00:55:01Eu posso voltar,
00:55:02mas eu tenho um ciclo
00:55:03totalmente fechado.
00:55:04E o podcast,
00:55:05hoje eu poderia parar.
00:55:07Ele tem um ciclo fechado.
00:55:08Eu comecei do nada,
00:55:09entrevistei os candidatos
00:55:11à presidência,
00:55:12entrevistei gringo.
00:55:13Beleza,
00:55:14fechou um ciclo.
00:55:15Eu posso continuar,
00:55:15mas eu não tenho assim,
00:55:16putz,
00:55:17eu parei na metade.
00:55:18Sempre consegui fechar
00:55:19esse ciclo.
00:55:19Você sempre conseguiu
00:55:21ter consistência
00:55:21em todas as áreas,
00:55:22ter uma trajetória
00:55:23digna de ser contada.
00:55:25E relevância,
00:55:26que é difícil.
00:55:27Porque tem muita gente boa
00:55:29em várias áreas
00:55:30que eu tive,
00:55:31que estavam do meu lado
00:55:32e eu falei,
00:55:32cara,
00:55:32como esse cara
00:55:33não conseguiu
00:55:34desenhistas melhores
00:55:36ou roteiristas bons
00:55:37ou comediantes ótimos
00:55:39que por uma coisa ou outra
00:55:41a pessoa não consegue
00:55:42se manter naquilo
00:55:43ou chegar num nível
00:55:44que seja reconhecido.
00:55:46Então,
00:55:46eu não sei se é sorte,
00:55:47se é uma mistura de coisas,
00:55:50eu não sei.
00:55:51Que bom,
00:55:51que bom que foi assim.
00:55:52Agora,
00:55:53Vilela,
00:55:53antes da gente encerrar,
00:55:54só um apanhado
00:55:55de entrevistas
00:55:56mais marcantes para você.
00:55:58quais são os trechos
00:55:59que você lembra
00:56:00que ficaram repercutindo bastante,
00:56:04que as pessoas vão lembrar
00:56:05para sempre
00:56:06de todas essas
00:56:08que você já fez
00:56:09ao longo desses últimos
00:56:10cinco,
00:56:11seis anos?
00:56:13Eu falo que a primeira
00:56:14grande entrevista
00:56:16que mudou a história
00:56:17do podcast para mim
00:56:18foi com o Danilo Gentili,
00:56:19porque foi uma época
00:56:20que o meu podcast
00:56:20era muito pequeno
00:56:21e aí você não consegue
00:56:22chamar grandes convidados
00:56:24quando você tem um podcast
00:56:24que tem 10 mil inscritos.
00:56:26Então você chama seus amigos,
00:56:28o Danilo foi muito generoso
00:56:29e a partir daquele momento
00:56:30o podcast
00:56:31chamou a atenção
00:56:34para que outros viessem
00:56:35ou vieram com eles
00:56:37muitos inscritos.
00:56:38Então ele foi a primeira
00:56:39pessoa que mudou
00:56:39o podcast.
00:56:41E durante o podcast
00:56:42eu já tive muitas
00:56:44entrevistas
00:56:44que foram marcantes
00:56:45para mim
00:56:45por alguns motivos.
00:56:48Tem aquela entrevista
00:56:49que eu acho
00:56:50que é perfeita,
00:56:51que ela é divertida,
00:56:54ela tem emoção,
00:56:55ela toca as pessoas
00:56:56e no final você fala
00:56:57cara, mudou de alguma forma
00:56:58a minha vida
00:56:59depois dessa entrevista.
00:57:00Que foram entrevistas
00:57:02com comediantes
00:57:04que eu gosto muito,
00:57:05que teve a parte
00:57:05que ele contou
00:57:06da vida dele
00:57:06que eu não sabia,
00:57:07que foi emocionante
00:57:08ou que...
00:57:10E teve partes
00:57:11que foram engraçadas
00:57:13e no final
00:57:15foi uma coisa
00:57:15muito legal.
00:57:18Ele quem?
00:57:19Não, de vários.
00:57:20Estou falando do Ceará,
00:57:21do Pânico,
00:57:22foi muito legal.
00:57:23Uma época que a gente bebeu
00:57:24dentro de programa
00:57:25está muito feliz,
00:57:26coroou uma coisa
00:57:27muito legal, sabe?
00:57:27Se você for ver o podcast
00:57:28a gente se emocionou,
00:57:30a gente riu e tal
00:57:31e foi um bate-papo
00:57:32assim de seis horas
00:57:33que, cara,
00:57:34eu lembro até hoje,
00:57:35foi muito legal.
00:57:36Era o que imitava
00:57:36o Silvio Santos.
00:57:37É, é.
00:57:38O do Frei Gilson
00:57:39é muito lembrado
00:57:40pelas pessoas
00:57:40porque era um momento
00:57:41que eu estava passando
00:57:42um momento muito difícil
00:57:43pela doença do meu pai,
00:57:44estava com muitas dúvidas
00:57:45em relação a Deus,
00:57:46do silêncio de Deus,
00:57:48que eu falava,
00:57:49pô, eu rezo,
00:57:49eu oro
00:57:50e eu não tenho resposta
00:57:51e o que está acontecendo.
00:57:53E a resposta dele
00:57:54foi uma coisa
00:57:54que não só viralizou muito,
00:57:56assim,
00:57:57que é absurdo.
00:58:00Essa entrevista,
00:58:01sei lá,
00:58:01tem 10 milhões,
00:58:0214 milhões de views,
00:58:04só esse corte
00:58:05está em tudo quanto é lugar.
00:58:06Então, assim,
00:58:07são momentos
00:58:08que não dá para se repetir.
00:58:09Eu não sou mais aquela pessoa,
00:58:12o Frei
00:58:12provavelmente falaria
00:58:13outra coisa
00:58:14em relação àquilo.
00:58:14Então,
00:58:15são momentos
00:58:15que casam tanto
00:58:16que você vê
00:58:18um ser humano
00:58:18entrevistando o outro
00:58:19e ele sendo impactado
00:58:21em tempo real,
00:58:22ao vivo,
00:58:23sobre o que a pessoa
00:58:24está falando.
00:58:25E as pessoas sabem
00:58:25quando é verdade
00:58:26e quando não é.
00:58:27Então,
00:58:27esse é um que provavelmente
00:58:29vai ser o mais lembrado
00:58:30por causa disso,
00:58:31entendeu?
00:58:32O Rogério Vila faz tanta coisa
00:58:33que eu até esqueci
00:58:34de uma das suas atividades
00:58:34e a gente tem que falar
00:58:35rapidamente no final.
00:58:36Dublador.
00:58:37Exato.
00:58:38Como que foi isso?
00:58:39Então,
00:58:39é do Mundo Carimbau.
00:58:40A gente fazia as vozes lá,
00:58:41já dublei muito
00:58:42desenho animado e tal.
00:58:44E eu gosto dessas coisas.
00:58:45E os episódios
00:58:46que eu levo dubladora...
00:58:47Você vai ter que fazer
00:58:47uma vozinha aqui pra gente.
00:58:49Que bicho...
00:58:49É que você não conhece, né?
00:58:51O pessoal vai conhecer,
00:58:52que é o...
00:58:52Tô ignorante
00:58:52do mundo nerd.
00:58:55O maloqueiro Popeye,
00:58:56que era um cara
00:58:57que ele tinha...
00:58:59Tipo,
00:58:59o maconheiro Popeye,
00:59:01mas a gente chamava
00:59:02de maloqueiro,
00:59:03porque ele tinha
00:59:03o espinafre dele,
00:59:05era o espinafre da Jamaica,
00:59:06ele falou,
00:59:06certeza!
00:59:07Bolo de maconha!
00:59:09Bolonha!
00:59:10Ai,
00:59:10que coisa louca!
00:59:11E tem o Carlinhos,
00:59:13que era um personagem
00:59:14que comia cocô.
00:59:15Essas coisas que eu falei...
00:59:17Ai,
00:59:17que legal!
00:59:18Eu gosto!
00:59:18Eu gosto de cocô!
00:59:20E tem várias vozes,
00:59:22cara,
00:59:22que a gente fazia.
00:59:22Você tá cobrando
00:59:23que eu conheça essas coisas.
00:59:25Como é que...
00:59:25Gente,
00:59:26gente,
00:59:26escreva nos comentários
00:59:27como ele não conhece
00:59:29o mundo canibal.
00:59:29Como que ele não conhece
00:59:30o cara que comia cocô?
00:59:31Como?
00:59:31Cara,
00:59:32você vai ler os comentários,
00:59:34você vai ver que é um absurdo
00:59:35você não conhecer o mundo canibal.
00:59:36Eu tô aqui pra passar vergonha.
00:59:37agora o Rogério Vila,
00:59:40o que eu ia perguntar
00:59:41desse mundo de dublador?
00:59:42Você já fez filme,
00:59:43alguma coisa ou não?
00:59:44Não,
00:59:44fiz filme como ator,
00:59:45né?
00:59:46Já participei fazendo...
00:59:47Também ator?
00:59:47Também,
00:59:48falei pra você,
00:59:48sou ator também.
00:59:49Tenho DRT,
00:59:51talvez também DST também,
00:59:53mas como ator
00:59:54eu já fiz bastante coisa
00:59:55e quero,
00:59:56quero na minha série,
00:59:58fazer algum papel também,
01:00:00algum papel pequeno,
01:00:01mas fazer alguma participação.
01:00:02Porque é uma área que,
01:00:04essa eu ainda não fiz o ciclo.
01:00:06Eu ainda quero fazer mais coisas
01:00:08como ator.
01:00:09Fiz peças de teatro,
01:00:10fiz algumas participações
01:00:11em filme,
01:00:12em série,
01:00:12tem umas coisas que até vão sair
01:00:13ainda no cinema,
01:00:14mas eu quero fazer mais coisas.
01:00:15Que beleza.
01:00:16Olha aí,
01:00:17diretores,
01:00:18produtoras,
01:00:19Rogério Vilela
01:00:20com todo esse cartaz.
01:00:21O pessoal tá me chamando
01:00:22hoje em dia pra fazer
01:00:23ponta em filme
01:00:23pra ser eu mesmo.
01:00:25Tipo,
01:00:26o personagem vai participar
01:00:27de um podcast
01:00:28e é o meu e eu
01:00:29entrevistando o cara.
01:00:29Eu falei,
01:00:30eu quero fazer outros papéis.
01:00:31E esse óculos você criou
01:00:32a própria marca
01:00:32porque faz parte
01:00:33da sua persona.
01:00:34Agora eu tenho a minha marca.
01:00:36Mas foi uma preocupação
01:00:37quando eu parei de fazer...
01:00:38Mas você usa fora,
01:00:39atrás das câmeras também?
01:00:40Uso porque ele tem graus.
01:00:41Vai dizer o que
01:00:41numa hora dessa, né?
01:00:42E você fica fazendo
01:00:43essas boas sozinha
01:00:44em casa também?
01:00:44Faço, faço.
01:00:45Você é essa mente inquieta
01:00:47e doida.
01:00:48Sozinho você fica falando.
01:00:49Você lembra do meu cenário?
01:00:50Claro.
01:00:51Eu lembrei.
01:00:51Mas ninguém consegue
01:00:52esquecer aquele cenário.
01:00:53Nem a mulher que limpa lá.
01:00:54Um porão, uma garagem,
01:00:55tudo colorido.
01:00:56Ela tem pesadelos
01:00:57com aquele cenário.
01:00:59Eu fiz um programa
01:01:00no meu aniversário
01:01:01com meus amigos
01:01:01da quinta série.
01:01:03E os caras foram lá
01:01:04e falaram,
01:01:04Vilela, eu vejo esse cenário,
01:01:06eu vejo a tua cabeça, cara.
01:01:07Os caras que me conhecem
01:01:07falam, tua cabeça é isso daqui.
01:01:09E é aquilo.
01:01:10Tudo que eu coloco,
01:01:11coloco o coração e a cabeça
01:01:13fica meio com a minha cara mesmo.
01:01:15Tá aí.
01:01:15Uma vocação múltipla realizada,
01:01:17Rogério Vilela.
01:01:18Muitíssimo obrigado.
01:01:20Eu adorei essa conversa
01:01:21e a sua presença,
01:01:22sua disponibilidade.
01:01:23Você quer fazer o merchan aí?
01:01:24Podcast?
01:01:25Não, é só o programa
01:01:27de segunda a sexta,
01:01:28às sete horas da noite
01:01:29tem lives
01:01:30e algumas vezes à tarde
01:01:32e às duas horas
01:01:32também tem lives.
01:01:35Vamos começar com alguns programas
01:01:37sobre esportes,
01:01:39sobre mundo nerd lá
01:01:40e fiquem ligados lá.
01:01:42Tudo no meu Instagram
01:01:43você descobre
01:01:44que eu estou fazendo
01:01:44arroba Vilela.
01:01:46Eu sou tão velho
01:01:47que eu consegui
01:01:48só arroba Vilela.
01:01:49Você é o primeiro Vilela.
01:01:49É verdade.
01:01:50Eu fui marcar você outro dia
01:01:51quando a gente fez
01:01:52o story ali no churrasco.
01:01:52Quando eu comecei no Instagram
01:01:53ainda você mandava
01:01:54por fax a foto.
01:01:56E ele é o Vilela
01:01:57e não tem dois L's.
01:01:58Não, tem um no L e um no L.
01:02:00Milhões de Vilelas
01:02:01e ele foi o primeiro
01:02:02a registrar a conta.
01:02:03Tem dois L's.
01:02:04Um no L e um no L.
01:02:05Ah, tem dois L's então.
01:02:08Cara de quem fala...
01:02:09Ah não, ele não falou isso.
01:02:10Eu sei, eu sei.
01:02:11Mas esse com três L's
01:02:13não sou eu,
01:02:14é o pessoal mais rico.
01:02:15Dono de Itaú e tal.
01:02:17Não é minha família.
01:02:17Rogério Vilela,
01:02:18foi um prazer aqui
01:02:19recebê-lo no podcast
01:02:21O.A.
01:02:22Toda segunda-feira
01:02:22às 19h30
01:02:23um episódio novo
01:02:24vai ao ar.
01:02:25E também estamos aqui
01:02:26de segunda a sexta-feira
01:02:27no Papo Antagonista
01:02:28tratando da notícia do dia
01:02:30com todas as análises.
01:02:31Então você que chegou aqui
01:02:32porque você ama
01:02:33o Rogério Vilela
01:02:34fique aqui também
01:02:35para acompanhar
01:02:36o Papo Antagonista
01:02:37segunda a sexta
01:02:37com o noticiário
01:02:39e as nossas análises
01:02:39minuciosas,
01:02:40independentes,
01:02:41incomodando militância
01:02:42de todo lado
01:02:43para você saber
01:02:44exatamente aquilo
01:02:45que está acontecendo.
01:02:46A gente sempre
01:02:47traz todas as informações
01:02:49de base.
01:02:50Tem muita gente
01:02:50que oculta por aí.
01:02:51Não, a gente mostra
01:02:52e aí raciocina
01:02:53junto com o público
01:02:54em cima das informações.
01:02:55Então a base
01:02:56você sempre vai ter aqui.
01:02:57E acompanhe, claro,
01:02:59o antagonista.com.br
01:03:00nosso portal de notícias
01:03:01e análises
01:03:02que está lá
01:03:0224 horas
01:03:037 dias por semana
01:03:04no ar.
01:03:05Um grande abraço
01:03:05e até a próxima.
01:03:08Depois a gente deixa
01:03:09no programa
01:03:09sem contar para ele.
01:03:10Não tem problema.
01:03:11Tá bom.
01:03:12Mas só que putz...
01:03:13Uma pessoa muito importante
01:03:14que está acessando.
01:03:15É bom para usar no final.
01:03:17É ótimo.
01:03:18É, pode crer.
01:03:19Erros de gravação.
01:03:20Podcast OA
01:03:28Conversa boa de ver
01:03:30e ouvir.
01:03:30Até a próxima.
01:03:32Tchau.
01:03:32Tchau.
01:03:33Tchau.
01:03:33Tchau.
01:03:33Tchau.
01:03:34Tchau.
01:03:34Tchau.
01:03:34Tchau.
01:03:34Obrigado.
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