- anteontem
Na estreia do Podcast OA!, programa em que a equipe de O Antagonista recebe convidados especiais, os colunistas Felipe Moura Brasil, Duda Teixeira e Rodolfo Borges conversam com a psicóloga Pamela Magalhães sobre as relações amorosas na era das redes sociais. Assista!
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NotíciasTranscrição
00:00De conversa boa, todo mundo quer participar. O Antagonista também.
00:07Nossa equipe recebe convidados especiais para um bate-papo leve e divertido sobre as experiências de cada um.
00:15Podcast O.A. Conversa boa de ver e ouvir.
00:20Salve, salve! Sejam bem-vindos, leitores e espectadores de O Antagonista, Cruz O.E.
00:24e dos nossos programas audiovisuais a esse novo formato, o podcast O.A., podcast do portal O Antagonista,
00:31em que a gente vai receber convidados para ter conversas aqui descontraídas, bastante espontâneas e super divertidas.
00:38Hoje temos o privilégio de receber a psicóloga clínica Pamela Magalhães, conhecida como especialista em relacionamentos,
00:45e ela vai contar para a gente a respeito do que anda acontecendo nesse mundo contemporâneo.
00:50ela, que é um sucesso nas redes sociais, tem cerca de 2 milhões de seguidores no Instagram.
00:55Seja bem-vinda, Pamela.
00:56Muito obrigada pelo convite. Feliz de estar aqui com vocês.
01:00Espero que eu contribua para reflexões, pensamentos, questionamentos, provocações.
01:06Claro que vai contribuir aqui para a nossa sessão de terapia de grupo.
01:10Eu perguntei quem queria participar.
01:12Duda Teixeira, eu quero! Rodolfo Borges, eu quero!
01:14E está aqui, Duda Teixeira, salve, salve, Duda.
01:16Muito obrigado pelo convite.
01:18E Rodolfo Borges.
01:19Obrigado, vamos lá.
01:20Vamos lá, Pamela.
01:21Começando então, pelo seu sucesso nas redes sociais, você evidentemente fala muito a respeito de relacionamentos.
01:28Agora, já colocando uma questão complicada, existe uma diferença da psicologia clínica
01:33que trata ali da singularidade do sujeito com as suas especificidades.
01:38Quando você dá um discurso mais amplo para o público em geral, falando em termos genéricos de comportamento,
01:47muita gente pega aquilo que se identifica, etc., mas aquilo não constitui um tratamento específico, certo?
01:53Não, de jeito nenhum.
01:55Acho que a minha intenção, desde o início, era trazer, é, né?
01:59É trazer conteúdos que muitas vezes as pessoas só conseguem ter numa sessão de terapia,
02:06ou mesmo nem tem acesso, de uma forma que o senso comum consiga absorver e contribua para a saúde emocional.
02:15Eu acho que eu tenho que trazer um conteúdo diferenciado para que as pessoas possam engrandecer elementos que acho que são subaproveitados hoje em dia.
02:24Aumentar o seu repertório, inclusive, para nomear esse tipo de problema, as emoções, os sentimentos.
02:30As pessoas são muito desconhecedoras sobre si mesmas.
02:33O autoconhecimento, principalmente nos dias de hoje, as pessoas estão se comparando muito,
02:39as pessoas estão copiando muito, as pessoas estão num empobrecimento da imagem,
02:46que eu sempre tento quebrar isso, trazendo da importância de se conhecer por dentro
02:50e perceber, a palavra que você falou, a singularidade de cada um.
02:53Agora, só para estabelecer aqui uma questão genérica e cada um participar,
02:57se fala muito em quantidade de divórcios atualmente,
03:02você vê isso, uma mudança efetiva nas relações, quer dizer, há mais separações,
03:07as relações estão mais fluidas, como dizem.
03:10De uma maneira geral, como é que você vê o relacionamento nos dias de hoje,
03:14em comparação, talvez, ao que era antes?
03:16Eu acho que tem vários lados, assim.
03:19Eu vejo que as pessoas hoje têm mais liberdade,
03:23são mais autorizadas a viverem a separação do que antes, isso é fato.
03:28Mas vejo as pessoas também muito mais intolerantes.
03:32As pessoas, elas não têm muito recursos de diálogo,
03:36para conseguirem uma flexibilização e uma negociação.
03:40Eu acho que isso é uma característica do universo contemporâneo,
03:44em que o ser humano está bastante individualista.
03:48E isso faz com que a ferramenta da empatia,
03:53acho que esse recurso emocional da percepção de si e do outro,
03:57da compaixão, da resiliência,
04:00vejo que está sendo muito pouco desenvolvido.
04:02As pessoas não estão muito interessadas.
04:04Vejo as relações cada vez mais líquidas.
04:06parece que há uma sensação de que há sempre algo melhor.
04:11As pessoas colecionam contatinhos.
04:14Parece que a importância, a relevância, o valor dos vínculos,
04:19hoje eu sinto que eles são bem questionáveis.
04:23Eu acho que as pessoas estão precisando padecer
04:25num buraco de carência.
04:28Estão precisando perder para valorizar, infelizmente.
04:31Estão precisando sentir na pele,
04:34por isso deprimindo tanto,
04:35por isso tantos transtornos de ansiedade.
04:38Justamente porque, infelizmente,
04:39estão precisando chegar no caos
04:41para conseguirem trabalhar questões,
04:43renascer, amadurecer
04:44e saber priorizar e valorizar
04:46o que realmente precisa ser valorizado.
04:48Porque não há tecnologia.
04:49Não há anos que passem
04:51que vão conseguir mudar
04:52a importância do contato humano,
04:55do considerar o outro,
04:57do perceber que você quer ser feliz ou também,
04:59de tentar trabalhar o diálogo,
05:04senão a gente não chega a lugar nenhum.
05:06Você está apontando uma série de questões
05:08que têm tudo a ver com o nosso trabalho.
05:10O nosso trabalho de comentar as questões públicas
05:13é diariamente.
05:14Obviamente, a vida mental está envolvida nisso.
05:17Então, a incapacidade de diálogo,
05:19a incapacidade de reconhecer o outro,
05:22a maneira, muitas vezes, agressiva, hostil,
05:24com que se descartam as pessoas,
05:26com que se atacam publicamente as pessoas.
05:30Então, tudo tem um ponto em comum
05:33em relação às brigas tribais
05:36que a gente vê no dia a dia,
05:38tratando da política, das questões culturais.
05:40Diga aí, Doutor Teixeira.
05:41Vamos lá.
05:42Em relação aos aplicativos de paquera,
05:45para conhecer as outras pessoas
05:46que já têm mais de 10 anos,
05:48fazer muito essa crítica
05:50de que as pessoas são descartáveis
05:52e aí você curte um monte,
05:54encontra um monte de gente
05:55e não se fixem em nenhuma pessoa.
06:00Você acha que continua assim
06:02ou os aplicativos também têm um lado positivo?
06:05Eu acho os aplicativos excelentes.
06:07Eu acho que eles vêm de encontro
06:09com a contemporaneidade.
06:11Acho que a questão é como tudo na vida,
06:13a gente tem que saber usar.
06:16Vejo o ser humano
06:18com uma dificuldade muito grande
06:21de usar todas as ferramentas
06:24que são dispostas ali.
06:26Hoje, os aplicativos estão cada vez mais
06:28inovando possibilidades.
06:29Não é simplesmente como era no passado.
06:32Só que o ser humano tem uma expectativa
06:34de entrar lá e achar a pessoa
06:37no tempo que ele quer,
06:39da forma que ele quer,
06:40como um molde.
06:41Eu tenho isso na minha cabeça,
06:42vou chegar lá e vou encontrar.
06:43E a vida não é assim.
06:44O aplicativo,
06:46se você não entender
06:47a facilidade que ele tem,
06:49você vai usá-lo como um cardápio mesmo,
06:52que você vai ficar olhando
06:53aquele monte de comida boa ali
06:54e no final você não vai escolher nada,
06:56porque tudo é bom,
06:57tudo parece melhor que o outro,
06:58mas no final você vai sair
06:59morrendo de fome no restaurante.
07:01Então, acho que o segredo
07:02é você entender
07:03o que é importante para você,
07:04o que você busca,
07:06o que tem ali,
07:07o que serve para você,
07:08o que funciona,
07:09quais são os seus objetivos.
07:11Então, você pode se dar muito bem
07:12em um aplicativo de relacionamento.
07:14Penso assim.
07:15Rodolfo Borges.
07:16Eu queria perguntar,
07:17porque você falasse um pouco mais
07:18sobre essa questão da liberdade.
07:20Liberdade é um conceito positivo,
07:23mas nesse contexto
07:24de individualismo,
07:26como o Felipe mencionou,
07:28o divórcio,
07:29ele pode se tornar
07:30um motivo de infelicidade.
07:32Porque o casamento
07:34passou a ser visto,
07:35a gente discutindo
07:36essa questão de divórcio,
07:38sob uma perspectiva de prisão.
07:40Então, se você tem...
07:41Antes era isso, né?
07:42Eu estou preso
07:44a essa pessoa
07:45pelo casamento
07:45e, portanto,
07:46eu vou ter que ficar com ela
07:47para sempre.
07:48E agora parece que
07:49inverteu a questão, né?
07:50Eu não preciso ficar preso
07:51a essa pessoa
07:51de forma nenhuma.
07:53Se tem uma discordância,
07:56eu tenho essa opção
07:57e, portanto,
07:58eu posso me separar
07:59e vou me separar, né?
08:00É uma inversão um pouco
08:01da perspectiva que tinha
08:02do casamento.
08:04E aí também
08:05eu queria que você falasse
08:06um pouco dessa perspectiva
08:07religiosa sobre a coisa, né?
08:08Porque o casamento
08:09tem essa perspectiva
08:11transcendental
08:13que talvez
08:14com o enfraquecimento
08:16de igreja católica
08:17tenha um pouco
08:18se perdido também, né?
08:20Você estava falando
08:21e eu estava pensando,
08:22convido vocês também
08:23a pensarem,
08:24todo mundo já passou
08:24aquela situação
08:25de andar com bicicleta
08:26com rodinha
08:27e chega uma hora
08:29que você quer tirar
08:29a rodinha da bicicleta, né?
08:31E aí é uma expectativa imensa
08:33que a gente esquece
08:33com o tempo.
08:34Mas,
08:35na hora que você tira
08:36a rodinha
08:37há uma responsabilidade
08:39tremenda
08:39em não deixar
08:40aquela bicicleta cair.
08:41E aí você tem
08:42que se equilibrar.
08:44E para adquirir
08:44o equilíbrio
08:45você precisa
08:46ter experiência,
08:48você precisa
08:48ter sabedoria.
08:50E com a liberdade
08:51não é diferente.
08:53As pessoas querem
08:53ter liberdade
08:54sem responsabilidade
08:55e não há lugar
08:56que necessite
08:57mais de responsabilidade
08:59que situações
09:00em que você está livre.
09:02então se confunde
09:05liberdade
09:06com libertinagem.
09:08As pessoas se perdem
09:09e elas se tornam
09:11o extremo vazio
09:13delas mesmas
09:13num lugar
09:15em que elas pensam
09:16que elas estão livres
09:16e que elas podem fazer
09:17o que elas bem entendem.
09:19Nós podemos sim
09:20desde que nós
09:22possamos entender
09:23o que nos caiba.
09:25Senão você põe
09:26um monte de coisa
09:26dentro de você
09:27que não te cabe
09:28e você se agride.
09:30Então,
09:31no passado,
09:32uma instituição
09:32no casamento
09:33de uma forma
09:34em que não havia
09:35outro caminho
09:35senão esse,
09:37isso também trazia
09:38para uma grande margem
09:39das pessoas
09:40uma espécie
09:40de uma segurança.
09:42Estávamos ali,
09:43ali ficaríamos
09:44independente
09:44de como seria.
09:46Hoje você tem
09:47a liberdade,
09:47a autorização.
09:49Então as pessoas
09:49elas se perdem um pouco.
09:51Até que ponto
09:51vale a pena?
09:52O que é tolerável?
09:53O que não é?
09:54Eu devo aceitar?
09:56Isso é negociável?
09:57Isso não é?
09:58Por quê?
09:58Porque elas estão
09:59muito desconectadas delas.
10:01Elas estão baseadas
10:03no relacionamento
10:03do irmão,
10:04da cunhada,
10:05do amigo,
10:05do que elas viram
10:06nas páginas
10:07das redes sociais.
10:09Então eu sempre digo
10:11a gente precisa entender
10:13qual é o nosso momento
10:14de vida.
10:16O que cabe?
10:16Às vezes casamento
10:17cabe para você hoje,
10:19para o outro não.
10:20Às vezes essa relação
10:21ela ainda tem muita coisa
10:22para ser trabalhada,
10:25para ser explorada.
10:26Tem coisa...
10:27Aquela outra não.
10:28que a gente trabalhe
10:30muito o autoconhecimento,
10:32muito a maturidade emocional
10:34no sentido da responsabilidade
10:35de acordo com as escolhas
10:37que a gente faz.
10:38Porque hoje
10:38relacionamento
10:39não é necessidade,
10:41é escolha.
10:42E tudo que nós podemos
10:44ter a liberdade de escolher
10:45sem que seja imposto
10:46ou necessário
10:47cai nesse lugar.
10:49O que eu faço agora?
10:51Existe uma necessidade
10:52de você criar um espaço
10:53dentro do relacionamento também.
10:54Um espaço
10:55para individualidade
10:56que muitas vezes não existe
10:57e acaba havendo
10:58um sufocamento
10:59e as pessoas
11:00às vezes até por medo
11:01de conversar sobre isso
11:02ou por medo
11:03de impor determinados limites,
11:07elas acabam traindo,
11:10acabam indo
11:11para uma solução radical,
11:13drástica,
11:14por falta do próprio dever
11:15de cada delas,
11:16da responsabilidade.
11:17Você falou
11:18de liberdade sem responsabilidade,
11:19a gente trata sempre
11:20de direitos sem deveres,
11:22de prazeres sem sacrifícios,
11:24as pessoas só querem
11:25a parte maravilhosa de tudo
11:27e encaram todo o resto
11:29como muito ruim
11:30em vez de construir
11:31algo que possa ser sustentável
11:34ao longo do tempo,
11:35que seja uma conquista permanente.
11:38Isso que você falou,
11:39não sei se as pessoas
11:40conseguiram pegar,
11:41tem um elemento
11:41muito interessante
11:42que a gente vive hoje
11:43num momento do mundo
11:45que parece que nada,
11:48que relacionamento,
11:49por exemplo,
11:50ou mesmo um sucesso profissional,
11:51tem que ser algo
11:52muito natural,
11:54sem sacrifício,
11:55sem esforço,
11:56sem...
11:56Eu não conheço nada, assim.
11:58Como se fosse um consumo.
11:59É, eu não conheço nada.
12:01As pessoas,
12:01elas estão muito intolerantes
12:02ao primeiro obstáculo.
12:04Isso pra tudo.
12:05Parece...
12:06Ah, não, não.
12:06Ah, não, eu não quero mais e tal.
12:07Então, assim,
12:08há uma impaciência,
12:09há uma intolerância,
12:10há uma dificuldade
12:11muito grande
12:12das pessoas entenderem
12:14que os obstáculos na vida,
12:17eles são necessários
12:18e que não tem...
12:20Se você quiser ter
12:21um relacionamento amoroso,
12:22por exemplo,
12:22de sucesso,
12:24claro que ninguém está
12:25dizendo sobre...
12:27Fazendo qualquer apologia
12:29sobre uma relação abusiva.
12:30Não é isso.
12:31Longe disso.
12:32Mas pra você ter
12:33um relacionamento duradouro,
12:34seja uma amizade,
12:35por exemplo,
12:36ou um relacionamento amoroso,
12:38você vai ter que trabalhar
12:39questões sobre si.
12:40Você vai ter que ceder,
12:42você vai ter que abrir mão,
12:43você vai ter que...
12:44Desculpa o tema,
12:44engolir um sapo, né?
12:46Essa é a vida.
12:47E trabalho também.
12:49Trabalho também.
12:50Amizade também.
12:51Não tem amigo perfeito,
12:51aquele amigo idealizado,
12:53romantizado,
12:53que a gente pensa na escola,
12:55minha melhor amiga, né?
12:55A menina, né?
12:56Minha melhor amiga e tal.
12:57Mas temos as nossas frustrações, né?
13:00Esses desapaixonamentos,
13:02essas quebras de idealização.
13:03Eu falo que existe
13:04o encantamento e a idealização,
13:06a quebra da idealização,
13:08a realidade diante da frustração
13:10e a construção do que é possível.
13:12Isso pra tudo.
13:14Agora, se eu desistir
13:15no primeiro obstáculo,
13:17eu penso que eu nunca vou conseguir
13:18ter sucesso em nada na minha vida.
13:20Então, acho que
13:20há um pensamento contemporâneo
13:22que precisa ser trabalhado
13:24sobre essa disciplina,
13:27essa responsabilidade,
13:29comprometimento,
13:30empenho.
13:31A compreensão da diferença também.
13:34E a diferença, às vezes,
13:34precisa ser expressada,
13:35precisa ser colocada na mesa,
13:37precisa haver um esforço
13:38de compreensão.
13:40O que a gente vê
13:41no próprio ambiente cultural,
13:43nas redes sociais,
13:44na política,
13:45mas também nos relacionamentos
13:46das pessoas próximas,
13:47é isso que você falou.
13:48Mas eu queria usar
13:49a palavra hostilidade.
13:50Às vezes, na primeira dificuldade,
13:52vem uma hostilidade exagerada,
13:54que parece decorrência
13:56de uma militância.
13:58E não digo política ideológica,
14:00às vezes,
14:01você acreditar tanto
14:03numa frase feita
14:05da sua patotinha,
14:06do grupo de amigos,
14:07do grupo de amigas, etc.,
14:09que se você não se comportar
14:12daquela maneira
14:13que é a crença
14:14daquela pessoa
14:15que é a correta,
14:17é a verdadeira,
14:18então você está errado,
14:19você é o vilão da história
14:20e você tem de ser rechaçado.
14:23Então,
14:23eu tenho visto
14:24muitas hostilidades
14:26em vez da tentativa
14:27de construir,
14:28de compreender
14:29e até de respeitar.
14:30Se você,
14:31então,
14:31não quer um relacionamento
14:33com uma pessoa assim,
14:34assada, etc.,
14:35você também constrói
14:36uma saída
14:36mais amigável.
14:39Mas,
14:39eu tenho visto justamente
14:40esse embate exagerado.
14:42Você não...
14:43É que você estava falando
14:44de pertencimento.
14:45Isso.
14:46As pessoas,
14:47elas precisam,
14:47muitas vezes,
14:48agir de uma forma
14:50que elas entendem
14:51que o grupo de identificação
14:52age,
14:53para que, então,
14:53elas se sintam
14:54pertencendo.
14:55Então, assim,
14:56serei amado,
14:57serei querido,
14:58serei aceito,
14:59não serei cancelado,
15:00nos dias de hoje.
15:01Então,
15:03também,
15:04a gente está com um pezinho
15:05aí também
15:05nesse viés
15:07narcisista também,
15:09né?
15:09Exatamente.
15:10Preciso ser idolatrado,
15:11preciso se vão achar legal.
15:13Às vezes,
15:13tem tanta gente
15:14agindo muito mais
15:16preocupada
15:16como isso vai impactar
15:18para as pessoas ao redor
15:19do que como aquilo
15:20vai ser para ela mesma.
15:22Porque,
15:22no final das contas,
15:24na hora que você
15:24põe a cabeça no travesseiro,
15:26quando você está
15:26no teu íntimo,
15:28as suas escolhas,
15:29os seus posicionamentos,
15:30repercutem para você,
15:32né?
15:32Todas as pessoas
15:33que vaiam
15:34ou que te aplaudem,
15:34elas não estão ali.
15:36Então,
15:36eu gosto muito
15:37de que
15:39os nossos posicionamentos,
15:40eles respeitem
15:41o nosso íntimo,
15:43que a gente não vá
15:44tanto sobre os outros,
15:46o que os outros fazem,
15:47porque cada um
15:48tem a sua luta,
15:49cada um tem
15:50a sua particularidade,
15:52o que funciona
15:52para você
15:52pode não funcionar
15:53para mim.
15:54Por isso que não tem
15:54um ideal,
15:55por isso que eu não acho
15:56que tem um formato
15:57que é assim o assado.
16:00Eu falo que
16:00sempre tem alguém
16:01que sabe mais
16:02sobre a nossa vida
16:02do que a gente,
16:03ou sempre tem alguém
16:04que aponta e diz,
16:05eu sei fazer melhor
16:06do que você.
16:07Parece que as pessoas
16:08têm essa sensação,
16:09essa postura
16:10de que elas
16:11têm sempre a solução
16:12para a nossa vida
16:13de uma forma
16:14que nós nunca
16:15sequer pensamos nisso.
16:18Então,
16:18eu gosto
16:19da possibilidade
16:20da gente olhar
16:21para dentro
16:22e a gente entender
16:23o quão confortável
16:24estamos naquela situação,
16:25o que realmente
16:27para a gente
16:28naquele momento
16:29cabe.
16:31Gosto muito
16:32do diálogo,
16:33acho que a gente
16:34precisa aprender.
16:35Tem uma coisa
16:36que eu gosto
16:36que é assim,
16:37eu não vou concordar
16:38em tudo com você,
16:40nunca.
16:40Isso não existe,
16:41não dá para eu concordar
16:42em tudo,
16:42mas eu posso dar um lugar
16:43para aquilo que você fala.
16:45E se você é uma pessoa
16:46importante para mim
16:47em alguma esfera
16:47da minha vida,
16:48eu posso lidar com isso.
16:51E lidar com isso
16:52é eu gerenciar
16:53as minhas emoções
16:54para que então
16:55a gente consiga conviver.
16:58Dependendo do que você
16:59é para mim,
17:00dependendo do lugar
17:01que eu entendo
17:01que é importante
17:03para mim ter com você.
17:04Isso eu acho
17:05que vem também
17:06de uma inteligência emocional
17:08no sentido
17:09da socialização,
17:10no sentido
17:11do que eu quero
17:11construir na minha vida.
17:13Pelas abordagens,
17:14Ana,
17:15que você recebe
17:15nas redes sociais,
17:17é possível dizer
17:18o que é mais difícil
17:20hoje?
17:21Você é começar
17:21um relacionamento,
17:23você é manter,
17:23que procuram mais solteiros
17:25ou casados
17:26e tem diferença
17:27entre homens e mulheres
17:28o interesse
17:29sobre esse assunto?
17:30Eu acho que as mulheres
17:31são ainda
17:32um público
17:34muito mais frequente,
17:36por mais que eu tente
17:37lutar muito,
17:38muito para os homens
17:40me seguirem
17:42no sentido do...
17:43para os homens
17:47se autorizarem
17:48a olhar
17:49o seu campo emocional.
17:51Nos meus atendimentos
17:52clínicos,
17:53eu tenho 50-50,
17:54eu tenho
17:55tanto homens
17:56quanto mulheres.
17:57Acho que como clínico,
17:59os homens
17:59me entenderam
18:01como uma profissional
18:02de confiança
18:03por alguma razão,
18:04então,
18:05eles me procuram.
18:06mas em seguir
18:07em redes,
18:08em estar ali,
18:10as mulheres,
18:11eu falo que
18:12estão num número
18:13muito maior,
18:14mas eu gostaria
18:15muito que isso
18:16fosse desconstruído,
18:18gostaria muito
18:19que a gente
18:20conseguisse
18:20vencer isso,
18:22que os homens
18:23se autorizassem,
18:24porque a depressão
18:24masculina hoje
18:25cresce cada vez mais.
18:27Os homens,
18:28eles são muito,
18:28os homens em geral,
18:30são muito desconhecedores
18:31sobre as suas emoções.
18:34Ainda a gente tem
18:35uma sociedade
18:36que,
18:37direta ou indiretamente,
18:39passa essa mensagem.
18:41E o drama
18:42dessas mulheres
18:43que te procuram
18:43é mais
18:44conseguir um relacionamento
18:45ou manter o relacionamento?
18:47Eu ia te responder
18:48a sua primeira pergunta,
18:50que não há
18:52maior dificuldade
18:53na vida
18:54em qualquer assunto
18:55que você fale
18:56que não seja manter.
18:57Você quer emagrecer,
18:58é difícil começar um regime.
18:59Depois você começa,
19:00o risco é você
19:01não parar de emagrecer.
19:02Ou você não emagrece nada,
19:04ou você se perde nisso.
19:05É muito difícil
19:06manutenção de tudo.
19:07Você começa esse programa
19:08aqui,
19:09ou ele alavanca
19:10no começo,
19:11ou ele não vai,
19:13aí você fica
19:13naquela história,
19:14porque manter a audiência
19:15em tudo
19:16é muito difícil.
19:17Manter.
19:18Relacionamento
19:19com a maior dificuldade?
19:20Manter.
19:21Não tem rogar praga não,
19:22os programas são um sucesso.
19:24Não, não.
19:24Eu estou falando assim,
19:25a maior dificuldade
19:28na vida
19:28é que nem agora
19:29nas Olimpíadas.
19:30você imagina,
19:31quando você
19:32atinge um lugar,
19:34tudo que você sempre quis,
19:35você conseguiu lá,
19:36pode um.
19:37Que delícia.
19:38Mas depois,
19:38e a tensão
19:39pra manter aquilo?
19:40A manutenção
19:41é muito
19:42tensa,
19:44é a maior dificuldade.
19:45Então,
19:45com certeza,
19:47eu acho que
19:47o manter,
19:49e manter,
19:49eu digo,
19:50inclusive,
19:50quem terminou
19:51o relacionamento,
19:52a dificuldade da pessoa
19:53lidar com esse termo
19:54de relacionamento,
19:55então esse é o maior público
19:56que me procura,
19:57que terminou o relacionamento,
19:58que está solteiro
19:59e que está desacreditado
20:02nos relacionamentos,
20:02justamente por quê?
20:03Pra manter este lugar
20:05socialmente aceito,
20:07que entende
20:07que deve
20:08atingir
20:09dentro de todas
20:10as necessidades
20:13e os checklists,
20:15né?
20:16Que a gente coloca
20:17que tem que fazer isso,
20:18que em tal idade
20:19tem que casar,
20:20em tal idade
20:20tem que ter filho e tal,
20:22então isso ainda
20:23é muito forte
20:23na nossa cultura.
20:24Lula Teixeira?
20:25Pamela,
20:26eu escutei essa semana
20:27um podcast
20:28do New York Times
20:28que falava
20:29das pessoas separadas
20:30com mais de 50 anos,
20:32e aí tinha um dado
20:33interessante,
20:34que a proporção
20:35de homens
20:36querendo um segundo
20:37casamento
20:38era o dobro
20:39da proporção
20:40de mulheres
20:41querendo um segundo
20:41casamento,
20:43e aí eles tinham
20:43duas explicações,
20:44uma que as mulheres
20:45já entenderam
20:45que é roubada,
20:46tiveram várias relações
20:47e viram que ali
20:48que não dava certo,
20:50e a outra
20:50é que os homens
20:51tinham dificuldade
20:51de ficar sozinhos
20:52com mais de 50,
20:53então eles estavam
20:54precisando meio que
20:54alguém para cuidar deles.
20:56Você faz sentido?
20:57Você acha que isso
20:58acontece no Brasil também?
21:00Ó, tem gente
21:00tem que ter uma teoria
21:01boa aí para isso,
21:02que a gente estava
21:03conversando aqui antes,
21:07mas gostei muito,
21:09achei interessante.
21:10Eu acho que
21:11ainda culturalmente
21:12a gente tem sim,
21:14principalmente acima
21:15dos 50 anos,
21:16os casamentos
21:17eles têm
21:18uma dinâmica interessante,
21:20vou deixar bem frisado,
21:22acima de 50 anos,
21:23para o povo não ficar
21:24brigando comigo depois
21:25quando eu falo as coisas,
21:26porque pega só um pedaço
21:27da minha fala.
21:29Acima de 50 anos,
21:30a gente ainda tem
21:31um casamento
21:32pautado numa
21:33dinâmica hierárquica,
21:36em que,
21:37na maior parte das vezes,
21:38este homem,
21:39ele é o provedor,
21:40e esta mulher,
21:43ela,
21:44na maior parte das vezes,
21:46ela optou
21:47por não trabalhar,
21:48ou teve um acordo
21:49por não trabalhar,
21:50então tem-se
21:51uma relação
21:52de bastante dependência
21:54na maior parte
21:55dos casos
21:55quando a gente
21:56pensa na sociedade
21:56brasileira.
21:59Trazendo o New York Times
22:00para o Brasil aqui,
22:01que é a nossa maior audiência.
22:03Aí o que acontece?
22:05Quando se termina,
22:07tem-se uma sensação
22:08de estar perdido
22:10numa dinâmica
22:11em que essa mulher
22:12cuidava muito da casa
22:13e, portanto,
22:13cuidava muito
22:14deste homem,
22:16de tudo o que dizia
22:17respeito a este homem
22:18e dos filhos e tal.
22:20Então,
22:20ao mesmo tempo
22:21que parece que a força
22:22estava neste homem,
22:23no sentido do trabalho,
22:25do provedor,
22:25da questão financeira,
22:27tem-se uma força
22:27muito grande
22:28dessa mulher
22:28na constituição
22:30do ser,
22:31do afeto,
22:32da segurança,
22:34do ponto de vista
22:34da segurança,
22:35porque quem lava
22:36a sua roupa,
22:37quem faz a sua comida,
22:38quem cuida do seu cantinho,
22:40isso te dá
22:40uma segurança
22:41muito grande,
22:43raiz, né?
22:44Eu falo que é
22:45essa segurança primitiva.
22:46Então,
22:47quando tem o término
22:48do relacionamento,
22:49esse homem,
22:49que até então,
22:50forte,
22:50provedor,
22:51ele se vê muito perdido.
22:53Meu Deus,
22:53o que eu faço agora,
22:54né?
22:54Pra onde eu vou?
22:55Então,
22:56eu vejo que
22:57há uma procura
22:59de um relacionamento
23:00até com aquela intenção
23:01preciso de alguém
23:02que cuide de mim.
23:03E essa mulher,
23:04por sua vez,
23:05muitas vezes,
23:05ela começa,
23:07até de novo,
23:07no momento que a gente
23:08está hoje,
23:09começa a se perceber
23:10e dizer assim,
23:11nossa,
23:11mas será que é isso
23:11que eu quero?
23:12Será que eu quero isso mesmo?
23:14Será que eu não quero
23:14viver outras coisas
23:15que eu não vivi?
23:16Será que eu quero
23:16viver mais a minha sexualidade?
23:18Será que eu quero
23:19me experimentar mais?
23:20Então,
23:20essas mulheres,
23:21muitas vezes,
23:22elas se submetem
23:23a mudanças de corpo,
23:25elas se submetem
23:26a mudanças profissionais.
23:28Então,
23:28tem-se esse cenário
23:29atualmente,
23:30pelo menos do que
23:31eu percebo
23:32que chega até pra mim.
23:32Elas são mais autônomas
23:34do que os homens
23:35nesse sentido,
23:36porque...
23:36É curioso esse choque,
23:38porque até então
23:39parece que é aquele homem
23:40que era a força
23:42da relação.
23:43E no final,
23:43a gente tem
23:44essa percepção
23:47dessa mulher
23:48que se vê muito perdida
23:48no primeiro momento
23:49por uma relação
23:50de dependência financeira,
23:51mas que ela vai
23:53renascendo
23:54e percebendo
23:54a potência dela
23:55e percebendo
23:56o lugar que ela tinha ali
23:58que muitas vezes
23:58ela nem fazia ideia
24:00do quão grande era.
24:01Fâmela,
24:03existem milhões
24:04de músicas
24:05no mundo inteiro
24:06sobre dor de amor.
24:07É verdade.
24:08E não à toa
24:09seus vídeos
24:10sobre o luto
24:11com o fim
24:12de uma relação
24:12fazem um sucesso
24:13danado nas redes sociais.
24:15Acho que todo mundo
24:15já passou por uma experiência
24:17assim,
24:17é de sofrimento.
24:19Quais são as dicas
24:20que você costuma dar
24:21nesse sentido?
24:23Término relacional?
24:24Bom,
24:24primeiro que
24:25términos doem.
24:27É muito difícil
24:28você dizer
24:29ah,
24:30não sentir.
24:30se você diz isso
24:31é porque você
24:32já estava terminando.
24:33Tem gente que
24:34começa um término
24:35mais silencioso.
24:36Eu falo que
24:37ninguém termina
24:38ao mesmo tempo
24:39numa relação.
24:40Tem gente que foi
24:41se desconectando
24:42aos poucos.
24:43Tem gente que
24:44idealizou,
24:45não enxergou.
24:46Tem pessoas
24:46que estão tão
24:47presas
24:49em alguma
24:49projeção,
24:51em alguma busca
24:52que não conseguem
24:52nem enxergar o outro.
24:54Aquela história
24:54de que um dia
24:55ele foi embora
24:55e falou que ia
24:56comprar cigarro
24:57e nunca mais voltou.
24:58Você vai trabalhar
24:59com essa pessoa
24:59pra entender
25:00onde ela estava
25:01que ela não estava
25:01olhando essa relação,
25:03vendo essa pessoa.
25:04Então,
25:05tem pessoas
25:05mais desconectadas,
25:07tem pessoas
25:07que vão terminando
25:08silenciosamente,
25:10tem pessoas
25:11que gritam,
25:13que berram,
25:13que sinalizam.
25:15Cada personalidade
25:15é uma,
25:16mas fato é que
25:17términos doem.
25:19Fato é que
25:19separação
25:20custa.
25:22Separação
25:22custa emocional,
25:24custa dinheiro,
25:26custa a gente
25:26ter que abrir mão
25:27de muita coisa,
25:28custa a gente
25:29ter que olhar
25:30pra lugares
25:31difíceis,
25:32custa a gente
25:33ver filho
25:34sofrer,
25:36custa a gente
25:37ter que negociar
25:38muitas coisas,
25:39lidar com
25:40sentimentos
25:41e sombras
25:42gigantes
25:42aqui dentro.
25:43Então,
25:44términos
25:44são difíceis.
25:46Eu falo que
25:46é uma ponte
25:47que a gente
25:47precisa passar
25:48quando isso
25:49acontece,
25:50que a gente
25:51pode fazer
25:52algumas escolhas
25:53de como vamos
25:53passar,
25:54mas teremos
25:56que passar
25:56por ela.
25:56e que
25:58não dá
25:58pra pular
25:59essa etapa.
26:00O ser humano
26:01na era digital
26:02ele é
26:03condicionado
26:04com cliques,
26:05fecha a janela,
26:06bloqueia a pessoa,
26:08deleta,
26:08né?
26:09Mas
26:10quando a vida
26:10nos apresenta
26:11esses sofrimentos
26:13necessários,
26:14há um choque.
26:15Mas como faz?
26:16Eu quero
26:16passar isso,
26:17eu não aguento mais,
26:18eu preciso trabalhar,
26:19eu preciso...
26:20Mas
26:20essa dor
26:22ela é inevitável
26:24e é muito curiosa
26:25porque a cura
26:27dela
26:27é passando
26:28por ela.
26:29Conforme você
26:30vai passando,
26:31você vai elaborando
26:32e você vai elaborando
26:34porque da mesma forma
26:35que esse relacionamento
26:36não começou
26:36da noite pro dia,
26:38esse sentimento
26:38também,
26:39ele precisa ser
26:40reorganizado
26:41dentro de você.
26:42Então eu diria
26:43pras pessoas,
26:44é algo que parece
26:45óbvio,
26:46mas que é preciso,
26:47que é sobre
26:48a paciência
26:49do seu sentir.
26:50acolha
26:52os seus sentimentos,
26:54respeite
26:54o quão genuíno
26:56é tudo isso,
26:57o quão legítimo
26:58é o sangrar
27:00dos seus sentimentos,
27:01algo que não se vê,
27:03mas que se sente
27:04puramente
27:05e brutalmente,
27:07principalmente
27:07na grande maioria
27:08dos casos,
27:10quando você não queria
27:10que tivesse terminado.
27:12É,
27:12é um sinal de humanidade
27:13também,
27:13de envolvimento,
27:14etc.
27:15Então,
27:16isso existe,
27:17a questão é como você
27:17vai administrar
27:18pro resto daquele período
27:20ou da sua vida.
27:21Me marcou muito
27:22um parágrafo,
27:23não vou lembrar,
27:23evidentemente,
27:24a formulação
27:24do Paul Auster,
27:25um grande escritor,
27:27eu fazia resenha literária
27:28pro antigo jornal do Brasil
27:30e tinha um livro dele
27:31que eu até critiquei
27:32em parte,
27:32elogiei em parte,
27:33não estava entre os melhores,
27:35mas ele falava
27:36que todo dia no mundo
27:36morria gente de amor.
27:38Porque em geral
27:39as pessoas botam lá
27:40na declaração
27:42no atestado de óbito
27:43a causa imediata,
27:44mas no fundo
27:45aquela pessoa
27:45morreu porque tinha
27:46uma dor profunda
27:47que nunca foi curada,
27:49que nunca foi
27:49bem administrada.
27:51Então,
27:52o luto
27:53é muito marcante
27:54e gera
27:55muitas reflexões
27:56artísticas
27:57também a respeito disso.
27:58Agora,
27:58ele tem gerado
27:59nessa era
28:00de redes sociais
28:00muito barraco
28:01virtual.
28:03A gente vê
28:03celebridades,
28:05atores,
28:05atrizes,
28:06esportistas
28:07levando o relacionamento
28:09privado
28:10para a esfera pública,
28:12se atacando,
28:13celebridades
28:14que estão
28:15em processo
28:15de divórcio
28:16ou com pagamento
28:18de pensão
28:18atrasado,
28:19etc.
28:19Eles vão e gravam
28:20um vídeo
28:21e aí há todo
28:22o engajamento
28:23das pessoas
28:24em torno
28:25daquilo.
28:26Aquilo não é
28:26um espetáculo,
28:28como é que eu posso
28:29dizer,
28:30negativo?
28:31Posso fazer um link
28:32com a tua primeira fala
28:33que não pode ser perdida
28:35e com essa fala.
28:38Eu respeito
28:39a frase
28:39que você disse,
28:40mas eu gostaria
28:41de questioná-la
28:42porque eu não acho
28:43que...
28:44Não, só falei
28:44que foi marcante.
28:45Não, não, não.
28:46Não fiz aquele
28:46doço nem...
28:47Mas justamente, não, não.
28:49Mas é porque
28:49ninguém morre
28:51de amor,
28:52mas a gente pode
28:53morrer pela falta dele.
28:55Claro.
28:56A falta do amor
28:57origina tudo isso.
29:00Morrer de amor
29:00é até uma coisa positiva,
29:01a gente está morrendo
29:02de amor.
29:02Exato,
29:03porque na verdade
29:04há uma romantização
29:07de amor
29:09é sofrer, né?
29:10A gente já tem Shakespeare
29:12trazendo isso
29:13com clareza,
29:15fazendo uma correlação
29:16de sofrimento
29:17com um grande amor,
29:19um amor
29:20de tão grande
29:21levaria à morte, né?
29:24E, na verdade,
29:25o mundo
29:26parece,
29:27quando eu falo isso,
29:28parece,
29:28ai, que piegas,
29:29mas é verdade.
29:31Tudo que nós buscamos,
29:32eu provo pra você.
29:33tudo que nós buscamos
29:35na vida,
29:36desde o minuto
29:37que a gente nasce
29:38até o último suspiro,
29:40é amor.
29:42Porque o amor,
29:42ele tem formas
29:44de aparecer
29:45e de ser expressado.
29:46Esse exemplo
29:46que você deu,
29:47quando uma pessoa
29:48passa por uma situação
29:49complicada,
29:50vai nas redes sociais
29:51e começa a falar,
29:52expor a pessoa e tal,
29:54o que ela está buscando?
29:56Ela está buscando,
29:56você vai dizer pra mim,
29:57ah, ela quer aparecer,
30:00ah, ela quer seguidores,
30:01ela quer curtida,
30:03ela quer lacrar,
30:03você vai dizer isso pra mim.
30:04Prudentemente,
30:05nenhum de nós
30:05dissemos nada.
30:06Não, eu digo,
30:07mas, na verdade,
30:09ela está tão ferida,
30:11ela está tão vazia,
30:13ela está precisando
30:13tanto de validação,
30:15ela está precisando
30:15tanto de apoio,
30:16ela está precisando
30:17tanto de suporte,
30:18como chamar isso?
30:19Amor.
30:21Toda vez que as pessoas,
30:23você posta uma foto,
30:24você, eu digo,
30:25qualquer um,
30:25desde um menino
30:26de 12 anos
30:27que posta,
30:28há uma pessoa
30:28de 60 anos
30:29que posta alguma coisa
30:30e ela olha
30:31quantas curtidas tem,
30:32se foi compartilhado ou não,
30:34quantos comentários tem,
30:34por que faz isso?
30:36Isso é amor.
30:37Eu quero ser visto,
30:38eu quero ser valorizado,
30:40eu quero ser percebido,
30:41eu quero que as pessoas
30:41me notem,
30:43eu quero ter um lugar
30:43no mundo,
30:44eu quero que as pessoas
30:45me percebam,
30:46eu quero sentir
30:47que eu existo,
30:48eu quero ser aceito.
30:51Isso é amor.
30:52E a falta
30:53de ser percebido,
30:55a falta
30:56de não ser importante,
30:58a sensação
30:59de ser rejeitado,
31:00a sensação
31:01de ter alguém
31:01melhor que você,
31:02a sensação
31:03de você não fazer
31:04diferença no que você faz,
31:05a sensação
31:05de quem você quis,
31:06não te quis,
31:08a sensação
31:08de você não alcançar
31:10o que você almejou,
31:11tudo isso faz com que
31:12você sinta
31:13vazio desse afeto.
31:15por isso que
31:17é tão importante
31:18a gente sempre
31:19se lembrar
31:20o que que nos afeta
31:22e o que não
31:23nos afeta,
31:24porque afeto
31:26é o combustível
31:27da vida.
31:29É só morre de amor
31:29quem viveu,
31:30né?
31:30Isso.
31:31Você tem que ter vivido,
31:32né?
31:32E é melhor ter vivido
31:33do que não ter vivido,
31:34né?
31:34Eu vou jogar na mesa
31:35outra referência literária
31:36que é a educação sentimental
31:38do Plober.
31:38Que beleza, hein?
31:39Aqui tá muito sofisticado.
31:40porque a justificativa
31:42é a seguinte,
31:43a gente fala muito
31:43sobre educação sexual,
31:45obviamente,
31:45porque tem questões práticas,
31:47né?
31:47Do efeito
31:48de não ser,
31:49de não saber
31:49o que você tá fazendo.
31:51Mas é possível
31:52se preparar
31:52de alguma forma
31:53os sentimentos
31:55ou você só aprende
31:56passando por eles?
31:58Nossa,
31:59aprender sobre os sentimentos.
32:01Acho que a primeira lição
32:01que eu diria
32:02sobre sentimentos
32:04pras pessoas
32:05que estão
32:06nos assistindo,
32:07nos ouvindo,
32:08seria
32:08não se evita
32:10sentimento.
32:12Sentimento
32:12é um troço
32:13que vem,
32:14não dá pra evitar.
32:16Tenta estar com fome
32:17e olhar no outdoor
32:18sei lá,
32:19alguma coisa
32:19que você gosta
32:20de comer,
32:20um sanduíche,
32:21seja o que for.
32:22Você vai salivar
32:22e quando você vir
32:23você já tá salivando.
32:24Não adianta falar
32:24não quero salivar.
32:26Nós podemos
32:26gerenciar sentimentos,
32:28mas não
32:29não conseguiríamos evitar.
32:32Então,
32:33eu
32:33eu gosto
32:34da conscientização
32:35do que se sente.
32:36As pessoas
32:37fogem do que elas sentem,
32:38elas querem se convencer
32:39do contrário,
32:40elas querem odiar
32:41um ex
32:41pra que então
32:42elas sofram menos.
32:43Quando na verdade
32:44elas precisariam
32:45perceber o quanto
32:46aquele ex
32:48marcou.
32:49Ah,
32:49mas ele não prestar,
32:51essa não é a questão.
32:52Mexeu com você,
32:53marcou.
32:55Tinha uma coisa
32:56especial ali.
32:57Ah,
32:57mas não tinha que ser.
32:58As pessoas querem trazer
32:59racionalidade,
33:01justiça,
33:02pra sentimento.
33:04Não dá.
33:04é a maior prova
33:07que somos humanos
33:07quando nós
33:08cedemos
33:10e quando nós
33:11temos humildade
33:12de reconhecimento
33:13sobre o que sentimos.
33:16Aí vou até
33:16citar,
33:17já que tá muito chique aqui,
33:20Charles Bukowski.
33:22Que beleza.
33:22há pessoas
33:25incríveis
33:25e não há cura.
33:30Eu fiz essa pergunta,
33:32só vou passar na frente
33:33rapidinho,
33:33eu fiz essa pergunta
33:34porque eu tenho
33:34um filho de 5 anos
33:35e ele é muito sensível.
33:37Eu sei já.
33:38Que legal.
33:38Ele é muito sensível.
33:39Que bom.
33:39E eu fico,
33:41eu me questiono sobre,
33:42né,
33:42assim,
33:43como é que eu vou fazer
33:44ou se é que eu posso
33:45fazer alguma coisa
33:46pra ele sofrer menos?
33:47Porque eu sei que ele vai
33:47sofrer muito,
33:48eu já sei disso,
33:49né?
33:50É possível fazer alguma coisa
33:52eu não tenho o que fazer.
33:53Ele vai fazer
33:53e o máximo que eu posso fazer
33:54é acompanhar ele.
33:55Você sabe o que você falou?
33:56Eu até arrepiei aqui
33:57na nuca
33:59porque adorei essa pergunta.
34:02Vou perguntar
34:03pra quem tá ouvindo,
34:04assistindo,
34:05você é sensível?
34:07Você acha que as pessoas
34:08sensíveis sofrem mais?
34:11Eu diria pra você
34:11que as pessoas sensíveis
34:13sofrem mais,
34:14mas elas amam mais.
34:16Elas vivem mais.
34:17Elas sentem na pele
34:18muito mais.
34:20Elas passam
34:21por essa jornada
34:22da vida.
34:24Na minha opinião,
34:25da forma que deveria.
34:27São elas que entendem tudo.
34:29Porque
34:30se tem uma coisa
34:32que a gente tá fazendo aqui,
34:34é experimentar.
34:36E que bom
34:36que a gente sabe
34:37experimentar
34:38com intensidade.
34:39Então,
34:40se o seu filho
34:40é sensível,
34:41sorte dele.
34:42E não há nada
34:43que você faça
34:44a não ser amá-lo muito
34:45e dizer a ele,
34:46filho,
34:46eu tô aqui.
34:48Eu tô aqui.
34:49Porque você também
34:49é muito sensível.
34:51Dá pra ver.
34:52Então,
34:53a sensibilidade,
34:55na minha opinião,
34:57é a nossa
34:58principal arma
34:59e que,
35:01ainda que pareça
35:02que vamos padecer
35:03com ela
35:04e por ela,
35:05nós somos salvos
35:07por ela.
35:08É o sentir extremo
35:10que nos salva,
35:11que nos permite
35:12e que nos delicia
35:13na vida.
35:15É aquela história,
35:16se por um lado
35:17sofro porque sou
35:18muito sensível.
35:19Por outro lado,
35:21me realizo
35:22justamente por isso.
35:24Essa é a lei da vida?
35:25É,
35:25que beleza.
35:26Aliás,
35:27Bukowski
35:27era muito sensível,
35:28poeta e escritor.
35:30Aliás,
35:30meu parceiro,
35:32Sacha Bali,
35:32fez uma peça
35:33premiada
35:34a partir da obra
35:35do Bukowski,
35:35que acho que foi
35:36o livro Misto Quente,
35:36que tá disponível
35:37até em edições de bolso.
35:39Eu gosto muito,
35:39o texto mais marcante
35:40pra mim do Bukowski
35:41não foi nem um livro dele,
35:42foi a introdução,
35:43prefácio que ele fez,
35:44a obra
35:44Pergunte ao Pódio,
35:45John Fante,
35:46que é uma das minhas
35:47favoritas,
35:48e quando o Rubem Fonseca,
35:49autor brasileiro,
35:50morreu,
35:50escrevi um texto
35:51citando essa introdução
35:52do Bukowski,
35:53que pra ele
35:54nada fazia sentido
35:55quando ele tava
35:55buscando ali
35:56identificação
35:57nas obras literárias
35:58até encontrar
35:59aquele livro
36:00do John Fante.
36:01E pra mim foi
36:01exatamente isso
36:02que aconteceu
36:02com a obra
36:02do Rubem Fonseca.
36:04Aproveitando aqui
36:04algumas dicas culturais
36:05do podcast,
36:06fala,
36:07Duda Teixeira.
36:07Pra não ficar por baixo
36:09aqui,
36:09todo mundo já fez
36:10a sua citação,
36:11eu vou declamar
36:12uma poesia
36:13do Oswald de Andrade,
36:14que é a poesia
36:16chamada Amor.
36:17Humor.
36:20Essa é a poesia,
36:21ela é bem rápida.
36:23Mas a solução
36:24não é um pouco
36:25levar menos a sério
36:27os relacionamentos,
36:28brincar com isso,
36:29ter um pouco
36:30mais de leveza?
36:31Ser mais antagonista.
36:33Eu acho que
36:33se levar menos a sério
36:36talvez seja também
36:37uma alternativa.
36:39Humor pra tudo, né?
36:41Eu acho que a leveza
36:43nos relacionamentos
36:44faz com que
36:45esse relacionamento
36:46ele possa renascer
36:47em muitos momentos,
36:48porque os altos e baixos
36:49eles são quase que
36:51impossíveis
36:52de serem evitados.
36:54Mas a gente poder
36:56rir até
36:57de momentos
36:58muito difíceis
36:59e a gente poder
37:00trazer esse humor
37:03nas interações,
37:04eu acho que faz
37:05toda a diferença.
37:06Até porque as pessoas
37:07que têm
37:08essa peculiaridade,
37:09esse jeito
37:11mais espirituoso
37:12de ser,
37:13elas são muito
37:13mais gostosas, né?
37:14Eu acho que
37:15são essas pessoas
37:16que acabam tendo
37:17relacionamentos
37:17mais duradouros, assim.
37:20Caso contrário,
37:21acho que não vai
37:21muito pra frente, não.
37:22Eu tenho uma
37:23questãozinha
37:24sobre felicidade.
37:26Mudou alguma coisa,
37:28as pessoas
37:28são mais felizes,
37:30são menos felizes
37:30ou estão do mesmo jeito,
37:32os problemas
37:32só mudaram.
37:33Porque a gente
37:34tem essa perspectiva, né?
37:35De que, ah,
37:36pode ser mais difícil
37:38se relacionar,
37:39mas as pessoas
37:40têm mais liberdade
37:41pra conhecer
37:41mais pessoas diferentes.
37:43Tá na mesma?
37:44Só mudou o problema?
37:45Ou a gente
37:46tá mais feliz
37:46ou mais triste?
37:47Ah, a gente
37:48tá, a gente
37:49tá mais,
37:50mais doente.
37:53Eu acho que
37:54as pessoas
37:55idealizam
37:56uma felicidade
37:57que, pra mim,
37:58não existe.
38:00É vendida
38:01uma felicidade
38:02filtrada,
38:03editada,
38:04que não condiz
38:06com a realidade.
38:07e isso,
38:09por mais que se
38:10tente quebrar,
38:11pra mim,
38:12tá cada vez
38:13mais forte,
38:14cada vez mais
38:15intenso,
38:16cada vez mais presente.
38:19Trazer a realidade
38:21nua e crua,
38:24um pouco mais
38:25de humanidade
38:26nas relações,
38:28nas situações,
38:29eu acho que isso
38:30hoje é bem raro.
38:31acho que é tudo
38:33muito feito,
38:35falta muito,
38:36na minha opinião,
38:37falta muito
38:38a espontaneidade,
38:40a autenticidade,
38:42parece que tudo
38:43tem regras,
38:44parece que tudo
38:45tem formato,
38:46os modelos,
38:46e tem que ser assim,
38:47tem que ser assado,
38:48tem que usar isso
38:49cada vez mais.
38:51E aí as pessoas
38:52buscam essa felicidade
38:54de um jeito
38:56tão desesperador,
38:58não acho que caberia aqui,
38:59mas você vê,
39:00por exemplo,
39:01hoje o uso de drogas
39:02na adolescência,
39:03o quanto isso é
39:04normalizado
39:06no universo
39:07do adolescente
39:08como uma forma
39:09de ser feliz.
39:11Eu preciso ser feliz
39:12a qualquer custo
39:14e obviamente
39:15que aí as drogas
39:16elas entram
39:17como um passaporte
39:18pra isso,
39:19uma felicidade
39:21artificializada,
39:23que seria algo
39:24quase que
39:24proporcional
39:26ao universo
39:27hoje,
39:27que está cada vez
39:28mais virtualizado.
39:30Então eu acho
39:31que as pessoas
39:32precisam entender
39:33que a felicidade
39:35ela não é um estado
39:37que eu vou dizer assim
39:39pleno.
39:41A felicidade
39:42seriam momentos felizes
39:44que nós vamos tendo
39:45no decorrer
39:45da nossa vida
39:46que vão cursando
39:48com outros momentos
39:48de dificuldade,
39:50de dor
39:50e que isso não quer dizer
39:51que eu seja infeliz,
39:53mas que eu consiga
39:54aproveitar
39:55quando essa felicidade
39:56passa
39:57e portanto
39:58estar mais inteiro
39:59seu filho
39:59e uma pessoa sensível
40:01acho que vai saber
40:01fazer bem isso.
40:02Ou vislumbrar
40:03a felicidade
40:05em nome da qual
40:06você vai sofrer
40:06naquele momento
40:07ou você está
40:08fazendo algum sacrifício.
40:09É,
40:09e eu gosto muito assim,
40:11não espera
40:12ganhar aquele dinheiro,
40:15estar com aquela pessoa,
40:16ter aquele corpo,
40:17estudar aquilo,
40:18terminar a faculdade
40:19para ser feliz.
40:21As pessoas vão
40:21jogando a felicidade
40:22pra um dia especial,
40:24idealizado e projetado
40:25que eu acho
40:27que não tem nada
40:27a ver com isso.
40:28Eu não preciso
40:29estar daquele jeito
40:30ou ser ou estar
40:31naquele lugar
40:32para ser feliz.
40:32Eu posso ser feliz
40:33agora do jeito
40:34que eu estou.
40:35Por que a felicidade
40:36precisa ser tão exigente?
40:38Por que os pré-requisitos
40:39pra essa felicidade
40:40que eu desenho
40:41precisa ser algo
40:42tão, assim,
40:44cheio de detalhes
40:45e coisas tão difíceis
40:49e ostentadoras,
40:51gigantes?
40:53Eu não acho
40:54que a felicidade
40:54é grande e barulhenta,
40:56eu acho que ela
40:56é inclusive discreta.
40:58Quando você vê,
40:59você está feliz.
41:00Uma criatura discreta.
41:01Exato.
41:01Caramba!
41:02Eu estava feliz
41:03e nem sabia.
41:04Exatamente.
41:04E tudo que você está falando
41:05está me lembrando
41:05uma entrevista
41:06do psiquiatra austríaco
41:07Victor Franklin
41:08que falava sobre
41:10a busca de sentido.
41:11Eu não sei o quanto
41:12isso também
41:13é um elemento
41:14frequente
41:15na sua psicologia.
41:18E ele,
41:19nessa entrevista,
41:20acho que é de 1985,
41:21ele falava
41:23que as pessoas
41:23que estavam
41:24mais preocupadas
41:26em ser felizes
41:27elas acabavam
41:28tendo problemas
41:28sexuais,
41:30inclusive.
41:31E quando elas relaxavam,
41:32quando elas se entregavam,
41:34ele usava essa analogia
41:35da vida sexual
41:35e da vida
41:36propriamente dita
41:37como aquela felicidade
41:39a ser conquistada.
41:40Quando elas se entregavam
41:41a alguma coisa,
41:42ao amor,
41:43a uma tarefa,
41:43a uma realização,
41:44a uma obra,
41:45a felicidade se instala
41:46e você consegue
41:48fazer exatamente isso
41:50que você está descrevendo,
41:51quer dizer,
41:52ter essa plenitude sutil.
41:54A busca do sentido,
41:55até individual,
41:57anterior e também
41:58concomitante
41:59a uma relação
41:59não é importante.
42:01É,
42:01eu fiquei pensando
42:01que para mim
42:02a felicidade é isso mesmo,
42:04é simples.
42:05É.
42:05Eu acho que
42:06a felicidade,
42:07ela tem a ver
42:09com essa humildade
42:11da franqueza,
42:14daquilo que se vive
42:15sem desenhar algo
42:18tão grandioso,
42:20sabe?
42:21É,
42:21e penso que
42:22eu preciso primeiro
42:23encontrar felicidade
42:26no que eu julgo
42:27ser pouco,
42:29mas que talvez seja
42:30o suficiente
42:30para mim
42:31para que então
42:33eu consiga
42:34estender isso.
42:35acho que
42:37quanto mais
42:38a gente
42:38ser menos
42:42megalomaníacos
42:43e menos
42:44ostentadores
42:45ou menos
42:46invejosos
42:47sobre aquilo
42:49que os outros
42:49tenham,
42:50é duro,
42:50né?
42:50Porque no mundo
42:51que a gente vive,
42:52capitalista
42:52e com tudo
42:53que a gente vê
42:54hoje,
42:55com as ferramentas
42:55que se tem,
42:56parece que
42:57o universo
42:58está cutucando
42:59a gente o tempo
42:59inteiro para mostrar
43:01o quanto o outro
43:01é mais feliz
43:02ou para eu ser feliz
43:03eu preciso ter aquilo
43:04ou ser daquele jeito.
43:05Mas se nós conseguirmos
43:07nos conectar mais
43:08com o íntimo
43:09e olhar
43:11para as nossas
43:11reais necessidades
43:13e perceber
43:14como
43:14pode ser
43:16muito pouco
43:16o que eu preciso
43:17fazer por mim
43:18para que eu me sinta bem,
43:20eu acho que
43:20eu vou ser mais feliz.
43:23O que eu gostaria
43:24de deixar bem claro
43:25para as pessoas
43:25e mesmo assim,
43:26acho que é uma mensagem
43:27dentre várias
43:28que a gente deixou aqui
43:29é que
43:30a felicidade
43:30é simples
43:32e ela mora
43:33dentro da gente
43:34e essa chave
43:35a gente que tem
43:36não vem de fora,
43:39não é alguém
43:39que traz,
43:40não é o outro,
43:41a gente não precisa
43:42chegar em nenhum lugar
43:43e ninguém precisa
43:44nos entregar nada,
43:46está dentro da gente.
43:47Às vezes
43:48o que pode te deixar
43:49mais feliz hoje
43:50é uma boa noite
43:51de sono,
43:52é um banho gostoso
43:53quentinho,
43:54é um filme gostoso
43:55que você assista,
43:56uma comida boa
43:57que você faça,
43:58um perdão
43:58que você dê,
44:00um olhar
44:00que você tenha
44:02para algo
44:03que realmente
44:04seja importante,
44:04uma prioridade
44:05que você está deixando
44:07de fazer,
44:08tudo isso pode te deixar
44:09muito mais feliz.
44:10E só uma rodada final
44:12aqui encaminhando,
44:14tem uma questão
44:15sobre a divisão
44:16de tarefas
44:17num casal,
44:19eu não sei se você
44:19encara como muitos
44:20se encaram,
44:21o casamento
44:22como uma sociedade,
44:23etc,
44:24tem aquela relação
44:25mais tradicional
44:26em que a mulher
44:27cuida das questões
44:28domésticas
44:29e o marido
44:30é o provedor,
44:31isso que já
44:31se remodelou
44:34em diversas relações,
44:36embora haja outras
44:37com uma divisão
44:38mais tradicional,
44:40se é que se pode
44:40se dizer isso.
44:42Só que
44:43há diversas maneiras
44:45de você organizar
44:46esse espaço
44:47do casal,
44:48você já encontrou
44:49muitas maneiras
44:50diferentes,
44:52eu digo,
44:52às vezes o homem
44:53é mais bem sucedido,
44:54às vezes a mulher
44:54é mais bem sucedida,
44:56às vezes um viaja
44:57mais do que o outro,
44:58um cuida mais da casa,
44:59o outro cuida mais.
45:00Mas vamos resolver isso,
45:01Filipe.
45:01Então,
45:01qual é o diálogo?
45:03Vou resolver pra você.
45:04Não é pra mim,
45:04é pra sociedade.
45:06Não, por quê?
45:06Pra você também,
45:08pra todos nós.
45:09Claro.
45:10A gente precisa
45:12olhar pro outro
45:13e perguntar
45:14o que é importante
45:16pra você?
45:18O que você precisa?
45:19O que você gostaria
45:20que eu fizesse?
45:22O que você está
45:23sentindo falta?
45:24O que te deixa triste?
45:28O que eu poderia fazer
45:29que te deixa mais feliz?
45:30Pra não ter aquela
45:31frustração de expectativas.
45:33Pra olhar outro.
45:35Pra dizer,
45:36eu te vejo,
45:37eu tô aqui,
45:38eu tô com você.
45:41As pessoas,
45:42elas querem
45:42algumas soluções,
45:44assim,
45:44mirabolantes
45:45e buscam recursos
45:49e buscam recursos
45:49muitas vezes fora,
45:51sendo que
45:52é meio como a gente
45:53diz sobre a felicidade,
45:55é mais simples.
45:56A gente só precisa
45:57ser visto,
45:58considerado.
45:59A gente só precisa
46:01ser escutado.
46:02uma das maiores soluções
46:07de relacionamentos
46:08que se tem
46:09pai-filho,
46:11mãe-filho,
46:13parceiro-parceira,
46:14parceira-parceira,
46:15seja o que for,
46:16é,
46:17olha pra mim,
46:19me escuta,
46:21dá um lugar
46:21pro que você ouve,
46:23mostra que você se importa,
46:25quando você fala
46:26de divisão de tarefa.
46:27É,
46:28eu botei aqui
46:29só pra causar polêmica mesmo.
46:30Não, não, não.
46:30Não, não, mas
46:31você não causou polêmica,
46:34você traz,
46:35você traz à tona
46:36um ponto importante,
46:37assim,
46:38a gente não tem
46:38que dividir tarefa,
46:41a gente tem que compartilhar
46:42o que é importante
46:44pra nós.
46:45Nós estamos juntos
46:46por quê?
46:48O que que é interessante,
46:50importante,
46:51o que que tá dentro
46:52dos nossos planos,
46:53como cada um de nós
46:54pode contribuir,
46:56a gente não é
46:57uma dupla?
46:58Nós não somos
46:59uma equipe?
47:00Como que a gente
47:01pode fazer
47:02pra isso aqui funcionar?
47:03Eu acho que
47:04quando a gente entender
47:05que um relacionamento,
47:08ele tem a intenção
47:09de dar certo
47:10e os dois topam
47:11a parada,
47:12nós vamos fazer
47:14partes que entendemos
47:16que contribuam
47:17pra isso.
47:18E aí,
47:19a gente não vai ter competição,
47:21a gente não vai
47:22ficar um puxando,
47:23ah, eu fiz,
47:24você que fez,
47:24você que disse,
47:25você que não fez,
47:25isso só acontece
47:26quando a gente
47:27se afasta
47:28e dentro
47:29de um lugar,
47:30de um buraco
47:31tremendo de carência
47:33em que a gente
47:33tá mergulhado
47:34na conduta
47:36individualista
47:37de uma dor
47:38que não é enxergada
47:40e não é compartilhada
47:41e cada vez eu sangro
47:43mais e eu vou
47:44me afastando,
47:45é quando eu
47:46olho pro outro,
47:48o outro me olha
47:49e eu entendo
47:50que é muito importante
47:52que você me veja,
47:53mas que eu te veja
47:54também e que
47:55eu quero ser amado
47:56e você também
47:57precisa muito disso.
47:58É isso aí,
47:59Rodolfo Boasdiga.
48:00Eu vou sair dessa
48:00profundidade aí
48:01pra voltar
48:02pra superfície
48:03porque você falou
48:05da comparação,
48:06né,
48:06e o terreno
48:07da comparação
48:07é a rede social
48:08e a minha questão
48:11é pra,
48:12inclusive,
48:12tentar solucionar
48:13esses problemas,
48:15o quanto
48:16que a rede social
48:17trouxe a gente
48:18onde tá hoje,
48:19essa questão
48:20de relacionamentos
48:20e como se
48:21blindar disso,
48:23como se prevenir,
48:24ter uma forma melhor
48:25de usar,
48:26uma forma melhor
48:26de entender
48:27o que tá sendo publicado,
48:28porque essa é a questão,
48:29às vezes você vê
48:30uma publicação
48:31que ela projeta
48:32uma situação
48:33que não necessariamente
48:34é real,
48:35você embarca nela
48:36e ao embarcar
48:37você vai tentar
48:39levar o seu relacionamento
48:40pra um patamar
48:40impossível de ser levado
48:42porque aquilo
48:42que tá acontecendo ali
48:43é irreal.
48:45É usar menos
48:46rede social?
48:47É saber usar melhor?
48:48Eu penso que a gente
48:49usaria menos
48:50a rede social
48:51se nós
48:53tivéssemos
48:53mais afinados
48:54nas nossas
48:55relações
48:56interpessoais.
48:58As redes sociais
48:59elas não são
49:00pra mim, né?
49:01Elas não são
49:02as vilãs.
49:04Pelo contrário,
49:04elas se tornaram
49:05recursos de fuga.
49:07As pessoas usam
49:08as redes sociais
49:09porque elas estão
49:11com muita dificuldade
49:12de lidar
49:13com as relações
49:14interpessoais.
49:15É difícil
49:16olhar olho no olho.
49:17É difícil encarar,
49:18é difícil
49:18uma conversa franca.
49:20É difícil
49:21terminar um relacionamento
49:22falando,
49:24dizendo,
49:25lidando com a frustração
49:26do outro.
49:27É difícil
49:29fechar um ciclo.
49:31É muito mais fácil
49:32a gente fazer
49:33por ali.
49:34As funcionalidades
49:36das redes sociais,
49:37da tecnologia,
49:39ela vem pra facilitar
49:40muitos pontos
49:42que são necessários
49:44pro aprimoramento humano.
49:46Então,
49:46nós encontrarmos
49:47equilíbrio
49:48pra usar das redes sociais
49:49que não são vilãs,
49:50mas são facilitadoras,
49:52eu acho que isso
49:53vai fazer da gente
49:54pessoas mais sábias
49:56e que sim,
49:57nós vamos transitar
49:58por tudo isso
49:58com muito mais facilidade.
50:00Mas com toda certeza,
50:01quando nós olhamos
50:02as redes sociais,
50:04nós temos a sensação
50:05que tudo é muito
50:05mais melhor,
50:06mais melhor.
50:07Tudo é muito melhor
50:08do que a gente.
50:09Tudo é muito superior.
50:11Tudo está muito acima
50:12do que nós somos.
50:14Por isso que a gente
50:14tem que lembrar
50:15que isso é uma tecnologia
50:16virtualizada
50:17e que a realidade
50:18está aqui.
50:18eu existo
50:20e que eu não deixo
50:22de fazer isso.
50:23Rodas de conversa,
50:24encontre as pessoas
50:26que são importantes
50:27pra mim,
50:28fale cara a cara,
50:30que nada vai substituir isso,
50:32nada.
50:32Duas Teixeira,
50:33pra encerrar.
50:34Você está conversando aqui
50:35com três homens, né?
50:36Mas se fôssemos
50:37três mulheres,
50:38com certeza alguém
50:39já teria te feito
50:40a pergunta que é
50:41como é que eu faço
50:42pra conciliar
50:42as minhas demandas
50:44familiares de mãe,
50:46filha,
50:47esposa,
50:48com o meu trabalho, né?
50:50Isso que acontece
50:51com as mulheres
50:52é uma questão
50:54mais da cobrança
50:55da sociedade,
50:56é uma cobrança
50:57delas mesmas
50:58ou isso é uma coisa
51:00que já está meio que
51:00se resolvendo?
51:02Nossa,
51:03eu acho que nós mulheres,
51:05nós,
51:06a história de que nós
51:08conquistamos um lugar,
51:10né?
51:10Eu falo que nós só
51:11acumulamos mais funções,
51:15né?
51:15Nós não deixamos nada,
51:16nós só acumulamos,
51:18então, assim,
51:18a mulher é uma mulher
51:19polvo,
51:20ela faz milhões
51:22de coisas ao mesmo tempo,
51:24ela tem,
51:26ela se sente
51:27numa necessidade
51:28incrível
51:29de entrega,
51:31eu vejo
51:33a mulher moderna
51:34com uma necessidade
51:36muito grande
51:36de ser boa em tudo,
51:38tudo,
51:39então ela quer ser
51:40boa no trabalho,
51:41ela quer ser boa mãe,
51:42ela quer,
51:43não é nem ela quer,
51:44ela sente que ela tem
51:45que ser,
51:45ela se culpa muito
51:46por não entregar
51:47o que ela entende
51:48que ela deveria entregar,
51:50eu penso que isso
51:51está muito atrelado
51:52a uma cultura,
51:54porque nós lutamos muito
51:55para conquistar
51:55muitas coisas,
51:56dá a impressão
51:57que assim,
51:57bom,
51:58agora eu preciso
51:58dar conta disso,
51:59eu não lutei,
52:00então agora eu preciso
52:01entregar,
52:01porque eu não posso
52:02ficar abaixo,
52:03eu tenho que,
52:04então,
52:05sinto que tem
52:05uma pressão muito grande,
52:07sinto que tem
52:08um estresse gigantesco,
52:09não à toa,
52:10a gente tem esse
52:10burnout
52:11no universo feminino
52:13muito,
52:13muito forte,
52:15muito intenso,
52:16penso que
52:17há uma dificuldade
52:19grande de pegar leve
52:20consigo mesma,
52:22eu sou uma dessas,
52:23por exemplo,
52:24acho que eu sou
52:24uma mulher contemporânea
52:25bem típica,
52:26assim,
52:27de,
52:28tenho muita dificuldade
52:29de lidar
52:30com a possibilidade
52:32de não preciso
52:33ser tão boa
52:34nisso aqui,
52:35porque eu não preciso,
52:36mas daí,
52:37essa negociação
52:39consigo mesma
52:40é muito difícil,
52:41passa por vários lugares,
52:43a gente precisa
52:44se perdoar,
52:46a gente precisa
52:47trabalhar questões
52:50gigantes internas,
52:51sombras internas,
52:53lealdades que a gente
52:54tem adentro de nós,
52:55para conseguir nos autorizar,
52:57de repente,
52:58não,
52:58aqui eu não preciso
52:58entregar tanto,
53:00mas aqui eu vou,
53:01mas com certeza
53:02é um dilema
53:03ainda muito grande,
53:05desbravador,
53:06e que eu não sei
53:07outra forma
53:08de melhorar isso,
53:08se não com
53:09muita terapia.
53:11com muita terapia,
53:12que inclusive,
53:13é o caminho
53:14que eu
53:14estou percorrendo.
53:16E esse é o caminho
53:17também,
53:17a última pergunta,
53:18porque você falou
53:19muito do diálogo,
53:20de ouvir o outro,
53:21de se dar conta,
53:22no entanto,
53:23existem pessoas
53:24que promovem
53:26um relacionamento
53:27chamado abusivo,
53:28tóxico,
53:29existem pessoas cínicas,
53:30existem pessoas perversas,
53:32existem sociopatas,
53:33quer dizer,
53:34como é que se descobre
53:36esse limite,
53:38qual é esse ponto
53:40em que a pessoa fala,
53:41olha,
53:41eu tentei de tudo,
53:43mas realmente
53:43essa pessoa não quer,
53:45ou essa pessoa
53:45está fazendo coisas ruins,
53:47o mais aconselhável
53:49é buscar terapia
53:50para poder verificar isso?
53:53Acho que são dois pontos,
53:54né,
53:55primeiro,
53:56é muito difícil
53:57a gente realizar
54:00que está numa relação abusiva,
54:02porque a relação abusiva,
54:04ela é uma relação
54:05de muito envolvimento
54:07e tem a característica principal
54:08que é a manipulação,
54:11então,
54:11se não existisse a palavra
54:13manipulado,
54:15né,
54:15então assim,
54:16a pessoa dificilmente
54:17ela consegue perceber
54:19que ela está,
54:20então esse é um ponto
54:21que é importantíssimo dizer,
54:22porque quem vê de fora
54:24parece óbvio,
54:25mas a pessoa está envolvida,
54:27ela está manipulada,
54:28então,
54:28quando você tenta ajudá-la
54:30ou você tenta tirá-la dali,
54:32possivelmente ela se afasta
54:33de você.
54:34Ah,
54:34nós somos profissionais
54:36sobre esse assunto.
54:37Porque ela está
54:38com uma deturpação perceptiva.
54:40Exatamente,
54:41uma das nossas funções básicas
54:43do jornalismo,
54:43do antagonista,
54:44é distinguir o que é propaganda,
54:46o que é realidade,
54:46o que é manipulação
54:48e o que é descrição
54:48objetiva dos fatos,
54:50e como as pessoas
54:51muitas vezes estão identificadas
54:52com uma tribo política,
54:53ideológica,
54:54se você aponta
54:55um fato objetivo,
54:57uma verdade inconveniente,
54:58uma informação verdadeira,
54:59mas que pegue mal,
55:00que seja negativa
55:01para aquela pessoa,
55:02para aquele grupo,
55:02elas muitas vezes
55:03reagem com fúria,
55:05com hostilidade,
55:07porque elas estão
55:08sendo manipuladas
55:09e elas estão muitas vezes
55:10rejeitando a consciência.
55:11E você sabe por que isso?
55:13Quero ouvir a sua explicação,
55:14eu tenho as minhas.
55:15Não,
55:16por isso eu quero te ouvir.
55:19Falando do ponto de vista
55:20de relacionamento,
55:21mas você tem razão,
55:22manipulação,
55:23acho que isso existe
55:24desde que mundo é mundo,
55:26isso é uma fraqueza
55:30do ser humano
55:31que é aproveitada
55:33nas mais variadas camadas,
55:35a gente sabe disso,
55:36e a manipulação,
55:38ela acontece
55:39diante de uma vulnerabilidade,
55:42existe uma vulnerabilidade
55:44em que essa manipulação
55:46chega e ela consegue,
55:48ela consegue envolver,
55:50ela cega o indivíduo
55:53e ela coloca aquela verdade
55:56ou aquela regra
55:58ou aquela doutrina
56:01que ela determina.
56:03E aí o que acontece?
56:04Aquela pessoa,
56:05ela fica escravizada naquilo.
56:08Exatamente.
56:08Então o que vem de fora
56:09não consegue penetrar.
56:11Mas o que faria isso acontecer?
56:13Isso acontece porque
56:15essa pessoa entende
56:16que precisa de algo
56:18que o manipulador oferece.
56:21Então nós só conseguimos
56:22vencer isso
56:24e nós só conseguimos
56:25quebrar o encanto,
56:26diríamos assim,
56:28quando a gente consegue
56:29fazer essa pessoa
56:30ter aquilo
56:32que ela entende
56:33que só está no manipulador
56:34através dela mesma.
56:36Por isso que
56:37no assunto relacionamento,
56:39a autonomia emocional
56:42que eu falo
56:43que é essa força
56:44que o indivíduo tem
56:46é algo que o blinda.
56:49Quando eu me torno
56:49uma pessoa com autonomia
56:51que eu entendo
56:51que eu não preciso de você,
56:53eu estarei com você
56:54enquanto você for bom
56:54para mim,
56:55dentro daquilo
56:56que eu entendo
56:57que me faça sentido
56:58e seja construtivo.
56:59possivelmente eu consigo
57:01me safar
57:02de relações
57:03desse perfil.
57:04Maravilha!
57:05Pamela Magalhães
57:06ofereceu aqui
57:06uma terapia,
57:08uma dinâmica
57:08sensacional.
57:09Eu achava que Duda Teixeira
57:10e Rodolfo Costa
57:11estavam precisando.
57:11Mentira!
57:13A gente sempre
57:14acaba ganhando,
57:14acaba enriquecendo
57:16o nosso repertório.
57:17Muito obrigado,
57:17Pamela Magalhães,
57:18pela participação
57:19aqui numa das primeiras edições.
57:21Adorei!
57:22A gente também
57:22do podcast O.A.
57:23A gente está até
57:24extrapolando o tempo aqui
57:25e você acompanha
57:27as próximas edições
57:28desse novo programa
57:29que integra
57:30todos os programas
57:30anteriores de entrevista
57:31de O Antagonista
57:32agora ficam nesse novo
57:33formato mais atraente
57:34que a gente vai
57:35divulgar bastante
57:36para a gente poder ter
57:36conversas para muito
57:37além da política
57:38porque a saúde mental
57:40tem que vir também
57:41em primeiro lugar.
57:42Um grande abraço a todos
57:43e continue acompanhando
57:44o antagonista.com.br
57:45e o nosso canal de YouTube.
57:46Tchau!
57:55Tchau!
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