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00:00Olá, sejam muito bem-vindos ao Narrativas Antagonista. Eu sou Madeleine Lasco, sou sua companhia de segunda a sexta-feira aqui no YouTube do Antagonista.
00:25Você também lê a minha coluna no site do Antagonista e sem paywall. E aliás, quero te dar uma ideia aqui. Eu vou te ajudar a dar para o seu pai um presente inteligente de dia dos pais.
00:41É o combo de assinatura da Cruzoé com o Antagonista. Aproveita que é por tempo limitado. Tem um cupom que é o cupom só da família Narrativas Antagonista, que é Narrativas 10.
00:56Você faz a compra do combo anual e põe lá o Narrativas 10, que eu vou te dar um desconto. Eu vou te ajudar a dar de presente para o seu pai.
01:07Ah, eu posso repassar esse cupom? Se for para alguém que gosta do Narrativas Antagonista, pode repassar o cupom sim.
01:16Fica de olho, que o dia dos pais já está chegando aí. Aproveita que você, eu sei, que gosta de jornalismo independente,
01:24se está aqui é por causa disso. Divide aí com as pessoas que são do seu círculo de amizades, as pessoas que você ama. Combinado?
01:33O fato do dia de hoje. Como derrubar uma ditadura socialista?
01:40Gente, que ditadura socialista que caiu? A gente já vai falar sobre isso, mas daquele jeito que você sabe,
01:47que só o Narrativas Antagonista faz. Eu te digo os fatos e depois a minha opinião.
01:54Mas antes disso, eu te digo, qual vai ser a narrativa da esquerda e qual vai ser a narrativa da direita?
02:03E eu acerto. Por isso que os fanáticos me odeiam.
02:07Fato do dia. Como derrubar uma ditadura socialista?
02:18Aqui, ó, no Antagonista tem a notícia.
02:20Renúncia de primeira-ministra e fuga em Bangladesh.
02:26Sheikh Rafina, que era a primeira-ministra de Bangladesh, já numa longa carreira política,
02:32que eu vou explicar tudo pra vocês aqui, renunciou depois de semanas de protestos sangrentos no país.
02:43Mais de 200 pessoas assassinadas pela polícia dela, que fazia uma repressão fortíssima.
02:50O que que aconteceu?
02:51Lá eles têm um sistema de cotas para os descendentes de quem lutou na revolução separatista.
02:59Esse sistema tinha caído em 2018 e ela tava querendo restituir agora 30% de cota no serviço público
03:08para os netos, era assim que ela se referia, de quem brigou nessa revolução.
03:15E tava essa discussão no país, umas semanas atrás, ela foi dar uma entrevista e, enfim,
03:24ela falou algo que não devia, ela falou assim, ah, se não vai dar as cotas por quem brigou na revolução,
03:30vocês querem que dê o quê? Que dê cota pro outro lado?
03:33E aí os estudantes começaram a ir pra rua, isso foi se evolumando e o regime caiu.
03:38Mas aqui eu vou te contar a história completa, pra você entender a complexidade do que acontece em Bangladesh.
03:45Bangladesh. Ah, eu li que era uma ditadura socialista. Era sim, era sim.
03:51Só que a situação é bem mais complicada. E eu não sei se você sabe, Bangladesh torce pela seleção brasileira.
03:59Eles torcem desde a década de 80 pela seleção brasileira, aquela época dos grandes craques,
04:12a nossa seleção virou uma febre lá para o país pra ver jogo do Brasil.
04:17Onde que fica Bangladesh? Vamos dar uma olhada no mapa, que não é uma região do mundo,
04:23com a qual a gente é muito familiarizado, né?
04:25Então vocês vejam aí. Você tem essa fronteira da Índia com a China.
04:32Do lado oeste você tem Paquistão e Afeganistão.
04:38Entre China e Índia você tem o Nepal e o Butão.
04:44E aí você tem Bangladesh ao lado leste.
04:50Só que era tudo uma coisa só, o Paquistão e Bangladesh.
04:58Sim, era Paquistão Ocidental e Paquistão Oriental.
05:05West Paquistã e East Paquistã.
05:08Que tinham etnias diferentes.
05:13O East Paquistã, hindu.
05:15E o West Paquistão, que era maior, mais forte, também governava lá.
05:22Virou uma teocracia, uma teocracia não, uma ditadura islâmica.
05:29Lá pro final da década de 50.
05:32E como a maioria do outro lado é hindu, isso começou a gerar um atrito.
05:39E, vamos dizer, hindu de etnia, de etnia mesmo.
05:45Não necessariamente de religião.
05:49E aí o que que tava acontecendo?
05:51Esse pessoal de etnia hindu começou a querer se separar.
05:59E começaram a ir pra rua e querer se separar.
06:02E vocês vejam, já é distante.
06:03Eles já estão mais abrigados ali dentro da Índia.
06:06Começaram a ter grandes revoluções ali.
06:10E aí tem um episódio da história recente dos mais chocantes,
06:16que foi o genocídio de Bangladesh.
06:19Sim, teve um genocídio lá.
06:21Começaram a matar todo mundo de etnia hindu lá por 1971.
06:27Foram nove meses de uma guerra pela independência.
06:30Se estima que as forças armadas do Paquistão e as milícias armadas
06:38mataram entre 300 mil e 3 milhões de pessoas.
06:44E eles fizeram também uma campanha sistemática
06:48de estupro das mulheres de Bangladesh.
06:52Eles chamam de estupro genocida.
06:55Pra que elas engravidassem de filhos da outra etnia.
07:00Foi pesado o negócio aí.
07:04E aí, existe um debate se é ou não genocídio.
07:09Mas muitos acadêmicos falam que é genocídio.
07:11Porque era a tentativa de eliminar a população.
07:13Quem ficou de qual lado?
07:14Do lado de Bangladesh, que eram esses que estavam sendo assassinados,
07:21ficou Índia e Rússia.
07:26E contra, que apoiando o Paquistão.
07:32Aí ficaram Estados Unidos, China.
07:38Enfim, outros países do Oriente Médio.
07:43É uma aliança que a gente não entende.
07:45Mas como você vê pelas cores ali,
07:47a maioria do mundo não participou dessa guerra.
07:52Não tomou parte nesses eventos.
07:54E aqui, gente, eu estou falando em hindus, hindus, hindus.
07:58Para facilitar.
07:59Porque a etnia ali é bem gale.
08:02Eles estavam lutando ao lado da Índia.
08:04Tem uma proximidade, tem uma proximidade étnica também.
08:09E aí, o que é que acontece?
08:11Surge, no meio dessa resistência, uma espécie de guerrilha.
08:18Que era muito inspirada no socialismo.
08:23Na Ingloslávia de Tito.
08:25Nos Vietcongues no Vietnã.
08:28Nas guerrilhas promovidas pelo Che Guevara.
08:32E era secular.
08:34Era contra uma dominação religiosa muçulmana.
08:39Vejam que complicado.
08:41Eles eram chamados de Mukti Bahimi.
08:45Eram as forças de defesa.
08:49E foram lutando nessa guerra.
08:50Lutando nessa guerra.
08:51Até que conseguiram.
08:53E efetivamente aconteceu.
08:55A separação do país.
08:57E o reconhecimento do país.
09:01E aí, este homem foi o primeiro presidente do país.
09:05Sheik Mujbur Haman.
09:10Ele é até hoje reconhecido em Bangladesh.
09:13Tem uma pesquisa da BBC feita recentemente.
09:16como o maior bengalês de todos os tempos.
09:21Ou o maior bengalho de todos os tempos.
09:24O maior.
09:25Ele se torna o primeiro presidente do país.
09:27E ele é o pai desta primeira ministra deposta agora.
09:32Eles tomaram o poder e estabeleceram um regime parlamentarista em Bangladesh.
09:41Lá na década de 70.
09:44Ele fez uma nova constituição secular e socialista.
09:51Só que ele começou a ter dificuldades para governar.
09:55Tinha pobreza, desemprego e grandes problemas de corrupção.
10:00Uma crise de abastecimento alimentar.
10:02Uma repressão também violenta com negativas de direitos humanos.
10:07Ele acabou introduzindo uma regra de partido único.
10:14Depois que estava no poder.
10:17E acabou assassinado por um grupo de oficiais do exército de Bangladesh.
10:25Eles tomaram o poder.
10:27Tiraram o pai da atual primeira ministra.
10:29Mataram um monte de gente da família dele.
10:31E declararam a lei marcial no país.
10:35A filha desse homem, Sheik Hazina, se tornou, segundo a Forbes, a 46ª mulher mais poderosa do mundo.
10:49Ela é a primeira ministra há mais tempo à frente do poder na história de Bangladesh.
10:56Só esse último mandato tinha 15 anos.
10:59E era o quarto mandato dela.
11:03O terceiro consecutivo.
11:07E ela ganhou ali um grande número de cadeiras.
11:11Mas a oposição, que lia a enúncia dela, disse que vinha reprimindo a liberdade de expressão há muito tempo.
11:22E também ela é acusada de fraude eleitoral.
11:26De cometer fraude para se manter tanto tempo no poder.
11:30Ela foi primeira ministra já no fim do século XX, entre 1996 e 2001.
11:40E essa história de Bangladesh, gente, é muito complicada.
11:46Por quê?
11:47Ela teve presença no governo e existia uma outra mulher que era, vamos dizer, a grande adversária.
11:58A política de Bangladesh ficou em torno de duas mulheres, uma contra a outra nesses últimos anos.
12:06O que acontece na política de Bangladesh?
12:09No início do século XX, a gente tem já um golpe militar.
12:17Ela é uma história toda violenta, cheia de reviravoltas.
12:22Havia uma onda de violência entre partidários das duas rivais.
12:30Essa primeira ministra que caiu, que é a Sheikh Hassina.
12:36E a outra, que também foi primeira ministra, Haleda Zia.
12:43O que aconteceu?
12:44As duas, na virada do milênio, tinham hordas de seguidores fanáticos que começaram a agir de forma violenta entre eles.
12:56Protestos no país.
12:58No fim, houve uma espécie de intervenção militar, uma liga militar, falando sobre a corrupção, tanto de uma quanto de outra.
13:07Eles acabaram derrubando o governo no ano de 2007, porque em janeiro houve uma explosão de violência dos partidários das duas nas ruas.
13:20Fizeram essa campanha de corrupção enquanto estava ali uma administração provisória do exército e foi parar na cadeia todo mundo.
13:30As duas foram presas na operação anticorrupção.
13:34E aí, acontece o quê?
13:38Aí, soltam as duas para poder concorrer nas eleições.
13:43Te lembra alguma coisa?
13:44Não, calma.
13:46Soltam as duas para concorrer nas eleições.
13:49E aí, a Sheikh Hassina ganha, numa aliança de centro-esquerda, em 2008, 262 cadeiras das 300 em jogo.
14:02E a oponente dela fica com 32.
14:06Então, aí acaba o governo provisório de Bangladesh e começa o dessa atual primeira-ministra.
14:15E aí, o que acontece?
14:16Ela está querendo instituir esse sistema de cotas.
14:23De volta.
14:24É um sistema que tinha caído em 2018 no governo dela própria.
14:29Olha, isso foi em junho.
14:33Primeiro começa, comecinho de junho, uma manifestação em universidades.
14:40Depois, você tem manifestações chegando às ruas.
14:46Aí, os estudantes apelando ao presidente.
14:52Chega dia 15 de julho, o governo começa uma repressão brutal contra os estudantes que não saem das ruas.
15:02Os estudantes batem na polícia de volta.
15:06Aí, a polícia começa a entrar nas universidades com arma de fogo.
15:13Matam estudantes.
15:14Aí, começa a ir para as ruas, além da manifestação, as manifestações fúnebres pelos estudantes.
15:21Chega ali, dia 20, 25 de julho.
15:24Um ápice, porque o governo sequestrou e torturou um dos líderes estudantes e ninguém mais saía das ruas.
15:36Nessa altura do campeonato, ali no 24 de julho, quem é que estava saudando Bangladesh?
15:47Bangladesh, a nossa primeira dama, Dona Janja Lula da Silva.
15:56Vou trazer aqui para vocês.
15:59Dona Janja estava aqui, olha.
16:03Empoderar mulheres ao redor do mundo também é uma das formas de diminuir as desigualdades.
16:09Hoje, no dia do pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza,
16:15me sinto honrada por vestir uma roupa feita com tecido que foi bordado por mulheres de Bangladesh.
16:22Isso no meio da polícia matando, já tinha matado uns 200 estudantes, tá, gente, quando esse texto foi publicado.
16:32Ganhei ele com muito carinho da embaixadora de Bangladesh no Brasil.
16:37E usá-lo nesse dia tão simbólico é uma forma de homenagear o povo e as mulheres de Bangladesh.
16:44Bangladesh e todas as mulheres ao redor do mundo.
16:48Todo o meu reconhecimento às mulheres que empreendem, gerando renda e movimentando a economia de seus países.
16:56Juntas, nos fortalecemos na luta por um mundo mais justo e solidário para todas e para todos.
17:03Ano passado, antes, sabe, esses protestos, porque essa última postagem, inclusive na abertura do negócio do G20 da Fome,
17:14a nossa primeira-dama, a dona Janja, estava usando essa roupa enquanto os protestos sangrentos corriam lá em Bangladesh.
17:21No ano passado isso ainda não tinha acontecido.
17:23Era só mesmo a acusação de ser ditadura, esse tipo de coisa.
17:27Foi emitido um comunicado oficial, oficial do nosso governo, em que a nossa primeira-dama diz
17:37Bangladesh está à frente do Brasil na questão do empoderamento de meninas e mulheres.
17:43E aí a embaixadora de lá disse
17:48Bangladesh e o Brasil têm muito em comum, incluindo a luta contra a pobreza, desigualdade e mudança climática.
17:56Apoiamos os esforços do presidente Lula de ajudar os mais necessitados,
18:00assim como a forma como a excelentíssima primeira-ministra Sheikh Hassina está fazendo em Bangladesh.
18:08Nessa altura do campeonato, o governo da Sheik Hassina, que foi presa, depois foi solta, ganhou a eleição,
18:19tinha convulsionado.
18:20Estava assim o negócio.
18:21O governo da Sheik Hassina, que foi solta, ganhou a eleição,
18:51E aí as coisas foram escalando.
19:09E foram escalando de um jeito que já aconteceu diversas vezes na história recente de Bangladesh,
19:16que chega um ponto em que as próprias forças armadas, que ao fim e ao cabo são quem tem mesmo o poder, porque tem a força,
19:27percebem que não vale mais a pena ficar mantendo aquele estado de coisas, aquele governo.
19:36Porque as pessoas não saem das ruas, aquilo vai convulsionando, vai desgastando as forças armadas, vai desgastando mais a população,
19:46e o governo não oferece uma alternativa.
19:50Muitos analistas internacionais já falavam que as forças armadas, os próprios aliados da primeira-ministra,
19:59estavam tentando convencê-la a buscar um asilo em outro país,
20:03porque já não tinha mais como controlar a situação.
20:07Ela tentou controlar pela força.
20:11Saí matando o pessoal que se manifestava, sequestrando, torturando, e nem assim o povo saiu da rua.
20:20E aí as forças armadas pararam de combater as pessoas,
20:25e foi feito esse acordo para ela sair do país.
20:27Então vamos ver aqui o momento em que as pessoas invadem o Palácio do Governo.
20:33E aí
20:34E aí
20:38E aí
20:43E aí
20:48E aí
20:48E aí
20:52Nas ruas, a população de Bangladesh comemorou a queda da ditadura socialista
21:20Que por sua vez só surgiu para impedir um genocídio após uma teocracia islâmica
21:29Ou seja, é um povo sofrido, né gente?
21:50Foi invadido também o parlamento
22:02Que por sua vez só surgiu o parlamento
22:32Essas imagens aqui se diz que são da fuga da Sheikh Hassina
22:48Que ela teria, se diz que ela teria ido para a Índia
22:51Não se sabe exatamente até agora para onde ela foi
22:53É, não tem um polícia que não pode, não vai sim
23:00Não se sabe exatamente até agora para onde ela foi
23:30Aí, aqui tem umas imagens do que fizeram na casa da primeira-ministra.
23:35O pessoal invadiu, inclusive tem canal que transmitiu live da invasão na casa dela.
23:42Invadiram, saíram comendo as coisas, pulando na cama. Dá uma olhada aqui.
24:00Invadiram também o parlamento.
24:30Invadiram também o parlamento.
25:00O pai da Sheikh Hassina, que é o tal do herói nacional, primeiro-presidente,
25:05mas que também foi assassinado enquanto estava no poder,
25:09tem estátuas dele, que ele é como se fosse um pai da pátria.
25:13E o pessoal saiu derrubando as estátuas do pai fundador de Bangladesh, Musbur Haman.
25:30E agora a gente tem aí a ala militar assumindo o país interinamente,
25:38algo que já aconteceu outras vezes, para ver como é que vai fazer essa transição de poder.
25:42Mas também não se esqueçam de que há um conflito étnico que gerou um genocídio.
25:50E com esta bagunça toda, já há casos reportados de induz ou bengales
25:56sendo vítimas de ódio racial no meio dessa história toda.
26:02E aí, o que é que você acha disso?
26:07Como derrubar uma ditadura socialista calma?
26:12Que antes de você achar, nós vamos para as narrativas.
26:15O tema direito bolsonarista é alérgica à democracia e eu posso provar.
26:26Eles não sabiam onde é que fica Bangladesh até ontem.
26:31Foram descobrir que teve um golpe de Estado e a esquerda caiu, pronto.
26:36Já estão tudo comemorando em rede social, viraram tudo especialistas em Bangladesh.
26:42Quando a esquerda está no poder, para eles, tudo é possível.
26:48Foi assim que deram o golpe na presidenta Dilma aqui no Brasil.
26:53E eles comemoram ainda mais quando quem toma o golpe de Estado é uma mulher.
27:00Vocês podem reparar, eles não aguentam uma presidenta empoderade,
27:05que nem foi a Dilma Rousseff.
27:07Uma primeira ministra empoderade, que nem a gente tinha lá em Bangladesh.
27:13Eles querem é a teocracia do evangelistão e a mulher ajudadora do marido.
27:20Não passarão, porque foi para isso que eu fiz o L.
27:23Tic-tac, tic-tac, caiu lá em Bangladesh.
27:33A ditadura socialista.
27:35O povo na rua derrubou a ditadura socialista, que a Janja era assim, ó.
27:41Unha e carne, porque esse pessoal não pode ver uma ditadura que já sai abraçando.
27:46Agora só falta o amiguinho do marido da Janja, o Maduro.
27:52Vai cair de Maduro, porque a Maria Corina é a representação do verdadeiro poder da mulher.
28:00Está na rua todo dia e vai derrubar essa ditadura.
28:05Vocês sabem o que em Bangladesh tem a urna eletrônica igual do Brasil?
28:10Os únicos que tem urna eletrônica aqui no imprime são Brasil, Bangladesh e Butão.
28:15Então, significa, né?
28:17Mas não pode abrir a boca, porque aqui tem a ditadura da toga.
28:21Mas vocês sabem de quem é a culpa, né?
28:23De quem assinou cartinha pela democracia.
28:26Faz o L agora, isentão.
28:33E qual é a minha opinião?
28:36A minha opinião é que o poder não dura para sempre.
28:42Poder é sempre transitório.
28:45E esse caso de Bangladesh traz em sua tona, né?
28:50Uma primeira ministra de quatro mandatos, que já tinha sido primeira ministra antes do ano 2000.
28:57Depois foi presa por corrupção.
28:59A principal rival dela foi presa por corrupção.
29:02Uma polarização desgraçada no país, porque os fãs de uma e de outra se enfrentaram até na rua.
29:08Teve de ter uma intervenção lá dos militares.
29:11Depois soltam as duas.
29:14Elas concorrem.
29:15Essa mulher consegue ficar no poder mais de 15 anos.
29:19E acaba ruindo tudo ali que parecia que não tinha para onde ir.
29:27O povo não saía das ruas.
29:31Chegou a uma exaustão.
29:32Em Bangladesh, a gente tem uma outra realidade em que isso acontece muito, muito.
29:41Várias vezes.
29:42Tem intervenção militar, tira.
29:44O próprio pai dessa primeira ministra, que foi o primeiro presidente de Bangladesh,
29:48fundador, pai da pátria, saiu do poder assassinado num golpe de Estado.
29:55Então, é um país em que isso acontece muito.
29:57É uma outra realidade.
29:58O que isso diz sobre nós?
30:02Diz uma coisa para a Venezuela e uma coisa para o Brasil.
30:05E eu vou começar com o que diz para a Venezuela.
30:09O poder é transitório.
30:12Quem realmente tem o poder num país, ao fim e ao cabo, é o povo capaz de se organizar.
30:22Político só cede a polvo na rua.
30:27E as forças armadas também acabam cedendo a isso.
30:31Mas, para isso, precisa haver uma capacidade de organização superior à capacidade de repressão das forças armadas.
30:44Isso geralmente acontece quando?
30:46Quando para as pessoas já deu total.
30:51Total.
30:53Porque, se não for no limite do cidadão comum, ele não vai largar o dia a dia dele, a rotina dele.
31:02Ele tem coisas para fazer.
31:04Precisa pagar a conta, tocar a casa, cuidar de filho.
31:07Ele não vai ficar dois meses indo para a rua todo dia.
31:10Isso só acontece quando já tiraram tanto da pessoa, que tiraram da pessoa o medo de perder tudo.
31:19E isso é gradual.
31:21Então, nesse regime que a gente tem, já é uma eleição que foi questionada.
31:26A primeira vez que ela se elegeu, ela está há 15 anos no poder, fazendo essas eleições super questionadas.
31:30E já vinha aumentando a questão da fome, já vinha a questão da poluição.
31:36Tinha tido até uma melhora econômica nesses últimos tempos de mandato.
31:43Mas aí ela começa a querer fazer de novo uma cota de 30% no serviço público
31:49para os netos de quem lutou na Revolução de 1971.
31:55E isso acaba colocando este poder à deriva.
32:01O que a Venezuela tem a aprender?
32:03O pessoal não está saindo da rua.
32:06Já aconteceu isso em 2017 com Maduro.
32:09Houve uma repressão violenta.
32:13Você tinha o Leopoldo Lopes como uma figura.
32:17Mas você não tinha ainda essa situação em que as pessoas já estavam completamente,
32:24completamente desesperançosas.
32:27Por quê?
32:29Elas tinham a esperança de que, fazendo algumas mudanças no sistema eleitoral,
32:36para comprovar para a comunidade internacional que o Maduro fraudava eleições,
32:43elas poderiam virar o jogo.
32:45E foram feitas algumas alterações nas leis.
32:49E é por isso que tem esse problema com as atas.
32:51Porque o tipo de alteração de roubo que se fazia antes, ele não consegue mais fazer.
32:57Porque quando reimprime o tal do boletim de urna com outros resultados,
33:02agora tem um código que mostra que é o outro.
33:06Então dificultou.
33:08Tem uma questão técnica que foi feita ali no meio, pela oposição,
33:11que passou meio despercebida e que agora serviu para demonstrar à comunidade internacional a fraude.
33:18E aí resta o quê as pessoas?
33:20Elas não têm mais essa esperança de que uma vez demonstrada a fraude,
33:25ele sairia, ele passaria o poder.
33:28Então as pessoas estão na rua, vendo se conseguem tirar um ditador.
33:34E pode ser que chegue ao ponto em que as Forças Armadas achem,
33:37olha, para nós não compensa mais apoiar o Maduro.
33:42O Maduro não é um líder militar que nem foi o Hugo Chávez.
33:45E para as Forças Armadas, talvez compensasse fazer um acordo com essa oposição,
33:50já que essa oposição também vai ficar nas mãos das Forças Armadas.
33:54Não vai ter essa liderança que o Hugo Chávez já teve.
33:58Vai ser uma liderança mais enfraquecida,
34:01que vai deixar as Forças Armadas fazerem o que quiserem.
34:04E para nós, qual é a lição que fica?
34:07A lição que fica de Bangladesh para nós,
34:10é que ou o governo Lula assume de vez,
34:13que vai apoiar tudo quanto é ditadura,
34:15e a gente está indo para o eixo autocrático,
34:18ou toma cuidado com as manifestações.
34:22Precisava a Janja, bem no meio dessa repressão
34:26que matou 200 estudantes nos protestos,
34:29se alinhar ao governo de Bangladesh?
34:33Tem tanto país no mundo, por que ela escolheu ele?
34:37Pode significar muita coisa.
34:40Pode não significar nada.
34:43Pelo andar da carruagem,
34:45a gente está, sim, se alinhando ao eixo autocrático.
34:48Resta saber se o brasileiro vai reagir,
34:52ou vai ficar contente de falar,
34:53eu avisei, faz o L e dane-se.
34:56Bom, pessoal, o Narrativas Antagonistas vai ficando por aqui.
35:07Eu espero muito que você tenha gostado.
35:11Hoje foi bem interessante, histórico, né?
35:13Trouxe uma coisa diferente aqui para ver se vocês gostam.
35:16E não se esqueçam que para vocês que querem apoiar o jornalismo independente,
35:20tem o meu cupom de Dia dos Pais do Combo,
35:25assinatura Combo,
35:27Cruzoé e o Antagonista, pacote anual.
35:30Ele já, o Combo já vale a pena,
35:33e eu ainda te dou mais um desconto
35:35com o meu cupom NARRATIVAS10.
35:39Bota lá o NARRATIVAS10,
35:41clica que você vai ver o seu desconto aparecendo.
35:43Quer dar um presente legal para o seu pai?
35:45Está aí.
35:45Não se esquece de entrar para a Corrente Espiritual dos Três Cês.
35:49Curta, comente, compartilhe.
35:52E eu volto amanhã às 5 da tarde.
35:55Beijo, até lá.
35:55Transcrição e Legendas por Quintena Coelho

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