Podcast OA! - Convidado: Luiz Gaziri - Vídeo Dailymotion

O Antagonista

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Transcript

00:00:00De conversa boa, todo mundo quer participar, o antagonista também.

00:00:05Nossa equipe recebe convidados especiais para um bate-papo leve e divertido

00:00:10sobre as experiências de cada um.

00:00:13Podcast O.A. Conversa boa de ver e ouvir.

00:00:19Salve, salve, sejam bem-vindos a...

00:00:22É isso, cortou?

00:00:24Ah, então estamos no ar.

00:00:25É porque o Podcast O.A. ao vivo, nesse episódio especialíssimo.

00:00:29Eu estava divulgando aqui nas redes sociais, pedi para a produção esperar mais um pouco,

00:00:32mas a gente já entra no ar assim, nesse clima intimista.

00:00:36É um episódio que a gente faz do Podcast O.A. especialmente ao vivo,

00:00:40mas o programa é toda segunda-feira, às 19h30, no canal de YouTube de O Antagonista.

00:00:45E hoje a gente recebe, eu e o Duda Teixeira, um convidado especialíssimo,

00:00:49o autor best-seller Luiz Gaziri.

00:00:51Ele que fala sobre polarização num livro mais recente,

00:00:55mas também sobre auto-engano, que tem tudo a ver com polarização.

00:00:58Sobre felicidade, vários livros aí que fizeram muito sucesso nas plateleiras físicas, reais e virtuais.

00:01:05E é um prazer recebê-lo presencialmente no nosso estúdio. Salve, salve.

00:01:08Prazer é todo meu. Felipe, Duda, espero poder esclarecer coisas interessantes hoje

00:01:13sobre o nosso comportamento humano, nem sempre previsível.

00:01:16Exatamente. Você sabe que eu falo que o foco do nosso trabalho, em geral, é o comportamento humano.

00:01:22A gente... Ah, vocês falam de política, a gente fala de política, de cultura e tal,

00:01:25mas é sempre sob a perspectiva aqui no Antagonista, nos meus trabalhos como colunista,

00:01:30do comportamento humano, que eu acho que a política é um grande mosaico de comportamentos.

00:01:35Tem muita gente que olha assim pra política, principalmente na juventude,

00:01:38embora hoje a juventude esteja cada vez mais ativista, como um assunto chato.

00:01:43Mas eu considero um assunto que você pode usar pra ver como você não deve se comportar na vida.

00:01:52Exatamente.

00:01:52Muitas vezes tem grandes reflexões que a gente faz a partir daquelas condutas

00:01:56das quais a gente está tratando no dia a dia.

00:01:59O que fez você se interessar tanto por essa matéria?

00:02:03Eu sou administrador de empresas. Então, quando eu estava na faculdade,

00:02:08eu sempre me interessei mais pelas disciplinas de comportamento humano.

00:02:12Entender sobre como que a gente motiva funcionários, por exemplo, numa organização,

00:02:17que tipo de premiação faz as pessoas ficarem infelizes, que tipo de premiação não deixa,

00:02:21como que a gente contrata, como que a gente remunera.

00:02:24Então, essas sempre foram as minhas paixões.

00:02:27Então, saí da administração, trabalhei como executivo durante 16 anos.

00:02:34E aí, por causa da minha paixão pela ciência, eu decidi encerrar uma carreira como executivo

00:02:39pra poder ensinar pras pessoas as evidências científicas sobre como que a gente se comporta,

00:02:43pra que a gente possa tomar decisões melhores dentro das empresas,

00:02:47desenhar estratégias que são melhores dentro da política.

00:02:50Puxa, como é que a gente não se torna vítima de um charlatão que tem praticamente todos?

00:02:56Essa é uma das primeiras lições que o brasileiro precisa aprender.

00:02:59Sem dúvida nenhuma.

00:03:00É muito fácil a gente se tornar vítima de charlatão hoje em dia.

00:03:04Então, todos esses temas sempre me fascinaram muito e me fizeram estudar cada vez mais.

00:03:10E eu tenho que passar essa mensagem pras pessoas sobre todas as evidências científicas

00:03:16que fazem a gente entender um pouquinho melhor nosso comportamento,

00:03:19ver os exemplos de outras pessoas pra que a gente não tome decisões que são erradas,

00:03:23que vão prejudicar nossa vida, ou que vão fazer a gente perder dinheiro.

00:03:27Então, a gente tem que entender de nós mesmos pra gente poder ter essas decisões melhores

00:03:32e, consequentemente, uma vida que é melhor também.

00:03:34Deixa eu mostrar aqui a capa do livro do Luiz Gazzini.

00:03:37Esse aqui é de 2023?

00:03:39É isso?

00:03:392023.

00:03:40Olha aí, a arte de enganar a si mesmo.

00:03:42É sobre isso que ele está falando.

00:03:43Uma visão científica da polarização política e outros males nem tão modernos.

00:03:47Ele que é professor de ciências comportamentais.

00:03:50Tem um prefácio também de Clóvis de Barros Filho.

00:03:52Duda Teixeira.

00:03:54Luiz, você falou boa noite.

00:03:56Você falou que a gente tem que tomar cuidado com os charlatões.

00:03:58Mas, onde a gente olha na política, só tem esse tipo de gente.

00:04:03Que são aqueles caras que dizem, olha, eu estou me sacrificando aqui pelo bem comum.

00:04:07E, olha, vocês precisam de mim.

00:04:09O Lula falou, eu vou estar de muleta e eu vou estar concorrendo de novo.

00:04:16O Bolsonaro está inelegível e ele quer.

00:04:19Por que que, no fim, essas pessoas, exatamente os charlatões, acabam levando mais votos e continuam na política?

00:04:25O ser humano tem uma necessidade de ter previsibilidade.

00:04:30A gente detesta coisas que são incertas.

00:04:33Então, quando um político dos dois lados sempre está passando uma mensagem sobre incerteza.

00:04:40Ah, se você não votar em mim, o Brasil vai virar uma Venezuela.

00:04:42Ah, se você não votar em mim, o Brasil vai virar fascista.

00:04:45Então, existe um grupo de pessoas que estão constantemente sendo ameaçadas.

00:04:50Tem uma visão de que sempre tem alguém tentando pegar eles.

00:04:53Tem um lado tentando derrubar um ou outro.

00:04:55Então, as pessoas acabam sendo vítimas desses charlatões.

00:04:58Por quê?

00:04:59Porque ele é a salvação.

00:05:01Essa pessoa é a única opção que ele tem para salvar o Brasil.

00:05:05Então, como as pessoas têm essa necessidade de ordem e de entender uma lógica do mundo que é ilógico e é difícil da gente prever alguma coisa.

00:05:15Então, eu me apegar a esse tipo de charlatão e falar, olha, o mundo é uma porcaria ruim.

00:05:20Está todo mundo tentando derrubar.

00:05:21Eu sou a sua única salvação.

00:05:23Isso a gente viu em todos os outros cultos que existem aí, como o do Jim Jones, por exemplo.

00:05:29O Jim Jones, que teve o massacre lá de Jonestown.

00:05:32Quase mil pessoas se suicidaram a comando desse cara, que era um charlatão.

00:05:40Mas também, os capitalistas querem dominar o mundo e a única salvação sou eu.

00:05:45Você tem que me seguir, você tem que ir junto comigo.

00:05:47O pessoal do Heaven's Gate, que é um outro culto, onde as pessoas se suicidaram a comando de um charlatão.

00:05:52Então, eu sou o canal que vai transmitir a mensagem no extraterrestre para você sobre o que você tem que fazer e tal.

00:05:59Então, nessa necessidade de ordem, de previsibilidade sobre como o mundo funciona, a gente acaba se tornando vítima dessas pessoas.

00:06:07Você, para esse livro, A Arte de Enganar a Si Mesmo, conversou com diversos acadêmicos estrangeiros, inclusive nos Estados Unidos.

00:06:15O Luiz Gazei estava contando para a gente que, a partir de junho agora, vai fazer mestrado em Harvard, na área de psicologia também.

00:06:23Como é que foram esses contatos internacionais? Foram importantes para a obra?

00:06:26Demais. Eu tenho um costume de, de tempos em tempos, visitar cientistas para me atualizar sobre os últimos estudos científicos.

00:06:34A gente ter um contato maior com eles.

00:06:36É uma pena que eu tenho que ir para os Estados Unidos, porque tem muitos pesquisadores brasileiros, inclusive, lá.

00:06:42Porque a nossa ciência aqui, do Brasil, realmente ainda é muito fraca.

00:06:46Então, por isso que a gente tem que ir para fora para ver o que vem acontecendo.

00:06:49Mas esse livro, por exemplo, eu demorei quatro anos para escrever ele.

00:06:52Eu li mais de dois mil artigos científicos e visitei treze cientistas nos Estados Unidos.

00:06:57Então, fui na Harvard, fui na Stanford, fui na Universidade da Califórnia, fui na Arizona State, fui na Columbia, fui na NYU.

00:07:04Fui incomodar meio mundo para tentar entender esse fenômeno da polarização política,

00:07:09entregar um conteúdo para as pessoas para que elas possam escapar desse tipo de armadilha

00:07:14que está pegando grande parte da população, para que a gente possa construir um país melhor.

00:07:18Esse é um tema que me interessa muito.

00:07:20Como evitar a manipulação de massa, como você criar filtros mentais e como você educar pessoas

00:07:27para que elas tenham algum tipo de arma intelectual para se defender.

00:07:33Não estou falando de violência física, obviamente, porque parece que com os adventos tecnológicos,

00:07:39as ferramentas de manipulação, elas se desenvolveram muito.

00:07:44E as técnicas para se manipular massa se aprimoraram.

00:07:48Então, você tem uma amplificação da propaganda populista, inclusive, do nós contra eles,

00:07:53que vai dividindo as sociedades.

00:07:55Os algoritmos das redes sociais acabam gerando uma radicalização e um divisionismo

00:08:01à medida que acabam privilegiando um conteúdo mais polarizado.

00:08:07Como é que se sai disso?

00:08:10São passos que a gente tem que entender como é que a gente chega lá.

00:08:13Porque todos nós aqui conhecemos pessoas que são PHDs, são espertas, são inteligentes,

00:08:19são diretores de empresa e acabam sendo vítima desse tipo de coisa.

00:08:23Aliás, deixa eu fazer um parênteses, só porque você falou isso.

00:08:25Porque muitas vezes eu falo aqui no Papo Antagonista,

00:08:29que quando eu estou falando de incultura do povo,

00:08:33e principalmente quando qualquer pessoa fala,

00:08:35as pessoas automaticamente pensam, principalmente quando elas são ricas,

00:08:40que você está falando de pessoas pobres.

00:08:41Mas não, as elites são incultas, em sua maioria.

00:08:45Evidentemente, a gente encontra exceções, como você, como outros estudiosos.

00:08:50E às vezes a gente encontra pessoas simples, que não tiveram estudo,

00:08:54mas que tem uma conexão com a realidade,

00:08:56que percebem as coisas de relance, no insight.

00:09:00Então, o Brasil precisa de mais conhecimento para não se deixar engambelar.

00:09:05Muitas vezes é engenheiro, é médico, é economista,

00:09:08é gente que acaba se tornando radical.

00:09:11Demais.

00:09:12E por falta, muitas vezes, de letramento científico, que eu falo.

00:09:16Porque no momento que você entende como que a ciência funciona,

00:09:19a gente começa, a nossa régua para aceitar certo tipo de conteúdo,

00:09:24de mensagem, sobe demais.

00:09:26Porque a gente começa a pensar, falando,

00:09:27não, mas esse cara disse isso, mas será que a causa não é uma outra?

00:09:30Então, a gente entende um pouquinho melhor como a sociedade funciona

00:09:35e a gente começa a ter liberdade mental.

00:09:38Mas um perigo que existe, respondendo a tua pergunta anterior,

00:09:41o ser humano tem uma necessidade gigantesca de continuar com a imagem positiva de si mesmo.

00:09:48Essa é uma das maiores motivações que tem para nós.

00:09:50A gente sempre quer passar a imagem para nós mesmos,

00:09:53que a gente é esperto, bom decisor, honesto, trabalhador,

00:09:58que a gente nunca votaria num político que é desonesto.

00:10:01Então, a gente quer manter essa imagem.

00:10:03E aí o que os cientistas demonstram é o seguinte,

00:10:06no momento que eu voto num político,

00:10:09e esse político se elegeu,

00:10:11depois de um tempo eu recebo uma notícia da mídia

00:10:14que esse político está envolvido num escândalo de corrupção,

00:10:18eu tenho o que os cientistas chamam de dissonância cognitiva.

00:10:21Seja em estatal, seja com emenda, seja em gabinete.

00:10:24Só para deixar claro que tem de todos os lados.

00:10:26Exatamente.

00:10:27Então, eu tomei uma decisão, eu votei num político,

00:10:30e eu percebi que a decisão que eu tomei estava errada,

00:10:34porque esse cara é um corrupto.

00:10:36Então, eu entro em dissonância,

00:10:37tem um desconforto dentro da minha cabeça.

00:10:40E eu tenho que resolver esse desconforto.

00:10:43Então, os cientistas demonstram que toda vez que a gente tem uma crença

00:10:46e mostram para a gente que a nossa crença está errada,

00:10:50ao invés da gente atualizar a nossa crença,

00:10:53pegar essa evidência nova aqui e falar,

00:10:55cara, nunca mais voto nesse desgraçado.

00:10:57Putz, cara, como que eu fui burro, cara?

00:10:59Não é possível.

00:11:01Se o ser humano fosse racional, era exatamente isso que ele faria.

00:11:04Mas não é isso que a gente faz.

00:11:05Até você encenando é bonito de ver, né?

00:11:07Porque o reconhecimento é um negócio tão raro.

00:11:11Às vezes a gente recebe mensagem de gente assim,

00:11:13mas publicamente você raramente vê.

00:11:15Talvez as pessoas não devessem ficar dizendo em quem votaram em público,

00:11:18que a humilhação é menor.

00:11:19Exatamente.

00:11:20E ela tende a ter mais facilidade de sair desse beco.

00:11:23Sem dúvida nenhuma.

00:11:25Mas por incrível que pareça, Felipe,

00:11:27mesmo quando as pessoas tomam uma decisão privada,

00:11:30elas não contam para ninguém,

00:11:31elas têm a tendência de se manter consistente

00:11:36com aquilo que ela decidiu de forma privada.

00:11:39Tem estudos inacreditáveis sobre isso.

00:11:41Se a gente toma uma decisão

00:11:43e depois mostra que a nossa decisão estava errada,

00:11:45a gente não atualiza essa decisão,

00:11:47mesmo a gente não tendo contado para ninguém.

00:11:49Quando a gente torna público,

00:11:50isso se torna muito pior.

00:11:52Por quê?

00:11:52Porque eu tenho que justificar para os outros.

00:11:54Então, quando eu estou em dissonância cognitiva,

00:11:56o incrível que acontece é que,

00:11:58ao invés de eu atualizar a minha crença,

00:12:00largar um culto,

00:12:02largar um político, etc.,

00:12:03eu começo a tentar reduzir a dissonância.

00:12:08Então, o que eu faço é descartar a evidência

00:12:10para manter a minha crença viva.

00:12:11Eu falo que o meu político,

00:12:13que foi noticiado que ele está envolvido em rachadinha,

00:12:16ou em mensalão,

00:12:18ou teve qualquer tipo de envolvimento em alguma coisa ruim,

00:12:21eu falo que isso é uma invenção da mídia,

00:12:24que os jornalistas estão tentando derrubar ele,

00:12:26que é uma conspiração comunista,

00:12:28que é uma conspiração capitalista,

00:12:30e assim eu reduzo essa dissonância

00:12:33e eu engano a mim mesmo,

00:12:35que eu votei no cara certo,

00:12:37que eu sou esperto,

00:12:37que eu sou inteligente,

00:12:38que eu nunca seria enganado por um jornalista.

00:12:40Então, a gente tende a manter as crenças que são erradas.

00:12:44Exatamente.

00:12:45Agora, Luiz, o que as pessoas...

00:12:47O medo, só um parênteses,

00:12:47o medo da humilhação do vexame,

00:12:49principalmente quando é público.

00:12:50Diga, Luiz.

00:12:50Agora, para reduzir essa exposição à realidade,

00:12:56ou a coisas que se contradizem a pessoa,

00:12:59as pessoas vão se fechando em bolhas.

00:13:00Então, o sujeito só vai ler notícias de um único veículo,

00:13:07nunca de outro,

00:13:09só vai andar com um certo grupo de pessoas,

00:13:11todo mundo se fecha em bolha.

00:13:13Para essa pessoa, você tem alguma recomendação?

00:13:15Sem dúvida nenhuma.

00:13:17Isso é o que os cientistas chamam de viés da confirmação.

00:13:20Então, uma vez que eu tenho uma crença sobre algo,

00:13:23como o mundo funciona,

00:13:25como a política funciona,

00:13:26eu tendo a consumir informações que confirmam que eu estou certo.

00:13:29De novo, é a tentativa de manter uma imagem positiva de mim mesmo.

00:13:33Então, se tem um veículo que só defende o político que eu votei,

00:13:37e tem um outro que fala a realidade,

00:13:40que fala a verdade, que noticia sem dó,

00:13:42eu vou seguir aquele veículo que entrega a imagem de que eu estou certo,

00:13:47que realmente é uma conspiração contra o meu político,

00:13:49que estão tentando derrubar ele, etc.

00:13:52Então, a gente tende a consumir as notícias que fazem com que a gente se sinta bem.

00:13:57E o algoritmo, como o Felipe colocou há pouco,

00:14:01a gente também se isola nas mídias sociais.

00:14:03Por quê?

00:14:03Porque a gente só segue as pessoas que concordam com a gente,

00:14:06a gente lê os comentários dos veículos que concordam com a gente.

00:14:09O algoritmo, uma vez que a gente começa a navegar nas mídias sociais,

00:14:15ele entende qual é o tipo de conteúdo que eu gosto mais.

00:14:18Então, ele vai me entregar mais. Por quê?

00:14:19Porque o interesse das mídias sociais é que você permaneça lá por um tempão,

00:14:24para você clicar em anúncio, para você ganhar dinheiro.

00:14:27Então, não existe liberdade nenhuma em mídia social.

00:14:31Porque não é um veículo que traz liberdade.

00:14:34É controlado.

00:14:35É uma empresa que é lucrativa.

00:14:36Então, onde que existe liberdade em uma empresa que está buscando lucro?

00:14:40Então, a gente tem esse perigo também.

00:14:43E aí, a gente vai para outra esfera,

00:14:45que são os grupos de aplicativo de mensagem.

00:14:48Que a gente também se infurna ali para ter essa noção de,

00:14:52cara, não, a gente está certo realmente.

00:14:54Estão tentando derrubar o meu candidato.

00:14:56Está acontecendo alguma conspiração.

00:14:58E a gente começa a se desconectar da realidade,

00:15:01o que é um grande perigo.

00:15:02Por isso que nós temos que...

00:15:03Uma dica que os cientistas dão para a gente é

00:15:05siga pessoas que discordam de você.

00:15:09Não pessoas extremamente radicais,

00:15:11que você sabe que você não pode confiar na informação dela.

00:15:13Mas pessoas que discordam de você,

00:15:15pessoas que têm opiniões que são mais neutras.

00:15:17E assim você começa a ter uma noção um pouco melhor da realidade.

00:15:21mas nem isso, muitas vezes, é suficiente para a pessoa deixar uma crença errada.

00:15:27Siga o antagonista e cruz o é.

00:15:29Ele falou ali com aquela mãozinha,

00:15:31veículo que mostra a realidade e tal, etc.

00:15:33Porque com a outra mãozinha, o que ele estava apontando,

00:15:37e aí eu posso falar até por experiência e testemunho no mercado da comunicação,

00:15:42você tem veículos que eles se alinham a determinado grupo político

00:15:45por interesses financeiros, a gente conhece o sistema,

00:15:49você tem verba de publicidade de governo,

00:15:50o veículo para receber faz a cobertura positiva,

00:15:54ele se alinha aos empresários de um lado,

00:15:55que querem determinado líder político no poder,

00:15:58aí recebem patrocínio.

00:15:59Às vezes você tem os empresários que são alvos de força-tarefa anticorrupção,

00:16:04eles patrocinam o veículo, até compram o veículo,

00:16:07para que ataque os investigadores, os juízes, etc.

00:16:10Então, mas principalmente, quando você tem uma liderança populista,

00:16:15tem determinados veículos,

00:16:16que eles estão ali para dar essa confirmação para aquelas pessoas.

00:16:23Então, assim, é certo que elas vão encontrar,

00:16:26porque é muito fácil, inclusive, fazer aquele tipo,

00:16:29entre aspas, e todas as aspas, de jornalismo,

00:16:31porque não é jornalismo, é uma propaganda populista,

00:16:34é uma propaganda de grupo, é tribal.

00:16:36Então, essas pessoas estão ali para dizer,

00:16:40olha, você está certo, continua aqui e tal.

00:16:43E é só para defender um lado contra o outro,

00:16:45dessa maneira binária.

00:16:47Perfeito.

00:16:48E você, quando vê isso no Brasil acontecendo,

00:16:52você estuda esses assuntos,

00:16:54qual é a sensação que te dá?

00:16:57E eu digo assim, principalmente,

00:16:58porque todos nós passamos por isso de alguma maneira,

00:17:02quando você vê isso no seu meio social.

00:17:04Porque uma das coisas que mais me atravessam

00:17:08no sentido de querer fazer alguma coisa para mudar

00:17:11é quando eu vejo pessoas queridas que eu conheço socialmente,

00:17:14são familiares, são amigos,

00:17:17que estão presas nessa bolha

00:17:19e estão repetindo aquelas narrativas dessa bolha.

00:17:22Aí eu não perco a oportunidade de provocar.

00:17:24Aliás, fiz isso no almoço, no fim de semana com a família.

00:17:27O que você faz?

00:17:28Daquela confusão, né?

00:17:29Eu digo para as pessoas que o jogo mais sujo que existe

00:17:33é você manipular as pessoas sem elas saberem

00:17:35que elas estão sendo manipuladas.

00:17:36Isso é um jogo muito sujo.

00:17:38Então a gente acreditar, muitas vezes,

00:17:40em alguns canais aí, rádios que existem,

00:17:44de que eles estão realmente lutando pela liberdade,

00:17:48por um mundo mais justo,

00:17:51ou tentando pegar um político e falar que ele está certo,

00:17:57que ele tomou decisões certas,

00:17:58que ele não roubou,

00:17:59a gente tem que ver que esse veículo

00:18:01ele é movido por patrocínio,

00:18:03que ele percebeu e falou,

00:18:05opa, tem um mercado aqui interessante para mim,

00:18:08que é esse público aqui,

00:18:09então eu vou manter esse público engajado comigo,

00:18:12trazendo esse viés da confirmação,

00:18:14trazendo notícias que mostram que ele está certo,

00:18:17que realmente é isso mesmo que acontece,

00:18:19que ele é inteligente.

00:18:19E esse é um jogo muito sujo.

00:18:23As pessoas têm que começar a entender

00:18:24que a maioria das mídias vivem de patrocínio,

00:18:28como a gente estava falando há pouco,

00:18:30empresários têm vários outros interesses,

00:18:33que não são os interesses da sua família,

00:18:35não são os interesses do cidadão de bem,

00:18:38mas que a gente acaba sendo manipulado

00:18:40sem a gente saber.

00:18:41E esse é um truque extremamente sujo.

00:18:43O que acontece de vez em quando

00:18:44é que a gente perde dinheiro no mercado

00:18:47para falar a verdade,

00:18:48para ter independência,

00:18:49e o sujeito prefere ficar escutando

00:18:52aquela turma que está ganhando uma fortuna

00:18:55para bajular alguém.

00:18:57E eles acham que eles são os verdadeiros independentes.

00:19:00Fala, Duda Teixeira.

00:19:02Tem uma pergunta aqui da Estela Magalhães.

00:19:03Gaziri, você não acha que as pessoas gostam de ser enganadas?

00:19:09E aí eu vou fazer uma pergunta juntando com a dela aqui,

00:19:11que ela fala de gostar, quer dizer,

00:19:14a felicidade, o bem-estar.

00:19:16Se eu estou buscando essas coisas,

00:19:18às vezes não é melhor eu estar só na minha bolha,

00:19:20encontrar só gente que concorda comigo,

00:19:23e evitar pessoas que pensam diferente?

00:19:26Pode ser, mas isso pode levar a gente a um caminho muito perigoso.

00:19:31Como eu falei para vocês,

00:19:32quem não conhece o massacre de Jonestown,

00:19:35procure lá para você ver o que ser manipulado pode trazer para você,

00:19:38do Jim Jones,

00:19:40quem não conhece o Heaven's Gate,

00:19:42o culto religioso americano que aconteceu com eles

00:19:44para eles fecharem numa bolha.

00:19:47E tem diversos exemplos no mundo inteiro

00:19:49do que acontece quando a gente se fecha nessa bolha,

00:19:51só procura confirmação, só procura prazer,

00:19:54e acaba que muitas vezes a nossa vida vai para o buraco.

00:19:58Agora, o interessante, Duda,

00:20:00do que você colocou aqui sobre ter o prazer,

00:20:04tem um estudo científico feito pelo Drew Weston,

00:20:07que é um cientista da Emory University,

00:20:08e ele colocou as pessoas em dissonância cognitiva

00:20:11dentro de uma máquina de ressonância magnética.

00:20:14Ele queria descobrir o que acontece no cérebro de uma pessoa

00:20:17quando ela está em dissonância.

00:20:19Então, eles pegavam pessoas de direita e de esquerda,

00:20:22colocavam dentro da máquina de ressonância magnética,

00:20:24e lá na máquina de ressonância magnética

00:20:26aparecia lá uma mensagem falando lá

00:20:28que o George Bush disse tal coisa.

00:20:31Legal.

00:20:32E daí, logo em seguida, mostrava uma coisa

00:20:34que o George Bush fez o contrário

00:20:36daquilo que ele tinha dito.

00:20:37Então, pô, causa uma dissonância.

00:20:39Falaram, eu gosto do Bush.

00:20:41Ele foi aqui, né, ele falou uma coisa equivocada,

00:20:44ele não cumpriu uma coisa que ele prometeu,

00:20:46e eles analisaram o que acontece no cérebro da pessoa.

00:20:49Quando ela está em dissonância cognitiva,

00:20:51e o alvo é o candidato que ela gosta,

00:20:56todas as partes do cérebro responsáveis pelo raciocínio lógico

00:21:00permanecem inativas.

00:21:02o nosso cérebro tem uma tendência natural em proteger as nossas crenças.

00:21:09Quando você me mostra alguma contradição que o candidato que eu não gosto fez,

00:21:14o meu cérebro detecta na hora.

00:21:17Eu falo, não, ele se contradiz, ele falou uma coisa,

00:21:19prometeu uma coisa e fez outra.

00:21:21A gente detecta na hora, quando é o candidato do partido oposto.

00:21:24E o que os cientistas descobriram é que no momento que você vê uma contradição

00:21:29e depois você passa uma outra frase do candidato se explicando,

00:21:32ah, não era bem assim e tal,

00:21:34as pessoas aceitam facilmente qualquer desculpa que o candidato dê.

00:21:38Coisa mais esfarrapada, as pessoas acreditam.

00:21:41E, inclusive, existem, em todo esse processo,

00:21:45existe ligação da amígdala, que é a parte do cérebro que processa ameaça,

00:21:48insegurança.

00:21:50Então, quando eu vejo alguma coisa que, puxa, eu gosto desse candidato,

00:21:53e ele fez uma besteira, eu me sinto ameaçado.

00:21:56A amígdala se torna ativa.

00:21:57Mas, logo depois, existe a atividade de outras áreas do cérebro,

00:22:00vão tendo caminhos neurais ali.

00:22:02E um dos caminhos que é ativado é o sistema dopaminérgico,

00:22:06o estriado e núcleos acúmbicos,

00:22:08que são as duas partes do cérebro que antecipam recompensa.

00:22:13Então, o que acontece é que tem toda a liberação de dopamina

00:22:16quando antecipa uma recompensa,

00:22:18eu quero ir atrás daquilo que eu tenho um objetivo de ir atrás,

00:22:23e depois o meu cérebro eu tenho um prazer.

00:22:25Então, o que acontece é que a gente fica doidão

00:22:28quando a gente escuta um político nosso,

00:22:30que a gente gosta de estimação,

00:22:33dando uma justificativa sobre qualquer coisa que ele fez,

00:22:35a gente aceita e a gente fica doidão, é gostoso para nós.

00:22:38Então, a gente procura esse prazer,

00:22:40ao invés da gente procurar a dor,

00:22:42só que a dor é que faz a gente crescer.

00:22:44Esse prazer faz a gente ficar, muitas vezes,

00:22:48num buraco ali...

00:22:50Embriagado.

00:22:51Embriagado.

00:22:52Inebriado, quer dizer, você fica num estado

00:22:55em que o seu raciocínio lógico está desligado,

00:22:58que você está numa zona de conforto.

00:23:00E acho que o importante é falar também sobre esse assunto,

00:23:04porque o Duda perguntou sobre a sensação da pessoa que fica,

00:23:10se não é melhor, essa foi a pergunta,

00:23:13se a pessoa não fica mais feliz.

00:23:16O que eu costumo dizer é que a realidade se impõe.

00:23:21Então, a pessoa pode se colocar dentro dessa bolha,

00:23:26achar que ela está feliz, etc.,

00:23:28mas ela vai ter os efeitos daquilo.

00:23:30A consequência, em algum momento, ela vai aparecer.

00:23:33E muitas vezes essas pessoas, quando a consequência aparece,

00:23:37elas negam a causa.

00:23:39Elas não sabem de onde veio para começar.

00:23:42Elas não sabem de onde veio.

00:23:44Então, por exemplo, e eu tenho usado esse exemplo,

00:23:47se você não entendeu que houve uma rachadinha

00:23:50no gabinete do Flávio Bolsonaro,

00:23:52que houve uma investigação que apontou isso,

00:23:55e que o discurso anticorrupção que foi vendido

00:23:57durante a campanha do Bolsonaro, em razão disso,

00:24:00ele ia se transformar em atitudes contrárias

00:24:02ao combate à corrupção,

00:24:04se você não entendeu isso na raiva,

00:24:06você não entendeu o que aconteceu depois,

00:24:07porque ele se uniu ao sistema para combater a corrupção,

00:24:10o Lula foi tirado da cadeia,

00:24:11houve uma desmobilização da sociedade

00:24:13que estava vigilante em relação a isso,

00:24:15porque a parte que estava ficou meio embriagada

00:24:18com o Bolsonaro, em pelo menos metade,

00:24:20enfim, um setor,

00:24:22e tudo se facilitou para que aquilo acontecesse.

00:24:25Mas tem gente que vê outras coisas

00:24:27e não entende qual foi a origem desse processo.

00:24:30Então, assim, o efeito vem,

00:24:33a consequência vem,

00:24:34e muitas vezes,

00:24:35eu falo isso para economistas e tal,

00:24:38teve um, inclusive,

00:24:38que na época da campanha de 2018

00:24:40me apresentou lá várias planilhas

00:24:42do mercado financeiro,

00:24:43dizendo que o Alckmin ia ganhar.

00:24:44E eu falava,

00:24:45cara, a tendência é que o Bolsonaro ganhe.

00:24:48Porque muitas vezes os economistas,

00:24:50eles raciocinam só dentro da economia,

00:24:52e a realidade,

00:24:53ela não é separada por especialidades,

00:24:55ela tem muitos outros elementos.

00:24:59Enfim, é só para deixar registrado

00:25:02que os efeitos vêm,

00:25:03porque quem assistir ao podcast

00:25:05precisa saber que não é legal.

00:25:06Às vezes eu recebo mensagem,

00:25:08talvez você receba,

00:25:09não é melhor a gente não saber nada, não?

00:25:12Porque a pessoa se informa

00:25:13através dos artigos,

00:25:15das notícias do antagonista e da Cruzoé,

00:25:17e fala assim,

00:25:17ah, eu era mais feliz quando eu era ignorante.

00:25:20Mas, olha, se você tiver a noção

00:25:22de causa, consequência,

00:25:24de que uma coisa leva a outra,

00:25:25e de repente isso pode te ajudar

00:25:26a tomar decisões

00:25:27e se precaver contra eventuais cenários,

00:25:29inclusive para não perder dinheiro.

00:25:31Exatamente,

00:25:32porque essas limitações,

00:25:34esses viéses cognitivos

00:25:35que eu estou apresentando aqui,

00:25:37eles não estão ligados somente à política.

00:25:39Em todas as crenças,

00:25:40crença de estratégia de uma empresa,

00:25:42crença religiosa,

00:25:43crença sobre o meu relacionamento

00:25:45com a minha esposa,

00:25:46com o meu marido,

00:25:47então tudo isso está permeando a nossa vida.

00:25:50Então existe um problema,

00:25:51e a consequência vem.

00:25:53A consequência,

00:25:53o peso que as pessoas vão ter

00:25:56por causa da polarização política,

00:25:57que é o que a gente vê,

00:25:59são amizades se acabando,

00:26:02são famílias onde os irmãos

00:26:03não conversam mais,

00:26:05onde existem um pai

00:26:07que está alienado,

00:26:08que não conversa mais com os teus tios,

00:26:11não conversa mais com você,

00:26:13e eu sou professor de psicologia positiva,

00:26:16que é a área da ciência que estuda felicidade.

00:26:18E os relacionamentos

00:26:20são o principal preditor de felicidade

00:26:22para o ser humano.

00:26:23Ninguém consegue ser feliz

00:26:25sem ter bom relacionamento,

00:26:26sem ter alguém que você ama,

00:26:28que você pode comemorar uma conquista,

00:26:30que você pode chorar

00:26:31quando acontece alguma coisa ruim.

00:26:33Sem relacionamento,

00:26:34a gente não consegue ser feliz.

00:26:36A polarização política,

00:26:38ela afasta a gente

00:26:39do nosso principal preditor de felicidade.

00:26:42A gente não se relaciona mais,

00:26:43a gente na verdade cria inimizade

00:26:44com as pessoas.

00:26:46Então, isso vai ter

00:26:47uma consequência de saúde.

00:26:49Porque se toda hora

00:26:50eu estou achando

00:26:51que os comunistas

00:26:51ou os capitalistas

00:26:52estão ali à espreita

00:26:53para me derrubar

00:26:54e para assumir o controle

00:26:56que a gente vai virar,

00:26:57vai ter um chip na nossa cabeça,

00:26:59se a gente está toda hora com medo,

00:27:02o que acontece com a gente

00:27:03é que a amígdala do nosso cérebro

00:27:06está ativada a todo momento.

00:27:08Os cientistas demonstram

00:27:09que uma vida

00:27:10onde eu me sinto ameaçada

00:27:12a todo momento

00:27:13faz com que a amígdala

00:27:14comece a crescer.

00:27:16Ela se torna mais reativa.

00:27:17Tem mais neurônios ali.

00:27:19Então, eu vejo

00:27:20mais situações negativas

00:27:21com muito mais facilidade.

00:27:23O meu cérebro

00:27:23se torna especialista

00:27:25em ver coisa ruim,

00:27:26em buscar coisa ruim.

00:27:28A ativação da amígdala

00:27:29causa a liberação

00:27:29de um hormônio

00:27:30chamado cortisol.

00:27:32O cortisol faz

00:27:32o batimento cardíaco

00:27:33ir lá para cima,

00:27:35o coração bate muito mais forte,

00:27:37as nossas veias

00:27:38se dilatam

00:27:39para passar mais sangue

00:27:40e mandar todo esse sangue

00:27:41para a nossa perna.

00:27:42que é um mecanismo

00:27:44de defesa

00:27:44para o ser humano

00:27:45escapar de uma ameaça.

00:27:47Só que se você

00:27:48ativa esse mecanismo

00:27:49de vez em quando,

00:27:50está tudo bem,

00:27:51não tem problema nenhum.

00:27:52Se você ativa

00:27:53esse mecanismo cronicamente,

00:27:55toda hora você está estressado

00:27:56porque você acha

00:27:56que alguém vai derrubar o Brasil

00:27:58e a gente vai virar Venezuela,

00:28:00o teu coração

00:28:00tem uma quantidade

00:28:01de batidas ali

00:28:02programada,

00:28:04e ele vai ter uma falha

00:28:06antes do tempo

00:28:07que ele deveria ter.

00:28:08Os teus vasos sanguíneos

00:28:10eles não foram feitos

00:28:11para ficar dilatando

00:28:12toda hora.

00:28:12Uma hora vai dar um problema

00:28:14ali nesse sistema

00:28:14e você pode ter um ataque cardíaco,

00:28:16um AVC,

00:28:17alguma coisa assim.

00:28:18Além de tudo,

00:28:19o cortisol aumenta

00:28:20o índice glicêmico.

00:28:22Tem que liberar a insulina

00:28:23para baixar o açúcar do sangue.

00:28:25Essa repetição

00:28:26traz obesidade,

00:28:28diabetes tipo 2,

00:28:30e doenças cardiovasculares.

00:28:32Então,

00:28:32eu pergunto para você,

00:28:33vale a pena para a sua vida?

00:28:35Você está toda hora

00:28:36sendo ameaçado

00:28:38no grupinho do WhatsApp,

00:28:39no Instagram,

00:28:40não é melhor para você

00:28:41cair fora?

00:28:42E de repente assumir,

00:28:43falei,

00:28:43putz cara,

00:28:44fiz uma besteira,

00:28:45votei num cara desonesto.

00:28:47As pessoas têm medo

00:28:48de zerar a vida,

00:28:49de deixar para trás

00:28:50as decisões que elas tomaram.

00:28:51Elas percebem isso

00:28:52como uma perda.

00:28:54A gente estava conversando

00:28:55aqui,

00:28:55o Daniel Kahneman,

00:28:57cientista da Princeton

00:28:58que faleceu recentemente,

00:28:59Daniel Kahneman,

00:29:00descobriu que perdas

00:29:01têm um peso

00:29:022,25 vezes maior

00:29:03que um ganho.

00:29:04Então,

00:29:04quando eu vejo uma perda,

00:29:06cara,

00:29:06eu não quero perder.

00:29:07Só que,

00:29:08quando a gente zera

00:29:09a nossa vida,

00:29:10assume que a gente

00:29:11fez uma besteira,

00:29:13a gente não está perdendo,

00:29:14a gente está ganhando.

00:29:16Ter uma vida

00:29:17onde você é mais lúcido,

00:29:18onde você tem

00:29:18uma visão mais realista,

00:29:21é um ganho para você.

00:29:23Então,

00:29:23as pessoas têm que entender

00:29:24esse momento

00:29:25de zerar a sua vida

00:29:26e começar uma crença nova

00:29:27e falar,

00:29:27cara,

00:29:28eu não tolero

00:29:28corrupção em política.

00:29:30Nunca mais,

00:29:31eu nunca mais vou votar

00:29:32numa pessoa que é desonesta,

00:29:33nunca mais vou apoiar

00:29:34a gente tem um ganho.

00:29:36Então,

00:29:37as pessoas têm que começar

00:29:37a entender dessa maneira.

00:29:38Eu estava falando

00:29:39sobre consequências

00:29:40no mundo físico,

00:29:43social,

00:29:44cultural,

00:29:44e você falou

00:29:45da própria saúde

00:29:47das pessoas.

00:29:47e é um ponto

00:29:48que tem que ser observado também.

00:29:50Diga,

00:29:50Duda Teixeira.

00:29:51Luiz,

00:29:52várias pessoas no chat

00:29:53aqui querendo ler

00:29:54o seu livro

00:29:54estão interessadas

00:29:55e o Armando

00:29:57faz uma pergunta difícil

00:29:58que é,

00:29:59o que é felicidade?

00:30:01Eu ia justamente

00:30:02entrar nesse assunto aí.

00:30:04Muito bom.

00:30:05Felicidade é o sentimento

00:30:07gostoso que nós temos

00:30:08quando nós estamos agindo

00:30:10em algo que usa

00:30:11os nossos pontos fortes.

00:30:12Essa é a definição

00:30:13científica de felicidade.

00:30:14Então,

00:30:15é a alegria

00:30:15que a gente tem

00:30:17quando nós estamos agindo

00:30:18em algo que a gente gosta.

00:30:20Então,

00:30:20o que me traz felicidade?

00:30:22Por exemplo,

00:30:22escrever.

00:30:23Eu adoro escrever.

00:30:24Quando eu estou escrevendo

00:30:25livros,

00:30:26colunas,

00:30:27etc.,

00:30:27eu entro num estado

00:30:28muito gostoso.

00:30:30Então,

00:30:30para mim,

00:30:31eu uso meus pontos fortes,

00:30:32eu gosto de escrever,

00:30:33gosto de ciência,

00:30:34então,

00:30:35me traz essa felicidade.

00:30:36Então,

00:30:37essa é a definição científica,

00:30:39quando a gente usa

00:30:39nossos pontos fortes

00:30:40para atingir

00:30:42nossos objetivos.

00:30:43E o Vitor Franklin,

00:30:45não sei se conhece

00:30:46a obra dele,

00:30:48é psiquiatra austríaco

00:30:50que ficou em campo

00:30:51de concentração.

00:30:52Tem uma entrevista dele

00:30:53que está até disponível

00:30:54no YouTube,

00:30:54uma vez eu usei

00:30:55em algum vídeo,

00:30:56de 1985,

00:30:57se eu não me engano,

00:30:58em que ele é questionado

00:30:59sobre essa busca

00:31:00incessante de felicidade.

00:31:03E ele dá uma volta ali

00:31:05dizendo que quando a pessoa tem,

00:31:07porque ele defendia muito

00:31:08o sentido da vida,

00:31:10a busca de sentido,

00:31:11etc.

00:31:12Quando tem algo

00:31:13que dá sentido,

00:31:14seja um relacionamento,

00:31:15uma obra,

00:31:16uma tarefa,

00:31:17uma missão,

00:31:18etc,

00:31:18a felicidade se instala

00:31:20por si só.

00:31:21E quando a pessoa

00:31:21fica buscando a felicidade,

00:31:23geralmente em prazeres imediatos

00:31:25ou qualquer coisa,

00:31:26ela não chega.

00:31:27E ele usa uma analogia

00:31:29com a própria questão sexual.

00:31:31Quando você tem

00:31:32muita afobação

00:31:32ou essa tensão permanente

00:31:34da qual você estava falando,

00:31:35as pessoas acabam ficando

00:31:36com impotência,

00:31:37com problemas,

00:31:38etc.

00:31:38e quando você tem

00:31:40algo maior

00:31:41que você busca,

00:31:42é como se a felicidade

00:31:42fizesse parte.

00:31:44Acho que isso relaciona

00:31:45um pouco com o que você

00:31:45estava falando,

00:31:46que a pessoa

00:31:47quando ela reconhece

00:31:48os seus erros,

00:31:49ela fica mais serena,

00:31:52inclusive.

00:31:53Felicidade tem a ver

00:31:54um pouquinho com serenidade também?

00:31:56Muito.

00:31:56serenidade,

00:31:57paz de espírito,

00:31:59tem uma série de fatores

00:32:02que influenciam

00:32:02a nossa felicidade.

00:32:03Os cientistas estudam isso

00:32:04há mais de 30 anos,

00:32:07que é um estudo científico

00:32:09da felicidade,

00:32:10mesmo com ferramentas.

00:32:12Harvard,

00:32:12Universidade da Carolina

00:32:13do Norte,

00:32:14Stanford,

00:32:15todas essas universidades

00:32:16têm cursos

00:32:17que são bem populares

00:32:18nesse sentido,

00:32:20mas o propósito

00:32:21que algumas pessoas

00:32:23chamam de espiritualidade,

00:32:25sem necessariamente

00:32:26envolver religião,

00:32:27você ter um sentimento

00:32:28de que você tem uma missão

00:32:30para cumprir aqui,

00:32:31de que a vida é bonita,

00:32:32de que o nosso trabalho

00:32:33causa uma transformação

00:32:35na vida de outras pessoas,

00:32:36melhora a vida

00:32:37de outras pessoas,

00:32:39a gente fica mais feliz.

00:32:40Então,

00:32:40todas as variáveis

00:32:42que trazem felicidade

00:32:43para nós

00:32:44envolvem outras pessoas.

00:32:45Melhorar a vida

00:32:46de uma outra pessoa,

00:32:48doar dinheiro

00:32:48para uma outra pessoa,

00:32:49tem o estudo

00:32:50do Mike Norton

00:32:50da Harvard

00:32:51que demonstra

00:32:51que a gente fica mais feliz

00:32:52quando a gente compra

00:32:53um presente para uma pessoa

00:32:54ao invés de a gente

00:32:56comprar um presente para nós.

00:32:57A gente fica mais feliz

00:32:58quando a gente presenteia outro.

00:32:59Quando a gente doa dinheiro

00:33:00para a caridade,

00:33:01ao invés de pegar esse dinheiro

00:33:02e gastar para nós,

00:33:04a gente fica mais feliz

00:33:04doando dinheiro

00:33:05para a caridade.

00:33:06Então,

00:33:07existem coisas muito bonitas

00:33:09dentro do estudo

00:33:09da felicidade.

00:33:09A gente é a gente,

00:33:10depende da natureza moral.

00:33:12Se a gente falar

00:33:12desses políticos,

00:33:13acho que eles gostam mais

00:33:15quando botam no próprio bolso.

00:33:16É o dinheiro

00:33:16que vem do Pix,

00:33:17dos fanáticos

00:33:18que daí eles gastam

00:33:19para...

00:33:20As vaquinhas, etc.

00:33:22Exatamente.

00:33:23Agora, vem cá,

00:33:23falando sobre coisas

00:33:24mais mundanas,

00:33:25até do mercado editorial.

00:33:27A gente vê,

00:33:28conversando com você

00:33:29pela sua capacidade

00:33:30de articulação,

00:33:32o estudo que você fez

00:33:35para chegar a esse nível

00:33:37de conhecimento,

00:33:38para fazer cada obra,

00:33:39como você se dedica,

00:33:40quatro anos

00:33:40para escrever esse livro.

00:33:42Eu acho que você queria

00:33:42deixar ali um legado,

00:33:44fazer tudo certinho e tal.

00:33:46E, no entanto,

00:33:47obras relacionadas

00:33:48à felicidade, etc.,

00:33:49muitas vezes são catalogadas

00:33:51como autoajuda

00:33:51e a autoajuda

00:33:52muitas vezes é criticada

00:33:54como tal,

00:33:54como algo superficial,

00:33:56que você está mostrando

00:33:57que não é.

00:33:58E os seus livros

00:33:59e esse aqui

00:34:00certamente não são.

00:34:02No entanto,

00:34:03os títulos

00:34:03são bem populares

00:34:05sobre a ciência

00:34:05da felicidade, etc.

00:34:07Você enfrentou

00:34:07esse tipo de preconceito?

00:34:09Enfrento até hoje,

00:34:10porque, infelizmente,

00:34:12quando a gente vai ver

00:34:13o mercado editorial brasileiro

00:34:15e americano também,

00:34:16em muitos lugares,

00:34:17as pessoas querem,

00:34:20de novo,

00:34:21que entreguem

00:34:21uma informação

00:34:22que é agradável,

00:34:23gostosa,

00:34:24ou seja,

00:34:24eu estou fazendo tudo,

00:34:25eu estou certo

00:34:26para a minha felicidade,

00:34:27é isso mesmo

00:34:27que eu já faço.

00:34:29E o meu conteúdo

00:34:30não é um conteúdo,

00:34:31é sobre felicidade,

00:34:32mas não é um conteúdo

00:34:32agradável.

00:34:34Não é uma receitinha

00:34:34básica de bolo.

00:34:35Não é uma receitinha

00:34:36básica,

00:34:37porque eu desafio

00:34:38o leitor em diversas coisas,

00:34:40crenças que ele tem

00:34:41sobre felicidade,

00:34:42sobre dinheiro e felicidade,

00:34:44por exemplo.

00:34:44É fácil entregar

00:34:45para você o conteúdo

00:34:46que quanto mais dinheiro

00:34:47você tem,

00:34:47mais feliz você é.

00:34:49Ou que basta você

00:34:50pensar positivo

00:34:51que o universo

00:34:51vai mandar

00:34:52aquilo que você quer

00:34:54para você

00:34:55com facilidade.

00:34:56Isso é fácil vender,

00:34:57moleza,

00:34:58falar que tudo

00:34:59que você quiser

00:35:00com o poder da tua mente

00:35:01você consegue conquistar.

00:35:02Agora,

00:35:03no livro

00:35:04Ciência da Felicidade

00:35:05que eu escrevi,

00:35:05que também é um projeto,

00:35:06demorei quatro anos

00:35:07para escrever,

00:35:07li 1.200 artigos

00:35:09científicos em média

00:35:10para escrever esse livro,

00:35:11conversei com um monte

00:35:12de cientistas,

00:35:14eu demonstro lá

00:35:15que quando você pensa positivo

00:35:16você tem menos chance

00:35:17de atingir teus objetivos.

00:35:19Tem a Gabrielle Wolten,

00:35:20de cientista da NYU,

00:35:21que estuda isso

00:35:22há mais de 20 anos

00:35:24e descobriu que

00:35:25quando a gente tem

00:35:25esse tipo de crença

00:35:26perigosa,

00:35:27que vende lá

00:35:28na livraria,

00:35:29é gostoso ouvir

00:35:30que eu posso ser

00:35:30quem eu quiser,

00:35:31que é só eu pensar positivo

00:35:32e vou ficar milionário,

00:35:34as pessoas que têm

00:35:34esse tipo de crença,

00:35:35o que acontece é que

00:35:36quando a gente pensa positivo

00:35:37de novo,

00:35:38tem ativação de áreas

00:35:39de prazer do nosso cérebro,

00:35:40núcleos acúmbens,

00:35:41estriado,

00:35:42a gente começa a sentir

00:35:43que a gente já atingiu

00:35:44aquilo que a gente queria

00:35:45quando a gente pensa positivo.

00:35:47A Gabrielle Wolten

00:35:48fez um estudo

00:35:49onde ela percebeu

00:35:50que logo depois

00:35:51das pessoas pensarem positivo,

00:35:53a pressão sistólica

00:35:54do coração delas

00:35:55diminui,

00:35:56o coração bate mais devagar,

00:35:58com menos força,

00:35:59isso é um sinal

00:35:59de relaxamento.

00:36:02Então,

00:36:02quando você pensa positivo,

00:36:03você engana o seu cérebro

00:36:04que você já alcançou

00:36:06aquilo que você queria,

00:36:07o seu coração bate mais devagar,

00:36:09ou seja,

00:36:09você tem menos motivação,

00:36:11você não age

00:36:12em direção

00:36:13daquilo que você queria.

00:36:14Ela fez um estudo

00:36:15com estudantes universitários

00:36:16do último ano

00:36:17da universidade,

00:36:18perguntou pra eles assim,

00:36:19com qual frequência

00:36:20você pensa positivo

00:36:21que você vai encontrar

00:36:22um emprego,

00:36:23que você vai começar

00:36:23uma vida profissional,

00:36:24que você vai ter

00:36:25a tua renda,

00:36:26que você vai ser independente,

00:36:28mediu lá,

00:36:290 a 10,

00:36:29quanto que os alunos

00:36:30pensavam positivo,

00:36:32dois anos depois

00:36:33ela entrou em contato

00:36:33com esses alunos,

00:36:34quanto mais positivo

00:36:35o aluno pensava,

00:36:37menos chance

00:36:37ele tinha de estar empregado.

00:36:38Esses caras

00:36:40mandaram menos currículo

00:36:42do que aqueles

00:36:43que foram levados

00:36:44a pensar positivo

00:36:45e negativo,

00:36:46que ela chama

00:36:47de contraste mental.

00:36:48Legal,

00:36:49qual é a tua chance

00:36:50de encontrar um emprego?

00:36:51Ok,

00:36:51quais são as dificuldades

00:36:52que vai ter?

00:36:53Quais são os obstáculos

00:36:53que você tem?

00:36:54Putz,

00:36:54cara,

00:36:55preciso fazer meu currículo,

00:36:55meu currículo está feio,

00:36:57puxa,

00:36:57preciso aprender inglês

00:36:58porque o mercado está

00:36:59exigindo,

00:37:00puxa,

00:37:00preciso entender mais

00:37:01inteligência artificial.

00:37:02As pessoas que pensam

00:37:03positivo e negativo

00:37:04usam um contraste mental,

00:37:05se preparam melhor,

00:37:07e aí elas atingem

00:37:08com mais facilidade

00:37:09aquilo que elas querem.

00:37:10Quem só fantasia

00:37:11positivo não consegue

00:37:12alcançar.

00:37:13Então existe uma

00:37:14dificuldade desse mercado

00:37:16aí,

00:37:17tem muitos títulos

00:37:18que a gente,

00:37:18a capa é linda,

00:37:19mas a gente vai lá atrás

00:37:20e não tem nenhuma

00:37:20referência científica.

00:37:22Ou seja,

00:37:22isso dali é fruto

00:37:23da cabeça da pessoa.

00:37:25Então para mim

00:37:26é difícil vender

00:37:27um livro como esse,

00:37:28um conteúdo como esse,

00:37:30porque eu não vou entregar

00:37:30aquilo que é gostoso

00:37:31para as pessoas.

00:37:32Para a gente ser feliz,

00:37:34muitas vezes a gente tem

00:37:34que deixar algumas crenças

00:37:36que nós temos,

00:37:37assim como para deixar

00:37:38de ser radical político

00:37:40a gente também precisa

00:37:41deixar algumas crenças

00:37:42de lado.

00:37:43Então se torna um pouco

00:37:44mais complicado.

00:37:44Estou muito feliz

00:37:45com a sua resposta,

00:37:46porque eu sempre tive

00:37:46uma filosofia sintetizada

00:37:48na minha cabeça,

00:37:50que eu faço tudo

00:37:51pelo melhor

00:37:52me preparando para o pior.

00:37:53Boa,

00:37:54muito bom.

00:37:55Então assim,

00:37:56sempre acho que pode

00:37:57acontecer o pior possível

00:37:59e eu tenho que estar

00:38:00preparado,

00:38:00mas é claro que eu vou

00:38:01lutar o máximo

00:38:02para evitar isso.

00:38:03Então,

00:38:03corra atrás.

00:38:04Sem dúvida,

00:38:05é isso mesmo,

00:38:06pensar positivo

00:38:06e pensar negativo.

00:38:07O que pode me impedir?

00:38:09Qual que vai ser a questão

00:38:10mais difícil aqui

00:38:11para alcançar aquilo

00:38:11que eu quero?

00:38:12Então,

00:38:13fazendo esse exercício

00:38:14a gente começa a antever

00:38:15já os obstáculos,

00:38:16se planejar

00:38:17e assim a gente alcança

00:38:18aquilo que a gente quer.

00:38:19Um otimismo exacerbado

00:38:20ele passa uma ingenuidade

00:38:21também, né?

00:38:22Muito.

00:38:23Um pouquinho de pessimismo,

00:38:24ler Schopenhauer,

00:38:25ler uns autores

00:38:25mais rabugentos,

00:38:26mais ranzinhos,

00:38:27é importante para

00:38:28essa mental.

00:38:29É verdade,

00:38:30a gente fica mais conectado

00:38:31com a realidade,

00:38:32pé fica mais no chão.

00:38:33É isso aí,

00:38:34Duda.

00:38:35Você citou rapidamente

00:38:36inteligência artificial,

00:38:37né?

00:38:38Como é que você acha,

00:38:39como é que você vê o uso

00:38:40que as pessoas estão fazendo

00:38:41de inteligência artificial?

00:38:42Porque hoje tem muita gente

00:38:43que vira,

00:38:44virou terapeuta, né?

00:38:46Fica fazendo pergunta,

00:38:47parece aquele filme

00:38:48que tem o Joaquim Phoenix, né?

00:38:51Você acha que pode ser danoso

00:38:54assim para o cérebro da pessoa?

00:38:57Quando a gente vai estudar

00:38:58motivação humana,

00:38:59Edward D.C. e Richard Ryan

00:39:01são os dois maiores cientistas

00:39:02de motivação do mundo,

00:39:04são professores da Universidade

00:39:04de Rochester,

00:39:06e eles descobriram

00:39:07em mais de 50 anos

00:39:08de pesquisa científica

00:39:09que nós somos motivados

00:39:10por três fatores,

00:39:11autonomia,

00:39:13competência,

00:39:14relacionamentos.

00:39:16A gente tem a necessidade

00:39:17de se sentir competente,

00:39:19de falar,

00:39:19puxa,

00:39:19eu estou sendo melhor

00:39:20a cada dia,

00:39:21eu consigo resolver

00:39:22esse problema,

00:39:23então se eu terceirizo

00:39:25o meu problema

00:39:25para a inteligência artificial,

00:39:28eu perco o sentimento

00:39:29de competência,

00:39:31porque quem está fazendo

00:39:31para mim

00:39:32é uma outra ferramenta,

00:39:33não sou eu.

00:39:34Eu não sinto

00:39:35que eu estou evoluindo,

00:39:36que eu estou aprendendo,

00:39:36que eu estou sendo melhor,

00:39:37então existe esse problema

00:39:41motivacional

00:39:42que vai ser causado

00:39:43pela inteligência artificial

00:39:44da gente ter uma queda

00:39:45do bem-estar das pessoas,

00:39:47por quê?

00:39:47Porque elas não sentem

00:39:48que elas são competentes mais,

00:39:50tem gente escrevendo livro

00:39:51na inteligência artificial,

00:39:53eu não consigo,

00:39:54porque eu vou me sentir

00:39:55um incompetente

00:39:56fazendo uma coisa dessa,

00:39:57minha motivação

00:39:57vai lá para baixo,

00:39:58a imagem que eu tenho

00:39:59de mim mesmo

00:40:00vai ser danificada,

00:40:01então nós temos

00:40:02que ter cuidado,

00:40:03além de tudo

00:40:04a inteligência artificial

00:40:05entrega muitas informações

00:40:07erradas,

00:40:07como a gente sabe,

00:40:09um dia desses

00:40:10eu fiz uma pergunta

00:40:11por uma dessas ferramentas

00:40:14sobre um artigo científico,

00:40:16eu já tinha lido,

00:40:17eu leio muito

00:40:18artigo científico,

00:40:19então eu falei,

00:40:19cara, mas qual é o artigo

00:40:21que fala dessa informação

00:40:22e tal,

00:40:22eu não me lembrava

00:40:23e eu escrevi lá,

00:40:24olha, qual é o artigo

00:40:25científico do Daniel Kahneman

00:40:27que fala tal informação?

00:40:29E a inteligência artificial

00:40:30foi lá e me falou,

00:40:31olha, é esse artigo aqui

00:40:32e tal,

00:40:33onde ele fala

00:40:33aquilo que eu escrevi

00:40:35e tal, beleza,

00:40:36eu falei, ah, que legal,

00:40:37peguei lá a referência,

00:40:39fui lá ler o artigo científico,

00:40:41o artigo científico

00:40:41não falava aquilo,

00:40:44que a inteligência me confirmou,

00:40:46que era aquele artigo lá,

00:40:48ela não falava,

00:40:49eu voltei lá e falei,

00:40:50olha,

00:40:51esse artigo que você me indicou

00:40:52não mostra isso

00:40:54que você está falando,

00:40:56aí eu falei,

00:40:56puxa,

00:40:57me desculpa,

00:40:58eu não percebi,

00:41:00eu falei,

00:41:00mas por que você

00:41:01concordou comigo então?

00:41:03ah, eu sou uma ferramenta,

00:41:04eu ainda estou em treinamento,

00:41:05etc,

00:41:05então,

00:41:06temos que tomar cuidado

00:41:07com esse tipo de coisa.

00:41:09É, porque a ferramenta

00:41:11é usada para fazer raspagem

00:41:12da internet,

00:41:13faz ali uma média

00:41:14de tudo que está sendo

00:41:15falado a respeito,

00:41:16estou falando aqui,

00:41:17resumindo a grosso modo,

00:41:18e muita bobagem

00:41:20é falada a respeito,

00:41:22e às vezes por interesse

00:41:23político,

00:41:23financeiro,

00:41:25de você assassinar

00:41:26a reputação de alguém,

00:41:27de você contestar

00:41:28um autor que falou

00:41:30algo certo,

00:41:31e aí você contesta

00:41:31com mentira,

00:41:33aí a inteligência artificial

00:41:34pega mentira

00:41:35e junta ali,

00:41:37a gente vê isso,

00:41:38quando o pessoal

00:41:39fica usando

00:41:40a inteligência artificial

00:41:41em relação

00:41:42ao nosso trabalho.

00:41:43Às vezes,

00:41:43evidentemente,

00:41:44tem episódios engraçados,

00:41:46como aconteceu outro dia,

00:41:47que eu publiquei

00:41:48é uma matéria

00:41:49sobre o Lula

00:41:49ter entregado

00:41:50a BR Distribuidora

00:41:51para o Collor,

00:41:52que agora foi preso

00:41:53pela corrupção

00:41:54na BR Distribuidora.

00:41:56Aí o pessoal

00:41:56falou lá no Xigroque,

00:41:57confere e tal,

00:41:59aí sim,

00:41:59confere,

00:42:01o pessoal está querendo

00:42:02confirmar a informação

00:42:03que a gente apura,

00:42:05é engraçado de ver,

00:42:07agora como você está dizendo,

00:42:08gera também uma acomodação,

00:42:09eu passo longe

00:42:09desses troços,

00:42:10eu tenho horror,

00:42:11mas gera uma acomodação

00:42:12em muita gente,

00:42:14e eu assim,

00:42:15eu sou um combatente

00:42:16da acomodação

00:42:17em todas as esferas,

00:42:18um negócio que me dá,

00:42:19enfim,

00:42:21me dá uma irritação,

00:42:22assim,

00:42:22ver as pessoas acomodadas,

00:42:24eu acho que no Brasil

00:42:24esse é um problema

00:42:25muito grave,

00:42:26que as pessoas,

00:42:27muita gente,

00:42:28tende a acomodação,

00:42:30você não repara isso não?

00:42:31Que a acomodação no Brasil

00:42:32é demais,

00:42:33às vezes,

00:42:33você que viaja

00:42:34para outros países,

00:42:35para centros de estudos,

00:42:37às vezes você não vê

00:42:37mais energia

00:42:38em querer aprender

00:42:40e produzir?

00:42:40Eu sinto muita diferença,

00:42:43como eu sou professor

00:42:44aqui no Brasil

00:42:44e às vezes eu vou fazer pesquisa,

00:42:48vou conversar com cientistas

00:42:49e visito as principais universidades

00:42:51aí do mundo,

00:42:53muitas vezes eu vou

00:42:54numa biblioteca

00:42:55de uma universidade,

00:42:56vou lá na Cornell,

00:42:57por exemplo,

00:42:57vou na biblioteca

00:42:58antes de entrevistar um cientista

00:43:00e estou sentado

00:43:00do lado do aluno,

00:43:01eu olho o aluno,

00:43:02ele está lendo um artigo científico,

00:43:04aqui no Brasil,

00:43:05quando eu vou na biblioteca,

00:43:06nas universidades onde eu dou aula,

00:43:07eu vou ao centro do lado do aluno,

00:43:10ele está no Instagram,

00:43:11ou está lendo o livro

00:43:12de um coach,

00:43:13a exigência

00:43:14que uma universidade americana tem,

00:43:17o nível de conteúdo

00:43:18que eles têm

00:43:19é muito diferente do nosso,

00:43:21e aqui eu canso

00:43:22de receber avaliação

00:43:23de aluno,

00:43:24que eu olho,

00:43:25bato o olho

00:43:25e vejo

00:43:26que é inteligência artificial,

00:43:28o aluno está,

00:43:28por que você está fazendo

00:43:29uma pós-graduação,

00:43:31investindo dinheiro

00:43:32para me mandar

00:43:33uma avaliação

00:43:34feita pela inteligência artificial?

00:43:37Poxa,

00:43:37parece que a pessoa

00:43:38está ali só para passar,

00:43:39só para ter,

00:43:40só para ter um currículo,

00:43:41não para aprender,

00:43:43para se desenvolver,

00:43:44então a pessoa não entende

00:43:45qual é a consequência

00:43:46dessa acomodação,

00:43:47porque a gente vai se sentir

00:43:48incompetente,

00:43:49a gente não vai sentir

00:43:50que a gente tem autonomia,

00:43:51a gente vai ser solicitado

00:43:53lá pelo nosso chefe

00:43:54alguma coisa no trabalho,

00:43:55a gente não vai conseguir

00:43:56entregar,

00:43:57ou a gente vai virar

00:43:58vítima lá da inteligência artificial

00:43:59para resolver aquilo

00:44:00que o chefe me pediu,

00:44:02e isso é uma vida horrível

00:44:03que ninguém merece,

00:44:04porque tira

00:44:05esse sentimento

00:44:06de competência

00:44:07que a gente necessita

00:44:08para ter o bem-estar,

00:44:09valorizando ou não

00:44:10competência,

00:44:12a gente precisa,

00:44:13é uma necessidade

00:44:14psicológica básica

00:44:16nossa ter esse sentimento,

00:44:18a inteligência artificial

00:44:18nos tira isso.

00:44:19legal, tudo?

00:44:20Luiz, a Márcia Brunetti

00:44:22e a Eliane Yoshikawa

00:44:24querem saber o que você acha

00:44:25daqueles rankings

00:44:26de países,

00:44:27qual que é o mais feliz,

00:44:29às vezes da Finlândia,

00:44:30às vezes da Butão,

00:44:31o que você acha

00:44:32desses rankings?

00:44:33São rankings muito interessantes

00:44:35e muito confiáveis,

00:44:36vários desses rankings

00:44:38foram desenvolvidos

00:44:40com a ajuda de cientistas,

00:44:42então,

00:44:42o Daniel Kahneman

00:44:43está envolvido,

00:44:44o Ed Diner,

00:44:45que era um cientista brilhante,

00:44:46dessa parte de felicidade

00:44:47da Universidade de Illinois,

00:44:48está envolvido

00:44:49nas variáveis

00:44:50que vão fazer

00:44:51com que o país

00:44:52seja considerado

00:44:52mais feliz

00:44:53ou menos feliz,

00:44:55tem uma pesquisa do Gallup

00:44:56que saia anualmente também,

00:44:59uma pesquisa

00:45:00um pouco diferente,

00:45:01analisa outras variáveis

00:45:03sobre felicidade,

00:45:04que é muito confiável também,

00:45:06então,

00:45:07a gente pode ir

00:45:08com os olhos fechados

00:45:09que eles estão muito certos,

00:45:10geralmente,

00:45:12nos estudos,

00:45:13não os do Gallup,

00:45:15esses que são mais famosos,

00:45:16que existem,

00:45:17os países nórdicos

00:45:19ficam em primeiro lugar,

00:45:20e uma das coisas

00:45:21que os cientistas demonstram

00:45:22que traz muita felicidade

00:45:24e bem-estar

00:45:25para as pessoas

00:45:25é pouca diferença social,

00:45:29não ter essa maluquice

00:45:32que existe no Brasil,

00:45:33onde existem pessoas

00:45:34extremamente milionárias

00:45:36e pessoas dormindo na rua,

00:45:37como a gente vê

00:45:38com muita frequência

00:45:39nas grandes capitais,

00:45:41então,

00:45:42quanto menos desigualdade social,

00:45:44mais feliz é um país,

00:45:46mais tranquilo

00:45:47a população fica,

00:45:48mais ela produz,

00:45:49mais coisas elas inventam,

00:45:51então,

00:45:51não é,

00:45:52quando a gente fala

00:45:53de violência,

00:45:54não é a pobreza

00:45:55que gera violência,

00:45:57desigualdade social

00:45:58gera violência,

00:45:59eu estar dormindo na rua

00:46:00e ver uma pessoa

00:46:01passando com um super

00:46:03de um carrão

00:46:03ou com uma super

00:46:04de uma comida,

00:46:05isso incomoda a gente,

00:46:07então,

00:46:07causa esse desconforto,

00:46:09causa comportamento violento.

00:46:10Mas, Luiz,

00:46:11um país totalitário,

00:46:12então,

00:46:12tipo Cuba,

00:46:13Coreia do Norte,

00:46:14que está todo mundo nivelado.

00:46:16Mas por baixo na miséria.

00:46:17É,

00:46:17e aí,

00:46:18é um país feliz?

00:46:18Não,

00:46:19é impossível ser feliz

00:46:21sem você ter estabilidade financeira,

00:46:23né,

00:46:23então,

00:46:24esses países nórdicos,

00:46:25as pessoas têm,

00:46:26né,

00:46:26uma renda,

00:46:28que é uma renda decente,

00:46:29por onde,

00:46:30seja lá onde eu,

00:46:31onde eu trabalhar,

00:46:33eu vou conseguir ter uma renda

00:46:34onde eu pago as minhas contas,

00:46:35onde eu pago o aluguel,

00:46:37onde eu consigo ter um,

00:46:38o entretenimento de vez em quando,

00:46:40né,

00:46:40em outros países como o nosso aqui,

00:46:43existem profissões aí,

00:46:44que são brincadeira,

00:46:46o que fazem com os profissionais,

00:46:47né,

00:46:47são muito mal pagos.

00:46:49Uma das coisas que eu defendo

00:46:50desde o meu primeiro livro,

00:46:52A Ciência das Vendas,

00:46:54a incrível Ciência das Vendas,

00:46:56é a forma como a gente remunera

00:46:57o vendedor,

00:46:58por exemplo.

00:46:59O vendedor,

00:46:59geralmente,

00:47:00ganha um salário fixo

00:47:01desse tamanho,

00:47:02e o resto é tudo comissão.

00:47:04Existem mais de 100 anos

00:47:06de evidência científica

00:47:07que demonstram que comissão

00:47:08traz pior resultado.

00:47:09As pessoas vendem menos,

00:47:10elas têm pior performance

00:47:12quando elas podem ser

00:47:13comissionadas no trabalho.

00:47:15Quase ninguém conhece isso,

00:47:16tem poucas empresas

00:47:17que mudam a forma de remunerar.

00:47:20Por isso que dentro

00:47:20das consultorias

00:47:21que eu dou para as empresas,

00:47:22o que eu prego

00:47:23é colocar salário fixo

00:47:25para vendedor,

00:47:26salário fixo alto,

00:47:28digno,

00:47:28que ele pague todas as contas dele,

00:47:30sobe um dinheirinho

00:47:31para ele investir,

00:47:32para ele fazer uma reforma na casa,

00:47:33para ele trocar de carro,

00:47:34para ele fazer uma viagem,

00:47:35e em todas as empresas

00:47:37até hoje

00:47:38que eu apliquei

00:47:39essas evidências científicas,

00:47:40os resultados são fantásticos.

00:47:41Por quê?

00:47:42Porque a gente deixa

00:47:43as pessoas felizes,

00:47:44a gente traz segurança financeira

00:47:46para elas,

00:47:47o dinheiro para de ser

00:47:48uma preocupação.

00:47:49Pô, agora eu vou vender,

00:47:50agora eu tenho que estudar

00:47:50negociação,

00:47:51agora eu posso dizer não

00:47:53para aquele cara

00:47:54que é abusado,

00:47:55que fica pedindo desconto

00:47:56para mim.

00:47:56Então,

00:47:57é só no momento

00:47:58que uma pessoa

00:47:58tem segurança financeira,

00:48:00das contas estão pagas,

00:48:01o dinheiro não é um problema,

00:48:02que elas têm possibilidade

00:48:03de ser felizes.

00:48:04Abaixo disso,

00:48:05é praticamente impossível.

00:48:07E a gente falou de propriedade,

00:48:08mas imagino que isso também

00:48:09inclua a segurança física,

00:48:13jurídica,

00:48:13também sabe que você não vai ser preso

00:48:16amanhã,

00:48:18sem qualquer razão,

00:48:19ou que um outro país vai invadir.

00:48:21Sem dúvida.

00:48:21É a propriedade,

00:48:23é um salário decente,

00:48:24mas também o estado de direito.

00:48:26Exato.

00:48:26Se a gente tem lugares

00:48:29juridicamente vulneráveis,

00:48:31como é o nosso caso,

00:48:33é muito difícil

00:48:34as pessoas serem felizes.

00:48:35Aliás,

00:48:35grande parte da confusão

00:48:37que está acontecendo

00:48:37de polarização política

00:48:38que é da insegurança jurídica

00:48:40que existe no nosso país,

00:48:41que é uma coisa maluca.

00:48:44Então,

00:48:44as pessoas,

00:48:45nem o investidor,

00:48:46nem os cidadãos,

00:48:47eles acabam tendo

00:48:49bem-estar

00:48:49em um país como esse.

00:48:51Então,

00:48:52realmente tem essa questão

00:48:53que precisa ser resolvida.

00:48:54Agora,

00:48:55só para fazer o papel

00:48:56provocador aqui,

00:48:57porque talvez isso tenha passado

00:48:58pela cabeça do nosso público.

00:48:59Você falou da estabilidade financeira

00:49:01relacionando com a felicidade.

00:49:04Não é recair um pouco

00:49:05no que o dinheiro traz felicidade?

00:49:08Quer dizer,

00:49:09o pobre,

00:49:10mesmo que isso

00:49:10possa não servir

00:49:12numa escala de país,

00:49:13que a gente está falando

00:49:14de uma pergunta original

00:49:15sobre os países

00:49:16ranqueados

00:49:17como os mais felizes,

00:49:18o pobre não consegue ser feliz?

00:49:20Você está falando mais

00:49:21num nível ali

00:49:22de você ter pelo menos

00:49:23uma segurança alimentar?

00:49:25Quer dizer,

00:49:25mas a pessoa

00:49:26de baixa renda,

00:49:27às vezes com um salário mínimo,

00:49:28mas que tem uma vocação,

00:49:31tem um sentido da vida,

00:49:32tem uma busca

00:49:33e ela está ali realizando,

00:49:34ela está passando

00:49:35pelo processo

00:49:36para alcançar aquilo,

00:49:37ela tem ali

00:49:38enfim,

00:49:39relacionamentos bons,

00:49:41é possível

00:49:42essa felicidade?

00:49:43É possível

00:49:44desde que ela conviva

00:49:46com outras pessoas

00:49:46que têm

00:49:47a mesma realidade dela.

00:49:48se todo mundo

00:49:50tem uma dificuldade financeira

00:49:53ali num país,

00:49:54num bairro,

00:49:55seja onde for,

00:49:56e eu não tenho

00:49:57essa comparação social,

00:49:59eu estou ali

00:50:00dormindo na rua

00:50:01e passa alguém

00:50:01com uma Ferrari,

00:50:02se não tem

00:50:04essa diferença social,

00:50:05as pessoas só têm

00:50:06contato com pessoas

00:50:07parecidas com elas,

00:50:08elas vão ser

00:50:09perfeitamente felizes,

00:50:10tem vários lugares

00:50:11na Índia,

00:50:12na Indonésia,

00:50:13onde as pessoas vivem

00:50:14em condições muito duras,

00:50:15e se você vai perguntar,

00:50:17a pergunta não é

00:50:18exatamente essa,

00:50:19quão feliz você é,

00:50:20porque de novo,

00:50:21o ser humano

00:50:22tem sempre a tendência

00:50:23de passar uma imagem

00:50:24positiva de si mesmo,

00:50:25então eu posso

00:50:26estar quebrado financeiramente,

00:50:27brigo com a minha esposa

00:50:28todo dia,

00:50:29meus filhos não querem

00:50:29saber de mim e tal,

00:50:31e ainda assim eu vou falar

00:50:31não sou perfeitamente feliz,

00:50:33então a gente nunca pode

00:50:34fazer uma pergunta

00:50:35dessa direta,

00:50:35os cientistas nunca

00:50:36fazem esse tipo de coisa,

00:50:37eles fazem outras análises,

00:50:39mas no geral,

00:50:40quando você vai perguntar

00:50:40para essas pessoas

00:50:41que vivem em lugares

00:50:42onde são mais isolados,

00:50:44as pessoas têm

00:50:44uma realidade financeira

00:50:45muito parecida,

00:50:46elas vão dizer

00:50:47que elas são felizes,

00:50:48então a gente tem

00:50:49esse poder também,

00:50:50dependendo dessas condições,

00:50:52de ter uma vida difícil,

00:50:55complicada, etc,

00:50:56mas ainda assim

00:50:57a gente conseguir

00:50:58ter bem estar.

00:51:00Luiz,

00:51:00vamos falar um pouquinho

00:51:01sobre as suas atividades

00:51:01de palestrante e de professor,

00:51:03qual é a universidade

00:51:04em que você ensina,

00:51:05você mora em Curitiba,

00:51:07exatamente,

00:51:08e é lá mesmo a faculdade?

00:51:09Exatamente,

00:51:10dou aula na FAI Business School,

00:51:11que é a faculdade

00:51:12onde me formei,

00:51:13inclusive,

00:51:14a faculdade mais importante

00:51:15de negócios do nosso estado,

00:51:17do Paraná,

00:51:18então lá na FAI,

00:51:19eu dou duas disciplinas,

00:51:20uma chamada

00:51:21A Ciência da Felicidade,

00:51:23que é baseada no meu livro,

00:51:24então ensino todas as questões

00:51:25de bem-estar,

00:51:27saúde mental,

00:51:28felicidade,

00:51:29estratégias corporativas

00:51:30que vão fazer com que os funcionários

00:51:31sejam mais felizes,

00:51:32então,

00:51:33como que eu remunero,

00:51:34como que eu determino metas,

00:51:35que tipo de prêmio,

00:51:37como que eu contrato,

00:51:38quais são os metros

00:51:40de recrutamento e seleção

00:51:41são validados pela ciência,

00:51:42a maioria das empresas do Brasil

00:51:44usam um método

00:51:44de recrutamento e seleção

00:51:45que não tem validade científica

00:51:47nenhuma,

00:51:48é a mesma coisa

00:51:48que se pegar teu dinheiro

00:51:49e jogar direto na privada

00:51:50e apertar a descarga,

00:51:51mesma coisa,

00:51:52porque a gente não tem

00:51:53esse conhecimento científico,

00:51:55então,

00:51:55para tentar ajudar

00:51:56os meus alunos

00:51:57nesse sentido,

00:51:58então,

00:51:58a gente fala de felicidade pessoal,

00:52:00o que eu posso fazer

00:52:02para ser mais feliz,

00:52:03bem como que eu posso fazer

00:52:05um ambiente de trabalho

00:52:06mais feliz,

00:52:06as estratégias que a gente pode usar,

00:52:08e eu também dou uma outra disciplina

00:52:10chamada Mindset de Mudança,

00:52:12que fala muito

00:52:13do que a gente tratou

00:52:14hoje aqui também,

00:52:15se eu tenho uma crença,

00:52:16como é que eu vejo

00:52:18se essa crença é verdadeira ou não,

00:52:21essa dificuldade que nós temos

00:52:22para mudar de opinião,

00:52:24para dar o nosso braço,

00:52:24eu torcer e falar,

00:52:25puxa,

00:52:25fiz uma besteira,

00:52:27eu vou para esse lado aqui,

00:52:28então,

00:52:29é toda a parte de psicologia cognitiva

00:52:31que nós chamamos,

00:52:32como que a gente toma decisões ali,

00:52:34como que o nosso cérebro

00:52:35toma decisões,

00:52:36tem toda uma questão evolucionária,

00:52:38o nosso cérebro

00:52:39é uma máquina

00:52:40de milhões de anos atrás,

00:52:42a vida dos nossos ancestrais

00:52:43era completamente

00:52:44diferente da nossa,

00:52:46e não teve

00:52:47uma atualização

00:52:48desse sistema,

00:52:49então,

00:52:50o que acontece

00:52:50é que nós temos bugs

00:52:51no nosso cérebro,

00:52:53os nossos ancestrais

00:52:54tem certos atalhos,

00:52:56que a gente chama de heurísticas,

00:52:58que são atalhos mentais

00:52:59que ajudam

00:52:59a tomar uma decisão mais rápida,

00:53:00e geralmente a decisão é certa,

00:53:02só que no mundo de hoje,

00:53:04se a gente usar

00:53:04essa heurística,

00:53:05esse atalho mental,

00:53:06a gente vai tomar

00:53:06uma decisão errada,

00:53:07então,

00:53:09um exemplo desse

00:53:10é o viés da disponibilidade,

00:53:12que a gente chama,

00:53:13viés da disponibilidade

00:53:14é quão facilmente

00:53:15vem algumas informações

00:53:16na minha cabeça,

00:53:17então,

00:53:17para os nossos ancestrais,

00:53:19se eu vivo

00:53:19numa comunidade ali

00:53:20que tem um rio

00:53:21perto da tribo

00:53:22que eu vivo,

00:53:24e eu já me banhei

00:53:25naquele rio

00:53:26várias vezes,

00:53:27já tomei água lá,

00:53:28já pesquei lá,

00:53:29e nunca vi um jacaré

00:53:31naquele rio,

00:53:31na minha cabeça,

00:53:33me banhar ali

00:53:34naquele rio

00:53:35tranquilo,

00:53:37é uma decisão certa,

00:53:39raramente vai ter

00:53:40um ataque de jacaré ali,

00:53:42então,

00:53:43a gente

00:53:43se aproximava

00:53:45daquele rio,

00:53:46se em outra comunidade,

00:53:47tinha ataque de jacaré

00:53:48frequente ali,

00:53:49fala,

00:53:50opa,

00:53:50tem que ficar longe

00:53:51do rio,

00:53:51porque ali,

00:53:52cara,

00:53:52eu já vi várias vezes

00:53:53pessoas sendo atacadas,

00:53:54eu tenho que me manter ali,

00:53:55está disponível a informação

00:53:56de que tem jacaré

00:53:57naquele rio,

00:53:58e então,

00:54:00a gente via a realidade

00:54:00da nossa tribo,

00:54:01da nossa galera ali,

00:54:03as nossas decisões

00:54:04eram baseadas na realidade,

00:54:05tem jacaré

00:54:06ou não tem jacaré

00:54:07naquele rio,

00:54:08quando a gente começou

00:54:09a se juntar

00:54:10em grupos maiores,

00:54:11formar cidades,

00:54:12depois veio o advento

00:54:14da mídia,

00:54:15hoje em dia,

00:54:15eu não escuto só

00:54:16ataque de jacaré

00:54:17na minha tribo,

00:54:18eu escuto notícia

00:54:19de ataque de jacaré

00:54:20em todas as outras

00:54:22tribos do mundo,

00:54:23isso faz com que

00:54:24essa informação

00:54:24se torne mais disponível

00:54:26na minha cabeça,

00:54:27e aí eu vou,

00:54:27evitar de me banhar

00:54:28num rio,

00:54:29me pescar num rio,

00:54:30que não tem nada lá,

00:54:31está tranquilo,

00:54:32mas eu evito,

00:54:33porque está disponível

00:54:35na minha cabeça

00:54:35esse tipo de informação,

00:54:37então toda essa parte

00:54:38de polarização política

00:54:39tem tudo a ver

00:54:40com viés da disponibilidade,

00:54:41tanto que a repetição,

00:54:44eu repetir certos jargões,

00:54:46repetir certas frases,

00:54:48que os nossos políticos

00:54:48são expertos

00:54:50nesse tipo de coisa,

00:54:51e lá na campanha

00:54:52da segunda guerra mundial,

00:54:55toda a propaganda nazista,

00:54:57repetição é uma coisa

00:54:58que tem que ser feita

00:54:59para manipular a massa,

00:55:01isso faz com que

00:55:02a gente fique

00:55:03com essa informação

00:55:04disponível na nossa cabeça,

00:55:05e aí a gente

00:55:05comece a acreditar

00:55:06que tem jacaré

00:55:07onde não tem,

00:55:08o grande é um perigo.

00:55:10e tem uma receita

00:55:13que você não dá

00:55:13para ser feliz,

00:55:14mas é muito mais simples

00:55:16do que tudo isso

00:55:16que você está falando,

00:55:17é ser Flamengo,

00:55:18entende?

00:55:19Eu tenho que falar isso hoje,

00:55:20porque tem um ali

00:55:21no estúdio

00:55:22que é corintiano,

00:55:23e a gente está fazendo

00:55:25essa transmissão ao vivo

00:55:26no dia seguinte

00:55:26de uma goleada

00:55:27do Flamengo

00:55:27por 4x0,

00:55:29aí você vê que eu estou aqui

00:55:30sereno,

00:55:32feliz,

00:55:32seu microfone

00:55:33vai ficar sem áudio,

00:55:34então.

00:55:36Está ameaçando

00:55:36tirar o meu microfone,

00:55:37aqui me censurar.

00:55:38Olha só,

00:55:39eu queria estar

00:55:40na tua situação,

00:55:41mas eu sou torcedor

00:55:42do Coritiba,

00:55:43então a gente está

00:55:44na segunda divisão,

00:55:45estamos lá no G4,

00:55:46ganhamos esse final

00:55:47de semana,

00:55:47de 1985

00:55:48em cima do Bangu,

00:55:49Bangu de Castor

00:55:51de Andrade,

00:55:53mais um grande

00:55:54exemplo de honestidade

00:55:56e tranquilidade

00:55:57no grande Castor de Andrade.

00:55:59Vale a pena ver

00:56:00o documentário

00:56:00do Dr. Castor,

00:56:01bicheiro mais famoso

00:56:02do Rio de Janeiro,

00:56:03pagava ali com dinheiro

00:56:04vivo os jogadores

00:56:05naquela época,

00:56:06tem vários relatos,

00:56:07traje cômicos.

00:56:08Sim.

00:56:09Agora,

00:56:10a atividade

00:56:10de palestrante,

00:56:12você conseguiu

00:56:13uma situação

00:56:15em razão dos seus livros,

00:56:16em razão do sucesso

00:56:17deles,

00:56:18do seu sucesso

00:56:18acadêmico,

00:56:20ser convidado

00:56:20para muitas palestras

00:56:21e administrar isso

00:56:22com o tempo

00:56:23de produção

00:56:23dos seus livros

00:56:24e de estudo

00:56:25para eles?

00:56:25Sim,

00:56:26tanto que eu dei aula

00:56:28de graduação

00:56:29por alguns anos

00:56:30e eu acabei

00:56:31tendo que desistir

00:56:32da graduação

00:56:33e passar só

00:56:34para a pós-graduação

00:56:34onde a gente tem

00:56:35menos aula

00:56:36para eu poder

00:56:37atender essa demanda

00:56:38de palestras,

00:56:39porque as empresas

00:56:40hoje em dia,

00:56:41os eventos

00:56:42precisam de conteúdo

00:56:43baseado em evidência

00:56:44científica,

00:56:44porque toda vez

00:56:45que eu aposto

00:56:46lá num palestrante

00:56:47ou num instrutor

00:56:47de treinamento

00:56:48que vem me ensinar

00:56:49aqui negociação,

00:56:50só que como é

00:56:51que você ensina

00:56:51negociação?

00:56:52Ah, é que eu negociava

00:56:52assim na empresa

00:56:53que eu trabalhava,

00:56:54então se você negociar

00:56:54aqui também vai dar certo,

00:56:55não vai,

00:56:56por quê?

00:56:56Porque não tem

00:56:56evidência científica

00:56:57nenhuma,

00:56:58o que uma pessoa

00:56:59fez para ter sucesso

00:57:00não significa

00:57:01que se eu fizer

00:57:02vai dar certo também,

00:57:04eu posso ter um senhor

00:57:05que fumou até os 95 anos

00:57:06de idade e morreu atropelado

00:57:08e aí eu falo,

00:57:09nossa,

00:57:09ele fumou até os 95 anos

00:57:10de idade,

00:57:11fumar faz bem

00:57:11para a saúde,

00:57:12então não,

00:57:12é uma pessoa só,

00:57:14a ciência nunca estuda

00:57:16uma pessoa só,

00:57:16uma empresa só,

00:57:17são centenas,

00:57:19milhares de pessoas,

00:57:20milhares de empresas,

00:57:21então hoje em dia,

00:57:22felizmente as empresas

00:57:23aqui no Brasil

00:57:24estão voltando

00:57:25seus olhos

00:57:26para a ciência também,

00:57:27porque quando eu tomo

00:57:28uma decisão baseada

00:57:29em evidência científica,

00:57:30então eu treino

00:57:31um vendedor

00:57:31como negociar

00:57:32baseado na evidência

00:57:33científica,

00:57:34da Harvard,

00:57:35do MIT,

00:57:35da Stanford,

00:57:36eu treino meus gestores

00:57:38sobre o que é liderança,

00:57:39felicidade e bem-estar

00:57:40com ciência,

00:57:41não é com achismo,

00:57:42a gente consegue ter

00:57:43o resultado,

00:57:44fazer o nosso investimento

00:57:45valer a pena,

00:57:46então é um mercado

00:57:46que está começando

00:57:47aqui no Brasil

00:57:48e eu tenho o grande prazer

00:57:49de ser o pioneiro

00:57:50nesse mercado,

00:57:51eu sou um dos poucos

00:57:52aí do Brasil

00:57:52que tem conteúdo

00:57:53100% baseado

00:57:55em evidência científica,

00:57:56comigo não tem blá blá blá,

00:57:57não tem achismo,

00:57:58não tem,

00:57:58ah, eu fazia isso

00:57:59quando eu trabalhava,

00:58:00porque são ferramentas

00:58:02extremamente perigosas,

00:58:03então eu desisti

00:58:05de uma carreira

00:58:06de executivo

00:58:06de 16 anos

00:58:07para investir nisso,

00:58:09para mostrar

00:58:09para as empresas

00:58:10que existem evidência científica

00:58:12do mesmo jeito

00:58:12que existem na medicina,

00:58:14quando você está

00:58:14tendo um ataque cardíaco,

00:58:15você não vai no tarólogo,

00:58:17você vai onde?

00:58:18Você vai no médico,

00:58:18por quê?

00:58:18Porque o médico

00:58:19é quem aplica a ciência

00:58:20e você sabe

00:58:21que ali vai ser confiável,

00:58:22as empresas não,

00:58:23a gente vai no tarólogo,

00:58:24a gente vai na pessoa

00:58:25que joga búzios,

00:58:27tal,

00:58:27e a gente não toma

00:58:29uma decisão efetiva,

00:58:31então a gente precisa

00:58:31da ciência,

00:58:32as mesmas universidades

00:58:33que fazem e trazem

00:58:34evidências científicas

00:58:34para a medicina,

00:58:36trazem para os negócios

00:58:36também,

00:58:37trazem para a radicalização

00:58:38política,

00:58:39trazem para as nossas

00:58:40decisões,

00:58:41então é importante

00:58:42que a gente aprenda

00:58:43baseado em ciência

00:58:44para a gente ter

00:58:45uma vida melhor.

00:58:46Precisamos encerrar,

00:58:47rapidinho,

00:58:47Duda.

00:58:47Tem uma coisa que as empresas

00:58:49façam,

00:58:50pensando no bem-estar

00:58:51dos funcionários

00:58:52e que seja totalmente

00:58:53roubada,

00:58:55porque assim,

00:58:55a empresa tem às vezes

00:58:57enfeita o refeitório,

00:58:59tem empresa que dá

00:59:00o dia de folga

00:59:01no aniversário

00:59:03da pessoa,

00:59:04aqui a gente faz,

00:59:05por exemplo,

00:59:05aniversário,

00:59:06um dia por mês,

00:59:08a gente faz,

00:59:08tem alguma coisa que você fala,

00:59:10isso aqui realmente não,

00:59:11só dá errado?

00:59:12Para trazer felicidade

00:59:15para as pessoas,

00:59:17o que eu diria

00:59:19que dá errado mesmo

00:59:20é na questão

00:59:21da gente premiar

00:59:22algumas e outras não,

00:59:24que às vezes existe

00:59:25a questão de,

00:59:25se a gente bater a meta,

00:59:27quem bater a meta

00:59:28vai ganhar um prêmio,

00:59:29vai ganhar uma viagem,

00:59:30vai ganhar um passeio,

00:59:31e a maioria das empresas

00:59:32faz isso,

00:59:33outras empresas

00:59:34ainda fazem o seguinte,

00:59:36poucas pessoas

00:59:37que ganham

00:59:38vão ganhar um carro,

00:59:40a evidência científica

00:59:41demonstra que o carro

00:59:42me deixa feliz

00:59:43há alguns meses,

00:59:44depois de alguns meses

00:59:45o bem material

00:59:46eu me adapto,

00:59:47eu começo a reclamar

00:59:48do carro,

00:59:48já falo,

00:59:49pô, mas esse carro

00:59:49aqui não engata direito

00:59:50a marcha e tal,

00:59:51pô, a manutenção é muito,

00:59:52eu nem lembro

00:59:53que a empresa me deu,

00:59:54então a gente tem um poder,

00:59:55chama-se adaptação hedônica,

00:59:57de se adaptar

00:59:58a bens materiais,

00:59:59mas a gente não se adapta

01:00:01a experiências,

01:00:02eu não me adapto,

01:00:02é uma viagem

01:00:03que eu fiz para Paris,

01:00:04por exemplo,

01:00:0510 anos atrás

01:00:06eu lembro até hoje

01:00:07da viagem,

01:00:07eu lembro da comida

01:00:08que eu comi,

01:00:09eu fico feliz

01:00:09quando eu vejo uma foto,

01:00:10então a experiência

01:00:11traz uma felicidade

01:00:13de longo prazo,

01:00:14o bem material

01:00:14a gente se acostuma,

01:00:16as empresas pecam

01:00:16bastante nisso,

01:00:17na questão de qual prêmio

01:00:19eu dou,

01:00:19mas também nessa questão

01:00:20de que eu dou prêmio

01:00:21para algumas pessoas

01:00:22e para outras não,

01:00:23e aí o que acaba

01:00:24é que eu queria

01:00:25trazer um bem estar

01:00:26para certas pessoas,

01:00:27mas as outras

01:00:28que não ganharam prêmio

01:00:29ficam lá,

01:00:29também o cara só ganhou

01:00:30o prêmio porque

01:00:30é a puxa saco do chefe,

01:00:31ele fez um churrasco lá e tal,

01:00:33então ao invés

01:00:34de eu enaltecer

01:00:34aquela pessoa

01:00:35e fazer com que ela

01:00:36seja bem vista

01:00:37pelo resto da empresa,

01:00:38as outras pessoas

01:00:40que não ganharam prêmio

01:00:41vão ficar de cara

01:00:42com aquela pessoa,

01:00:43vão estragar a relação,

01:00:44então tem muita coisa

01:00:45que as empresas

01:00:45precisam aprender

01:00:46sobre felicidade.

01:00:48Maravilha,

01:00:48Luiz Gazir,

01:00:49ele quer fazer

01:00:49algum merchan aqui

01:00:50do seu trabalho,

01:00:51fica à vontade,

01:00:52pode olhar

01:00:52para aquela câmera

01:00:53da verdade

01:00:53para fazer as suas

01:00:54considerações,

01:00:55indicar suas redes sociais,

01:00:57pode até anunciar

01:00:58suas palestras aí.

01:00:59Excelente,

01:01:00muito obrigado,

01:01:00então agradeço

01:01:01o teu carinho

01:01:02por você ter acompanhado

01:01:02aqui até o fim

01:01:03porque é um desafio,

01:01:04quando a gente recebe

01:01:05informações contrárias

01:01:06à nossa crença,

01:01:07a gente geralmente

01:01:08quer trocar,

01:01:09ir para um outro canal,

01:01:10assistir um joguinho

01:01:11lá do Flamengo,

01:01:12por exemplo,

01:01:12na reprise,

01:01:13então obrigado

01:01:14por você ficar até o final,

01:01:15se você quiser aprender

01:01:16a tomar decisões

01:01:17que são 100% baseadas

01:01:18em ciência,

01:01:19para você ter mais bem-estar,

01:01:20para você fazer

01:01:21estratégias melhores

01:01:22na sua empresa,

01:01:23para você escapar

01:01:23do radicalismo,

01:01:24ou talvez até ajudar

01:01:25alguém da tua família

01:01:26que está envolvido

01:01:27em polarização política,

01:01:29me segue lá no Instagram,

01:01:30arroba Luiz Gazir,

01:01:31Luiz com Z,

01:01:32meu sobrenome

01:01:33Gazir,

01:01:34G-A-Z-I-R-I,

01:01:35então lá você vai ter

01:01:37ferramentas científicas

01:01:38todos os dias

01:01:39para melhorar

01:01:39suas decisões

01:01:40e assim você ter

01:01:41um bem-estar

01:01:42que você merece.

01:01:44Luiz Gazir e senhoras e senhores,

01:01:45um prazer enorme

01:01:46recebê-lo,

01:01:46muito obrigado,

01:01:48Luiz,

01:01:49a gente trocou

01:01:49umas mensagens aí,

01:01:50rapidinho,

01:01:51eu já fiquei interessado

01:01:53em trazê-lo

01:01:53para o podcast

01:01:54e foi um acerto

01:01:56aqui essa presença

01:01:57e muita sorte,

01:01:59muito sucesso,

01:02:00muita produtividade

01:02:01no seu trabalho

01:02:02porque esses livros,

01:02:03eles ajudam a iluminar

01:02:04as cabeças

01:02:05e é isso que a gente precisa.

01:02:08Muito obrigado.

01:02:08Bom,

01:02:09podcast O.A.

01:02:10toda segunda-feira

01:02:10às 19h30,

01:02:11hoje foi excepcionalmente

01:02:12ao vivo

01:02:13às 20h,

01:02:14mas a gente deve voltar

01:02:15para o horário normal

01:02:15na próxima semana,

01:02:17como é um programa

01:02:18feito com convidados,

01:02:20a gente às vezes

01:02:20depende da agenda

01:02:21dos convidados,

01:02:22às vezes a gente consegue

01:02:23antecipar,

01:02:23às vezes a gente consegue

01:02:24em cima da hora,

01:02:25às vezes a gente faz

01:02:26ao vivo mesmo

01:02:27e o Papo Antagonista

01:02:28você já sabe,

01:02:29de segunda a sexta

01:02:29das 18h às 19h30,

01:02:31além dos outros programas

01:02:32no nosso canal de YouTube.

01:02:34Um grande abraço

01:02:34e até a próxima.

01:02:35Tchau.

01:02:42Podcast O.A.

01:02:44Conversa boa de ver

01:02:45e ouvir.

Podcast OA! - Convidado: Luiz Gaziri

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