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O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu aumentar a taxa básica de juros, Selic, em 0,25 ponto percentual. A decisão foi tomada de forma consensual entre os nove diretores do BC que compõem o colegiado.
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Transcrição
00:00Para surpresa de zero pessoas, o Copom decidiu elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual.
00:11A decisão foi tomada de forma consensual.
00:14Ontem, Rodrigo Oliveira, você já falava isso, que a gente precisava de um ponto,
00:19uma questão que já era ponto pacífica, é o aumento da taxa de juros.
00:23Ok, a dúvida era se seria uma decisão unânime ou não.
00:28O ajuste era amplamente esperado pelo mercado e é bom lembrar que essa foi a primeira alta da taxa básica de juros
00:37durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva.
00:42Rodrigo Oliveira, o Lula vai culpar quem agora?
00:48Não sei, eu sempre falo que o Lula é muito criativo para passar a culpa dele para os outros.
00:52Como diz o outro, a culpa é minha, eu passo, eu coloco ela em quem eu quiser.
00:57Tem uma coisa importante, ontem eu falava sobre isso, sobre o Unânime,
01:01sobre a ideia de que a decisão deveria ser Unânime para acalmar o mercado
01:05e para que o mercado financeiro diminua um pouco a desconfiança de que os indicados pelo Lula
01:13para o Banco Central seriam mais lenientes com a inflação.
01:17que foi que isso é um resultado, isso é um rescaldo daquela decisão de maio deste ano,
01:24quando os quatro indicados pelo Lula votaram por um corte maior na Selic
01:30e os cinco indicados pelo Bolsonaro votaram por um corte menor, acabaram vencendo.
01:34Mas a partir de janeiro o Copom tem maioria, porque o Lula vai indicar agora o presidente
01:40e mais dois diretores tem maioria de indicados do presidente Lula
01:44e essa é a dificuldade ou a desconfiança que parte do mercado tem sobre como vai ser isso.
01:52Então é importante ter sido Unânime porque Roberto Campos Neto, atual presidente indicado,
01:58atual presidente da Autoridade Monetária, do Banco Central e indicado pelo governo Bolsonaro,
02:03voltou de mãozinha dada com Gabriel Galipo, atual futuro presidente do Banco Central,
02:12já está aí fazendo beijamão pelos gabinetes dos senadores,
02:17já foi indicado oficialmente pelo presidente Lula como a espolha dele para presidir o Banco Central
02:25e ambos então votaram, reconhecem que é necessário subir os juros.
02:32Então diminui um pouco aquela famosa, aquele júris esperniante dos nossos queridos políticos,
02:41inclusive o Haddad ontem falou, não, eu não vou comentar sobre a decisão,
02:45vou esperar a ata, a ata sai só na terça-feira, dá tempo de eu pensar e descobrir o que eu vou falar.
02:51Aí logo em seguida perguntaram, mas e o FED? Aí ele falou sobre o FED,
02:54porque falar do Banco Central alheio é sempre mais fácil, né?
02:58Agora o Banco Central não é mais o Banco Central do Bolsonaro,
03:03já tem um presidente novo indicado e embora sejam quatro contra cinco,
03:08todos os quatro lulistas ou indicados pelo Lula votaram de acordo, né?
03:15E subindo aí a taxa para 0,25.
03:18Muito bem, por que o Banco Central, quais são os argumentos do Banco Central
03:21para subir a taxa básica de juros e por que isso é importante para a gente?
03:26Porque a taxa básica de juros do país é, em tese, a taxa referência para todos os empréstimos.
03:34É a partir dela que você vai pegar dinheiro emprestado e vai saber
03:38se o que você está pegando de dinheiro emprestado está mais ou menos caro
03:43e o seu investimento está rendendo bem ou se está rendendo mal.
03:47Por quê? Porque, em tese, o que a gente chama de taxa livre de risco
03:52é a taxa básica de juros do governo, no caso do Brasil.
03:57Se a gente for falar dos Estados Unidos, do mundo como inteiro,
04:00em todo, aí a taxa livre de risco é a taxa norte-americana.
04:04O que a gente está falando, então?
04:07O que o Banco Central acha, o que o Banco Central acha que deve subir os juros?
04:13Ele falou de novo do fiscal, repetiu o que tinha falado antes
04:16para mostrar para o governo, olha, estamos olhando para o fiscal,
04:19essa deterioração das expectativas tem afetado os ativos,
04:24mas isso não foi nada novo, já estava no comunicado passado.
04:28Então, não mudou nada na cabeça do Banco Central.
04:32O que mudou?
04:33Dessa vez, o Banco Central falou que havia uma simetria autista no balanço de riscos.
04:39Vamos traduzir isso, né?
04:40O que isso quer dizer?
04:41Ele acha que, quando ele olha para os fatores que podem aumentar a inflação
04:46e os fatores que podem diminuir a inflação,
04:49os fatores que podem causar uma elevação da pressão sobre os preços
04:54são mais fortes.
04:56Então, é mais provável na cabeça do Banco Central que,
04:59se nada mudar, a inflação comece a subir.
05:04Então, esse é um dos problemas.
05:05O outro problema, a outra dificuldade que o Banco Central está vendo
05:09para controle da inflação é aquele ato do produto, já falei para vocês,
05:13é aquilo que é a diferença entre tudo aquilo que a gente pode produzir
05:17e o quanto a gente produz.
05:19Quando a gente está abaixo desse limite, o hiato está negativo.
05:23E, dessa vez, o Banco Central disse que, na visão do banco,
05:27o hiato está positivo.
05:30Isto é, a Ásia fala, mas então a gente está produzindo mais do que a gente consegue?
05:34Mais ou menos isso.
05:35Está pressionada a produção, o limite de produção,
05:40e isso pode descambar com essa demanda pressionando,
05:43pode descambar para aumento de preços.
05:46E, por fim, o Banco Central fala o seguinte,
05:49olha, na nossa, como é que se fala?
05:54No nosso horizonte relevante, que é lá o primeiro trimestre de 2026,
05:59a nossa projeção passou de inflação de 3,4% na reunião de julho
06:04para 3,5%.
06:06Então, mesmo aumentando o juro agora,
06:11lá em março de 2026,
06:15você vai ter a inflação descolada da meta.
06:19Muita gente agora está fazendo os cálculos,
06:22e boa parte do mercado acredita que a gente tem,
06:24pelo menos, mais 200 pontos básicos,
06:29dois pontos percentual de aumento na Selic
06:32para as próximas reuniões.
06:33A gente vai ter que esperar um pouquinho,
06:35mas isso quer dizer que a gente pode estar lidando com uma Selic
06:38muito próxima, novamente, daqueles 13% ao ano.
06:45Meu caro Rodrigo Oliveira, e ontem,
06:47quem falou sobre a questão da taxa de juros
06:49foi o ministro da Fazenda, o Fernando Haddad.
06:52Matheus, coloca, por gentileza, a fala do Fernando Haddad.
06:56Eu não me surpreendi, mas eu só vou comentar a decisão
07:00depois da leitura da ata, semana que vem, como de hábito.
07:04Vou dar uma olhada, vou conversar internamente,
07:08vou verificar o que esperar para o futuro próximo,
07:13daí eu comento com vocês.
07:14Eu penso que veio um pouco atrasado, mas veio.
07:17Nós estávamos esperando para junho o corte do Banco Central Americano.
07:22teve uma pequena turbulência no começo do ano que, de certa maneira,
07:30causou nos mercados todos alguma turbulência, o dólar aqui.
07:36Mas eu penso que agora deve entrar numa trajetória de cortes,
07:40e eu penso que isso vai ser duradouro.
07:42Eu não acredito que em 2025, 2026, nós tenhamos surpresas.
07:48O que é ótimo para o Brasil e para o mundo,
07:50porque isso dá um alívio doméstico grande
07:54e nos coloca uma responsabilidade de continuar fazendo um trabalho
07:59de arrumação da casa aqui,
08:00para colher os frutos desses ventos favoráveis.
08:06Está bom?
08:06Obrigado.
08:08É um trabalho de arrumação de casa que, de fato, ele precisa ser feito.
08:12Matheus, coloca, por gentileza, um gráfico
08:14que você fez de forma brilhante
08:16sobre a evolução da taxa de juros
08:18ao longo dos últimos anos.
08:20Você tem ali um patamar de 5% ali
08:24por volta de 2019, 2020.
08:29Na verdade, já era pandemia,
08:32mas você ainda ia ter os cortes da pandemia
08:34que levaram aí a taxa a 2%,
08:36esse ponto mais baixo da curva aí.
08:38O ponto mais baixo, exatamente.
08:40Aí depois ali, por volta de 2020, 2021,
08:45você tem o crescimento da taxa básica de juros
08:47até ela chegar no patamar de 10 pontos...
08:51Até ela chegar acima de 12, né, Rodrigo Oliveira?
08:54Ela vai chegar a 13,75, se não me falo na memória.
08:5613,75.
08:58E aí até o argumento do Roberto Campos Neto
09:01falando, olha, a gente promoveu o maior aumento
09:04de taxa de juros em um país emergente
09:08durante um período eleitoral, né?
09:10O que derruba um pouco, ou contrapõe um pouco
09:15essa história de que ele faz política eleitoral
09:17com taxa de juros, né?
09:21E aí, durante o governo Lula, você teve essa queda gradual
09:24e agora esse aumento para 10,75
09:28na reunião de ontem do Copom.
09:31Então, ô Rodrigo Oliveira, o recado traz para cá, Matheusinho,
09:35porque o Comitê de Política Monetária,
09:38ele deu, de fato, um recado muito claro.
09:40Olha, se o governo federal não fizer a sua parte,
09:43não adianta ficar ali, tentar no gogó,
09:45reduzir a taxa de juros, porque isso não vai funcionar.
09:48É, porque a parte que compete ao Brasil
09:51é controlar as contas públicas.
09:54E se isso acontecer, aí você tem um pedaço do caminho andado,
09:59só que, obviamente, a nossa inflação aqui,
10:02óbvio que ela está conectada com a inflação global,
10:05você tem até o que está acontecendo nos Estados Unidos,
10:07na Europa, no Japão, na China,
10:09mas a verdade é que estamos perdendo a chance
10:13de fazer a nossa parte,
10:15o que pode, o que poderia, na verdade,
10:18demandar menos custo da política monetária, né?
10:24Mas, aparentemente, o nosso querido Luiz Inácio Lula da Silva
10:28não está nem aí para a responsabilidade fiscal
10:32e fica repetindo bravatas que têm sentido
10:35e que não fazem a menor diferença na vida de ninguém.
10:39Aparentemente, as pessoas gostam de ouvir esse monte de baboseira,
10:42mas, no fim das contas,
10:44são elas mesmo que vão pagar
10:45um crédito mais caro, produto mais caro
10:48e vida bem mais difícil.
11:02Obrigado.
11:03Obrigado.

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