- ontem
O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, negou um pedido para que seu colega Flávio Dino fosse impedido de participar de julgamentos sobre o 8 de janeiro.
O advogado Ezequiel Silveira, que defende um dos réus da invasão, argumentou que Dino está diretamente envolvido na ação, por ter comandado o Ministério da Justiça no governo Lula até o fim de 2023.
Ao negar a solicitação, Barroso alegou que o advogado “não demonstrou, de forma clara, objetiva e específica” os interesses de Dino nos casos envolvendo o episódio.
Silveira decidiu recorrer ao plenário do Supremo.
Carlos Graieb e Alexandre Borges comentam:
Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:
https://bit.ly/planosdeassinatura
Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.
Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.
https://whatsapp.com/channel/0029Va2S...
Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.
Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
O advogado Ezequiel Silveira, que defende um dos réus da invasão, argumentou que Dino está diretamente envolvido na ação, por ter comandado o Ministério da Justiça no governo Lula até o fim de 2023.
Ao negar a solicitação, Barroso alegou que o advogado “não demonstrou, de forma clara, objetiva e específica” os interesses de Dino nos casos envolvendo o episódio.
Silveira decidiu recorrer ao plenário do Supremo.
Carlos Graieb e Alexandre Borges comentam:
Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:
https://bit.ly/planosdeassinatura
Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.
Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.
https://whatsapp.com/channel/0029Va2S...
Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.
Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br
Categoria
🗞
NotíciasTranscrição
00:00Vamos em frente, vamos passar para o nosso próximo assunto,
00:04que também tem a ver com o STF.
00:09É difícil escapar das tretas do STF hoje em dia.
00:14Nesse caso, a gente está falando aqui do questionamento que foi feito
00:18à isenção do novo ministro, mais novo ministro do STF,
00:26o Flávio Dino, para participar de julgamentos relativos ao inquérito do 8 de 1.
00:34Esse questionamento foi feito e o presidente da casa, Luiz Roberto Barroso,
00:40negou o pedido para que o Dino fosse impedido de participar dessas ações,
00:50de dar votos nessas ações.
00:51O advogado Ezequiel Silveira, que defende um dos réus da invasão,
00:57argumentou que o Dino está diretamente envolvido na ação,
01:01por ter comandado o Ministério da Justiça no governo Lula até o fim de 2023.
01:07Ao negar a solicitação, o Barroso alegou que o advogado não demonstrou,
01:12de forma clara, objetiva e específica, os interesses de Dino na ação.
01:21Silveira agora decidiu recorrer dessa decisão do presidente da corte ao plenário do Supremo.
01:33Alexandre, agora eu vou te passar uma bola difícil.
01:40Você acha que o Dino tem a isenção necessária para participar desses julgamentos,
01:46ou ele deveria, ele mesmo, se declarar impedido?
01:51Ele deveria se declarar impedido, mas é uma questão complexa,
01:55porque você tem na corte o Dino, que é um ex-ministro da Justiça do Lula,
02:02alguém ligado, que foi um agente político durante muitos anos,
02:06muito ligado ao lulismo, à esquerda.
02:08Mas você também tem o Toffoli, que foi advogado do PT.
02:10Você tem o advogado do Lula, também recém-empoçado, como ministro.
02:17Então, assim, você tem o André Mendonça, que foi AGU e ministro da Justiça do Bolsonaro.
02:22Então, assim, você tem ali naquela corte pessoas que não eram a regra antigamente.
02:31Então, se você fosse olhar a corte, a coisa de 10, 20 anos atrás,
02:35você tinha pessoas que podiam estar ligadas, de alguma forma ou não,
02:39a correntes políticas e tal, mas não era uma coisa tão escancarada como é hoje.
02:45Então, essa questão de se declarar impedido,
02:48hoje você vai pegar uma parte grande ali da corte.
02:51Você tem qualquer coisa que for ligada tanto ao lulismo como ao bolsonarismo,
02:56você tem em vários ali dos ministros do STF,
03:00pessoas que têm história de uma proximidade com esses grupos políticos muito grande,
03:04e que poderiam gerar dentro da consciência pessoal do ministro,
03:08que isso não é ali dentro do corporativismo deles,
03:11ninguém chega e fala, não, você vai sair.
03:13Não, ele tem que se declarar impedido.
03:16É uma coisa pessoal, mas é uma regra que deveria, de certa forma, pegar vários deles,
03:23não só o Cássio ou o André Mendonça em relação a qualquer coisa do Bolsonaro,
03:27ou Toffoli, Zanin, Flávio Dino, em relação ao Lula e ao petismo.
03:37Então, assim, é uma régua, ou é um sarrafo que a gente tem que saber aonde coloca,
03:44mas esse sarrafo tem que pegar.
03:45Ou não pega ninguém, ou pega um monte de gente.
03:48É interessante, né, conversando com uma pessoa muito proximamente ligada ao ministro do STF,
03:57há tempos atrás já, essa pessoa estava me dizendo,
04:00pois é, se prevalecesse a ideia de que o ministro do Supremo Tribunal Federal
04:09não pode atuar em casos ligados, em casos de escritórios de advocacia,
04:16onde tem parentes deles,
04:20haveria um sem fim de ações no STF que não teriam quórum para ser decididos.
04:25Porque praticamente todos os ministros têm uma mulher, uma filha,
04:32enfiada em algum escritório de advocacia,
04:34que está litigando o tempo todo no STF.
04:38A pessoa falou, olha, em ação de turma,
04:44que o número de ministros é menor, inclusive,
04:47haveria situações em que todos teriam que se declarar impedidos.
04:52Não, e você imagina...
04:54É uma situação que nunca se formou no STF.
04:59Imagina um sujeito que está envolvido numa ação
05:02e tem que escolher a sua banca de advogados.
05:04E aí ele vai e recebe três opções.
05:07Uma delas diz, olha, é esse escritório aqui ter a filha do ministro.
05:12É, vamos dizer, que numa concorrência pela ação,
05:17é um escritório que vai levar alguma vantagem.
05:21Então, assim, você tem um efeito que se retroalimenta,
05:25porque o escritório vai ficando maior e mais importante
05:28à medida que ele vai pegando grandes ações.
05:30Essas grandes ações que vão envolver as últimas instâncias,
05:35vão envolver o STF.
05:36E se você tem esses parentes de primeiro grau,
05:40próximos dos ministros,
05:42você vai ter, provavelmente,
05:44um escritório que vai ter um bom desempenho
05:47nessas litigâncias.
05:49E aí você faz com que o escritório ganhe mais clientes
05:51e seja ali um efeito que se retroalimenta.
05:54Isso é um problema.
05:56Isso é um problema do Brasil, sociológico.
05:59O Brasil tem uma oligarquia?
06:01Tem, entendeu?
06:03Em todas as áreas.
06:04E no poder isso fica mais evidente.
06:06Você vai olhar o Congresso,
06:08quantos dos deputados são filhos de políticos,
06:11são parentes, entendeu?
06:12O Brasil tem uma elite que se retroalimenta.
06:16Você tem uma elite muito fechada.
06:18Você tem a...
06:20A ideia da capitania hereditária
06:22nunca foi abandonada no Brasil.
06:25O tipo da capitania mudou.
06:27Não é mais aquele pedação do território nacional.
06:30Mas tem capitanias no direito,
06:35tem capitanias na medicina,
06:37tem capitanias artísticas,
06:39tem capitanias de tudo quanto é tipo
06:42onde vale a regra da hereditariedade, né, Alexandre?
06:46Pois é.
06:47E a maneira como a elite brasileira
06:50espertamente viu que ela pode se manter
06:53e ainda com alguma legitimidade
06:55foi ela abraçar a política identitária.
06:57Onde ela pega,
06:58dentro de algumas caixinhas identitárias,
07:01dentro de uma possibilidade quase infinita de pessoas,
07:06ele vai pegar quem?
07:06Vai pegar aquele ativista
07:08que pensa exatamente o que ela pensa.
07:10Entendeu?
07:10E aí só que o sujeito está dentro
07:13de uma caixinha identitária.
07:14Ele é gay ou ele é negro,
07:16ou ele é seja lá o que for.
07:17E aí você pega e pinça o sujeito.
07:20Ou é indígena, né?
07:21Você bota na...
07:23Você pega, por exemplo,
07:24ali na Academia Brasileira de Letras.
07:26Agora começa.
07:27Agora já tem o indígena,
07:28agora já tem não sei o que.
07:29E aí você vai colocando ali pessoas que estão alinhadas ali com o pensamento geral,
07:36mas que podem servir de avatares para essas ideias,
07:39com a legitimidade, suposta legitimidade, do identitarismo.
07:44Então, assim, é difícil furar esse bloqueio,
07:46porque a grande diversidade é a diversidade de ideias.
07:49E isso o Brasil ainda tem muito o que fazer
07:52para poder conseguir ter um amplo leque de ideias.
07:58A gente tem um leque de identidade,
08:01essas identidades quase todas pensam igualzinho.
08:04Bom, e sobre a questão do Flávio Dino
08:09e da, enfim, imparcialidade dele
08:12para participar desses julgamentos, né?
08:15Eu já comentei aqui no Papo Antagonista
08:17uma pesquisa recente, relativamente recente,
08:21da FGV, da Fundação Getúlio Vargas,
08:24da Faculdade de Direito da FGV, né?
08:27Justamente sobre o número de casos
08:29em que o STF reconheceu a suspeição
08:33ou o impedimento de um dos ministros.
08:37E o resultado é que não há.
08:40Não há casos.
08:43Os ministros têm um reparo importante a se fazer.
08:50Um número muito grande das arguições
08:52de suspeição ou impedimento feitas por advogados, né?
08:58É quando o advogado vai lá e pergunta,
08:59olha, esse cara aqui, como fez o advogado
09:01neste caso que a gente está comentando hoje
09:03em relação ao Dino?
09:04O advogado vai lá e pergunta,
09:06ó, eu acho que esse cara aqui
09:08não está bem posicionado
09:11para participar desse julgamento.
09:13Ele deveria saber se ter.
09:16Um grande número dessas arguições,
09:19elas acabam caindo por falhas técnicas,
09:23por perda de objeto,
09:25o ministro se aposentou, coisa que o vale, enfim.
09:27Um grande número.
09:28Mas, mesmo assim,
09:30daquelas que sobreviveram,
09:32nenhuma foi contemplada.
09:35E o número das que vão para plenário
09:39também é ínfimo.
09:42Ou seja,
09:44o STF,
09:47no mínimo,
09:49faz pouco
09:50da ideia
09:51de que a imparcialidade,
09:54a suspeição ou impedimento dos ministros
09:56precisa ser analisado com frequência
10:00para desfazer
10:02a impressão
10:04justificada
10:06que a gente tem no Brasil
10:07de que só porque chegou lá
10:11vai ser imparcial,
10:12de que só porque chegou lá
10:13perdeu os vínculos
10:15políticos que tinha antes
10:18ou os vínculos familiares,
10:21enfim,
10:22toda espécie de vínculo
10:23que pode levar um cara
10:25a julgar
10:26não segundo o melhor entendimento da lei,
10:30mas segundo a melhor conveniência política.
10:33Segundo a conveniência política
10:35da sua turma.
10:36O STF
10:40não tem levado a sério
10:43essas argüições
10:44de impedimento e suspensão
10:46e isso
10:47tem feito
10:48mal
10:49para a imagem
10:50do próprio STF.
10:53Isso reforça
10:54a impressão
10:55de que essa é uma corte
10:57que não está
10:58nem aí
10:59para a maneira
11:00como os brasileiros
11:01a enxergam.
11:02Se a enxergam
11:03como parcial
11:04ou não.
11:06E esse aqui
11:07é um outro exemplo.
11:10Veja,
11:11a decisão
11:12do Barroso,
11:13tal como foi
11:14posta aqui,
11:15ah, o advogado
11:16não demonstrou
11:16de forma clara
11:17o objetivo específico
11:18os interesses
11:20de Dino na ação.
11:23Precisa?
11:25Me parece
11:26bastante palpável
11:27a suspeita
11:29de que o Dino,
11:30que até outro dia
11:30fazia parte do governo Lula,
11:32tem interesse
11:33nesses julgamentos
11:34do 8 de janeiro.
11:37Mas ele
11:38jogou
11:39todo o ônus
11:43para o advogado.
11:46Como se ele
11:47estivesse fazendo
11:48uma colocação,
11:49uma admissão
11:49absolutamente
11:50despropositada,
11:52com base
11:53nenhuma
11:53na realidade
11:54e com base
11:55nenhuma
11:56no sentimento
11:57normal
11:57das pessoas
11:58quando olham
11:58para os ministros
11:59do STF.
12:00E vêm lá
12:01pessoas cada vez
12:02menos imparciais.
12:04Então,
12:05eu acho que o STF
12:06tem uma dificuldade
12:07muito grande
12:09de perceber
12:10como ele é visto
12:11pelos brasileiros
12:12e de lidar
12:13com as fontes
12:14dessa má percepção.
12:16E uma das fontes
12:17dessa má percepção
12:18é essa história
12:19de eles
12:20nunca,
12:22jamais,
12:23dizerem
12:24ou sequer
12:25aventarem
12:26a hipótese
12:27de que possam
12:29ser alvo
12:29de desconfiança.
12:30de desconfiança.
12:31Tchau.
12:32Tchau.
12:33Tchau.
12:33Tchau.
12:33Tchau.
12:33Tchau.
12:34Tchau.
12:35Tchau.
Recomendado
18:20
|
A Seguir