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Flávio Dino tomou posse como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira. Ele assume a vaga aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber. Com a posse de Dino, a Corte volta a ter 11 integrantes. Estiveram presentes o presidente Lula e os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco, e da Câmara, Arthur Lira.
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NotíciasTranscrição
00:00Doutor Celso, o que esperar de Flávio Dino
00:03como ministro do Supremo Tribunal Federal?
00:08Bom, o Wilson, o ministro Dino,
00:10em função até do protagonismo que teve no governo Lula
00:18como ministro da Justiça,
00:22tornou-se um personagem muito ativo em redes sociais, etc.,
00:27sendo ouvido diversas vezes no Congresso,
00:29acho que a primeira coisa que se espera
00:31é uma descrição agora maior,
00:34o ministro já abordou isso especificamente,
00:39apesar de todas as críticas de diversos setores,
00:42inequivocamente ele é uma pessoa preparada,
00:45é um homem que prestou concurso para magistratura,
00:47foi magistrado, tem uma carreira política,
00:50e aí eu acho que o lado positivo da nomeação do ministro Dino
00:54é que hoje o Congresso e o Supremo Tribunal Federal,
00:57o Poder Legislativo e o Poder Judiciário,
01:00estão aí numa crise,
01:03numa crise, beirando uma crise institucional,
01:07e talvez o ministro Dino, que tem uma carreira no Poder Legislativo,
01:10possa de alguma forma contribuir com isso, espera-se.
01:12Agora, o doutor Celso,
01:18essa parte política, o Dino basicamente ele é um homem que,
01:21enfim, ele fez a sua carreira política,
01:23ele saiu da magistratura, foi para a política,
01:25e agora volta novamente para a magistratura.
01:27Quando ele fez o seu pronunciamento lá no Senado de despedida,
01:31ele indicou que poderia inclusive voltar para a política.
01:34não há uma certa, não é temerário você ter um ministro de Supremo
01:40com essa característica política,
01:42ou o senhor acredita que isso pode até ajudar
01:44a você desenlaçar, desenrolar alguns nós
01:49que são fruto da classe política, doutor?
01:53Olha, Wilson, na verdade,
01:55quando se fala em Supremo, nas Supremas Cortes,
01:58não só no Brasil, mas no mundo inteiro,
02:01é evidente que as Supremas Cortes
02:04têm que julgar de acordo com a Constituição Federal,
02:08fazer respeitar a Constituição Federal.
02:10Mas não é absolutamente também indiscutível
02:16que as decisões têm natureza política
02:19no Supremo Tribunal Federal,
02:21e nós já tivemos um ministro muito bom,
02:24como o ministro Brossard,
02:25que também veio da área política.
02:28Eu não acho que o fato de vir da área política
02:32traz um prejuízo obrigatório,
02:36mas faço aqui uma consideração
02:37que não acho neste caso,
02:39porque acho que o ministro Dino
02:41tem uma formação jurídica muito importante,
02:44como tinha o ministro Brossard.
02:46Hoje, eu acho,
02:47não sei se é mais torcida
02:49do que uma percepção,
02:52que o ministro Dino pode ser útil,
02:55porque nós temos uma crise dos poderes,
02:57e nós precisamos acomodar essa crise,
02:59porque hoje nós temos efetivamente
03:02uma busca desenfreada pelo Supremo
03:05para rever decisões do Parlamento Brasileiro.
03:09Eu acho que esse é o principal nó
03:11que nós temos hoje.
03:12Claro que nós temos aí polarizações,
03:14discussões,
03:15a questão dos bolsonaristas, petistas,
03:18processos criminais, etc.
03:19Mas a questão de fundo,
03:20a questão que me parece que mais importa,
03:23é a questão princípua
03:25de que o Judiciário Brasileiro,
03:27hoje o Supremo Tribunal Federal,
03:29ele é acionado de uma forma,
03:31no meu modo de ver,
03:32de uma forma demasiada.
03:34Nós temos uma pluralidade de partidos,
03:37e com essa pluralidade de partidos,
03:38nós temos uma legitimidade gigantesca
03:41para a propositura de ações diretas,
03:44de inconstitucionalidade,
03:45ações de descumprimento
03:46de preceitos fundamentais,
03:48e isso faz com que o Supremo
03:50seja obrigado a se pronunciar.
03:52Aí você tem um partido pequeno
03:54que entra com uma ação
03:55contra uma decisão do Parlamento,
03:56um outro partido pequeno
03:57que entra com uma ação
03:58no sentido contrário.
03:59Quando é a direita,
04:00a esquerda trabalha.
04:01Quando é a esquerda,
04:01a direita trabalha.
04:03Então, efetivamente,
04:04o Supremo tem recebido muita crítica,
04:07e eu próprio tenho críticas ao Supremo,
04:09mas é preciso reconhecer
04:11que essa crítica é injusta,
04:13porque o modelo partidário,
04:15que, aliás,
04:15o Supremo é responsável,
04:17porque a questão desses partidos
04:19vem de um julgamento do Supremo,
04:22mas nós precisamos rever isso.
04:23Não é possível que nós tenhamos hoje,
04:26em função de qualquer desagrado,
04:28uma ação que provoque
04:29uma rediscussão do tema
04:31que foi debatido no Parlamento.
04:34Agora, doutor Celso,
04:35agora eu vou fazer uma contradita,
04:38acho que é bom,
04:39porque o debate é interessante.
04:42Agora também,
04:43como o senhor falou,
04:43que o Supremo acaba decidindo demais,
04:45porque há uma judicialização
04:48em excesso de atividade
04:49do próprio Poder Legislativo,
04:51também não caberia ao Supremo
04:53diante deste cenário
04:55o Supremo simplesmente não jogar a bola
04:59de volta para o Poder Legislativo,
05:02porque é muito fácil,
05:03é muito cômodo para vários partidos,
05:04como o senhor falou agora há pouco,
05:05partidos pequenos.
05:06Ah, eu não estou de acordo
05:11com uma decisão do Plenário da Câmara,
05:13eu jogo via DPF,
05:14ou jogo via ação direta de constitucionalidade,
05:17uma ação para o Supremo,
05:17e vai lá o Supremo e dá uma canetada.
05:19Quer dizer,
05:20também não faria também o sentido
05:22o Supremo ter um pouco de meia-culpa de...
05:25Olha, gente,
05:26isso aqui é uma questão interna cópia,
05:27eles resolvam entre vocês,
05:29depois que vocês conseguirem resolver
05:31essa questão interna cópia,
05:32vocês trazem para a gente,
05:33para a gente poder dar a última val.
05:34Também não falta um pouco também
05:35dessa meia-culpa do Supremo, doutor?
05:38Falta, falta um pouco.
05:40É isso que você está falando,
05:41eu também não estou em desacordo.
05:43Acho que, na verdade,
05:43nós estamos debatendo,
05:45mas, na verdade,
05:46temos pontos de concordância.
05:48Eu acho que existe
05:49o que se chama de ativismo,
05:51um pouco exacerbado
05:53por parte do Supremo,
05:54mas o que eu estou dizendo é o seguinte,
05:58você tem um parlamento
05:59que também precisa fazer um meia-culpa
06:01no sentido de que
06:03as leis do Brasil são mal feitas.
06:05Eu te dou um exemplo,
06:06uma das crises que nós tivemos
06:08no final do ano passado
06:09é a questão do porte de drogas,
06:13do tráfico, etc.
06:15O Congresso faz uma lei
06:16que gera uma punição para o traficante,
06:19faz uma lei que gera uma punição
06:21para o chamado pequeno traficante,
06:23não tem critério.
06:24E aí começa a haver uma discussão
06:26no Poder Judiciário,
06:28na primeira instância,
06:29na segunda instância,
06:30vem uma ação no Supremo.
06:31O Supremo não tem outra solução
06:33a não ser dizer
06:34qual é a interpretação
06:36da legislação
06:38que foi feita
06:39e foi mal feita,
06:40porque aí ele também não pode dizer
06:41olha, estou devolvendo essa bola.
06:43Ele tem que se posicionar
06:44para um lado ou para o outro.
06:46Dizer
06:46não há o que fazer,
06:48omitir-se,
06:49tem consequências,
06:50porque tem gente
06:51que está sofrendo os efeitos
06:52dessa lei nesse momento.
06:54Partir para o outro lado
06:55desagrada o Congresso como um todo,
06:57porque formou uma maioria.
06:58Então, nós precisamos
06:59de uma meia-culpa institucional.
07:02Uma meia-culpa
07:03do Poder Executivo,
07:04porque também
07:05o Poder Executivo
07:06tem parte
07:07nessa questão do Supremo,
07:08porque o Poder Executivo
07:09também usa a judicialização
07:11porque não tem maioria
07:12no Congresso,
07:13ou porque às vezes
07:13não consegue a maioria
07:14no Congresso.
07:15O Legislativo
07:16legisla mal,
07:18legisla mal,
07:19geralmente legisla
07:20com o fígado
07:21e, portanto,
07:22não faz uma lei serena
07:23e sobra para o Judiciário,
07:25que também tem culpa.
07:27Aliás, a questão partidária
07:28é responsabilidade
07:29do Supremo.
07:30E o Supremo
07:31talvez devia se fazer
07:32como agora fez
07:32o ministro Barroso,
07:34eu acho que acertadamente
07:35que é tirado de pauta
07:36a questão do aborto.
07:37Nitidamente,
07:38o país não está preparado
07:39para discutir isso.
07:40E nesse ponto,
07:41acho que é um início
07:42do meia-culpa
07:43que o Supremo
07:44está fazendo.
07:45O ministro Barroso
07:46tirou isso da discussão.
07:48É, inclusive,
07:49o ministro Barroso
07:49falou justamente ontem,
07:51se não me engano,
07:51acho que foi ontem
07:52ou foi na quarta-feira,
07:53perdão,
07:54sobre essa questão
07:55do aborto
07:56lá na Globo News.
07:57Ele falou,
07:57olha, o Brasil
07:59não está preparado
07:59para essa discussão,
08:00isso para a questão da droga,
08:01ele fez justamente
08:01essa consideração,
08:03que era preciso fazer
08:04a modulação
08:05dessa lei
08:05que foi aprovada
08:07pelo Congresso Nacional.
08:08Agora,
08:08doutor Celso,
08:09para a gente encerrar,
08:10falando sobre
08:12o juiz Flávio Dino,
08:14com base
08:14nos seus posicionamentos,
08:16os posicionamentos seus
08:17que eu falo,
08:17do Flávio Dino,
08:18com base
08:19nos posicionamentos
08:19do Dino,
08:20como governador,
08:23também como juiz,
08:24enfim,
08:25em termos da sua trajetória,
08:27o que dá para esperar
08:28de decisão?
08:29Deve ser um juiz
08:30que ele vai ter
08:31um caráter mais progressista
08:33ou ele vai conseguir
08:34achar o meio termo?
08:36Como é que,
08:37talvez,
08:37ele se alinhe ali
08:38no Supremo Tribunal Federal,
08:40talvez ele tenha
08:41uma postura parecida
08:42com a do Barroso,
08:43com a do Fachin,
08:44o que dá para se esperar
08:45tecnicamente falando
08:47do Flávio Dino
08:47como ministro do Supremo?
08:48Olha,
08:50Wilson,
08:50eu acho que tem
08:51algumas coisas
08:52que são previsíveis,
08:53ele é um homem
08:54de esquerda,
08:57uma carreira política
08:58de esquerda,
08:59isso não quer dizer
09:00que ele vá julgar,
09:01mas acho que ele tem
09:02uma tendência
09:04a ser um ministro
09:05que tem uma preocupação
09:07nesses aspectos
09:10de garantismo,
09:11etc.
09:11Mas eu quero te dizer
09:12com toda sinceridade
09:14que fazer previsão
09:16sobre pessoas
09:17que se tornam
09:17ministros
09:18do Supremo Tribunal Federal
09:19é sempre uma aposta
09:21muito arriscada,
09:23porque aqui no Brasil,
09:24principalmente,
09:25você verifica que
09:26nos Estados Unidos,
09:28quando os conservadores
09:30nomeiam um ministro,
09:32quando os republicanos
09:34nomeiam um ministro
09:35ou os democratas,
09:36geralmente não há surpresa.
09:38Sempre há um julgamento,
09:40uma posição
09:41que você espera
09:42que vai ser tomada
09:42em função do debate
09:44bipartidário
09:45que existe ali
09:46entre os dois.
09:47Aqui no Brasil,
09:48você tem ministros
09:48nomeados pelo PT,
09:50lá no primeiro governo,
09:51Lula e depois Dilma,
09:53que se mostraram
09:54conservadores,
09:55você tem ministros
09:57que foram nomeados,
09:58que em tese
09:59seriam conservadores,
10:00eles são muito mais liberais,
10:01são muito mais à esquerda
10:03do que à direita,
10:04então é uma surpresa
10:05e eu não tenho
10:06uma percepção,
10:08eu acho que
10:08o ministro Dino
10:10até por conta
10:12de toda essa pressão
10:13que houve
10:14em relação
10:14à nomeação dele,
10:16a impressão que eu tenho
10:17é que ele será
10:17extremamente legalista
10:19nesse primeiro momento.
10:21Veja que o que eu estou dizendo,
10:23o ministro Cristiano Zanin,
10:25nas primeiras votações,
10:27ele acabou votando
10:28contra teses
10:29que eram caras
10:30ao Partido dos Trabalhadores,
10:32então o Brasil
10:33tem essas surpresas
10:34e eu acho
10:34que o ministro Dino,
10:35nesse primeiro momento,
10:36pelo menos é o que eu penso,
10:37ele deve ser
10:38extremamente legalista.
10:41E só para compartilhar
10:42um pouco a sua impressão,
10:43doutor Celso,
10:44deixa eu trazer um bastidor
10:45engraçado que
10:46acho que foi na quarta-feira
10:47à noite,
10:48foi na quarta-feira à noite
10:49que eu conversava
10:49com uma fonte do TSE,
10:51enfim,
10:51tirando uma dúvida
10:52sobre legislação eleitoral
10:53e ela me contou
10:55uma anedota
10:56que provavelmente
10:56você sabe também,
10:57que é do doutor
10:58doutor Alckmin,
11:00doutor
11:01José Eduardo Alckmin,
11:03que é um
11:04grande advogado
11:05da área eleitoral.
11:06Durante muito tempo
11:10ele assinava
11:11pareceres,
11:12falando justamente
11:12sobre jurisprudência
11:13do TSE.
11:14Ah, olha,
11:14espere isso,
11:15espere aquilo.
11:16E aí,
11:17de um tempo para cá
11:18ele falou,
11:18olha,
11:19não vou mais assinar
11:19parecer porque
11:20a legislação
11:21no TSE,
11:22a jurisprudência
11:22muda a cada cinco minutos,
11:24então é muito arriscado
11:24fazer previsões
11:25sobre casos
11:27que podem ser julgados
11:28no futuro
11:29com base
11:30no que já foi
11:31decidido pelo TSE.
11:33Então,
11:33doutor Alckmin,
11:34ele já,
11:34olha,
11:34não vou mais assinar
11:35parecer.
11:36O que eu posso te falar
11:36é que hoje,
11:38neste momento,
11:39a situação é XY ou Z.
11:41Amanhã,
11:42aí eu já não tenho
11:43mais como dizer
11:44para ti
11:44o que vai acontecer
11:45ou não.
12:04que vai acontecer
12:05ou não.
12:06E aí,
12:06o que vai acontecer
12:07ou não?
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