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O ex-presidente mexicano Porfírio Díaz proferiu uma frase que virou bordão na América Latina: "Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos". A proximidade do México com a maior potência econômica do mundo, contudo, tem sido uma benção aos mexicanos e um dos principais fatores que explicam o crescimento da economia do país durante o governo de Andrés Manuel López Obrador. Com a pandemia de Covid e a guerra comercial entre Estados Unidos, empresas americanas aumentaram a instalação de fábricas em território mexicano. É o processo conhecido como "nearshoring". No podcast Latitude, o diretor de análise política da Prospectiva, Thiago Vidal, explica o crescimento do México durante o governo de Andrés Manuel López Obrador.
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Transcrição
00:00Thiago, chegando para o final aqui,
00:01o quanto dessa boa fase econômica do México com o obrador
00:05é mérito do obrador e quanto que é mérito do momento do mundo?
00:11Porque os Estados Unidos, eu sei, com a pandemia,
00:15também a briga comercial com a China,
00:16começou a fazer aquela história do near shore,
00:19em que é passar muita coisa para o México.
00:22O quanto disso é mérito do obrador?
00:27Eu acho que o obrador tem o seu mérito,
00:30de ter mantido, apesar do ônibus ter feito ingerências,
00:35por exemplo, tentativas de ingerências,
00:37por exemplo, na Pemex, na Companhia Federal de Eletricidade,
00:41que é uma espécie de anel deles,
00:46ele, enfim, no final não conseguiu,
00:48porque não tinha maioria para isso,
00:50e não tocou em outros setores estratégicos,
00:53embora tenha feito nos assinários da saúde, em particular.
00:56Mas, apesar disso,
00:58o fato de ele ter tido uma política relativamente controlada,
01:03do ponto de vista fiscal,
01:04ele conseguiu empregar um país bem,
01:08e isso se traduziu em investimentos,
01:10se traduziu em otimismo.
01:11Agora, é verdade que o México está surfando
01:13numa onda internacional,
01:15duas ondas internacionais que se complementam.
01:18A onda global in your shore,
01:20a recuperação pós-pandêmica,
01:22por exemplo, hoje,
01:24só para você ter uma ideia,
01:25o custo de produção no México,
01:27o custo de mão de obra do setor industrial no México,
01:31ele é muito mais baixo do que da China, por exemplo.
01:34Então, é mais barato você produzir
01:36no setor industrial, especificamente,
01:38no México do que na China.
01:39E isso explica por que muitas empresas
01:42estão, pelo menos, escolhendo diversificar,
01:44para não dizer mudar de uma vez por todas,
01:47os seus investimentos no Sudeste Asiático para o México.
01:50E aí, nesse contexto, está o near shoring.
01:55O outro ponto, o outro vetor de crescimento
01:57é esse que você comentou, que são os Estados Unidos.
01:59Os Estados Unidos vêm em uma ascendente econômica
02:02incrível nos últimos anos,
02:06desde, de novo, a recuperação da pandemia em particular,
02:08e são economias muito simbióticas.
02:12O acordo do novo NAFTA, que é o USMCA,
02:16ele permite ao México uma integração,
02:18a cadeia norte-americana e americana, em particular,
02:22muito forte.
02:23Só para você ter uma ideia, o México troca,
02:27comercializa mais com o estado do Texas
02:28do que com toda a América Latina.
02:3070% das exportações mexicanas vão para os Estados Unidos,
02:33e 50% das importações vêm dos Estados Unidos.
02:36Então, essa integração comercial,
02:39de fato, faz com que o bom momento da economia americana
02:42sirva como uma âncora para a economia mexicana.
02:46O desafio de qualquer presidente que mire ao longo prazo,
02:50qualquer presidente que queira ser um estadista,
02:53é aproveitar esse momento,
02:54justamente nos momentos em que a economia americana
02:57não esteja tão bem,
02:58que o México consiga se segurar,
03:01apesar de um mau momento da economia mexicana lá na frente,
03:03porque a gente sabe que em algum momento isso vai acontecer,
03:05por uma questão de ciclos econômicos.
03:07Então, vamos ver se a Claudia Sheinbaum vai fazer isso.
03:10O México ainda não tem uma política nacional de near-shoring.
03:13dizem que ela vai apresentar uma que, de fato,
03:15consiga orientar os investimentos no país,
03:19porque hoje os investimentos são basicamente incentivos fiscais.
03:23Mas o fato é que o México deve muito do seu bom momento econômico
03:27aos Estados Unidos,
03:29e particularmente do ponto de vista comercial.
03:32Lembrei de uma frase clichê aqui,
03:35que era do Porfírio Dias, né?
03:37Pobre México, tão longe de Deus
03:39e tão perto dos Estados Unidos, né?
03:41Mas é ótimo estar perto dos Estados Unidos aí, né?
03:44É, não, e eles realmente têm uma integração muito forte, assim.
03:48Você vai, por exemplo, nos mercados mexicanos,
03:51parece estar no mercado norte-americano,
03:53parece estar no mercado americano, assim.
03:55Os produtos, os produtos são todos americanos e tal.
03:58Do ponto de vista regional,
04:00o México lida pouco com a América Latina, né?
04:03Eles costumavam dizer,
04:04hoje dizem menos, porque ficou feio,
04:07politicamente incorreto,
04:08mas eles costumavam dizer que o México é o irmão maior,
04:10o irmão mais velho dos latino-americanos,
04:13justamente por essa proximidade comercial geográfica
04:16com os Estados Unidos,
04:17que dá aos mexicanos uma vantagem econômica significativa.
04:20Então, sim,
04:24boa parte do crescimento econômico,
04:28da dinâmica econômica atual do México se dá,
04:30sim, por causa do bom momento que vivem nos Estados Unidos.
04:33Não conhecia essa frase do irmão mais velho.
04:35Ficou só uma dúvida aqui.
04:37Você sabe por que o custo no México
04:38está até menor do que o da China?
04:42Olha, não sei as razões exatas,
04:43mas arrisco a dizer que tem a ver um pouco com,
04:46enfim, a elevação da qualidade de vida na China, né?
04:48Os próprios direitos trabalhistas que existem na China.
04:53Lembrando, de novo,
04:54a legislação trabalhista no México é muito permissiva, assim,
04:58realmente, de novo,
04:59você ter seis dias de férias
05:01nos seus primeiros dois anos de trabalho é nada.
05:04Então, fora que você tem trabalhadores mais baratos, né?
05:07O trabalhador mexicano, no geral,
05:09ele é menos educado, né?
05:14Menos treinado do que o trabalhador...
05:16Estou falando do Fabril, tá?
05:18Do que o trabalhador chinês.
05:20Então, a qualidade de mão de obra na China
05:23acaba fazendo com que o custo dessa mão de obra também suba.

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