Pular para o playerIr para o conteúdo principalPular para o rodapé
  • ontem
Uma das principais conclusões das eleições presidenciais no México, em que a candidata Claudia Sheinbaum venceu com 60% dos votos, foi a rejeição aos demais partidos, como o Partido Revolucionário Institucional (PRI), o Partido de Ação Nacional (PAN) e o Partido da Revolução Democrática (PRD). "O PRI, que governou o México ininterruptamente durante mais de 70 anos, é agora sinónimo de corrupção endémica e o autoritarismo, deixando um legado negativo na memória coletiva de muitos mexicanos. O PAN, que conquistou a presidência em 2000 e 2006, tem enfrentado críticas por não corresponder às expectativas de mudança e pela forma como lidou com a violência e a insegurança durante o seu mandato. Enquanto isso, o PRD, que já foi visto como uma alternativa progressista de esquerda, perdeu relevância devido às divisões internas e à sua incapacidade de apresentar uma plataforma coerente e apelativa", escreveu a Prospectiva em um relatório sobre as eleições. Em conversa para o podcast Latitude, o diretor de análise política da Prospectiva, Thiago Vidal, fala da situação desses partidos, derrotados por Sheinbaum.
-
Ser Antagonista é fiscalizar o poder. Apoie o jornalismo Vigilante:

https://bit.ly/planosdeassinatura

Acompanhe O Antagonista no canal do WhatsApp.
Boletins diários, conteúdos exclusivos em vídeo e muito mais.

https://whatsapp.com/channel/0029Va2S...

Ouça O Antagonista | Crusoé quando quiser nos principais aplicativos de podcast.

Leia mais em www.oantagonista.com.br | www.crusoe.com.br

Categoria

🗞
Notícias
Transcrição
00:00Essa vitória caixapante foi contra o PRI, que você citou,
00:04o Partido Revolucionário Institucional,
00:06que governou o país por sete décadas,
00:09meio que manipulando eleições,
00:11a indicação do sucessor pelo dedazo.
00:15A gente conhece bem o PRI como ditadura perfeita.
00:19Também foi uma vitória contra o PAN,
00:21que eu lembro que era um partido mais católico,
00:25que teve o Felipe Calderon,
00:27comprou a briga com os cartéis.
00:29A criminalidade cresceu para caramba.
00:33Como é que hoje os mexicanos veem esses partidos de oposição ao Morena?
00:39A eleição da Schembaum sacramentou dois movimentos paralelos.
00:45O primeiro deles é o enfraquecimento do PRI.
00:48O PRI vinha se enfraquecendo desde o começo do século,
00:52conseguiu retornar ao poder em 2012,
00:56depois justamente dos governos do PAN,
00:58que você comentou, Vicente Fox em 2000 e o Caldeirão em 2006,
01:03mas já vinha perdendo, sobretudo, apoios estaduais.
01:07Na verdade, o PRI começa a perder apoio justamente na década de 80,
01:12quando a hegemonia estadual dele começa a se romper
01:15e esse movimento só vem ladeira abaixo de lá para cá.
01:22E o outro lado, a outra reta desse paralelo é justamente o PAN,
01:27que vinha se apresentando nos últimos 20 anos como uma possível contraposição ao PRI,
01:33com o primeiro Vicente Fox e depois com o Calderon,
01:36e não conseguiu dar seguimento a isso,
01:38tanto é que agora eles tiveram que se juntar.
01:41Uma coalizão muito esquizofrênica, ou seja, é muito estranho você ver o PRI, o PAN e o PRD,
01:48o ex-partido do âmbulo na mesma coalizão,
01:51o que explica um pouco a dificuldade que a Souti de Gavis,
01:54que é a candidata que perdeu para a Sheinbaum, teve durante a campanha.
01:58Porque imagina você colocar, muito mal comparando,
02:00vou fazer uma analogia aqui muito torta, mas só para fim de comparação,
02:03imagina você colocar, por exemplo, o PFL e o PT dentro da mesma coalizão.
02:11União Brasil, né?
02:13Seria a União Brasil.
02:13É, a União Brasil e PT na mesma coalizão.
02:19Então, para a presidência, claro que a gente sabe que em União Estadual no Brasil isso acontece.
02:23Então, foi uma chapa muito esquizofrênica,
02:26não conseguiu reverberar direito com o eleitorado.
02:29Fora que, enfim, casou muito bem o discurso do âmbulo
02:34desse populismo anticorrupção, anti-elite e tal.
02:39E, no fundo, o único partido que, de fato, nunca tinha chegado à presidência antes do âmbulo
02:44era o Morena.
02:45Então, há um movimento natural, digamos assim, no ciclo político mexicano,
02:49de que fosse o Morena o principal beneficiário do atual ciclo
02:52de rejeição às elites políticas partidárias que a gente vive não só no México,
02:56como na América Latina, um fenômeno regional.
02:57A diferença é que no México não houve,
03:01não tem um partido de extrema-direita se beneficiando disso,
03:04como houve, ou um candidato de extrema-direita se beneficiando disso,
03:07como houve em alguns outros países latino-americanos.
03:09Então, justamente, uma das razões é que a esquerda, de fato,
03:12nunca tinha governado o país.
03:14Então, antes de, eventualmente, você ter um partido de extrema-direita
03:18se beneficiando de um cansaço generalizado,
03:20você fez o ciclo regular, digamos assim,
03:23que era alternado centro e da direita para a esquerda.
03:26Então, o México está, em termos de ciclo político,
03:30num ciclo parecido com o que outros países latino-americanos
03:35estiveram no começo do século atual, no século XXI.
03:39Então, esse cansaço generalizado também explica o enfraquecimento do PRI e do PAN,
03:48que estão realmente caminhando para a extinção e do PRD.
03:50O PRD provavelmente vai perder o registro partidário.
03:53O PRI vai ter muitos dos seus filiados, dos seus deputados e senadores
03:59migrando para o Morena, com a questão de sobrevivência.
04:04E a gente caminha para ter, realmente, no limite, um sistema de bipartidos.
04:10Dois partidos relativamente fortes, digamos assim,
04:13com uma assimetria muito grande entre as dois,
04:16porque o Morena e qualquer que seja o bloco que reche
04:18dessa desidratação PRI para o PRD.
04:23Caramba!
04:23Então, é o Morena e o que sobrar, é isso?
04:26Do outro lado.
04:27Exato!
04:28É o Morena e o que sobrar, mas, ao mesmo tempo,
04:30é importante deixar claro que o Morena não nasce do nada.
04:34O Morena nasce fagocitando o PRI, na verdade.
04:38O Morena, ele se apropria, tanto do ponto de vista partidário
04:44quanto do ponto de vista estatal, das instituições que foram moldadas pelo PRI.
04:48As instituições de Estado, efetivamente, e os partidos,
04:52e o PRI, nesse caso, e da estrutura do PRI.
04:55Então, toda a estrutura partidária, todos os recursos partidários,
04:58todas as pessoas, por exemplo, os braços direitos do ângulo,
05:02são ex-PRIistas.
05:04Então, não é que, na verdade, surgiu um partido de repente
05:07que fagocitou um partido forte.
05:09Na verdade, esse partido forte, ele foi morrendo de dentro para fora
05:11e, na medida em que ele foi morrendo e diminuindo de tamanho,
05:16esses ex-Expoentes do PRI passaram, de centro-esquerda à esquerda,
05:20passaram, então, a se apresentar a sociedade não mais como o PRI,
05:25mas como o Morena.
05:26Então, o Morena é uma dissidência do PRI
05:30que acaba tendo a sua vida facilitada por uma estrutura
05:34que já existia e se consolidou durante os últimos 70, 80 anos,
05:39como você comentou.
05:39Música
05:41Música
05:43Legenda por Sônia Ruberti

Recomendado