A Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, fez uma pesquisa sobre os eleitores do partido, a fim de instruir seus candidatos a vereador a respeito das estratégias de campanha para as eleições municipais de 2024.
O levantamento qualitativo expôs a segurança pública como a área de maior desconfiança dos eleitores petistas, de acordo com O Globo.
Felipe Moura Brasil e Carlos Graieb comentam:
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00:00A Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, fez uma pesquisa sobre os eleitores do partido
00:04a fim de instruir seus candidatos a vereador a respeito das estratégias de campanha
00:09para as eleições municipais de 2024, que aliás terão a cobertura ampla
00:14de um antagonista cruzoé e do nosso programa Papo Antagonista.
00:18O levantamento qualitativo expôs a segurança pública como a área de maior desconfiança
00:22dos eleitores petistas de acordo com o Globo.
00:25Mas precisava de pesquisa para saber tamanha a obviedade que a gente já aponta há tanto tempo?
00:32O material elaborado para orientar candidatos petistas diz o seguinte, aspas,
00:37é preciso ter muito cuidado para levar o debate de segurança pública para a sua cidade.
00:41A pesquisa mostra que mesmo simpatizantes do PT consideram que o partido não tem muitas propostas nessa área.
00:49Fecho aspas.
00:51Não tem muitas propostas, é até pouco.
00:53É uma maneira generosa.
00:55de falar a respeito de um partido que governou o país por mais de 15 anos
01:00sem que haja resultados positivos, de fato, para uma população que se sente insegura,
01:06vítima da violência urbana, das facções criminosas que parecem só crescer e se ramificar internacionalmente.
01:13A reportagem afirma o seguinte sobre o levantamento, abro aspas,
01:16No relatório da pesquisa, aprofunda a percepção ao frisar que a maioria acredita que o PT não tem políticas na área para apresentar,
01:24com exceção de políticas contra a pobreza, indiretas.
01:27O texto ainda ressalta que permeia na amostra críticas em direção ao partido com relação à dificuldade de enfrentar a criminalidade.
01:36Fecho aspas.
01:39Graieb, repito, nenhuma novidade.
01:41Filipe, antes de começar a falar sobre segurança, pode pôr de novo na tela esse último tweet?
01:48Fica à vontade.
01:49Porque precisa policiar a linguagem do PT também.
01:52O que é isso?
01:52Permeia na amostra críticas?
01:54Eu senti quando eu estava lendo, que faltava uma concordância ali.
01:58E é isso mesmo que eu estou escrito.
01:59Permeia críticas no plural?
02:02É horror, né?
02:03Permeiam a amostra críticas.
02:07Permeiam.
02:08Enfim, é só para dizer que precisa policiar o português do PT.
02:16Em relação ao tema da pesquisa, quem sou eu para, como você já bem observou, Felipe, quem sou eu para discordar da pesquisa do PT?
02:29Se eles mesmos constataram, não sou eu que vou brigar com eles.
02:33Como você disse, é uma obviedade.
02:35O PT não tem propostas porque o PT está preso a uma mentalidade arcaica, decrépita em relação à questão do crime.
02:47O PT continua achando que crime tem a ver com classes sociais, tem a ver com opressão dos ricos sobre pobres.
02:58O PT continua olhando as polícias com hostilidade, com desconfiança.
03:05E tratando o bandido como vítima da sociedade.
03:08Exato.
03:08É isso que eu estava.
03:10Tratando o bandido como vítima da sociedade.
03:12Ou seja, uma questão das classes sociais.
03:14O cara nasceu na pobreza e, portanto, só encaminhado para o crime.
03:22Se você ler, Felipe, o Atlas da Violência, que foi publicado há pouco tempo pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo IPEA,
03:30você vai ver que, só olhando o índice, uma das expressões que mais se repetem é crime organizado.
03:40O perfil do crime no Brasil mudou.
03:44O criminoso hoje é um soldado.
03:48O crime é uma espécie de emprego dessas multinacionais, nessas multinacionais, que são as facções, que são os grupos de tráfico de drogas, de tráfico de armas.
04:04Não tem mais essa história do criminoso que se opõe à opressão capitalista.
04:10O crime é um negócio, um baita de um negócio.
04:16Se você for ver, o próprio Atlas da Violência faz essa observação.
04:23Tem dois celulares sendo ou furtados, que se tornou o crime mais comum, ou roubados por minuto no Brasil.
04:32O Atlas diz, essa aqui é a maneira mais frequente com que o brasileiro se depara com a violência, com o crime,
04:45e aquilo que cria uma sensação permanente de insegurança.
04:51E daí você vai ver, crime de roubo e furto de celular.
04:54É uma coisa realizada por pé de chinelo, é uma coisa ocasional.
05:02Não. Também está ligada ao crime organizado.
05:08Tem esquemas gigantescos de receptação desses celulares roubados ou furtados.
05:16Os celulares são roubados e furtados não só porque o cara que pegou o aparelho do coitado que está andando na rua
05:26quer trocar aquilo rapidamente por alguns trocados.
05:32Não. Eles são roubados porque são a ferramenta para uma série de outros crimes.
05:39Estelionato, crime cibernético.
05:41Ou seja, não caiu a ficha para o PT ao longo dos últimos 20 anos que o crime é outra coisa hoje em dia.
05:51E o partido não tem discurso sobre isso.
05:56Mas se você for ver qual é a vitrine do PT hoje em dia, além do governo federal,
06:01que tem uma responsabilidade parcial sobre a questão do crime,
06:07qual é a vitrine do PT para o combate direto ao crime no Brasil?
06:11O governo da Bahia, que é um desastre.
06:15Bahia é o país onde tem mais crime, onde tem mais morte, onde tem mais homicídio.
06:20A vitrine, o governo estadual, que responde pelas polícias militar e civil da Bahia,
06:30esse estado é a de pior no país para se mostrar em relação às políticas,
06:38a implementação de políticas de segurança.
06:42Ou seja, o PT não tem discurso, o PT não tem o que mostrar, o PT tem ideias velhas
06:48e tem um problema adicional aí para eles.
06:54E é por isso que eles estão preocupados.
06:55A participação das cidades na segurança pública tem aumentado ao longo dos últimos 20 anos.
07:05Mais uma vez, são dados do Atlas da Violência.
07:10Proporcionalmente, foram os municípios que mais aumentaram o seu investimento em segurança
07:16de 2023 para cá.
07:21O governo federal aumentou um pouco, os estados aumentaram um pouco,
07:25mas foram os municípios que mais aumentaram percentualmente.
07:28Ou seja, segurança pública entrou de vez para valer,
07:33não vai mais sair da discussão nas eleições municipais.
07:38vai dar arma para as guardas municipais, vai implementar sistema de segurança
07:44que pode ser interligado com os sistemas do estado,
07:49vai ter políticas de inteligência para observar onde, como, quando os crimes são realizados.
07:57Ou seja, tem um monte de coisas que os municípios se habituaram a fazer
08:03e que os candidatos vão ter que falar sobre elas.
08:06e o PT, mais uma vez, está em maus lençóis.
08:11Então, é isso.
08:13Agora chegou o momento do descaso e da burrice do PT
08:18nesse tema ser cobrada dos candidatos,
08:22serem cobrados dos candidatos do partido.
08:25Pois é, eu estava lembrando aqui algumas coisas que eu escrevi no passado
08:29a respeito da questão de segurança pública envolvendo o PT,
08:32porque são numerosos artigos, vídeos, etc.
08:34E estava lembrando aqui de algumas frases do Lula, Greb.
08:38Já que você citou celular,
08:40eu publiquei em 2022 o artigo
08:42Lula passa pano para ladrões de celular?
08:45Interrogação.
08:46Era uma pergunta, porque eu analisava ao longo do artigo as declarações dele.
08:50Aí tem uma de 2017, por exemplo,
08:52em que ele disse
08:52Um jovem que está trabalhando, que recebe um salário e pode comprar um celular bonito com esse teu,
08:57como esse teu, ele estava apontando ali para o celular de uma pessoa,
09:00ele não tem por que assaltar uma pessoa para roubar um celular.
09:04Essa frase do Lula.
09:05E eu falei, a conclusão inevitável é que um jovem desempregado tem sim por que assaltar.
09:09Passaram-se alguns meses, anos, e ele falou assim
09:15Então vira uma indústria de roubar celular.
09:17Para que ele rouba celular?
09:18Para vender, para ganhar um dinheirinho.
09:20Eu penso que essa violência que está em Pernambuco é causada pela desesperança.
09:25Quer dizer, sempre dá um tom de legitimidade e sempre ameniza o ato do roubo, do furto.
09:33Quer dizer, é para pegar um dinheirinho.
09:35Ah, é a desesperança.
09:36Ah, é porque está desempregado.
09:38Eu escrevi também uma matéria, quem quiser procurar no Google,
09:41é só botar meu nome com esses títulos que vocês encontram.
09:44O Vale Crime.
09:46O Vale Crime que era da esquerda na época.
09:48Não estava falando de um partido específico.
09:50Tinha alguns supostos intelectuais ali no meio que eu citava
09:54para justamente contrapor os meus argumentos.
09:56Nunca me responderam a essa pergunta.
09:59Que é o seguinte.
10:00Se a origem social, ela legitima o crime,
10:08qual é o valor, o teto ou o piso
10:11que estabelece quem é que pode roubar e quem é que não pode mais?
10:15Quem ganha até quanto está autorizado ou legitimado moralmente a roubar
10:21e a partir de qual valor, portanto, que já não se pode mais?
10:25Eles nunca respondem a essa pergunta.
10:27É sempre uma legitimação genérica, indireta.
10:31Eles não vão porque senão, se você estabelece um limite,
10:35você dá um vale crime para quem está abaixo daquele limite.
10:38E aí eu fazia perguntas sobre outras questões envolvendo aquelas pessoas,
10:41não só a renda, quer dizer, se uma pessoa tem outra dificuldade,
10:45ou foi violentada, etc.
10:47Isso faz com que o valor possa ser maior ou menor.
10:49Enfim, eu fazia ali a cobrança de uma explicação mais objetiva
10:54e não desse discurso ideológico rasteiro que eles utilizam.
10:59E nunca conseguiram responder.
11:01A Califórnia, por exemplo,
11:03ela não descriminalizou exatamente aqueles roubos cometidos até 450 dólares,
11:09mas transformou num delito menor.
11:11E é uma medida bastante criticada,
11:13porque muitos apontam que aumentou o número de roubos nesse sentido,
11:19porque, enfim, você tem uma expectativa de punição muito baixa, etc.
11:24Então, as lojas passaram a prender determinados objetos.
11:28Olha, sempre que você legitima moralmente o crime,
11:31você tem problemas.
11:32E há outras correntes, até na população mais humilde,
11:36como até a corrente cristã,
11:39dizendo que o crime é pecado, mesmo que você seja pobre.
11:42E a gente entende que a maioria das pessoas de baixa renda,
11:46elas são honestas e trabalhadoras.
11:48No entanto, você tem aí esses ricos, políticos, etc.,
11:51que insultam os pobres honestos ao legitimar o crime daqueles
11:56que são, de fato, criminosos, sendo pobres ou ricos.
12:00E fora que a classe política está cheia de exemplos
12:03de corrupto e lavador de dinheiro rico,
12:06como a gente viu ao longo das últimas décadas no Brasil.