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Fundador do partido de extrema direita Chega, Ventura se elegeu deputado e foi, no parlamento, o mais vocal crítico da possibilidade de Lula discursar durante a sessão solene pela Revolução dos Cravos.
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NotíciasTranscrição
00:00Senhores, eu quero puxar um pouco o episódio aí envolvendo esse episódio de Portugal, Duda,
00:18para trazer à tona um... esse aqui eu vou trazer por alto, tá? Porque talvez o Alexandre Bózzi
00:24pode me ajudar nisso, mas o Duda me deu um insight de que me parece, Duda, que o resultado
00:31de Portugal, nas eleições de Portugal, confirma uma tendência que a esquerda brasileira
00:39quer ignorar solenemente, que é a ascensão da direita, que é a consolidação desse voto
00:46mais conservador, mais liberal. A Argentina deu exemplo, Portugal vai pelo mesmo caminho,
00:53Trump deve voltar nos Estados Unidos, então imaginar que esse fenômeno de que a direita
00:58tomou o poder, que a direita é um fenômeno que vai passar, que é uma nuvem que vai se
01:06dissipar daqui a dois, três anos, pelo menos na minha opinião me parece que é uma avaliação
01:10totalmente equivocada dos colegas da esquerda. Duda, você quer comentar a respeito para
01:15a gente começar o nosso reino de pauta? Comento rapidinho, é o seguinte, Wilson, o Lula
01:21aparentemente ele é pé frio com as democracias, né? A eleição na Argentina, ele apoiou
01:28os peronistas, perdeu, venceu o Javier Milley. Portugal, eleições antecipadas, os amigos
01:37dele vão mal, quem vence é o Montenegro e o André Ventura, né? Estados Unidos, as pesquisas
01:45estão mostrando que vai dar Trump, então o Lula parece que é pé frio com as democracias.
01:51Mas ele é muito pé quente com as ditaduras, hein? Porque ele apoia Maduro e Putin, e esses
01:57dois aí eu acho que tem grandes chances de ganhar. O que você acha, Alexandre?
02:02É tipo, aí eu vou fazer uma referência de velho, né? É tipo quando lá nos anos 80 tinha
02:09jogo aqui em Moça Bonita, que era o estádio do Bangu, do Castor de Andrade, e aí você
02:14apostava que o time do Castor de Andrade ia ganhar, né? Em Moça Bonita, né? Você apostava
02:22que se tivesse pênalti não iam dar, você apostava que se o Bangu fizesse gol impedido, o juiz
02:30não era nem louco de marcar impedimento, entendeu? Então assim, você acertar a eleição na
02:35Rússia, acertar na Venezuela, acertar na Coreia do Norte, é mais ou menos isso, era
02:40você ali em 84, 85, se acertar resultado aqui em Bangu, no Moça Bonita. O meu ponto
02:49é o seguinte, eu sozinho, pode ser, falando no deserto, mas eu acho que essa noção
02:55antiquar, quer dizer, a noção clássica de esquerda e direita não está se encaixando
03:00muito na posição de algumas lideranças que estão surgindo. Então, eu acho que
03:05depois que caiu o muro de Berlim, que veio aquele consenso social-democrata dos anos
03:1090 e gerou, a partir de 2016, do Trump e do Brexit, toda uma reviravolta nesse quadro,
03:18é esse movimento que nasce, eu vi algumas pessoas chamando de nacionalpopulismo, eu
03:24acho que é um nome, que nenhum nome é perfeito, mas é um pouco melhor do que as
03:28caixinhas tradicionais de esquerda e direita. Então, eu acho, sim, que há uma
03:32reação muito forte, principalmente das classes médias, profissionais liberais,
03:36segmentos muito importantes da sociedade ocidental, eles estão se rebelando contra
03:42as chamadas elites progressistas, social-democratas, mas eu acho que isso se
03:46encaixa melhor nessa noção de uma reação populista, do homem esquecido, da classe
03:52média, do ocidente, contra esse suposto consenso de Davos,
03:58social-democrata, era só esses parênteses que eu queria fazer.
04:01E aí, é legal isso que o Alexandre falou, se você olhar, por exemplo, para a Inglaterra,
04:07a Inglaterra está indo para a esquerda, o que está acontecendo é se se aplicar essa
04:13história de direita e esquerda, mesmo conforme muito com o que o Alexandre falou aí, eu acho
04:18que talvez fique muito difícil de você falar em direita e esquerda, é só porque fica
04:24fácil para o jornalismo, para as pessoas que estão discutindo mesmo, mas talvez a gente
04:28devesse buscar uma outra classificação para esse pessoal.
04:31E você vê como é que o Vladimir Putin bagunça com essa história toda, ele tem
04:37apoiadores no que seria, o que o pessoal chama de extrema-direita e extrema-esquerda,
04:42entendeu?
04:42E você vê a dificuldade que muita gente que trabalha com as caixinhas esquerda e direita
04:47tradicionais tem para encaixar o Putin, que é um exemplo, podia dar vários, mas eu acho
04:53que o Putin é um exemplo interessante, que você tem, por exemplo, na frente nacional
04:58francesa, que a imprensa chama de extrema-direita e tal, um monte de gente que adora o Putin.
05:04Você tem no Partido Republicano, alas trampistas, o Tucker Carlson, que era o cara da Fox News
05:12e tal, que agora está lá no X, que vai lá fazer aquela vergonha que ele fez naquela
05:18entrevista com o Putin, e você tem também o Lula passando um pano para a morte do Navalny
05:24e um monte de gente que está próximo dele, também com muita dificuldade de confrontar
05:29até ideologicamente a Rússia e o Putin.
05:32Então é só por esse parênteses que eu queria fazer, desculpa, vai.
05:36Não, mas não, não, pode, assim, o Alê, o Alê, Rodrigo e Duda, gente, sem desculpas
05:41aqui, cada um mete o bedelho no assunto do outro, sem a menor cerimônia, porque o legal
05:45dessa resenha é isso, é que aqui todo mundo fala o que quer, o que entende e o principal,
05:51com a qualidade para que você que nos acompanha, para que você tire as suas conclusões.
05:55Agora tem um detalhe, Alê, que você falou, que eu acho que talvez é um ponto
05:59mais interessante dessa história toda, é que em termos de produção de conhecimento,
06:06eu acho que a gente precisa, de forma urgente, entender que você não pode encaixar o todo
06:11em algumas caixinhas.
06:13Eu lembro muito daqueles conjuntos de quinta série, lembra daquela, quando você teve aquela
06:18aula de matemática de quarto, quinto ano, conjunto dos números naturais, números naturais
06:23inteiros, naturais, né, não vazios, não nulos, né, números negativos, né, que você fazia
06:29aquelas bolinhas e que encaixava cada conjunto em um universo.
06:34É, teoria dos conjuntos e tal.
06:36Então, assim, eu acho que é muito temerário, como um todo, a gente encaixar certas características
06:43em conjuntos, em caixinhas, né.
06:46Apesar de uma coisa você ter a direita, né, direita clássica, esquerda clássica, a partir
06:52dessas, da direita e da esquerda, você tem esses subconjuntos.
06:55Então, pra produção de conhecimento, até pra, fazendo aqui um exercício de imprensa,
07:01e o Duda faz isso muito bem, conduzindo a Cruzoé, nesses aspectos, pra tirar um pouco
07:07esse rótulo, né, porque enquanto a imprensa, no geral, tá falando, ah, porque o Chega é um
07:11partido de extrema direita, não, peraí, calma lá, né, vamos com calma, né, pra fazer
07:16essa divisão, que é um problema que acontece muito com a comunidade evangélica, que o camarada
07:21coloca taxo evangélico como um evangélico radical.
07:24Não, peraí, dentro dos evangélicos, você tem luterano, você tem batista, pentecostal,
07:31neopentecostal e por aí vai.
07:33E o líder político deles hoje, que é o Bolsonaro, se diz católico, você entendeu?
07:38Então, assim, é um pouco mais complexo, entendeu?
07:41É bem mais complexo, e aqui a gente tem essa função de mostrar pra você, que nos
07:45acompanha, olha, mostrar a complexidade das coisas sem necessariamente taxar A ou B de
07:52uma coisa ou outra.
07:53E acho que essa questão das eleições, de você ter um movimento à direita, como
07:58bem disse o Duda e como você também falou, ou o Ale, mostra uma tendência que é muito
08:03natural e até muito sadia dentro das democracias, que é essa alternância de poder.
08:08Olha, ah, se você que é da esquerda, você não apresenta um bom governo, meu amigo,
08:14ó, tchau, vamos mudar pra outro.
08:16Eu acho que provavelmente é isso que tá acontecendo, que acontece lá em Portugal.
08:20Oi, Ale.
08:21Um último palpite, que eu acho que a gente tem que passar pro Duda, que é o que tá
08:24falando menos aqui.
08:25Mas assim, só um último palpite, eu acho que o Macron também entra nessa.
08:29Você pega um cara como o Macron, ele foi adorado pela esquerda quando ele entrou no governo,
08:36quando ele ganhou a eleição lá em abril de 2017, ganhou da Marine Le Pen e tal.
08:40Então tinha essa coisa dele ser o contraponto que a imprensa ficava chamando ele de centrista
08:46e tal.
08:47Quando, na verdade, achava que ele era um socialista, porque ele veio do Partido Socialista,
08:52ele era o principal nome do governo François Hollande.
08:56Então ele tinha toda uma história ligada ao socialismo francês.
09:00Só que, por exemplo, você pega algumas pautas recentes do Macron, por exemplo, a França
09:05botou o aborto na Constituição.
09:08Então a esquerda comemorou e ele tá fazendo uma festa.
09:10Só que tem alguns dias, acho que tem uma semana, duas no máximo, eles pegaram um paquistanês
09:18que morava há 30 anos na França, tinha cidadania, esposa francesa, filhos franceses.
09:25Ele falou uma bobagem lá em relação à Gaza e ao Hamas, tomou-lhe um pé na bunda
09:33e foi mandar de volta, acho que pra Tunísia, ou pra alguma coisa assim.
09:37Então, assim, o que seria, vamos dizer, pras caixinhas tradicionais, uma coisa da extrema
09:42direita xenófoba?
09:44Só que aí não sai uma linha em lugar nenhum, por quê?
09:47Porque não sabia como encaixar.
09:48Ué, mas se o Macron é um cara que a gente gosta, como é que ele tá pegando alguém que
09:53por causa de uma frase que incomodou com justiça, Israel toma um pé na bunda depois de 30 anos
10:00morando na França?
10:01Você entendeu?
10:01Então, assim, se você for olhar com lupa as posições, você vai ter uma turma que
10:09tá, por exemplo, fechada com a União Europeia.
10:12E você tem uma turma que prefere o Brexit ou a saída da União Europeia.
10:16Você tem nos dois extremos posições em relação a isso.
10:19Você tem em relação a Israel, enfim.
10:21Então, vai lá, Duda.
10:22Eu tô falando demais.
10:23Tá.
10:25Como é repetir, então, essa história de chamar o Chega de extrema direita, né?
10:29A Adriana comentou isso aqui no chat, os jornais estão dando isso assim como certo.
10:33Extrema direita a gente só fala quando é um partido, uma pessoa que realmente quer
10:38subverter a democracia, né?
10:41Não é o caso do André Ventura.
10:44Então, o André Ventura a gente chama de direita populista ou direita radical.
10:47Ele começou muito num discurso contra ciganos, ainda que isso não tenha tido grandes consequências.
10:59Há um preconceito contra ciganos em Portugal.
11:05Mas ele teve posições dele no Congresso que foram favoráveis aos imigrantes.
11:10E também quando ele ataca o Lula, ele também tá fazendo uma campanha para os brasileiros
11:14que também votam em Portugal.
11:17Então, ele não é assim tão xenófobo, né?
11:20É um cara que começou a carreira no PSD, que é um partido centro-direita tradicional
11:26lá de Portugal e que tem hoje, a principal bandeira dele é corrupção.
11:32É contra a corrupção, né?
11:33Então, assim, não faz muito sentido chamar ele de extrema direita se você pegar o conceito
11:38e tentar aplicar ao André Ventura.
11:41Sobre essa guinada direita do mundo, tá?
11:45A gente vê várias eleições que aconteceram.
11:49No Mercosul, por exemplo, todo mundo aqui é de direita, menos o Brasil, né?
11:52Tem o Lacajipo no Uruguai, o Santiago Penha no Paraguai, o Mirey na Argentina.
11:58Mas o Obrador vai fazer uma sucessora no México.
12:02Então, assim, é difícil a gente pegar uma onda, né?
12:04Aqui nas Américas, o que o pessoal de relações internacionais costuma falar
12:10é que, assim, tá difícil para todos os governantes, né?
12:14Todos os governantes hoje que assumem o poder
12:16têm pouca margem fiscal, pouco dinheiro para gastar com projetos,
12:24têm que negociar com um monte de gente no Congresso
12:27e é submetido a uma crítica muito forte.
12:30Então, é muito difícil qualquer um, de esquerda ou de direita, se reeleger, né?
12:37No caso de Portugal, eu acho que aí é uma outra explicação,
12:42que é a intolerância dos europeus com a corrupção, né?
12:48Então, é isso.
12:49O Partido Socialista pegou um escândalo de corrupção.
12:53Então, eles não vão votar no Partido Socialista, né?
12:56O José Sócrates, que foi primeiro-ministro, não vai voltar a ser primeiro-ministro alguma vez.
13:01Ele está fora do partido.
13:03Antônio Costa também.
13:04Esses caras se queimam.
13:06Na Espanha aconteceu o contrário, né?
13:08O Mariano Rajoy, que era do PP, de direita,
13:11foi pego em escândalo de corrupção
13:14e também teve uma eleição e caiu fora o PP.
13:18Estamos, desde então, com o PSOE, Partido Socialista da Espanha.
13:22Então, eu acho que são explicações diferentes.
13:26Não vejo aí uma onda de direita começando.
13:28O que eu vejo é
13:29está difícil para todo mundo que está no governo
13:32e os europeus intolerantes com corrupção.
13:52E aí