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O partido de direita Rassemblement National (Reagrupamento Nacional), de Marine Le Pen, venceu o 1º turno da disputa de domingo, com 33,15% dos votos nas eleições parlamentares da França.
A aliança de esquerda Front Populaire (Nova Frente Popular) ficou em segundo lugar, com 27,99%, à frente da coligação presidencial (Ensemble), de Emmanuel Macron, com 20,76%
O segundo turno está marcado para o próximo domingo, 7.
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A aliança de esquerda Front Populaire (Nova Frente Popular) ficou em segundo lugar, com 27,99%, à frente da coligação presidencial (Ensemble), de Emmanuel Macron, com 20,76%
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NotíciasTranscrição
00:00Muito bem, antes de falar do Brasil, embora a gente sempre trate de assuntos estrangeiros também com uma perspectiva nacional,
00:07a gente fala agora sobre as eleições parlamentares na França.
00:11O partido de direita, a Rassemblement Nacional, o reagrupamento nacional de Marine Le Pen e Jordan Bardella,
00:18foi o grande vitorioso no primeiro turno da disputa de domingo, com 33,15% dos votos.
00:24A aliança de esquerda, Front Populaire, Nova Frente Popular, ficou em segundo lugar com 27,99%,
00:31à frente da coligação presidencial, ensemble, com 20,76%.
00:37Coligação do atual presidente, Emmanuel Macron.
00:40Um dos fatores que explicam a ascensão eleitoral do reagrupamento nacional é o processo de desdemonização,
00:48ali o contrário da demonização, que foi iniciado pela Marine Le Pen.
00:52A sigla que tinha como uma base de eleitores de perfil antissistema, que exigem políticas radicais sobre segurança e identidade,
01:01foi evoluindo, passando por etapas ao se desradicalizar em alguns pontos específicos.
01:07E não é que não haja pontos questionáveis, passíveis de crítica, mas é que aqui a gente faz a análise que muita gente não está fazendo na imprensa.
01:16Porque você vê as manchetes aí dizendo que a extrema direita venceu, os extremistas de direita, e muitas vezes se oculta uma série de elementos,
01:25que evidentemente está levando o eleitorado a escolher esse partido.
01:28Então o partido abrandou hostilidades em relação à União Europeia, distanciou-se de Vladimir Putin,
01:34deixou de defender a deportação em massa, passando a se concentrar nas políticas de controle do ingresso de imigrantes,
01:41homenageou o general e presidente Charles de Gaulle, depositou flores na Cruz de Lorraine, na praia de Normandia,
01:49onde de Gaulle pisou o solo francês em junho de 1944,
01:54a ruptura com o partido aliado no parlamento europeu, o AfD,
01:58após declarações de cunho nazista de uns representantes da legenda.
02:02Então todos esses movimentos foram feitos, pelo menos evidentemente na parte retórica,
02:09e a gente vai sempre monitorar se as atitudes correspondem ao discurso.
02:14O segundo turno das eleições parlamentares na França está marcado para o próximo domingo, dia 7.
02:20Tudo Teixeira? A gente fez essa lista também com base no artigo da nossa colunista,
02:24no portal Antagonista Catarina Rochamontes, que fez ali uma análise que coloca a bola no chão,
02:29como a gente faz em geral no nosso jornalismo, em meio a toda essa polarização,
02:34tratando os elementos do jogo e não fazendo campanha e torcida e demonização de parte a parte.
02:40O que você destaca?
02:41Bom, a Catarina fez um ótimo artigo, recomendo mesmo, no Antagonista.
02:47Isso aí, Felipe, é um baita de um erro estratégico do Emmanuel Macron,
02:53que depois que o partido dele perdeu, teve uma derrota nas eleições para o parlamento da União Europeia,
03:01ele ficou ali ofendidinho e falou, olha, quer saber, como assim eu perdi?
03:06Vou lá convocar, antecipar as eleições do parlamento da França,
03:10porque aí os franceses vão ter oportunidade de mostrar que eles gostam mesmo de mim.
03:15E aí deu nisso, né?
03:16O Renascimento, que é o partido dele, está nesse grupo do Ansambla, que está em terceiro lugar.
03:22Então, acabou dando muito errado.
03:25Acho que só ele achou ali que realmente os franceses iam comparecer só para prestigiar ele.
03:31E aí a Catarina tem toda razão, quer dizer, saiu muito aí na imprensa brasileira,
03:36olha, a extrema-direita aí fazendo comparações com o governo colaboracionista na França,
03:44com os nazistas, né? Antissemitismo, mas o antissemitismo hoje na França e na Europa
03:50está muito mais ligado às correntes de esquerda radical do que de direita.
03:56Tanto que quando tem manifestação na França, por exemplo, em apoio a Israel,
04:01que teve a invasão do Hamas, quem vai é o pessoal da Marine Le Pen e não o pessoal de esquerda radical.
04:08É, você tem um debate que gira em torno ali de identidade, de secularismo, do Islã,
04:13evidentemente, de imigração e de segurança.
04:17Há dez anos, Duda, eu era colunista da revista Verde, você também trabalhou lá,
04:23e eu falava a respeito da preocupação dos especialistas de TV, de muitos comentaristas,
04:29depois de ataques terroristas, que era justamente com a ascensão da extrema-direita.
04:35E eu chamava a atenção para o fato de que, em primeiro lugar,
04:38a preocupação deveria ser com a morte de civis por terroristas.
04:41Em segundo lugar, é que se eles estavam preocupados com a ascensão daquilo que rotulam como extrema-direita,
04:49deveria ser porque, em algum ponto, o discurso dessa direita tinha ressonância na sociedade,
04:58quer dizer, com aquela população que estava preocupada com a segurança.
05:01E a esquerda, em vez de refletir sobre como apresentar propostas para as questões envolvendo imigração ilegal, por exemplo,
05:12ou envolvendo infiltração de terroristas, eventualmente, num fluxo migratório disfarçados de refugiados,
05:20tudo que foi muito apontado naquela época, que teve ataque na Turquia, teve ataques em Paris,
05:27a esquerda estava simplesmente demonizando o outro lado como anti-imigração, como pessoas xenófobas, etc.
05:35E agora a gente está vendo que o discurso dessa direita mais preocupada com a segurança,
05:41mais preocupada com, pelo menos, em afetar essa preocupação para o eleitorado,
05:46se reverte nas urnas, quer dizer, foi uma pedra cantada há muito tempo,
05:51para quem não estava cego por ideologia, e a gente busca mostrar os pontos específicos de debate,
05:58e parece que eles se perderam nessa polarização, Duda.
06:01E Felipe, a Marine Le Pen foi muito inteligente em ver essa tendência, esse movimento dentro do eleitorado francês,
06:09e conduziu o partido dela para atender esses desejos.
06:13Então, isso não quer dizer que ela pegou o partido e jogou para a extrema direita,
06:19porque se fizesse isso, ela não teria saído tão bem nessa eleição.
06:25Então, por exemplo, o apoio da França para a Ucrânia continua.
06:31Ela já teve declarações ano passado, meio pró-Putin,
06:35o partido dela já pegou um crédito de um banco russo.
06:38Foram muito criticados por isso.
06:40Foram muito criticados, mas depois da invasão russa da Ucrânia, isso diminuiu.
06:46E o Jordan Badelak, que deve ser o próximo primeiro-ministro do partido dela,
06:51fala claramente, a gente tem que aumentar o nosso gasto militar,
06:55e a Ucrânia vai ter o que precisa,
06:58só não vai ter aqueles mísseis que são de longa distância,
07:01que podem atingir a Rússia.
07:03Mas essa ressalva é uma ressalva já conhecida.
07:05A OTAN evita dar esse tipo de arma para a Ucrânia.
07:09Ninguém fala ali, por exemplo, também de expulsar imigrantes.
07:13É mais essa coisa de dificultar a entrada dos ilegais.
07:18Então, tem vários pontos, e tem outros também,
07:20que vão muito de acordo com o que as pessoas estão querendo.
07:23Então, por exemplo, na questão do meio ambiente,
07:25o partido da Marine Le Pen fala, vai contra o plano verde da Europa,
07:32que quer reduzir pesticida, vai aumentar o preço dos combustíveis,
07:38isso encarece a distribuição de alimentos,
07:41e, obviamente, os fazendeiros, produtores rurais, os caminhoneiros,
07:45são contra isso, já protestaram muito em relação a isso.
07:49Então, eles são contra esse plano verde,
07:51e eles atendem essa parte da população francesa,
07:54que não é que é negacionista, terraplanista, nada disso,
07:58mas eles acham que essas políticas ambientais,
08:01às vezes, têm um custo muito alto e que não vale a pena pagar por eles.
08:05Aliás, você falou dessa restrição ao fornecimento de armas,
08:09quer dizer, ele continua, mas a Europa não está disposta a entregar para a Ucrânia
08:13armas tão potentes, de longo alcance,
08:16que, eventualmente, faça com que haja bombardeios em território russo.
08:20Me lembrou o que a gente acompanhou recentemente,
08:22Duda Teixeira e todos os vídeos anteriores aqui do programa estão disponíveis
08:26no canal de YouTube de O Antagonista,
08:28em relação a Estados Unidos e Israel.
08:31Quer dizer, o secretário de Estado americano,
08:33Antony Blinken, também deu essa resposta
08:36diante da cobrança do primeiro-ministro israelense,
08:39Benjamin Netanyahu, por armamentos,
08:41pelo envio que estava sendo retido, de acordo com o Netanyahu.
08:45Ele falou, olha, não há uma paralisação no fornecimento,
08:48nós continuamos oferecendo ajuda, oferecendo apoio,
08:52no entanto, está sob revisão o fornecimento de bombas pesadas,
08:58que são aquelas de 2 mil libras,
09:00que têm um risco ao serem usadas numa área densamente povoada,
09:04como a de Rafá, lá no sul da faixa de Gaza.
09:07Então, quer dizer, esses países continuam mantendo o apoio a regimes democráticos,
09:12mas, evidentemente, calculando ali eventuais excessos,
09:16que podem repercutir mal internamente, inclusive, para os seus representantes,
09:19que disputam eleições internas.
09:21É o caso do Joe Biden nos Estados Unidos nesse ano,
09:23e é o caso, evidentemente, dessas lideranças europeias.
09:26Algum ponto a mais, identitarismo, por exemplo,
09:29também já cansou boa parte da população francesa.
09:32Toda essa pauta da esquerda, ao longo dos últimos anos,
09:35não é vista como um problema principal
09:38por um segmento significativo da sociedade.
09:41E parece que a esquerda acabou ficando presa nisso
09:44e está perdendo cadeiras.
09:45Hoje tem até o movimento anti-woke,
09:48que não é porque são pessoas da direita que negam a existência,
09:54por exemplo, de pessoas trans, LGBT, nada disso.
09:57O que incomoda muito eles é, por exemplo,
10:01eles dizem propaganda LGBT nas escolas.
10:06Então, assim, veem todo mundo ali como iguais na sociedade,
10:11mas querem controlar um pouco,
10:13porque eles querem poder dizer o que os filhos vão aprender.
10:17Então, e isso está crescendo muito forte no Brasil também,
10:22quando se fala aqui da propaganda de gênero.
10:26Ideologia de gênero.
10:26Ideologia de gênero é a mesma coisa que está acontecendo lá na Europa.
10:30Exatamente.
10:31Quer dizer, tem uma resposta, uma reação de parte dos políticos,
10:36porque há uma adesão de segmentos significativos do eleitorado
10:41em relação a essas agendas contra a ideologia de gênero,
10:46contra esse identitarismo que a esquerda tem aventado muito nos últimos anos.
10:52Então, há uma reação de parte da sociedade.
10:54Em primeiro lugar, é preciso compreender essa reação.
10:57Aqui ninguém está dizendo que não há elementos suscetíveis a críticas.
11:01E nós fazemos, evidentemente, quando você tem um discurso anti-imigração como um todo,
11:07que abrange a imigração legal,
11:09quando há qualquer tipo de preconceito, de racismo, de xenofobia.
11:13Acontece que determinados movimentos políticos,
11:15de uma direita inteira e muitas vezes integrada para combater a esquerda,
11:21abrange uma série de outros elementos que são absolutamente legítimos no debate público.
11:26E eles ficam demonizados por essas sínteses genéricas e, eventualmente, enganosas.
11:32Então, muitas vezes, a imprensa também está surpresa ou surpreendida com a ascensão desses fenômenos,
11:39justamente porque os ignorou.
11:41Preferiu fazer campanha e torcida contrária, em vez de trazer as informações,
11:45para que cada espectador possa formar o seu juízo.
11:48E é isso que a gente vai trazer aqui nesse programa.
11:56E é isso que a gente vai trazer aqui nesse programa.
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