- ontem
O bloco Partido do Povo Europeu (European People’s Party, EPP), de Ursula von der Leyen, atual presidente da Comissão Europeia, foi o mais votado nas últimas eleições do Parlamento Europeu, realizadas entre a quinta, 6, e o domingo, 9.
Os dois principais grupos da direita populista, somados, terão 131 das 751 cadeiras.
Destaque também para a dissolução do Parlamento francês, anunciada pelo presidente Emmanuel Macron ontem, após o partido dele, Renaissance, receber 14% dos votos na França — menos da metade dos 31% do Reagrupamento Nacional, de Marine Le Pen.
Felipe Moura Brasil e Duda Teixeira comentam:
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Os dois principais grupos da direita populista, somados, terão 131 das 751 cadeiras.
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NotíciasTranscrição
00:00Pauta Internacional está bombando e ele já está entrando aqui no estúdio, fazendo esse pit stop, essa troca com Carlos Graepp.
00:07E a gente fala agora sobre as eleições do Parlamento Europeu, que foram realizadas entre a quinta, seis e o domingo, nove.
00:13O bloco partido do povo europeu, European People's Party, EPP, de Ursula von der Leyen, atual presidente da Comissão Europeia, foi o mais votado.
00:23Os dois principais grupos da direita populista, somados, terão 131 das 751 cadeiras.
00:33131 de 751 cadeiras.
00:37Destaque também para a dissolução do parlamento francês, anunciada pelo presidente Emmanuel Macron ontem, após o partido dele, Renaissance, receber 14% dos votos na França.
00:49Menos da metade dos 31% do reagrupamento nacional de Marine Le Pen.
00:55Vamos assistir a um trecho do pronunciamento de Macron.
00:58Duda Teixeira, tem muita gente que não entende nada disso aí, dissolver.
01:28Assembleia, parece que é um golpe, mas ele tem atribuição para fazer isso, como é que funciona?
01:36O que você faz aí de balanço em relação ao Parlamento Europeu e a essa atitude do Macron?
01:44O Macron pode fazer isso, ele tem essa atribuição.
01:48É um regime sem presidencialista, então acho que o Peru também tem essa possibilidade.
01:56Agora, ele não precisava fazer isso.
01:59O mandato do presidente na França é fixo, ele termina o mandato dele.
02:06O que aconteceu com o Macron é que ele reagiu de maneira exagerada.
02:14Reagiu com o fígado porque sentiu.
02:17Sentiu, sentiu.
02:19Em inglês tem aquela overreacted, ele reagiu.
02:24Ele sofre uma grande derrota no Parlamento Europeu.
02:29O partido da Marine Le Pen, que é o Reunião Nacional, o reagrupamento nacional, fica com 31%.
02:38E o partido dele, que é o Renaissance, fica com 14%.
02:42Então, metade da Marine Le Pen.
02:46Agora, onde eu acho que o Macron errou aí, ele meio que considerou que a eleição por Parlamento Europeu
02:53era ali quase que um referendo dele próprio, do governo dele.
03:00É claro que a oposição dele, a Marine Le Pen, tentou realmente transformar essa eleição do Parlamento Europeu
03:06num referendo do Macron, mas ele não precisava encarar desse jeito.
03:12Geralmente, as eleições do Parlamento Europeu, o que acontece ali?
03:16Os congressistas que são eleitos, depois vão lá para Bruxelas, Estrasburgo, Luxemburgo,
03:24são vários lugares, e ficam ali discutindo um monte de coisa e decidindo nada.
03:31Então, assim, o impacto seria muito pequeno.
03:34E já se espera que também, nas eleições do Parlamento Europeu,
03:38que esses partidos mais radicais sejam mais bem votados.
03:43porque o comparecimento às urnas é menor, é uma eleição que não importa tanto,
03:50as pessoas não estão escolhendo ali quem vai governar eles,
03:53estão só escolhendo quem vai ali passear em Bruxelas.
03:56Então, é a galera mais engajada, que vota mais com coração,
04:00que vota muito pelo medo também, então o medo dos imigrantes,
04:06o medo do aumento da violência.
04:09Então, já era esperado até que isso ia acontecer.
04:12O Macron poderia olhar o resultado dessas eleições e seguir o mandato dele normalmente.
04:20É claro que a aprovação dele já não é a mesma de antes,
04:25mas ele acabou reagindo de uma maneira exagerada.
04:29O que vai ser um problema para ele,
04:32porque ele chama essas eleições, vão acontecer muito rápido,
04:36o primeiro turno já é no final de junho,
04:39e o Macron está mal, ele sofreu uma derrota.
04:46Então, muito provavelmente, o partido dele, o Renaissance,
04:50não vai ter uma boa votação.
04:52Tem uma grande chance aí de que o partido,
04:56a reunião nacional, o reagrupamento nacional da Marine Le Pen
04:59e do Jordan Bardella, se saiam melhor.
05:03E aí, essa gente pode ter o primeiro-ministro.
05:08E aí, o Macron vai ter menos margem de manobra,
05:13porque ele, como presidente, vai ser do Renaissance
05:15e vai ter um primeiro-ministro que é do Reunião Nacional.
05:19Então, no final, é uma coisa que vai acabar meio que tirando o poder dele.
05:23Se ele deu um golpe, foi um golpe que ele deu contra ele próprio.
05:28Interessante, Duda Teixeira.
05:30Estava vendo aqui a Anne Applebaum, uma historiadora americana,
05:33e ela que tem sido uma crítica mordaz de Donald Trump nos Estados Unidos.
05:39Ela comentou assim,
05:40dando um passo atrás nas eleições da União Europeia,
05:45não há ninguém que esteja ganhando na Europa
05:47que seja tão extremista em termos de retórica violenta,
05:52ataques à Constituição, registro de insurreição,
05:56como Donald Trump.
05:58Aí ela fala,
06:00nem a AFD, que é a alternativa para a Alemanha,
06:04nem Le Pen, na França,
06:06tentaram ainda bloquear uma transição de poder.
06:09Eles podem tentar isso no futuro, é claro,
06:11mas Trump já fez isso.
06:14Quer dizer, o resultado dessa eleição está dando o que falar
06:18num ano de eleição americana.
06:22E há uma guinada para a direita, Duda?
06:27Não há uma guinada.
06:29A Europa já há algum tempo está vendo um aumento da direita.
06:34Se você olhar os 27 países como um todo,
06:39você vê isso acontecendo.
06:42E por quê?
06:43Porque as preocupações que estão acontecendo,
06:46que os europeus estão ficando mais preocupados,
06:48os assuntos, é, como eu falei aqui,
06:51imigração,
06:52aumento da violência,
06:56da criminalidade,
06:57e tem uma reação também
07:00à preocupação da esquerda
07:03de se preocupar demais com o clima,
07:04com o meio ambiente.
07:05Então, tem uma direita aí
07:07que já não é tão preocupada com isso daí.
07:10Com o identitarismo também,
07:11tem o cansaço dessas pautas,
07:14desses rótulos que são disparados,
07:17contra a divergência.
07:18Acho que tudo isso se soma lá também.
07:21Então, esse cansaço com a esquerda,
07:24com essas pautas da esquerda,
07:26e há pautas que a direita responde melhor.
07:30Então, é mais controle de fronteira,
07:34é mais polícia.
07:35Isso é tudo pauta da direita.
07:37Um senso maior de segurança pública.
07:39E o que é interessante dessa frase da Ania Pobão,
07:44saiu muitas matérias falando
07:46que a extrema-direita, extrema-direita,
07:48não é extrema-direita.
07:51A extrema-direita,
07:52a gente só considera extrema-direita
07:54quando realmente você quer acabar com a democracia.
07:56E todos esses daí,
07:57a Marine Le Pen,
07:58a alternativa para a Alemanha,
08:01o Viktor Orbán,
08:02eles fazem o jogo da democracia.
08:06Pelo menos da democracia eleitoral.
08:09É claro que, uma vez no poder,
08:12seja à direita ou seja à esquerda,
08:14existem métodos para solapar a democracia.
08:16Isso que vem sendo estudado,
08:18ao longo dos últimos anos,
08:19e que já aconteceu em diversos países,
08:22que foram se tornando aos poucos regimes autocráticos.
08:25Acontece que quem tem mais críticas
08:29a determinada figura,
08:30enxerga ali,
08:32que pratica esses métodos,
08:34tem mais preocupação
08:35de que essas pessoas,
08:36uma vez que assumam o poder pela via eleitoral,
08:39acabem solapando a democracia,
08:41e depois a via eleitoral desapareça,
08:43ou se torne uma farsa,
08:46como já acontece em países como a Venezuela,
08:50como a gente estava tratando aqui outro dia.
08:52Então, assim, existe esse processo.
08:54Mas é claro que a gente tem que fazer
08:56uma série de ressalvas
08:58em relação às pessoas que não tentaram
09:00ainda solapar a democracia eleitoral,
09:03pelo menos.
09:04E eu acho que esse comentário
09:06da Anne Paul Ball,
09:07embora ela seja uma pessoa
09:08que aponte extremismo de direita, etc.,
09:12mostra que ela admite
09:15que Le Pen,
09:17que a alternativa para a Alemanha,
09:18não tentaram golpe de Estado,
09:20não tentaram insurreição,
09:21como se chama nos Estados Unidos,
09:23aquilo que aconteceu no 6 de janeiro de 2021.
09:27Então, tem uma distinção,
09:29tem uma nuância aí.
09:30E a gente aqui, claro,
09:31falando por nós,
09:32o Antagonista e Cruzoé,
09:34a gente não embarca
09:35numa histeria de esquerda
09:39que contaminou a imprensa,
09:41lamentavelmente,
09:42de que todo mundo que está
09:44à direita,
09:47que não seja do centro,
09:50seja um extremista de direita,
09:52um ultradireitista,
09:53um ultraliberal,
09:55é um porre amontoado de rótulos
09:58sem, pelo menos,
10:00uma questão mais objetiva.
10:01Não é que não existam extremistas,
10:03eles existem.
10:05Agora, é preciso esclarecer
10:07por que se está usando esse conceito
10:09e em relação a que ponto.
10:12Porque, senão,
10:12as pessoas que têm críticas à esquerda
10:16e, num momento,
10:16decidem escolher outro candidato,
10:17elas se sentem atingidas por um roto.
10:19E aí você vai gerando mais raiva,
10:21mais polarização,
10:23sem a compreensão do fenômeno.
10:25Exato.
10:26E quando a gente olha, Felipe,
10:27o mapa todo dos resultados,
10:29das cadeiras do Parlamento Europeu,
10:32o que a gente vê?
10:34Quem aumentou, principalmente,
10:36foi a centro-direita,
10:39que é o European People Party,
10:42então,
10:42é o Partido do Povo Europeu,
10:44o Partido Popular da Europa,
10:47que é comandado pela Ursula von der Leyen,
10:50que é a atual presidente da Comissão Europeia,
10:53que é o braço executivo,
10:55que é o partido que era da Angela Merkel.
10:58Que é uma pessoa que está lá dialogando o tempo todo,
11:01que não é nenhuma alucinada reacionária ou pista.
11:05Quem também cresceu,
11:07indo um pouquinho mais para a direita,
11:10é o bloco da Georgia Meloni,
11:13da italiana,
11:15que é o conservador,
11:16reformistas e conservadores,
11:18uma coisa assim,
11:18que também não são radicais de direita.
11:23A Georgia Meloni,
11:25embora o partido dela ali tenha uma origem,
11:27a fraternidade da Itália no fascismo e tal,
11:30mas você não vê nada no governo dela
11:33que te remeta a uma direita ultra-radical,
11:36ultra-populista, não tem.
11:38E aí, quando você olha,
11:39o bloco mais à direita ainda
11:42é o Identidade e Democracia,
11:46que é o bloco da Marine Le Pen,
11:48que está basicamente com o mesmo número de cadeiras.
11:52Então, quem aumenta,
11:54quem ganhou espaço no Parlamento Europeu
11:56é a centro-direita,
11:58não é a direita ultra-radical.
12:00É, exatamente.
12:02A Applebaum, que eu estava citando,
12:04ela falou que a extrema-direita surgiu,
12:06sobretudo, em países onde a extrema-direita nunca governou.
12:09Mas já nos países que já foram prejudicados
12:13pelo populismo,
12:15como Polônia, Hungria, Grécia,
12:18quem se saiu melhor foi a centro-direita.
12:20É isso que você está colocando,
12:22destacando que a centro-direita cresceu em diversos países.
12:26Também não tem extremismo de direita na Escandinávia,
12:29e ela cita alguns países
12:31em que a centro-esquerda acabou se saindo melhor
12:35do que os outros e tal.
12:36Então, quer dizer, não dá para generalizar,
12:39mas há nuances aí
12:43que a gente está apontando aqui para vocês,
12:46com a centro-direita,
12:47uma direita mais populista,
12:49eventualmente com doses de extremismo aqui e ali,
12:52mas que a gente vai, na nossa cobertura,
12:53sempre tentar definir de uma maneira muito clara,
12:57transparente e objetiva,
12:59sem sair rotulando todo mundo,
13:01porque isso, enfim,
13:03é obscurantismo também, né?
13:06É uma tentativa de falar
13:07que essas são pessoas malvadas,
13:09não gostem delas, gostem da gente,
13:11das nossas pautas aqui.
13:13E não é assim que se argumenta no debate público, né?
13:17Tudo, algo mais a arrematar sobre esse tema?
13:19Bom, na Espanha, quem foi muito bem
13:22foi o Partido Popular,
13:24que é o PP,
13:25que é super também de centro-direita.
13:28Na Alemanha, é a CDU,
13:30que é o partido da Angela Merkel
13:31e da Ursula von der Leyen,
13:33com exceção da Alemanha Oriental, né?
13:36Que é onde a alternativa para a Alemanha
13:37ganhou em quase todas ali as províncias, né?
13:42E isso acontece porque era justamente
13:45onde era a parte comunista da Alemanha,
13:49que está mais atrasada economicamente,
13:53tem um ressentimento muito grande
13:55em relação ao que era a Alemanha ocidental,
13:58de ter ficado para trás,
14:00e onde o pessoal está mais revoltado, né?
14:04E aí acaba indo para essa direita
14:08mais radical que é a alternativa para a Alemanha.
14:11É, esse é um dos pontos mais interessantes
14:14desse momento histórico, né?
14:16Não sei se vocês entenderam
14:17o que o Duda falou.
14:19Está circulando, inclusive,
14:20nas redes sociais,
14:21aí o mapinha, né?
14:22Pintado ali,
14:24metade da Alemanha
14:25aderindo à alternativa para a Alemanha,
14:29um grupo político que está à direita,
14:32justamente na localidade
14:34que era a parte comunista
14:35da Alemanha
14:37antes da queda do Muro de Berlim.
14:38quer dizer, uma guinada,
14:40mesmo nesse caso,
14:42mostrando a insatisfação
14:45com o atraso que o comunismo causou também
14:48e uma busca aí pelo outro lado, né?
14:53Se, evidentemente,
14:54esse outro lado vai ser um extremo oposto
14:57que, enfim,
14:59também vai provocar males,
15:00isso aí o tempo dirá.
15:02Mas que o povo está buscando
15:04uma alternativa
15:05ao legado de esquerda
15:07bem crua, né?
15:10Bem à moda antiga.
15:13Isso está acontecendo, né?
15:15E esse mesmo fenômeno, então,
15:17que é sair da esquerda
15:19ou da extrema esquerda
15:20e ir para a extrema direita, né?
15:21Que é a tese da ferradura, né?
15:23Isso também acontece nos Estados Unidos.
15:27Então, aqueles estados
15:28que eram mais industriais,
15:30onde o Partido Democrata
15:32comandava ali os sindicatos,
15:34essa gente acabou indo para o Trump
15:37em 2016.
15:39E você tem também
15:40regiões industriais da França
15:42que eram também super de esquerda
15:44e essa gente também está indo
15:46para Marine Le Pen, né?
15:48Então, tem essa migração, assim,
15:50também de um extremo para o outro.
15:52Exatamente.
15:53Vamos ver no que vai dar.
15:54A gente vai acompanhar cada capítulo.
15:56E aí
16:01E aí
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