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Eleitores alemães foram às urnas neste domingo, 23, para escolher o novo governo.

Saiu vitoriosa a aliança formada pela União Democrata Cristã e pela União Social Cristã, liderada pelo futuro chanceler do país Friedrich Merz. A coligação teve 28,6% dos votos e conquistou 208 assentos no Bundestag, o Parlamento do país.

Merz defende a necessidade de tornar a Europa mais independente das pressões impostas pelo governo dos Estados Unidos.

O possível chanceler afirmou que não fará aliança com o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), que em segundo lugar com 20,8% dos votos.

Felipe Moura Brasil e Duda Teixeira comentam:

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Transcrição
00:00E vamos agora falar do resultado das eleições na Alemanha, mas que tem questões de fundo que interessam ao mundo inteiro,
00:08são fatores que estão sendo relevantes em diversas decisões eleitorais, políticas, inclusive aqui no Brasil,
00:18e a gente precisa usar certos acontecimentos mundiais para falar dos embates culturais do nosso tempo.
00:25Os eleitores alemães foram às urnas no domingo e escolheu um novo governo.
00:29Quem venceu foi a aliança formada pela União Democrata Cristã e pela União Social Cristã,
00:35liderada por Friedrich Merz, provável futuro chanceler do país, com 28,6% dos votos e 208 assentos no Bundestag, o parlamento alemão.
00:45Em segundo lugar, ficou o Partido Alternativa para a Alemanha, a AfD, com aproximadamente 20,8% dos votos e 152 assentos.
00:55O Partido Social Democrata, do chanceler Olaf Scholz, terminou em terceiro lugar com 16,4% dos votos e 120 assentos.
01:04Como não assegurou a maioria no Bundestag, a aliança liderada por Merz precisará costurar alianças para ter governabilidade.
01:12Em um debate televisivo, o Merz disse que a CDU não permitirá que o legado de 75 anos da sigla seja colocado em risco por uma parceria com a AfD.
01:24Abro aspas.
01:25A AfD pode tentar nos estender a mão, mas não vamos ceder à política errada.
01:30Temos opiniões diferentes sobre a segurança, a política externa e a OTAN.
01:36Não podemos arriscar a continuidade de nossa trajetória.
01:40Fecho aspas.
01:41Está aí aquele que venceu, dizendo que não vai se unir à AfD, que é essa aliança, quer dizer, essa sigla, essa legenda, esse partido,
01:54que costuma ser associado no noticiário internacional à extrema direita.
02:02A gente vai fazer aqui uma análise a respeito desses rótulos.
02:06O que corresponde à realidade, o que não, como é que a gente age, como é que a gente conceitua.
02:12Esses são elementos importantes aqui da nossa cobertura.
02:17Fato é que o vencedor está dizendo que não vai se aliar a esse lado considerado mais radical.
02:24As divergências entre a CDU e a AfD incluem especialmente questões de segurança e defesa.
02:29Merck defendeu, por exemplo, a necessidade de tornar a Europa mais independente dos Estados Unidos,
02:35especialmente diante da pressão de Donald Trump, que ele considera indiferente ao destino da Europa.
02:41Duda Teixeira, vamos começar com o seu destaque geral e, aos poucos, eu vou trazendo aqui algumas questões de fundo.
02:48Diga lá.
02:48Bom, a União Democrata Cristão é um partido já bem conhecido da gente aqui.
02:54Foi o partido da Angela Merkel, que governou a Alemanha por 16 anos.
03:00Então, é um partido muito de centro, centro-direita.
03:05Também é um partido da Ursula von der Leyen, que está lá na Comissão Europeia.
03:11E, como os outros partidos maiores da Alemanha, tinha ali já prometido que não faria nenhum tipo de aliança com a alternativa para a Alemanha.
03:23A Alemanha chamou isso ali de um firewall, quer dizer, é como se tivesse ali uma barreira que todos ali se comprometeram a nunca fazer algum acordo com a alternativa para a Alemanha.
03:37O que resta, então, ao MERS, agora, que ganhou a eleição, para ter a maioria, ele só teve 28% dos votos,
03:46é fazer uma aliança com o Partido Social Democrata, que era o do Olaf Scholz, amigo do Lula, de centro-esquerda.
03:56Então, vai ter provavelmente uma aliança entre a centro-direita e a centro-esquerda, que é alguma coisa que já aconteceu no passado, né?
04:06Inclusive, nesse período da Angela Merkel.
04:11Então, é isso que acontece.
04:14O que a gente tem visto muito, Felipe, e a gente estava até conversando sobre isso hoje, é que se falou muito ali,
04:23a AFD sempre ganha muito a atenção da imprensa.
04:28E aí, a gente viu muita dificuldade ali de entender o que é a AFD e como categorizar, né?
04:36Como enquadrar a AFD.
04:39A AFD tem ganhado, sim, cada vez mais assentos, cada vez mais votos, principalmente na Alemanha Oriental.
04:49A Alemanha Oriental ainda é uma região, desculpa, a região que era a Alemanha Oriental, né?
04:56A Alemanha Oriental não existe mais.
04:59Mas essa parte do país, de fato, continua mais atrasada, né?
05:04Ainda que tenha diminuído muito o atraso para o resto da Alemanha.
05:09E traz esse sentimento, um ressentimento de que foram deixados para trás,
05:16de que a política que está aí não funciona.
05:20E tem se preocupado muito com uma questão nacionalista, porque viram chegar, isso na Alemanha inteira,
05:29muitos refugiados, principalmente ali na guerra na Síria.
05:34E também, todos os alemães têm visto muito atos de terrorismo, né?
05:40Que chamam muito a atenção, né?
05:45E que sempre trazem, de novo, essa questão de se a Alemanha abriu muito as portas
05:51para receber outras pessoas ou não.
05:54Então, a AFD, ela cresce muito nisso, né?
05:57O medo do terrorismo, a ideia da Alemanha Oriental que foi ficada para trás, foi deixada para trás.
06:03As dúvidas, o incômodo que tem com a chegada dos imigrantes.
06:13Na época da Angela Merkel, realmente, ela abriu, né?
06:16Ela disse à Europa, para essa Europa, tem que defender os próprios valores.
06:20Então, a gente tem que receber essas pessoas, né?
06:22Ela falou isso claramente.
06:25E muita gente na Europa, desculpa, na Alemanha, acha que a América cometeu um erro.
06:32E, inclusive, o MERS, que é do partido da Merkel, ele tem uma postura de segurar a imigração, né?
06:39Ele atualizou a CDU nesse sentido.
06:44Agora, a AFD, ela dá um passo além, né?
06:47Ela tem um discurso que não é um discurso antidemocrático,
06:53mas que é um discurso que vê, por exemplo, a questão do crescimento do islamismo como uma ameaça.
07:00Eu estava lendo hoje à tarde o programa da AFD, não é que eles falam assim, vamos expulsar os muçulmanos, nada disso.
07:09Eles falam assim, olha, os islâmicos, os muçulmanos que aceitaram a nossa democracia, os nossos valores, eles são bem-vindos.
07:17Agora, nós não podemos ter mesquitas aqui com imãs que são pagos por outros países, né?
07:27É muito comum ter mesquitas ali que são financiadas pelo Catar,
07:31com um discurso muito radical, fazendo pregações aqui dentro da Alemanha,
07:38porque o resultado disso a gente sabe o que é.
07:41Toda hora, na Europa inteira, geralmente aparece alguém que foi radicalizado por algum motivo,
07:49sai e promove um atentado.
07:50Então, traz alguns assuntos de uma maneira mais clara,
07:56que a CDU, a União Democrática, não chega a fazer.
08:01Mas a AFD tem isso mais claro.
08:04É, o Duda antecipou aqui algumas questões sobre as quais a gente estava conversando nos bastidores,
08:12porque se você fizer aí um giro pelo controle remoto, emissoras de TV e rádio,
08:18em geral, você vai ver simplesmente uma rotulação.
08:22São os extremistas de direita que, olha só que escândalo que eles tenham crescido, etc.
08:28E, repito, temos aqui várias críticas à AFD, à integrantes da AFD,
08:35só que o jornalismo precisa ir além da rotulação.
08:40Então, a gente precisa trazer certos elementos, destrinchar as questões,
08:44e muitas vezes, mesmo que discordando e criticando, até moralmente,
08:50a postura de determinado grupo, compreender a adesão de parte da sociedade àquele grupo.
08:59Então, o que acontece, em geral, no debate público, em vários países,
09:03e a Alemanha está sendo muito emblemática disso,
09:07é que, no campo da esquerda, você ficou com um discurso
09:12que, muitas vezes, também é radical no outro sentido.
09:16Radical no sentido de se defender a abertura total das fronteiras
09:23e, diante de qualquer ressalva, mesmo que legítima para fins de se encontrar
09:31uma solução pelo diálogo e pelo debate para aquele problema,
09:35já se rotula aquele que fez a ressalva de xenófobo, nazista, etc.
09:42Então, essa postura, que não reconhece alguns problemas
09:47que boa parte da população do país enxerga na imigração,
09:53acaba favorecendo a adesão dessa parcela do país
09:58a um outro lado que também é radicalizado.
10:03E aí você fica com dois discursos muito polarizados
10:07e muito longe de soluções concretas para um problema real.
10:11Então, o fato de a esquerda, muitas vezes, nem sequer reconhecer o problema,
10:16por exemplo, da infiltração terrorista.
10:20Quer dizer, você tem uma migração em massa,
10:22você tem refugiados que estão saindo de uma zona de guerra civil
10:26ou de outras guerras, enfim, pessoas que estão vindo de países pobres
10:30para países mais ricos.
10:32e, eventualmente, uma dessas pessoas comete um ato de terror,
10:37ela sai atropelando dezenas de civis, como a gente viu nos últimos dias.
10:42Isso gera um debate sobre a imigração.
10:45Bom, então, esse debate precisa ser travado.
10:47Em geral, você liga a TV e você fala assim,
10:49não, agora é um perigo que isso aconteceu,
10:51porque teremos a ascensão da extrema direita.
10:53Não, o perigo é que haja cadáveres.
10:55A gente tem uma situação concreta de que pessoas foram atropeladas
11:00por uma pessoa que imigrou.
11:01A questão é, como se faz para minimizar a possibilidade
11:06de que uma pessoa que venha de outro país cometa um crime dentro daquele país?
11:10É possível fazer algum tipo de triagem?
11:12É possível verificar antecedentes?
11:14É possível estabelecer alguma restrição pragmática
11:17que não atrapalhe o fluxo migratório, a abertura do país a pessoas
11:23que vêm trazer outros aspectos culturais para aquela região?
11:32Então, o fato de um lado não reconhecer e outro lado radicalizar
11:36deixa esse debate muito polarizado.
11:38E o que a AFD faz é usar alguma linguagem, alguns eslogans
11:43que foram usados pelos nazistas e que são eslogans nacionalistas.
11:48Então, são pessoas que estão falando do nacionalismo
11:51num tom nazista que gera mais rotulação ainda.
11:54Mas você tem membros da AFD que flertam com a retórica
12:01utilizada no período nazista,
12:05porque você tem uma interseção desses dois casos
12:08de um discurso muito nacionalista,
12:11tudo pela Alemanha.
12:14Então, a AFD tem essa postura muito anti-imigração
12:20e aí não é só anti-imigração ilegal.
12:24É, em boa parte, pelo menos por diversos integrantes,
12:28uma postura anti-imigração legal também.
12:31Pelo menos uma contenção de uma maneira mais radical da imigração.
12:36Então, você tem um discurso nacionalista utilizado
12:39para bloqueio da imigração.
12:43O discurso nacionalista do período nazista,
12:46ele era utilizado também para se atacar outros povos
12:51e para se eliminar judeus.
12:55Então, essa pregação aberta do extermínio de judeus,
12:57a gente não tem visto por parte de integrantes da AFD.
13:01A gente precisa distinguir essas nuances,
13:04porque mesmo na escala daquilo que a gente repudia,
13:08há graus.
13:09Então, você tem aí um discurso nacionalista
13:13com elementos, às vezes, da linguagem nazista,
13:17no entanto que não é exatamente o nazismo.
13:20É porque você tem muitas campanhas no campo da esquerda,
13:23até do centro, na Alemanha,
13:24contra o nazismo da AFD,
13:28porque aí no discurso político você tem toda essa hipérbole.
13:32E eu considero que o nazismo é algo muito grandioso
13:36do ponto de vista do horror
13:39para ser gasto sem uma explicação correspondente.
13:44Então, se usam, sim, alguns elementos,
13:47de uma maneira que nós repudiamos, evidentemente.
13:50há elementos integrantes ali do partido
13:54que já foram multados, inclusive,
13:56por uso desses símbolos,
13:57porque lá você tem uma legislação
13:59sobre liberdade de expressão
14:01que tem uma série de restrições
14:03a essa apologia ao nazismo,
14:06ou pelo menos uso de determinados elementos,
14:10como eu vinha dizendo.
14:11Então, você tem, Duda,
14:12para restabelecer aqui o foco da minha análise,
14:15um discurso à esquerda
14:17que ignora certos problemas concretos
14:19que preocupam a população
14:21e um discurso radicalizado à direita
14:24de se fechar todas as portas, etc.
14:27E o que eu quero chamar atenção no final
14:30é que venceu a eleição
14:33um discurso mais ponderado
14:35a respeito desse tema.
14:37E olha só o que o MERS conseguiu,
14:39que eu considero algo assim
14:40extremamente raro.
14:42ele conseguiu ser chamado
14:45na imprensa mainstream internacional
14:47de conservador,
14:49pelo contraste com a AFD,
14:52porque o repúdio é tão grande
14:53a AFD,
14:55que alguém que tem ali
14:56uma tendência mais à direita,
14:59pelo menos à direita da Angela Merkel,
15:01conseguiu ser chamado de conservador
15:03quando a gente costuma ver
15:04no noticiário
15:05qualquer referência
15:07ao campo da direita,
15:08sempre com hiper, ultra,
15:10ou já é nazista, neonazista,
15:14então é o hiper conservador,
15:15ultraliberal, radical,
15:18direitista, etc.
15:20Ele conseguiu ser chamado de conservador
15:22por estar entre a Angela Merkel
15:24e a AFD.
15:26Parabéns.
15:27E o MERS,
15:28então tem esse discurso
15:30e ele fala que não vai negociar,
15:33ele realmente vai fechar as fronteiras
15:35para não permitir a entrada
15:37de tantos imigrantes assim.
15:38Então, fazendo,
15:41mudando a postura da Angela Merkel.
15:43Se a gente olhar nos Estados Unidos,
15:45esse discurso anti-imigração,
15:47que hoje a gente vê o Trump
15:49deportando imigrantes ilegais
15:51em aviões para vários países,
15:53nos Estados Unidos,
15:54é um discurso
15:56tanto da direita,
15:57quanto da esquerda,
15:58tanto do Partido Republicano,
16:00quanto do Partido Democrata.
16:02O Biden, no final do governo,
16:04quando estava fazendo campanha,
16:06ainda antes de desistir,
16:08ele falou,
16:09eu vou ser o xerife da fronteira.
16:11Ele estava falando isso,
16:12não pegou muito bem,
16:13porque ele era o presidente
16:15e estava deixando entrar
16:17muita gente pela fronteira com o México.
16:19Mas, nos Estados Unidos,
16:21a bandeira anti-imigração
16:23estava dos dois lados do espectro político.
16:26Então, ninguém estava chamando ali
16:28nem o Biden,
16:29nem o Trump de neonazista,
16:31nada desse tipo.
16:33Então, na Alemanha,
16:34isso também é uma ideia
16:38que está na população toda
16:40e que está em outros países.
16:43O Chile,
16:44que é governado pelo Gabriel Boric,
16:45também,
16:46hoje é um dos principais temas,
16:48é a imigração de venezuelanos,
16:51que eles acreditam
16:51que gera um aumento da criminalidade.
16:54Já teve declaração do Gabriel Boric,
16:58o atual presidente,
16:59e tem eleição hoje no final do ano,
17:01falando,
17:02olha, realmente,
17:03esse é um problema do país.
17:04Então, admitindo que esse problema existe.
17:07Então, é preciso olhar os problemas,
17:10encarar eles
17:11e debater a melhor forma de lidar com eles.
17:13Exatamente.
17:14E é isso que a gente busca fazer aqui
17:17no nosso jornalismo
17:18e que a gente cobra, evidentemente,
17:20dos políticos
17:21e não simplesmente
17:22uma retórica agressiva
17:23para conseguir conquistar
17:27a adesão de minorias barulhentas
17:29e assim prevalecer
17:31nos debates eleitorais
17:36e nos processos democráticos.
17:53E aí,
17:55e aí,
17:57e aí,
17:59e aí,

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