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A Nova Frente Popular se consolidou como o bloco do Parlamento da França, após os resultados de domingo, com 182 assentos conquistados.

A coalizão, porém, não conseguiu formar maioria e terá de negociar para governar.

O Ensemble, de Emmanuel Macron, ficou em segundo lugar, com 168 cadeiras, seguido pelo Rassemblement National, de Marine Le Pen, com 143.

Felipe Moura Brasil e Duda Teixeira comentam:

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Transcrição
00:00Muito bem, e continuando na pauta internacional, a gente fala agora sobre o segundo turno das eleições na França.
00:06A nova frente popular se consolidou como o maior partido do parlamento francês após os resultados de domingo com 182 assentos conquistados.
00:15A sigla, porém, não conseguiu formar maioria e terá de negociar para governar.
00:19O ensemble de Emmanuel Macron, o atual presidente, ficou em segundo lugar com 168 cadeiras,
00:25seguido pelo Rassemblement National de Marine Le Pen, o reagrupamento nacional da Marine Le Pen, com 143.
00:33Jean-Luc Mélenchon, líder do partido França Insubmissa, maior integrante da aliança de esquerda Nova Frente Popular,
00:41afirmou ontem que Macron tem de se curvar e aceitar a derrota.
00:45Macron pediu prudência, disse que sua aliança segue muito viva, acrescentando que a questão é quem governará daqui para frente e conseguirá uma maioria.
00:54Le Pen, líder do reagrupamento nacional, afirmou que a vitória de seu partido foi apenas adiada,
01:00lembrando que o partido dela havia vencido o primeiro turno, como nós comentamos aqui dias atrás.
01:06Ainda no domingo, o primeiro-ministro da França, Gabriel Atal, comunicou sua decisão de deixar o cargo.
01:12Porém, horas depois, Macron anunciou que vai mantê-lo no posto por enquanto para garantir a estabilidade do país.
01:19Atal já havia dito que seguiria desempenhando suas funções pelo tempo que for preciso.
01:24Aliás, vamos lembrar aqui, porque citamos também na semana passada, artigo da nossa colunista Catarina Rochamonte,
01:31sobre o que ela alertou entre o primeiro e o segundo turnos franceses.
01:36Pode colocar aí na tela a produção.
01:38Estava ali no meio do artigo dela, ao longo desse período anterior ao último resultado, o seguinte trecho.
01:45A nova frente popular é o maior risco.
01:48As manchetes dos jornais brasileiros que abordaram as eleições na França continuam com o mantra do perigo da chegada ao poder da extrema-direita
01:54e silenciam sobre o risco da chegada ao poder da extrema-esquerda.
01:58Aliás, eu não lembro de ter lido em qualquer veículo a expressão extrema-esquerda.
02:01No entanto, ela está aí dando uma nova roupagem ao antissemitismo, disfarçando-o de antisionismo.
02:06Mas lá fora, felizmente, há quem veja as coisas como elas realmente são.
02:11E aí, obviamente, ela citou diversas pessoas que estão refletindo no debate público em outros países
02:17a respeito desse fenômeno, desse antissemitismo de esquerda,
02:23que acaba caracterizando determinados partidos e movimentos como extremistas,
02:28ou pelo menos com alguns elementos extremistas,
02:30mas que não passam no radar de uma imprensa viciada em títulos sobre ultradireita e extrema-direita,
02:38mas que não sabe colocar essa régua do outro lado do espectro ideológico.
02:43E hoje, diante do resultado, a Catarina publicou outro artigo,
02:46vamos mostrar o título, produção, para quem quiser se aprofundar.
02:49A França tomba nas mãos da extrema-esquerda e do Islã.
02:53E tem até um parágrafo que acabou no subtítulo.
02:55Como assim extrema-esquerda? Existe isso? Existe.
02:57E acabou de obter uma grande vitória na França.
02:59Mas ela só existe no mundo real.
03:01Não consta no vocabulário de boa parte dos jornalistas,
03:04que fizeram reserva de mercado das expressões extrema, ultra e radical
03:07para o outro lado do espectro político.
03:11Duda Teixeira, em que sentido esse partido do Mélenchon,
03:16a França insubmissa, pode ser considerado extremista,
03:19como aliás foi pelo próprio jornal americano Washington Post?
03:23E você tem aí algumas outras manifestações aqui e ali,
03:27dentro de textos, não nos títulos, sobre esse extremismo.
03:32Felipe, o partido do Mélenchon, que é o França insubmissa,
03:36fala em fazer uma sexta república.
03:40O que é isso?
03:41Isso foi uma ideia do Charles de Gaulle,
03:43que era um general que estava exilado na Inglaterra, na Segunda Guerra.
03:48Mas ali é o cara que os americanos e os britânicos pegam ali para dizer,
03:52olha, esse aqui é o que está comandando a resistência, a expulsão dos nazistas.
03:56e Charles de Gaulle agora é com você.
03:59E aí ele vira realmente o presidente da França em 1958.
04:03E o de Gaulle, que é um cara que tem um ego lá em cima,
04:06ele fala, olha, vou começar agora aqui a Quinta República.
04:10E aí você tem uma fase, então começa a democracia na França,
04:14que é esse período que a gente tem até agora.
04:18O Mélenchon fala da Sexta República.
04:20Então ele pensa realmente, traz essa ideia de refundar o país,
04:24as bases, as instituições do país.
04:27Que é um discurso que a gente viu aqui muito na América Latina,
04:31na época do Hugo Chávez, da Venezuela.
04:34O Evo Morales também trazia isso.
04:36Tipo assim, vamos dar uma mexida total.
04:40No próprio regime.
04:41No próprio regime.
04:42Então ele fala, isso é uma coisa que o Chávez falava,
04:45o Evo Morales, eles fizeram, aliás,
04:47que é fazer, convocar uma Assembleia Constituinte
04:50para ter uma nova Constituição e mudar as leis todas do país.
04:55E isso aí é super perigoso.
04:58Ele fala até de mudar esse voto distrital que existe hoje na França
05:02por um sistema proporcional mais parecido com o do Brasil.
05:06Então, se o partido dele tem 30% dos votos,
05:09ia ter 30% no parlamento.
05:12Então tem várias mudanças mais institucionais.
05:16Além do que, é um partido extremamente irresponsável em vários pontos.
05:22Então ele fala em tirar a França da OTAN.
05:26Tirou a França da OTAN, o Putin faz uma festa.
05:31E várias coisas também.
05:35Totalmente responsável.
05:36É uma organização do Tratado Atlântico Norte,
05:37uma aliança militar de defesa.
05:39E, evidentemente, o Putin tem horror à OTAN,
05:43porque acaba servindo como um poder dissuasivo
05:48para as suas ambições expansionistas.
05:51Um dos pretextos alegados pelo Putin para invadir a Ucrânia
05:55é que a Ucrânia estava tentando se aliar à OTAN,
05:57que a OTAN estava chegando muito perto da Rússia.
05:59Não houve invasão alguma.
06:01É uma aliança de defesa.
06:02Não havia qualquer ataque, nem sequer iminente,
06:05mas ele criou toda uma teoria conspiratória
06:08para legitimar a sua decisão de invadir o território ucraniano,
06:12violar a soberania, um regime democrático
06:14e causar todas essas mortes a que a gente está assistindo.
06:17Então é dessa OTAN que o Duda está falando.
06:19Continua.
06:20E responsável também em relação às contas públicas.
06:24O Macron teve um baita de um trabalho
06:26para aumentar a idade da aposentadoria,
06:28de 60 para 64.
06:30Ele fala de voltar atrás, descer de novo para 60.
06:34Mas é um problemácio isso daí,
06:36porque você não vai ter dinheiro para pagar
06:37essa aposentadoria para toda essa gente.
06:41Fala em aumentar os custos do Estado,
06:44aumentar o salário dos funcionários públicos,
06:48indexar eles com a inflação.
06:52Tem coisas assim...
06:53Sala de aula não pode ter mais de 19 alunos.
06:56Imagina que...
06:57Quer dizer, é uma questão de aumentar tanto o gasto
07:00que obviamente vai estourar o orçamento.
07:04E para finalizar,
07:06jamais reconheceu o aspecto terrorista do Hamas.
07:12É sempre um discurso anti-Israel, anti-semita
07:16e que jamais vai apontar o dedo
07:20para culpar o Hamas por qualquer coisa.
07:22Nesse ponto, há uma semelhança muito grande
07:25com o Jeremy Corbyn, do Partido Trabalhista Britânico,
07:30que acabou sendo expelido pelo Kate Starman,
07:34que virou primeiro-ministro agora,
07:39com a vitória do Partido Trabalhista,
07:40naquilo que nós comentamos no último programa.
07:43Quer dizer, o Partido Trabalhista Britânico
07:46fez um movimento ali desse extremismo
07:50do Jeremy Corbyn para o centro.
07:53Assim como, de certa forma,
07:55a Marine Le Pen, no reagrupamento nacional,
07:59fez um movimento trazendo o partido
08:02que era associado ao extremismo,
08:04com mais razão, evidentemente,
08:06na presença do pai dela,
08:08o Jean-Marie Le Pen,
08:09que tinha diversas declarações e atitudes
08:11que cabiam nesse rótulo,
08:13ela trouxe também mais para o centro,
08:15acabou conseguindo a vitória no primeiro turno.
08:16Só que aí, nesse meio tempo,
08:18houve uma grande aliança de esquerda,
08:20uma frente ampla da esquerda,
08:22para derrotar o Partido Reagrupamento Nacional.
08:27Agora, dentro dessa frente ampla da esquerda,
08:31você tem ali pelo menos duas falanges extremistas.
08:36Essa representada pelo Mélenchon,
08:38na França submissa,
08:39e não é que não haja outras pautas
08:42que, mesmo que se discorde,
08:44podem não ser encaixadas no extremismo.
08:47Mas ele tem essa questão de refundar a república,
08:48tem o antissemitismo.
08:50E você tem o Partido Comunista também,
08:52que também foi chamado de far left,
08:55de extrema esquerda,
08:56no Washington Post.
08:58Agora, você tem ali outros partidos
08:59que são mais democráticos.
09:02E aí a gente vai ter que ver
09:02o que vai prevalecer, né, Duda?
09:04Felipe, uma boa análise que eu achei
09:06sobre a eleição francesa,
09:08eu recebi do nosso colunista,
09:09Leonardo Barreto,
09:10que ele falou o seguinte,
09:11essa eleição é o seguinte,
09:13ninguém ganhou e todo mundo perdeu.
09:15É, meio Dilma.
09:17É, porque você tem um parlamento agora
09:20dividido em três partes praticamente iguais, né?
09:24Ainda que o partido,
09:26a coalizão do Mélenchon,
09:27essa nova frente popular,
09:29tenha tido mais cadeiras,
09:31a diferença, o partido do Macron
09:33vem em segundo, está com 168.
09:36E logo em seguida,
09:38tem o reagrupamento nacional
09:40da Marine Le Pen.
09:41Então, a hora que você vai aprovar uma lei,
09:44sei lá, aprovar o orçamento,
09:46é um problemaço, né?
09:47Como é que você vai fazer isso?
09:49Como é que você vai aprovar uma lei
09:50sobre qualquer outro assunto?
09:52Esses três grupos,
09:54eles também não se conversam.
09:56É diferente aqui do Brasil, né,
09:59que a gente tem o presidencialismo
10:00de coalizão,
10:01que o presidente vai meio comprando
10:03todo mundo, né?
10:04Vai dando ministério,
10:06vai espalhando,
10:07e aí vem o centrão.
10:10Na França,
10:11isso não existe, né?
10:13Então,
10:14é até um problemão agora
10:15para o Macron
10:16para escolher o primeiro ministro.
10:18Essa coisa de falar
10:19para o Gabriel Atal,
10:20falar assim,
10:20fica aí,
10:21é porque ele vai ter
10:22uma baita dificuldade
10:23de substituir o Gabriel Atal, né?
10:25Falam até que uma solução
10:27seria chamar um tecnocrata,
10:28alguém de que não tem partido nenhum,
10:31para o cara tentar depois
10:32se virar depois, né?
10:33Mas vai ser muito difícil.
10:35Essa eleição foi um baita
10:37de um erro do Macron.
10:39Não precisava ter feito isso.
10:42O partido dele tinha 250 cadeiras,
10:45não era a maioria,
10:46e agora vai ficar com 168.
10:48Então, para o Macron,
10:49tudo vai ficar mais difícil.
10:51Será que dá para concluir, Duda,
10:53que o centro perdeu espaço
10:55nessa polarização?
10:57Embora, assim,
10:58a Marine Le Pen tenha feito
10:59um caminho mais para o centro,
11:01mas o Emmanuel Macron,
11:03que é associado por muitos
11:04a uma posição mais centrista,
11:06mesmo que a direita, evidentemente,
11:08seja considerada, no mínimo,
11:09uma centro-esquerda,
11:11acabou se perdendo um espaço ali?
11:13É, o Macron vem com essa ideia
11:16do centro na política francesa,
11:19que até então era
11:20o Partido Republicano à direita
11:22e o Partido Socialista à esquerda,
11:24e ele abre esse flanco no centro,
11:27e quando ele é eleito,
11:29ele entra pegando uma maioria folgada
11:32na Assembleia Nacional.
11:34E o primeiro mandato dele é uma delícia,
11:36ele não tem nenhum problema
11:37com o Parlamento.
11:39Já no segundo mandato,
11:41ele já perde a maioria,
11:42então já começa a ficar mais difícil,
11:44tanto que para aprovar a reforma
11:46da Previdência,
11:47ele desvia,
11:49usa ali uma manobra
11:50para não precisar da aprovação
11:52do Congresso,
11:53e isso gera uma baita resistência.
11:55Agora, o centro fica ali
11:57com um terço.
11:58Já teve, então,
11:59na época do Macron,
12:01ali uns 60%, 70%,
12:02e agora vai ter os 30%.
12:04É claro que diminuiu bastante.
12:07E é claro também que
12:08toda aquela adesão
12:10que o reagrupamento nacional
12:11da Marine Le Pen conseguiu
12:12para ser vitorioso no primeiro turno,
12:15ela continua.
12:16Então vai haver aí
12:17uma oposição muito forte também
12:19a esse governo
12:20da frente ampla da esquerda,
12:22seja quem for o seu expoente.
12:23a eleição só acaba
12:25quando termina, né?
12:26Então, aí,
12:26primeiro turno,
12:27deu Marine Le Pen,
12:29mas no segundo,
12:30o Melechon apareceu.
12:31Vamos ver que posição
12:32que ele vai ocupar
12:33e como ele vai desempenhar
12:34o seu papel de agora em diante.
12:36A gente vai acompanhar.

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