- ontem
As eleições do Parlamento Europeu que aconteceram entre a quinta, 6, e o domingo, 9, não vão trazer grandes mudanças. O bloco Partido do Povo Europeu (European People’s Party, EPP), de Ursula von der Leyen, atual presidente da Comissão Europeia, foi o mais votado. Os dois principais grupos da direita populista, somados, terão somente 131 das 751 cadeiras. Em Bruxelas, Estrasburgo ou Luxemburgo, os novos parlamentares continuarão discutindo muito e decidindo pouco.
Mas as eleições tiveram um importante resultado: a dissolução do Parlamento francês pelo presidente Emmanuel Macron.
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Mas as eleições tiveram um importante resultado: a dissolução do Parlamento francês pelo presidente Emmanuel Macron.
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00:00Gente, vamos falar sobre a França, ô Duda?
00:02Porque, como eu falei no início do programa, o presidente francês, Emmanuel Marcon,
00:07anunciou ontem, no domingo, a dissolução do parlamento do país
00:10e a convocação de novas eleições legislativas.
00:15A decisão ocorre após a vitória da direita local,
00:19na formação que escolheu a nova formação do parlamento europeu no domingo.
00:25Duda, como se eu fosse uma criança de cinco anos,
00:30explica para a gente qual foi a decisão do Marcon
00:33e o que aconteceu ontem na França.
00:35Boa tarde, querido.
00:37Boa tarde.
00:38Bom, resumindo, o Macron quer ser amado.
00:41Publiquei esse ativo na Cruzoé
00:44e é a grande consequência, a mais importante consequência
00:50da eleição para o parlamento europeu.
00:53Ninguém estava esperando isso.
00:56O que aconteceu é que o Macron...
00:58Tem uma palavra em inglês que é overreacted, né?
01:01Ele reagiu de maneira exagerada.
01:05O partido dele, que é o Renaissance, que está no bloco que se chama Renew,
01:09no parlamento europeu, tomou uma paulada,
01:15foi 14% só dos votos na França.
01:18A Marine Le Pen, com o reagrupamento nacional,
01:22a reunião nacional, teve 30%.
01:25Então, mais do que o dobro, ele ficou melindrado
01:29e tomou essa decisão de dissolver o Congresso, né?
01:33O Congresso francês, a Assembleia Francesa.
01:36Não precisava.
01:40Não precisava, porque a eleição do parlamento europeu
01:44são lá 720 parlamentares que ficam em várias cidades, né?
01:51Tem coisa em Bruxelas, tem coisa em Estrasburgo,
01:54tem coisa em Luxemburgo.
01:57Ficam ali discutindo muito e decidindo muito pouco.
02:01não vai fazer nenhuma diferença essa eleição do parlamento europeu,
02:10que, aliás, é muito parecida com a eleição que aconteceu em 2019, né?
02:15Tem uma gente aí nas redes sociais ou em alguns veículos de imprensa
02:21falando, nossa, mas a extrema-direita aumentou muito.
02:26Por isso, olha ali, basicamente é a mesma coisa do que aconteceu em 2019,
02:30não tem nenhum grande aumento dessa super extrema-direita.
02:35Aliás, o bloco, que é o Identidade e Democracia,
02:38até onde eu vi, tinha perdido uma cadeira,
02:41mas, por exemplo, esse bloco estava com 68,
02:44não, acho que eram 50 e tantas cadeiras,
02:45de um total de 720.
02:48Então, assim, mesmo se você juntar os dois blocos
02:51mais de direita populista,
02:56não dá 150, né?
02:58Então, assim, não tem grandes mudanças aí nessa história.
03:04Mas o Macron tomou a coisa ali como se fosse meio até para o lado pessoal, né?
03:10Por que eu acho que aconteceu?
03:12Quando ele vence a reeleição contra a Marine Le Pen,
03:16ele ganha 58% dos votos.
03:18Ela tem lá uns 45.
03:20E nesse, agora, o partido dele teve 14.
03:25Então, sai de 58 e vai para 14.
03:27Ele falou, pô, temos um problema aqui,
03:29então vamos dissolver a Assembleia.
03:33Quando ele tem 58,
03:35essa votação que ele tem
03:36é porque as pessoas não queriam que a Marine Le Pen
03:39fosse a presidente da França.
03:42Então, muitos dos votos que ele recebe
03:44é porque, não é porque as pessoas achavam ele o máximo,
03:48mas é porque não queriam que ela vencesse, né?
03:52E o Macron, um candidato já num segundo mandato,
03:55sofre com o desgaste natural do cargo.
03:59Então, assim, não dá para ele continuar ainda
04:02com uma maioria da população francesa
04:06apoiando ele, ainda mais com reforma da Previdência.
04:10Coisas que um chefe de governo realmente tem que levar adiante.
04:15Ele não precisava fazer nada, tá?
04:17Porque o Parlamento Europeu é aquilo que eu falei,
04:20é o pessoal ali discutindo e não fazendo nada.
04:23Mas ele pegou e achou que devia fazer alguma coisa
04:26e, na verdade, o que ele está fazendo ali,
04:28quando você vê a fala dele, ele fala,
04:29olha, esses partidos da direita estão crescendo,
04:33então eu vou convocar todo mundo,
04:35é um gesto de confiança que eu deposito em vocês,
04:38eu quero que os franceses vão lá e me apoiem,
04:40então, nessa eleição que vai acontecer agora, né?
04:4330 de junho e o segundo turno para julho.
04:46Mas aí, se ele está achando que os franceses,
04:49só porque ele, né?
04:51Ele era conhecido como um jupiteriano, né?
04:53Porque ele é um narcisista, é um ególatra, né?
04:57Já foi comparado com Napoleão, com Charles de Gaulle,
05:00agora com Júpiter, né?
05:01Que é o deus da mitologia romana.
05:04Se ele acha que as pessoas agora vão lá
05:06só para apoiar ele,
05:07ele fala, não, Macron, estamos com você,
05:09nós somos pró-europeus,
05:12meu, esquece, né?
05:14Ele está num momento ruim,
05:16em que acabou de ter uma derrota eleitoral
05:19e vai chamar a eleição,
05:20e aí, na verdade, o que vai acontecer?
05:23Ele vai registrar, né?
05:26Ele vai concretizar no Congresso francês,
05:30na Assembleia Nacional,
05:32a mesma derrota que ele teve no Parlamento Europeu.
05:36Ô, Duda, só para a gente deixar claro,
05:39temos o vídeo do anúncio do Macron.
05:42Ô, Matheus, solta o vídeo, por gentileza.
05:43J'ai decidido de vous redonner le choix de notre avenir parlementaire par le vote.
05:51Eu dissous, então, ce soir, l'Assembleia Nacional.
05:55Eu signerai, na quelques instants, o décret de convocation das eleições legislativas,
06:00que se tiendront le 30 juin pour le premier tour
06:04et le 7 juillet, pour le second.
06:08Cette décision est grave, lourde,
06:12mais c'est, avant tout, un acte de confiance.
06:15É, ele fala 30 de junho, tá?
06:19Primeiro turno.
06:22Posso, posso fazer uma pergunta?
06:24Não, aqui todo mundo pode meter pitaco.
06:26Agora, eu só ia colocar uma coisa.
06:29Não, depois eu falo, vai.
06:30Vai lá, Rodrigo.
06:32Não, uma que eu vi um comentário aqui do Márcio Klein,
06:35perguntando, que eu acho que é uma dúvida que muita gente tem,
06:38se isso, se essa dissolução do parlamento francês é grave
06:43ou é tipo dar um golpe.
06:45Não é, né, Duda?
06:46Mas o que eu queria...
06:49É que faz muito tempo,
06:50os franceses não fazem isso com a frequência que os britânicos fazem, por exemplo.
06:53Acho que a última, na França, eu li em algum lugar,
06:55que era em 1997, se não me falha a memória.
07:00Mas a minha dúvida é a seguinte.
07:03Porque teve uma reação de mercado financeiro,
07:07que foi uma reação mais voltada para essa ideia
07:13de que no mercado não é uma questão de ser direita ou de esquerda.
07:17É ser mais populista ou menos populista
07:20no sentido de que populismo seriam algumas ideias
07:25que não fazem muito sentido econômico,
07:28mas que fazem muito sentido eleitoral.
07:29Tipo o Obrador lá no México,
07:33aquela história de salário integral para todo mundo,
07:36minha aposentadoria, etc.
07:38E que a Europa, então, estaria andando mais,
07:42para um lado mais populista.
07:43E eu até tentei conversar com o Duda um pouquinho mais cedo
07:47sobre isso, porque eu verdadeiramente não estou entendendo isso.
07:51O mercado financeiro responde a essa eleição
07:54com receio de que o populismo esteja ganhando mais espaço na Europa.
07:59E eu queria, do Duda, se puder responder aqui o nosso querido Márcio Klein também.
08:05Mas sobre isso, estamos num caminho de maior populismo na Europa, é isso?
08:13Ô Duda, antes de você entrar, o Alec, você queria fazer uma consideração antes sobre isso?
08:17Pode ser um valeu também.
08:20Está valendo.
08:23Ah, muito obrigado.
08:27Não, é que por acaso, eu também comento internacional nesta loja.
08:32Mas deixa eu te falar.
08:33É o seguinte, está uma...
08:37Eu não vou entrar na tua área da economia,
08:40mas eu tendo a acreditar, só um parênteses rápido em relação a isso,
08:44é claro que não tem nada de golpe de Estado,
08:46em um regime semipresidencialista, parlamentarista,
08:49de solução do parlamento é a coisa mais normal.
08:55Pode não ser feita toda hora,
08:57mas é uma coisa dentro das quatro linhas,
08:59dentro da regra do jogo, total.
09:02Não tem.
09:03E eu vi alguns idiotas,
09:05totalmente o pessoal lá do extremo bolsonarismo,
09:07com essa história.
09:08Olha aí, golpe de Estado.
09:10Eu não sei se é por má fé, por tosquice,
09:12ou pelos dois,
09:14que normalmente é o que vem no pacote dessa gente.
09:16Mas o país,
09:19num país parlamentarista,
09:22isso, o expediente de você convocar a eleição,
09:26o Rishi Sunak acabou de fazer isso também.
09:30Acabou de chamar a eleição no Reino Unido.
09:34Também é ditadura e golpe de Estado.
09:36Quer dizer, pelo amor de Deus, gente.
09:37Sabe?
09:38Mas, assim, rapidamente em relação à economia,
09:40eu posso estar falando a maior besteira do mundo,
09:44você me corrige, tá, Rodrigo?
09:46Mas, assim,
09:47quando tem esses grandes maremotos políticos,
09:51eu vejo muita agitação de Bolsa,
09:53um dia, dois dias.
09:55E eu sempre fico com a impressão
09:56que é muito caro, esperto, day trader,
10:00faturando com pânico.
10:02Entendeu?
10:02Que você só vai saber realmente
10:05o que o mercado pensa ao longo da semana.
10:08Entendeu?
10:08Mas no primeiro dia, nas primeiras horas,
10:10no primeiro, segundo dia,
10:12eu acho que tem muita gente esperta
10:14que fatura com pânico.
10:16Mas pode ser uma impressão minha.
10:18Entendeu?
10:19Aí, depois, se você quiser discorrer sobre isso.
10:21Em relação ao que o Macron fez,
10:25claro que a leitura do Duda é super válida.
10:31Mas, assim, se a gente for pensar
10:32em todas as possibilidades,
10:34o que ele pode estar fazendo também?
10:36Nós estamos aqui analisando cenários.
10:40Ele pode estar o seguinte,
10:41ele tomou, claro, uma paulada muito feia
10:45nessa eleição do Parlamento Europeu.
10:48Então, ele poderia...
10:49A leitura dele é o seguinte,
10:51olha, se eu não fizer nada,
10:52eu vou virar um pato manco.
10:54Se eu não fizer nada,
10:55as pessoas vão achar que eu perdi
10:56a legitimidade do meu mandato.
10:58Entendeu?
10:59Então, o que ele faz?
11:01Ele chama uma eleição para dizer,
11:03olha, vamos ver se o francês,
11:06quando ele fala da nossa política doméstica,
11:09que ele fala da França,
11:11ele pensa a mesma coisa que ele pensa para a Europa,
11:13para o Parlamento Europeu.
11:15É importante a gente lembrar isso.
11:17São eleições totalmente diferentes.
11:19Uma coisa é uma eleição para o Parlamento Europeu,
11:22outra coisa é a eleição do Congresso Francês.
11:24Então, ele chama uma eleição para o Congresso Francês
11:28para tirar, talvez,
11:30essa nuvem que ficaria sobre a cabeça dele,
11:35dele não mandar mais nada,
11:36ele ter perdido a legitimidade,
11:38dos franceses terem virado as costas para ele.
11:40Então, ele pode estar querendo dar uma resposta
11:42no seguinte sentido,
11:44olha, se eu for bem votado,
11:47para com essa conversa,
11:50porque esse pessoal é engajado
11:53em questões mais climáticas ou coisa,
11:55mas esse pessoal fez uma votação específica
11:58para o Parlamento Europeu,
12:00mas quando o assunto é França,
12:02a conversa é outra.
12:04Então, esse é um cenário.
12:05O outro cenário é ele não ir bem nessa eleição.
12:08Se ele não for bem nessa eleição,
12:10e até eventualmente o partido da Marine Le Pen
12:13fizer a maioria,
12:15fizer o próximo primeiro-ministro,
12:18lembrando que na França,
12:19o primeiro-ministro não manda tanto
12:21quanto em outros países parlamentaristas,
12:24ele joga nas costas do partido dela
12:29o ônus de governar,
12:31meio governar,
12:33antes, muito antes da próxima eleição presidencial.
12:38Ele pode ter intuído,
12:40nós estamos aqui discutindo cenários,
12:43ele pode ter falado,
12:44bom, a Marine Le Pen agora virou a bola da vez,
12:47e na próxima eleição,
12:48ela vai chegar bonitona,
12:51sem nunca ter governado nada,
12:54com uma esperança de mudança.
12:56Não, não, não.
12:57Então, vem para cá.
12:59Se você for bem votada,
13:01o seu partido vai ter responsabilidade,
13:04vai começar a governar,
13:05e aí, quando a gente chegar lá
13:07na próxima eleição para presidente,
13:09você não vai poder dizer,
13:11ah, eu sou novidade,
13:12eu sou fora do sistema,
13:13eu sou outsider.
13:14não, não, não.
13:16Você é insider,
13:17você também tem responsabilidade
13:19com a situação da França
13:20até esse momento.
13:22Essa jogada vai dar certo?
13:23Não faço a menor ideia.
13:25Mas eu estou ponderando
13:27que pode ter sido,
13:29claro,
13:30um overreact,
13:31claro, pode ser,
13:32ele é realmente um cara muito carigoso,
13:34mas pode ser também
13:35alguma dessas outras possibilidades.
13:37Ô, Duda,
13:39deixa eu pegar um pouquinho
13:40esse gancho do Alê,
13:42e aí não sei se você concorda com,
13:44eu quero pegar um pouco
13:44do teu raciocínio,
13:45um pouco do raciocínio do Alê,
13:47porque, enfim,
13:48aí me corrijam, por favor,
13:50porque eu estou pegando
13:50um exemplo do Brasil,
13:52numa situação há 20 anos atrás,
13:5420 anos,
13:55estou colocando com uma certa ironia.
13:56E aí quando você fala,
13:59ô, Duda,
13:59que o Marcon parece que ele quer
14:01um pouco de carinho,
14:03eu me lembrei um pouco,
14:05eu me lembrei um pouco
14:06da clássica carta de renúncia
14:07do Jânio Quadros,
14:08em 1961,
14:10aquela carta,
14:11porque, enfim,
14:11tem uma questão histórica,
14:12que o Jânio Quadros
14:13não tinha apoio,
14:14mas ele,
14:15não, vou renunciar
14:17para ver se as pessoas falam,
14:17não, não renuncia, Jânio,
14:20fica aí,
14:20fica lindamente no seu cantinho e tal,
14:22mas no final das contas
14:23acabou dando errado
14:24a ideia do Jânio Quadros.
14:25Dá para fazer esse paralelo ou não?
14:28Pode, pode.
14:28Eu lembrei,
14:29acho que o Fernando Collor também,
14:30tem uma hora que ele convoca
14:32um protesto a favor dele, né?
14:34Sim, 92, né?
14:35Não me deixem só.
14:38Não me deixem só.
14:40Depois que você confisca a poupança,
14:43ele, não, não me deixem só,
14:44convoca aquele protesto,
14:45todo mundo de preto,
14:46todo mundo,
14:47ah, é, já que você quer
14:48que todo mundo vá de,
14:48não, minto,
14:49todo mundo vá de verde e amarelo,
14:51foi todo mundo de preto.
14:52Então, é isso,
14:54às vezes dá errado.
14:54E aí nós ganhamos,
14:55e aí o Brasil ganhou de presente,
14:57Lindbergh e Farid,
14:58e os caras pintaram.
15:01É, é,
15:03hard case make bad law, né?
15:05Então, paciência, né?
15:07Aquele princípio do direito norte-americano.
15:09Duda, prossiga.
15:10Mas esse raciocínio do Alexandre,
15:12acho que é uma possibilidade, né?
15:13O Macron pode estar pensando,
15:15ah, é, então vem aqui se afundar comigo, né?
15:19Reunião Nacional, Bahia e Le Pen,
15:20vamos nos desgastar juntos, né?
15:23Pode ser.
15:23É, em relação à pergunta que foi feita aí sobre populismo,
15:29é, eu dei uma olhada ali nos resultados, né?
15:32Bom, o principal, o bloco, né?
15:35O Parlamento Europeu, ele é organizado em blocos,
15:39e esses blocos gigantes,
15:41eles têm partidos em todos os países, né?
15:44Quase todos os países,
15:45são 27 países na União Europeia.
15:47O bloco que mais cresceu e ganhou mais votos
15:51é o do Partido do Povo Europeu,
15:54é o EPP,
15:56que é o da Ursula von der Leyen,
15:58a atual presidente da Comissão Europeia,
16:02então, e que é a herdeira da Angela Merkel, né?
16:07Então, assim, não estamos falando de modo algum
16:09de partido populista,
16:12não tem nada disso.
16:14Se você pegar também as eleições nacionais,
16:17na França, sim, a Marine Le Pen pode ser mais populista,
16:20mas se você olhar na Alemanha,
16:23o partido, que é o CDU,
16:26que é o partido da Angela Merkel,
16:27que saiu em primeiro lugar.
16:30Se você olhar na Espanha,
16:32é o PP,
16:33que é um partido de centro-direita,
16:35também não tem nada de populista.
16:37Na Itália,
16:39foi o partido da Georgia Melônia,
16:41que é o Irmãos da Itália,
16:43na Fraternidade da Itália,
16:45mas que se falava muito de fascismo,
16:48não sei o quê,
16:48mas, no final, uma vez no governo,
16:50está fazendo um governo de centro-direita também,
16:53inclusive pode ter uma ligação ali,
16:55um acordo que ela pode fazer com a Ursula von der Leyen
16:58e esses dois blocos,
17:00que é o de formadores e conservadores europeus,
17:03da Georgia Melônia,
17:05se junte com o bloco da Ursula von der Leyen.
17:07E não estamos falando nada aí de populismo,
17:11então, assim,
17:12não tem nada de populismo nessa história.
17:15Em relação à dissolução do parlamento,
17:18o Alê tem toda a razão aí,
17:20que ele fala,
17:21o Macron agiu totalmente dentro da Constituição,
17:24a França é um regime semi-presidencialista,
17:27então ele é um pouco misto
17:29e meio que permite,
17:31isso que é muito comum no parlamentarismo,
17:33de, de repente,
17:34o primeiro-ministro dissolver o parlamento,
17:38que foi o que o Rishisuna que fez.
17:40Eu acho que o Peru também é uma coisa meio híbrida aí
17:43e também acontece isso e está tudo no normal.
17:47O golpe de Estado não é,
17:48porque a hora que você tem uma nova eleição,
17:51essa eleição é livre,
17:52não tem fraude na eleição francesa.
17:56E, muito provavelmente,
17:58o Macron vai se dar mal,
17:59então, é um golpe contra ele,
18:03não é um golpe de Estado de maneira alguma.
18:07É, sim.
18:08O Rodrigo Oliveira e Alexandre Borges,
18:10alguma outra consideração sobre esse assunto?
18:13Não, sobre o que o Alexandre falou,
18:17não é exatamente a gente antecipando nada.
18:21O mercado financeiro funciona em aposta.
18:25E aí, tinham apostas...
18:27Na verdade, assim,
18:28todo mundo meio que já sabia.
18:30Esse não era um negócio que surpreendeu ninguém.
18:32mas, quando acontece,
18:34é aquela coisa da diferença entre 99% e 100%.
18:38Não é só um ponto percentual.
18:40De 98% para 99%, sim.
18:43Mas, de 99% para 100% é a diferença entre a certeza e a não certeza.
18:48E o mercado acaba reagindo de uma forma um pouco mais forte.
18:53Mas, também, o euro cai hoje,
18:55as bolsas europeias caem hoje,
18:58também porque o Banco Central Europeu cortou os juros lá atrás.
19:01Na sexta-feira,
19:02os dados econômicos americanos mostraram que, talvez,
19:05o Banco Central Europeu tenha sido muito veloz para esse primeiro corte.
19:10E aí, o dólar está se valorizando praticamente contra todo mundo.
19:15É, eu queria até puxar...
19:16Oi, Alê.
19:17O Rodrigo me lembrou um diálogo maravilhoso do Oppenheimer,
19:22quando o Robert Oppenheimer está dizendo para aquele general,
19:27que quem faz é o Matt Damon,
19:29e ele fala assim,
19:29olha, existe uma possibilidade muito pequena
19:31da gente acabar com o planeta.
19:34E aí, qual possibilidade?
19:37Ele é quase zero.
19:38Aí ele, não, zero seria bom.
19:40Zero seria bom.
19:41Quase zero, exatamente isso.
19:45Mas uma coisa que a gente vê,
19:47e que eu acho que é importante,
19:49e dentro da linha do que o Duda falou,
19:50que está corretíssimo,
19:52é assim,
19:53a gente percebe que muito da hegemonia social-democrata
20:00no comentário e na análise política
20:02aparece nessas horas,
20:05onde, quando a social-democracia,
20:08quando a centro-esquerda ganha uma eleição
20:10e leva junto lá os seus PSTU,
20:13os seus PCO, os seus PSOL,
20:15ninguém grita,
20:16ninguém acha que o mundo vai acabar.
20:19Agora, se um partido de centro-direita
20:21ganha uma eleição,
20:22e na esteira,
20:24o, sei lá,
20:26o bolsonarismo do país lá,
20:29ganha lá algumas cadeiras,
20:32meu Deus, o mundo vai acabar,
20:34e tal,
20:34não vai, entendeu?
20:36Mas isso é um pouco da reação
20:37do que eu vejo desse pessoal social-democrata,
20:41e muito bem lembrado pelo Duda,
20:42essa gente que chamava a Georgia Meloni de extremista,
20:45que não tem nada de extremista,
20:46absolutamente nada.
20:48E um gesto muito simbólico que ela fez
20:50foi ter ido à Ucrânia
20:52prestar solidariedade ao Zelensky,
20:55o que é uma posição
20:57que, na hora,
20:59já desqualifica qualquer análise
21:00que chame ela de extremista
21:02pelo apoio que ela dá
21:03à democracia ucraniana invadida
21:05pela ditadura russa.
21:06Onde você tem muita gente
21:09dessa direita mais populista,
21:12mais extremista,
21:13piscando o olho para o Putin.
21:16Você tem isso nos Estados Unidos,
21:18você tem isso,
21:19o partido da Marine Le Pen
21:20está cheio de gente que gosta do Putin,
21:23entendeu?
21:23E isso não acontece no partido da Meloni, na Itália.
21:26Ela é uma liderança que,
21:28muito claramente,
21:30nesse conflito tem lado.
21:33E me parece muito simbólico
21:35da posição dela de centro-direita.
21:40Só porque, como eu sou o cara
21:42que entende menos disso,
21:43queria só perguntar uma coisa simples.
21:47É possível dizer
21:49que a direita ganhou espaço?
21:51Considerando centro para a direita.
21:56A centro-direita ganhou espaço
21:57no Parlamento Europeu, é isso?
21:58A centro-direita ganhou espaço?
22:00A centro não,
22:00a direita com todas as suas
22:02vertentes direitistas.
22:04Você pode escolher,
22:05os dois ganharam espaço aí,
22:06tanto a direita
22:07quanto a centro-direita.
22:10acho que também tem uma questão aí na Europa
22:14que é muito importante,
22:15que é a preocupação com a imigração,
22:17e com a segurança,
22:19e essas coisas,
22:20a direita se sai melhor.
22:24O Ale comentou essa coisa da cobertura,
22:27acho que tem super razão,
22:29é que eu acho que tem umas questões também,
22:33se a hora que você vai vender
22:34uma matéria jornalística para o seu editor,
22:38e aí você vira e fala assim,
22:40cara, eu tenho uma ótima matéria,
22:42sabe o partido da Ursula von der Leyen?
22:45Aí você fala,
22:46quem que é essa pessoa?
22:48O que ela fala de interessante?
22:50Com quem que ela briga?
22:52Não tem interesse.
22:56Aí você fala,
22:56não, aquela que era a sucessora da Angela Merkel,
22:59também não dá,
23:01que eles são moderados,
23:05de centro.
23:06Então é muito mais fácil
23:07quando você quer vender uma matéria,
23:10a expressão vender,
23:11a gente usa aqui muito dentro das redações,
23:13o repórter quer vender a matéria para o editor
23:15para ele ir lá e fazer a matéria.
23:17Ele fala,
23:18olha,
23:18aquela turminha de extrema-direita,
23:22usam esse termo,
23:23muitas vezes,
23:24completamente equivocadamente,
23:25a extrema-direita,
23:26em tese,
23:26é quem quer derrubar a democracia.
23:28A grande maioria desses daí
23:31não querem derrubar a democracia.
23:32Eles estão mais preocupados com a imigração,
23:34outras questões.
23:36Mas aí você fala,
23:37não,
23:37então aqui tem aquele louquinho da Alemanha
23:40que já elogiou,
23:42disse que o pessoal da SS
23:46não é nazista ou não é criminoso.
23:49E tem aquele...
23:50Então, assim,
23:50você consegue trazer uns personagens
23:53meio exóticos
23:56que compram briga,
23:59falam as neiras,
24:02e aí você traz uma materinha
24:03mais interessante
24:05que vai trazer mais leitores.
24:08Agora,
24:08fazer isso hoje,
24:10em 2024,
24:12eu li matérias aí na imprensa
24:13que foi,
24:14pô,
24:14essas matérias aqui
24:15são as matérias que a gente fazia
24:17em 2015,
24:19no Brexit,
24:20quando o Trump venceu,
24:22que ali a gente tinha essa ideia
24:25de que,
24:26puxa,
24:26agora a extrema-direita
24:27vai dominar o parlamento europeu
24:29o mundo inteiro,
24:30mas a Europa é um lugar
24:32onde a extrema-direita
24:34teve um freio pesado,
24:37mesmo olhando dentro
24:41do parlamento europeu,
24:42onde,
24:44como as pessoas não estão votando
24:45tanto para o próprio governo,
24:48elas têm mais liberdade
24:50de fazer um voto de protesto,
24:52ou um voto
24:53que vá mais de acordo
24:54com os medos
24:56que elas sentem,
24:57às vezes é um voto
24:58mais engajado,
24:59então,
24:59putz,
25:00de repente é isso,
25:02o cara votou no Macron,
25:04mas depois votou
25:05na Marine Le Pen
25:05e no parlamento europeu,
25:07isso pode acontecer,
25:09quer dizer,
25:09às vezes,
25:10e são essas pessoas
25:11mais engajadas
25:12que votam
25:13nas eleições
25:13do parlamento europeu,
25:14porque é uma eleição
25:16menos importante,
25:17você não está realmente
25:18decidindo
25:19como é que vai ser
25:20a sua vida
25:20amanhã
25:22ou ano que vem,
25:23mas ali é o pessoal
25:24que fica só discutindo
25:26a coisa lá em Bruxelas,
25:28né,
25:29então,
25:29assim,
25:30é uma turma
25:31menos,
25:33tem menos gente
25:33que se interessa
25:34no parlamento europeu,
25:36essas pessoas
25:36tendem a votar
25:37mais nos partidos,
25:38tanto dos espectros,
25:40né,
25:40das pontas aí
25:41do espectro,
25:42da esquerda
25:43e da direita,
25:44mas ainda assim
25:44no parlamento europeu
25:45eles tiveram
25:47um freio
25:48importante,
25:49né,
25:50então,
25:51eu acho que,
25:52só que é isso,
25:52a hora que você dá
25:53o resultado todo,
25:54pô,
25:54o EPP,
25:55centro-direita,
25:56foi o mais votado,
25:57Ursula von der Leyen,
25:59ninguém vai ler
26:00essa nota,
26:00né,
26:01ninguém vai ler
26:02essa matéria,
26:03essa reportagem,
26:04então,
26:04eu acho que
26:05tem uma busca aí
26:07por leitor
26:09na imprensa,
26:11que traz,
26:12então,
26:12isso,
26:13tenta forçar um pouco
26:14a mão
26:16nessa notícia
26:17da extrema-direita,
26:19mas a hora que a gente
26:19vê os números ali,
26:21você não consegue achar isso.
26:23Tá certo.
26:25Esse comentário
26:26do Duda
26:27foi ótimo,
26:28porque eu estava,
26:28ele falando,
26:29eu estava lembrando
26:30o Javier Millet,
26:31que era bem isso,
26:32né,
26:32toda a notícia,
26:34toda a cobertura
26:35sobre o Javier Millet
26:36era sobre as esquisitices,
26:38as frases estranhas,
26:40as manias e tal,
26:41aí o sujeito vai,
26:42ganha a eleição,
26:43vira o presidente
26:44da Argentina
26:44e o Tom
26:46continua o mesmo,
26:47né,
26:47quer dizer,
26:47a Argentina,
26:48até a última hora
26:50que eu olhei,
26:51continua normal,
26:52está lá,
26:53ele está tocando
26:53a vida dele,
26:54está presidindo o país
26:55de uma maneira
26:56normal,
26:57responsável,
26:58mas continua
26:59essa obsessão
27:00de só pautar
27:02a Argentina
27:03e só pautar
27:04a Millet
27:04para falar
27:05de esquisitice,
27:06aí ele cometeu
27:07uma gafe,
27:08a frase,
27:09não sei o quê,
27:10mas o que é
27:11o dia a dia
27:12do governo dele,
27:13ninguém está nem aí,
27:13então acho que
27:14esse comentário
27:15é óbvio.
27:16Uma última coisa
27:18também é o seguinte,
27:18que ele falou,
27:19eu achei importante
27:20você falar,
27:20Duda,
27:21sobre imigração,
27:22porque existe
27:23uma discussão,
27:24claro,
27:24sobre a questão
27:27geral da imigração,
27:28o que se faz
27:29com o imigrante,
27:30o chamado
27:31imigrante econômico,
27:33ou aquele que
27:34vem de guerras e tal,
27:35não é imigração
27:37normal,
27:37do fluxo
27:38que qualquer país
27:38tem,
27:39mas esse fluxo
27:41repentino,
27:42às vezes,
27:42porque um país
27:43entrou em guerra
27:43ou está
27:44numa crise econômica
27:45e tal,
27:46o que você faz
27:47com isso?
27:48É claro que
27:49dentro de cada país,
27:50a gente fala genericamente
27:51de Europa,
27:52mas cada país,
27:53claro,
27:53tem sua realidade,
27:54lida com isso
27:55de uma maneira.
27:56Agora,
27:57é importante também
27:58que quando você
27:59faz essa decisão
28:00para o parlamento
28:02europeu,
28:03existe uma outra
28:04mensagem que é,
28:05independente da minha
28:06posição sobre imigração,
28:08quem tem que decidir
28:10isso é o meu
28:11parlamento,
28:12é o parlamento
28:12que conhece
28:13o meu país,
28:14a minha realidade
28:14e não um bando
28:16de ET lá
28:17em Bruxelas,
28:18entendeu?
28:19Que vai ficar,
28:20ah,
28:21esse ano
28:21a Inglaterra
28:22tem que receber
28:23um milhão de pessoas,
28:24ué,
28:25mas peraí,
28:25isso tem um impacto
28:26enorme,
28:27né?
28:27Ah,
28:28quer dizer,
28:28isso era antes do Brexit,
28:29né?
28:30Agora nem tem essa conversa,
28:32mas,
28:32ah,
28:32agora a Alemanha
28:34tem que chamar
28:36mais não sei quantos
28:36milhões para dentro,
28:37mas quem decide isso,
28:39né?
28:39Quer dizer,
28:39quem decide é um sujeito
28:41lá no parlamento
28:41europeu,
28:42é uma questão muito
28:43importante,
28:44é quase uma engenharia
28:45social,
28:46é algo que muda
28:46a demografia
28:48de um país
28:49de uma maneira,
28:50a história e a cultura
28:51de um país
28:51de uma maneira
28:51muito profunda,
28:53então faz todo
28:54sentido que mesmo
28:55que o eleitor
28:56alemão,
28:57francês,
28:58italiano,
28:59ele tem uma posição,
29:00qual seja a posição
29:01em relação
29:02à imigração,
29:03que ele se posicione
29:05no sentido de que,
29:06olha,
29:06bota alguém lá
29:08no parlamento europeu
29:09que vai mandar a decisão
29:10de volta para cá,
29:11porque nós queremos
29:12debater aqui no nosso país
29:13com a realidade
29:15do nosso país
29:16e nós queremos
29:17aqui dentro
29:18do olho no olho
29:20com o nosso representante
29:21chegar a uma solução
29:23que seja adaptada
29:24à nossa realidade,
29:24à nossa história,
29:25ao nosso momento
29:26e aos outros países
29:27da Europa
29:28que façam
29:28o que eles acharem melhor,
29:30mas não
29:30uma posição
29:31para todo mundo.
29:32Então,
29:33aqueles que se dizem
29:34eurocéticos,
29:35não é porque querem
29:35destruir a União Europeia,
29:37mas eles querem
29:37que o parlamento
29:39do país deles
29:40decida mais coisas.
29:42Acho que é isso mesmo.
29:45O discurso do Macron
29:48ontem
29:48chamando a Normandia,
29:50falando da...
29:51Aí você fala,
29:51o Macron menos,
29:52né, filho?
29:54A Europa não acabou
29:55porque você tomou
29:56um pau eleitoral,
29:57entendeu?
29:57Mas o Macron fez
29:59esse sensacionalismo,
30:00porque nos 80 anos
30:04do dia D
30:05e a Normandia,
30:05você fala,
30:06filho,
30:06mas o que isso tem a ver?
30:08Entendeu?
30:08Não tem nada a ver.
30:09A Europa não está acabando.
30:11Às vezes,
30:11e eu acho que é
30:12até uma posição
30:13muito defensável,
30:14quando cada país
30:15tem a sua identidade
30:17nacional reforçada,
30:19ele pode estar pronto
30:20para uma convivência
30:21harmônica
30:22com outros países,
30:23muito mais
30:24do que se ele tem
30:26uma regionalização
30:28forçada,
30:30na porrada,
30:31como a gente aqui
30:31se tivesse um Mercosul
30:33com a força
30:34que tem a União Europeia
30:35e de repente
30:36tivesse alguém,
30:37sei lá,
30:37em Lima,
30:39decidindo coisas
30:40para o Brasil,
30:41de repente o brasileiro
30:42ia ficar com raiva
30:43de argentino,
30:44de boliviano,
30:45de paraguaio,
30:46sem precisar,
30:47entendeu?
30:47Então,
30:48ainda bem que o Mercosul
30:49não manda nada.
30:56Obrigado.
Recomendado
10:59