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Um terço dos eleitores do país são “nem Lula, nem Bolsonaro”. o grupo é formado majoritariamente por mulheres e por pessoas com renda intermediária, de acordo com cruzamento de dados feito pela Quaest a pedido do jornal O Globo.
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Transcrição
00:00Os eleitores nem Lula nem Bolsonaro, ou seja, aqueles que não apoiam nenhum dos dois nomes,
00:07oscilam entre o desconhecimento das ações do atual governo e a rejeição às pautas importantes para o bolsonarismo,
00:16segundo dados de uma pesquisa genial Quest e de uma análise do projeto Plaza Pública.
00:22Um terço dos eleitores do país são nem Lula nem Bolsonaro.
00:27O grupo é formado majoritariamente por mulheres e por pessoas com renda intermediária,
00:33de acordo com o cruzamento de dados feitos pela Quest a pedido de jornal O Globo.
00:39Rodolfo Borges, muito boa tarde. Um terço é nem Lula nem Bolsonaro.
00:46Parece que esse grupo é bastante importante, né?
00:49Boa tarde a todos. Esse terço, Inácio, é o terço que define, ou que tem definido as últimas eleições no Brasil.
00:55É um pouco meio assim, em todo mundo, né? Que se polarizou muito entre esquerda e direita.
01:02O Bolsonaro conseguiu se estabelecer como esse outro polo ao Lula.
01:07Conseguiu ser eleito uma vez, não conseguiu ser reeleito.
01:12Quando o Bolsonaro conseguiu ser eleito, o Lula estava preso.
01:15E isso colaborou muito para que o Bolsonaro tenha conseguido chegar à presidência da República.
01:21E quando o Lula conseguiu agora a terceira eleição à presidência da República,
01:26o Bolsonaro estava muito desgastado por conta da pandemia de Covid.
01:30Muito também, principalmente pela forma como ele se comportou durante aquela pandemia.
01:36E aí, desde então, os dois estão aí polarizando.
01:40E mesmo o Bolsonaro inelegível, até 2030, ele segue, ele consegue.
01:46E a gente tem falado muito sobre isso aqui, porque faz manifestação de rua.
01:51A base de oposição ao governo Lula já faz algumas semanas está concentrada
01:56na prioridade de tentar anixiar, não apenas os condenados pelo 8 de janeiro,
02:04mas também, e por consequência, o Jair Bolsonaro.
02:07Então, por enquanto, ele consegue manter essa tensão aí de que ele pode vir a ser o candidato da direita em 2026
02:17e, portanto, vai liderando também a oposição ao governo Lula.
02:22Agora, é isso.
02:23Essa pesquisa, a gente tinha chamado de atenção para a pesquisa Quest,
02:26aqui no Antagonista, porque isso mostra o que a gente vem dizendo também aqui há muito tempo.
02:32Boa parte da população brasileira está cansada dessa polarização muito intensa.
02:38Ficou de tal forma que a gente tem dificuldade até de discutir políticas públicas.
02:43O governo Lula veio com essa proposta de PEC da segurança pública.
02:48Mas, ainda que ela venha a ter algum benefício,
02:52e aí é preciso que os parlamentares discutam, analisem friamente o que está sendo proposto
02:59e quais são os problemas do país, tudo que passa ali pelo Congresso,
03:03hoje, entra numa lógica de oposição e de situação, que é normal,
03:09mas, nessa intensidade, tende a prejudicar a tentativa de solucionar problemas do país com o da segurança pública.
03:17Então, tem um contingente grande aí de pessoas que estão cansadas disso agora.
03:22Elas precisam de alternativas políticas.
03:24E esse é o grande problema.
03:25É muito mais fácil chamar a atenção das pessoas e demandar o voto delas
03:32se você pinta quadros catastróficos,
03:35se você diz que o seu oponente é nazista, como o PT fez,
03:40não só com o Bolsonaro, mas com todos os outros adversários do PT
03:44ao longo da década de 90 e no início dos anos 2000,
03:48o Bolsonaro foi aquele primeiro que não se constrangeu tanto
03:52quanto se constrangia o Aécio Neves, mesmo o Fernando Henrique,
03:56que é esse aí o Lula nunca conseguiu vencer,
03:59mas o Geraldo Alckmin, que hoje é um aliado do Lula.
04:02O Bolsonaro foi esse que não se constrangeu, enfrentou e conseguiu chegar à presidência.
04:07Agora, é isso.
04:08E a gente falou isso aqui essa semana, semana passada eu vou repetir.
04:11A esquerda brasileira se desgastou muito nessa tentativa de tirar o Lula da cadeia
04:15e agora a direita passa por um processo parecido.
04:21Então, põe em questão vitórias aí da população brasileira como a lei da ficha limpa,
04:27vamos desidratar a lei da ficha limpa para ver se o Bolsonaro consegue se livrar.
04:31E a pergunta, no final dos contos, para esse eleitorado de direita é
04:34de que vai valer esse Bolsonaro, caso ele consiga virar candidato em 26,
04:39se a direita tiver que passar por cima de uma série de valores
04:43que vai degradar ainda mais a figura pública do Bolsonaro.
04:48É o que aconteceu com o Lula e esse governo dele hoje aí
04:50mostra que ele carrega, sim, um passivo muito grande
04:55desse desmanche da operação Lava Jato e o governo dele não consegue escapar disso
05:03por mais que tenha seus discursos e por mais que tenta iludir a população
05:06com medidas inócuas como essa tentativa aí de controlar a inflação
05:10sem fazer nada efetivo para conseguir limitar o preço dos alimentos, por exemplo.
05:17Pois é. Vamos ver algumas artes que nós separamos aqui nossa equipe
05:21para falar sobre justamente esses resultados.
05:25Olha aí, 54% das pessoas não tem posicionamento,
05:31portanto, não quer nem para um lado nem para o outro.
05:3458% se considera lulista, estamos falando dos eleitores nem-nem.
05:4051% não é lulista, mas está mais à esquerda.
05:4557% é não bolsonarista, mas mais à direita.
05:51E 51% é bolsonarista.
05:54Se a gente analisar esses números, é interessante que os lulistas
05:59são parte importante dos nem-nem.
06:03Quer dizer, então, é gente que está desapontada com o governo Lula.
06:08O que é que você acha que o Lula conseguiria fazer mais para frente?
06:12Antes, vamos continuar aqui a análise,
06:15antes de voltar para o Rodolfo aqui.
06:1649% se diz lulista, ganha até dois salários mínimos.
06:25Entre dois e cinco salários mínimos está uma faixa de 35%
06:29e as pessoas que ganham mais de cinco salários mínimos em 16%.
06:33Então, temos realmente ainda uma base grande entre os lulistas,
06:40as pessoas com uma renda menor.
06:42Já o bolsonarista é aquela faixa intermediária, é o mais grosso,
06:47com 42%, como a gente vê no último dado que está aqui aparecendo.
06:52Fazendo essa análise, Rodolfo, você crê que existe margem razoável
07:00tanto para um quanto para outro líder, Bolsonaro e Lula,
07:04tirando as questões de elegibilidade, estou falando daqueles seguidores deles mesmo,
07:08de conseguir arrebanhar parte desse nem-nem,
07:11ou ao contrário, os nem-nem tendem a crescer
07:14e deixar os bolsonaristas e lulistas cada vez mais isolados
07:19naquele piso e naquele teto que eles têm.
07:23É isso que acontece na reta final de toda eleição,
07:26não é só no Brasil, mas esses polos mais intensos,
07:31os candidatos tendem a amenizar o discurso,
07:34a fazer sinal de que não é tão radical assim.
07:39Mas aí fica essa contradição,
07:40porque um candidato que não esteja em nenhum dos polos,
07:47ele pode até ser mais agradável ali para esse nem-nem.
07:51Só que como é que ele vai cativar o nem-nem?
07:52Se ele não tiver um discurso mais intenso, mais radical,
07:56de maior ataque ao adversário?
07:59Porque o Bolsonaro surgiu, vamos lembrar,
08:02a esquerda brasileira gosta de colocar no Bolsonaro
08:05a culpa pela radicalização da política recente.
08:09Mas quem começou com essa história foi o Lula,
08:12com o discurso de herança maldita,
08:15com esse discurso de apontar a extrema-direita em todo canto,
08:19de chamar todo mundo de nazista.
08:21E aí foi se desenvolvendo uma reação a esse tipo de discurso.
08:26O Bolsonaro é o resultado disso.
08:28O Bolsonaro usa hoje ferramentas,
08:30e mesmo até o discurso,
08:32de uma forma muito parecida com o que o Lula fazia.
08:34E eles se alimentam, um alimenta o outro nessa dinâmica.
08:38Então, na hora próxima da votação,
08:41surgem aqueles temas que muitas vezes nem sequer vão ser tratados
08:48num governo, por exemplo, ao aborto.
08:51Até o governo Lula teve uma tentativa ou outra ali,
08:54marginal, de mexer com o aborto.
08:56Mas assim, não é uma questão premente.
08:58Mas para o Bolsonaro é.
09:00Rodolfo, falando inclusive sobre esse tema,
09:02eu preciso fazer só uma correção.
09:03No primeiro gráfico, aí está ele.
09:07Eu estava falando sobre quem são os neném,
09:09mas se refere ao público feminino e masculino.
09:12Então, aí temos 54% do público neném como feminino.
09:17E entre os lulistas,
09:1858% do público são as mulheres.
09:21Esse é um público,
09:22inclusive você estava falando agora
09:23de um tema bastante sensível a elas,
09:26que está perdendo força junto ao lulismo.
09:28Pelas últimas pesquisas,
09:30as mulheres estão se desiludindo,
09:33digamos assim, do lulismo.
09:35O Duda Teixeira até tratou,
09:37em uma análise sobre isso,
09:38falou, mencionou ali as frases que o Lula sempre disse,
09:43mas talvez agora as pessoas estejam prestando atenção
09:45um pouquinho mais
09:46em que ele revela
09:49posições sobre as mulheres
09:52que não são muito laudatórias.
09:54Mas aí também tem uma questão prática.
09:57É a mulher que vai fazer a compra no mercado,
09:59que tem o contato com o preço do alimento subindo
10:02e no momento é a inflação
10:03que está mais desagradando o eleitorado brasileiro
10:07de forma geral, mais ampla.
10:10Mas assim,
10:12o que essa pesquisa qualitativa veio trazer
10:15é um pouquinho de detalhamento
10:18sobre quem são esses eleitores aí
10:20que não estão nem com o Lula nem com o Bolsonaro.
10:22A gente vê ali, na comparação de renda e de gênero,
10:27que não tem assim muita diferença
10:29de um público para outro.
10:30A gente bota ali,
10:30mulheres são 54% dos nem-nem.
10:34Não é tanta diferença assim, né?
10:36É muito parecido um ou outro.
10:38Talvez ali,
10:39o que mais se destaca é mulheres como lulistas.
10:43O resto parece que está um pouco meio misturado mesmo,
10:47não tem muita distinção.
10:48Agora, esse é um público que merece muita atenção,
10:50não só pelo que ele significa,
10:53que é a possibilidade de o Brasil sair de uma lógica
10:56muito agressiva e divisiva eleitoralmente,
11:02mas também,
11:03talvez por conta disso,
11:06um público que tenha a capacidade
11:07de tirar a gente,
11:10o país,
11:11de alguma hora,
11:12dessa lógica mais agressiva de disputa eleitoral.
11:15talvez seja impossível se livrar disso para sempre.
11:19Isso não...
11:20O cenário hoje de rede social
11:21deixa tudo muito...
11:23muito agressivo mesmo,
11:26todo mundo sendo bombardeado toda hora
11:28com os defeitos dos seus adversários,
11:30vai ficando nervoso
11:31e vai elaborando aquilo ali dentro,
11:34vai ficando irritado,
11:35e é na hora de votar
11:36que você vai botar tudo para fora
11:38e você põe exatamente no oposto
11:40daquilo tudo que te incomoda,
11:44ainda que esse oposto,
11:46esse candidato oposto,
11:47não venha a fazer tudo aquilo que prometeu
11:49e nem aquele que foi derrotado
11:51fosse fazer aquilo que o seu adversário
11:53alegava que ele fosse fazer.
11:55Então,
11:56esse pedaço nem-nem do eleitorado
11:59é o pedaço que tem
12:00mais capacidade,
12:02mais frieza
12:03para analisar o que pode ser melhor para o país
12:06e a gente depende desse eleitorado
12:09para, de fato, melhorar coisas
12:10e resolver problemas
12:12que nós temos
12:13e que são históricos no país.
12:15Uma coisa que é muito comentada
12:17entre os analistas políticos,
12:18e você me corrija se eu estiver equivocado,
12:21é que para o Bolsonaro
12:22interessa manter a persona do Lula forte.
12:25Não forte o suficiente para ganhar uma eleição,
12:28mas forte o suficiente para precisar ser ele
12:30aquele que consegue bater o Lula.
12:33E o Lula a mesma coisa.
12:34Por mais que o Bolsonaro esteja inelegível,
12:37é importante manter o Bolsonaro na narrativa
12:40para que ele, Lula,
12:41seja a única solução que consiga ganhar
12:43de um nome bolsonarista.
12:47Então, a partir do momento que hoje
12:48temos, por exemplo,
12:50Bolsonaro,
12:51ao que nos consta até agora,
12:53inelegível,
12:54e Lula enfraquecido,
12:55talvez cogitando não disputar
12:58uma eleição de 2026,
13:00nomes,
13:01ainda que sejam dos espectros de esquerda e direita,
13:03mas um pouco mais centrados,
13:06um pouco menos mercuriais em seu comportamento,
13:09um pouco menos raivosos,
13:11um pouco menos maniqueístas,
13:14de uma forma geral,
13:16podem ganhar força.
13:18Mas eles não vão acabar sendo arrastados
13:20justamente para esses extremos,
13:22porque senão eles perdem esse voto extremista?
13:25Corremos o risco de ter apenas substitutos,
13:28ainda assim, com extremistas?
13:29É, mas assim,
13:31a minha perspectiva é de que
13:32qualquer substituto,
13:34e aí, claro, vai ter exceções,
13:36mas qualquer substituto
13:37para as personalidades
13:38que se estabeleceram muito fortes
13:40do Lula e do Bolsonaro,
13:42já vai amenizar muito
13:43os incômodos causados
13:45nos adversários,
13:47ou nos eleitores dos adversários,
13:49por eles.
13:50Então, assim,
13:51se vier o Tarcísio de Freitas,
13:52e o PT já percebeu isso,
13:53já começou a colar
13:54o Tarcísio de Freitas
13:56no Bolsonaro
13:57de uma forma mais intensa.
13:58E o próprio Tarcísio tem ajudado
13:59nessa empreitada do PT,
14:01porque o Tarcísio
14:02fez recentemente
14:04gestos para o Bolsonaro
14:09que aproximaram ele muito
14:10e tiraram ele
14:11de o que incomoda
14:12os bolsonaristas,
14:13que é, ah,
14:14o Tarcísio conversa com todo mundo,
14:16o Tarcísio elogiou o Obama,
14:17o Tarcísio
14:18falou com a viúva
14:20do Luther King,
14:21ele fez gestos
14:22para o pessoal de esquerda,
14:23e os bolsonaristas
14:23vão se incomodando.
14:24Mas isso é o que vai tornando
14:25o Tarcísio e esse candidato
14:27de centro-direita
14:28palatável
14:29e menos incômodo
14:30para os esquerdistas.
14:32Claro que não
14:32para os esquerdistas
14:33mais radicais,
14:34mas para um esquerdo
14:35ou para esses nem nem mesmo,
14:37que não estão mais,
14:38que podem até ter inclinações
14:39à direita ali, né?
14:40Tinha a direita que é,
14:41é direita,
14:42mas não é bolsonarista.
14:43Então ele pode
14:44se sentir mais confortável
14:46de votar para o Tarcísio.
14:47E o PT já percebeu isso
14:48diante da perspectiva
14:51de que o Bolsonaro
14:51não conseguirá
14:53ser o candidato
14:54à direita em 1926.
14:55Agora, ao mesmo tempo,
14:56eu tenho dito aqui sempre
14:57que a melhor chance
14:59do Bolsonaro
14:59se tornar candidato
15:00em 2023,
15:01ou em 1926,
15:02é que o Lula
15:03precise dele desesperadamente.
15:05É a única chance
15:06que,
15:07se ficar no quadro,
15:08e esse é o quadro
15:08que está um pouco hoje aí,
15:10se a única vantagem
15:11do Lula for,
15:12como foi em 1922,
15:13não ser o Bolsonaro,
15:15então é possível
15:16que tenha
15:16alguma gestão
15:19ali política
15:19que permita
15:20que o Bolsonaro
15:21acabe virando
15:22esse candidato
15:23à direita,
15:24mas para ser derrotado.
15:25Se ele será derrotado,
15:27aí é um risco
15:28que a esquerda brasileira
15:30vai ter que calcular.
15:32Mas essa me parece
15:32a melhor chance
15:33do Lula hoje.
15:34O melhor argumento
15:35do Lula é
15:35não ser o Bolsonaro.
15:36Assim como o melhor argumento
15:37do Bolsonaro é não ser o Lula.
15:46do Lula hoje.

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