- 29/06/2025
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) é um daqueles parlamentares que conseguem exercer com muita dignidade a tarefa de fiscalizar os outros poderes.
Na semana passada, Vieira apresentou um requerimento – via Lei de Acesso à Informação – para obter detalhes sobre quem custeou a participação do ministro Gilmar Mendes em ao menos onze eventos realizados no último ano no Brasil e no exterior. Vieira alega que não existem informações transparentes sobre conflitos de interesse que a participação de um ministro do STF nesses eventos possa acarretar.
“A pedra basilar do judiciário é a credibilidade. E a conduta de determinados ministros, ela vem progressivamente destruindo essa credibilidade. Se chegou em Brasília hoje a um nível de alienação da sociedade, de distanciamento dos ministros em relação à sociedade que eles sequer percebem o que estão fazendo. É a naturalização do absurdo”, disse o parlamentar a Crusoé Entrevistas...
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Na semana passada, Vieira apresentou um requerimento – via Lei de Acesso à Informação – para obter detalhes sobre quem custeou a participação do ministro Gilmar Mendes em ao menos onze eventos realizados no último ano no Brasil e no exterior. Vieira alega que não existem informações transparentes sobre conflitos de interesse que a participação de um ministro do STF nesses eventos possa acarretar.
“A pedra basilar do judiciário é a credibilidade. E a conduta de determinados ministros, ela vem progressivamente destruindo essa credibilidade. Se chegou em Brasília hoje a um nível de alienação da sociedade, de distanciamento dos ministros em relação à sociedade que eles sequer percebem o que estão fazendo. É a naturalização do absurdo”, disse o parlamentar a Crusoé Entrevistas...
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NotíciasTranscrição
00:00Olá gente, bem? Dessa vez eu estou aqui com o senador Alessandro Vieira, do MDB e TG,
00:16para a gente falar sobre vários assuntos, sobre a tragédia do Rio Grande do Sul e sobre esse
00:21movimento do Supremo Tribunal Federal, até inédito. E eu vou analisar patrocínio,
00:29que é algo que até não se via. Senador, muito obrigado pela presença aqui nas plataformas
00:35de um antagonista cruzoé. É um prazer estar com vocês, conversando com esse público tão grande.
00:42Senador, eu queria começar sobre a questão do seu projeto, sobre a instituição de um sistema
00:52de calamidade pública, quer dizer, de você instituir já ali como uma legislação, você garantir
00:58para a população um pagamento de um auxílio emergencial em casos como esse no Rio Grande
01:04do Sul. É uma tragédia de proporções nunca antes vistas, mas que ela demanda de fato uma
01:13agilidade do poder público na resposta. E a gente sabe que o poder público, pelas questões
01:18burocráticas, ele acaba não sendo tão efetivo para dar essa resposta. E a sua proposta,
01:25o projeto de lei 1580, ele, de certa forma, ele já garante em lei, pelo menos um auxílio,
01:33que é um auxílio emergencial para as vítimas. Eu queria que o senhor explicasse um pouco para a gente
01:37qual é a intenção desse projeto e como é que ele poderia ser, de fato, útil em uma situação como essa.
01:43A gente tem um aprendizado com a crise causada pela pandemia da Covid, daquilo que foi utilizado
01:52e funcionou, aquilo que não funcionou tão bem, para proteger as pessoas nesse momento de crise.
01:57Então, é muito claro que nós precisamos de um regime fiscal extraordinário para poder fazer esse repasse,
02:04essas contratações com a velocidade necessária. Para quem nos acompanha, em regra, o poder público,
02:11para criar uma despesa, tem que ter uma receita, uma compensação, para poder não desorganizar as contas.
02:17Mas quando você está num estado de calamidade, a gente literalmente abre a possibilidade de ter
02:22essas contratações, esses gastos todos realizados, sem limitadores, para que você possa dar pleno
02:29atendimento às pessoas e a reconstrução, no caso, do estado do Rio Grande do Sul.
02:34Isso não se confunde com bagunça, com irresponsabilidade fiscal.
02:39É apenas você remover as traumas burocráticas.
02:42Tudo tem que ser computado, contabilizado, de forma isolada,
02:47já que depois você passa no peito fino no futuro, mas atendendo a urgência, a emergência instantaneamente.
02:53E, ao mesmo tempo, o aprendizado da pandemia nos traz a questão do auxílio emergencial.
02:57Hoje, no Rio Grande do Sul, praticamente toda a atividade econômica está paralisada.
03:05Naqueles municípios que tiveram prejuízos mais severos, alguns totalmente destruídos,
03:11as pessoas não terão renda.
03:14Então, a gente tem uma sequência de coisas para fazer, uma sequência lógica.
03:18Ontem foi instalada aqui no Senado a Comissão para Acompanhamento Externo dessa crise,
03:23que, dentro das coisas, vai ter a responsabilidade de sugerir providências.
03:28E uma das providências desse projeto é o 1580, que ele protocolou na noite de segunda-feira,
03:33que garante um auxílio emergencial de R$ 600,00 para aquelas pessoas que ficaram sem renda alguma
03:39e que não têm a cobertura de outros sistemas de proteção que poderiam ser ativados,
03:44seguro-desemprego, por exemplo, algum benefício de prestação continuada.
03:48Enfim, é para você ter um colchão de proteção muito básico para aqueles que vão ficar agora,
03:53durante 60 dias, 90 dias, sem nenhum tipo de renda.
03:57A gente espera que o governo tenha a sensibilidade de entender a gravidade da situação
04:01e o respeito à experiência que o Congresso tem no tratamento com esse tipo de situação
04:07para encaminhar soluções.
04:08Inclusive, propôs uma PEC para agilizar o repasso de recursos para o Rio Grande do Sul,
04:18mas o governo acabou encaminhando o PDL, o projeto de decreto legislativo,
04:22para a Câmara, que também foi aprovado pelo Senado.
04:24A gente conversava aqui nos bastidores antes da entrevista,
04:27que, na sua visão, o governo federal deu uma sinalização de que não confia tanto no Congresso,
04:35porque você poderia, pela PEC, incluir o Jabuti, Jabuti, para quem não lembra,
04:40aqueles trechos, aquele trecho de texto que não tem nada a ver com o teor original
04:44do projeto de lei, PEC, enfim, ou qualquer tipo de instrumento legislativo.
04:49Só acredito que, de fato, houve essa visão do governo federal
04:53de que não daria para empoderar mais uma vez o Congresso em um projeto,
05:00em uma situação como essa, de calamidade pública, senador?
05:02É mais ou menos isso.
05:05Você tem uma clareza técnica muito grande de que a PEC é o caminho adequado.
05:09Você vê que as próprias visitas que tiveram lá, com a presença do ministro Fachin,
05:13dentre outros, todos mencionaram, o presidente do Senado mencionou,
05:17a necessidade de um orçamento emergencial, na mesma linha do que tivemos
05:21no orçamento de guerra na pandemia.
05:24Essa relação executivo e Congresso, ela tem que encontrar um ponto de equilíbrio
05:30que hoje não está posto, na medida em que você tem uma desconsciência,
05:34uma desconfiança mútua e uma cobrança que me parece equivocada.
05:39Tem preocupação com o eventual jabuti, no momento de uma crise,
05:43que tirou de casa quase 300 mil, 200 mil famílias do Rio Grande do Sul,
05:50destruiu mais 300 municípios.
05:52Ao mesmo tempo que você manda para o Congresso para a votação jabuti de 15 bilhões de reais
05:58enfiado no projeto do novo DPVAT, me parece uma coisa hipócrita,
06:03para usar uma palavra leve, uma expressão leve.
06:06Não faz sentido.
06:08O que a gente tem que ter é clareza e, no final das contas,
06:11todos nós teremos as responsabilidades apuradas.
06:13Eu não consigo imaginar que num cenário desse, de destruição,
06:19numa PEC, você vai ter inserção de mecanismos estranhos ou equivocados.
06:25Até porque, por se tratar de PEC, você tem um controle maior.
06:29O texto a ser promulgado tem que ser consensual das duas casas.
06:35E esse comando fica na mão, muito fortemente, na mão do presidente do Congresso,
06:40que é o senador Rodrigo Pacheco, aliado do governo.
06:42Então, acho que existe um erro de interpretação,
06:46mas eu repito aqui, enfim, com vocês, o que eu falei na reunião com o governo.
06:51O foco agora é atender as pessoas.
06:53O PDL vai permitir um determinado atendimento,
06:57mas eu tenho absoluta convicção de que outras medidas serão necessárias,
07:01eles serão insuficientes.
07:04Repete-se aí, de certa forma, erros da gestão de crise do governo anterior,
07:09do governo Bolsonaro, que avaliou de forma equivocada
07:12dos riscos e acabou tendo um custo elevado político e econômico.
07:18Deixa eu virar um pouco a chave e trazer, sair um pouco do legislativo
07:23e entrar um pouco no Poder Judiciário.
07:25Nós temos acompanhado o ritmo de viagens dos ministros do Supremo Tribunal Federal para o exterior,
07:35inclusive alguns em eventos patrocinados pela iniciativa privada.
07:40O que, em situações normais, seria um escândalo,
07:43seria algo que todo mundo levantaria o dedo,
07:46mas no Brasil, infelizmente, se normalizou esse tipo de situação.
07:49O senhor, com base na LAI, apresentou um pedido, um ofício ao Supremo
07:55para saber quem custeou a participação do ministro Gilmar Mendes
08:00em ao menos 11 eventos realizados no último ano no Brasil e no exterior.
08:05que o Supremo pagou, inclusive para a gente ter essa transparência,
08:09para o senhor tentar elucidar, para a gente saber de fato quem pagou,
08:13quem está custeando essas passagens, porque o Supremo disse que não pagou.
08:18Nenhum órgão público disse que pagou.
08:19Os ministros também disseram que não pagaram.
08:22Afinal de contas, fica essa nuvem, essa nuvem cinzenta.
08:26Quem pagou? Quem tem custeado isso?
08:27Senador, a gente vê hoje uma situação em que a gente normaliza
08:35a falta de transparência dos órgãos públicos,
08:40porque, na prática, pelo menos eu aprendi isso no meu curso de jornalismo,
08:48se você é um magistrado, você não pode ficar participando de evento privado.
08:52Pelo menos você deveria dar transparência para esse tipo de situação.
08:55E, dependendo do caso, você pode até ter um conflito de interesses aí
08:59nesse tipo de situação, porque várias dessas empresas,
09:02algumas, inclusive, de empresas de cigarro,
09:05já foram citadas aí como possíveis patrocinadoras de eventos,
09:08empresas dessas que têm ação no Supremo Tribunal Federal.
09:12A pergunta que ele faz é a seguinte, senador.
09:15Tem faltado transparência para o STF?
09:18E outra coisa, esse tipo de situação nebulosa
09:21ajuda a minar ainda mais a imagem dos nossos ministros
09:26junto à população?
09:29Veja, numa democracia, o judiciário é fundamental.
09:32E a pedra basilar do judiciário é a credibilidade.
09:37E a conduta de determinados ministros,
09:40ela vem progressivamente destruindo essa credibilidade.
09:43se chegou em Brasília hoje a um nível de alienação da sociedade,
09:50de distanciamento dos ministros daquilo que a sociedade sente,
09:55em que eles sequer percebem o que estão fazendo.
09:58Então, a expressão que você usou é muito adequada,
10:00é a naturalização do absurdo.
10:02Eles tornam natural participar de jantares,
10:06festas com vescotes, com condenados e processados.
10:09Eles acham natural ter parentes atuando em processos
10:14junto à corte, que eles mesmos julgam.
10:16Eles acham natural receber vantagens diretas ou indiretas
10:22de pessoas que têm interesses,
10:24ou empresas que têm interesses em processos
10:26que tramitam na corte.
10:28E acham natural também não dar nenhuma explicação.
10:31Isso tudo vai levando a uma crise de imagem
10:36que prejudica toda a democracia.
10:38Não existe democracia sem um judiciário confiável,
10:43porque daí vira a lei do mais forte,
10:45no caso, mais forte econômica ou politicamente.
10:49O que eu estou fazendo, dando sequência ao que eu tenho feito
10:53em todo o mandato, é buscar a cobrança dessas informações,
10:57dessa transparência, é levar isso a público.
11:01E vamos continuar essa busca.
11:02A gente não teve ainda a resposta,
11:04tem um prazo ainda razoável para aguardar.
11:06Eu espero, nas próximas semanas,
11:09despachar com o presidente da Suprema Corte,
11:12Mínio Sparroso,
11:13tratando objetivamente desses temas,
11:15porque todos nós, brasileiros, democratas,
11:18temos interesse em preservar o judiciário.
11:21Porque, como disse, o judiciário é fundamental
11:23para o funcionamento do país.
11:24Mas ninguém numa democracia está acima da lei.
11:29Ninguém pode se colocar numa posição de intocável,
11:34que se incomoda com matérias publicadas na imprensa,
11:37que se incomoda com questionamentos legítimos,
11:41e não cumpre lei.
11:44É uma coisa absurda demais.
11:46Então, a gente vai fazer, sempre de forma muito equilibrada,
11:49respeitosa, mas muito firme,
11:51usando todas as ferramentas que a gente tem à disposição
11:54para levar a conhecimento dos brasileiros à realidade.
11:57E a realidade é hoje que nós temos ministros em Brasília
12:02que entendem como natural se reunir amistosamente
12:07com figuras que são ou já foram objeto de julgamento
12:12e com até mesmo condenação pela corte.
12:16É um problema grave,
12:17dentre tantos problemas graves que nós temos no Brasil.
12:22Isso, de certa forma, também não é um diagnóstico
12:25de que você tem uma deslutopia,
12:28você tem ali um problema crônico
12:32do nosso sistema de pesos e contrapesos,
12:37porque, pelo menos a gente se imagina,
12:40em uma democracia saudável,
12:42você não teria essa normalização do absurdo,
12:45como o senhor falou,
12:47se você tivesse um poder judiciário,
12:49um poder legislativo, perdão,
12:51que fosse forte atuante
12:52e que também não fosse complacente com certas atitudes.
12:55No Senado, temos aí vários pedidos de impeachment
12:59de ministros do Supremo Tribunal Federal
13:01que sequer são analisados,
13:03que não vão para frente,
13:06que ficam ali na gaveta do presidente de ocasião.
13:11E o que a gente vê hoje,
13:13e aí eu falo sem qualquer tipo de puxa-saquismo,
13:17é que o que a gente vê hoje
13:19é que temos pouquíssimos senadores,
13:21e o senhor é um deles,
13:22que ainda cobre o Senado de alguma coisa.
13:24Eu conto nos dedos aqui,
13:25é o senhor, o senador Eduardo Gerão,
13:28enfim, então são pouquíssimos
13:30que ainda fazem alguma coisa.
13:32O Senado também não poderia ser mais ativo
13:34nesse sentido?
13:35De fato, de atuar como um...
13:38como órgão fiscalizador,
13:40como de fato exercer o seu poder
13:42de fiscalização de outros poderes,
13:44e não apenas de endossar
13:46essa atitude, essa naturalização
13:47do absurdo dos outros poderes, Senado?
13:51Nós temos alguns desafios com relação a isso.
13:54A primeira é uma questão de sistema.
13:56O sistema desenhado na legislação
13:58que trata, por exemplo, do impeachment,
14:00ele concentra poderes na mão
14:02do presidente da casa.
14:04E isso permite que a cada ciclo legislativo
14:07você tenha dezenas de pedidos de impeachment
14:09que sequer são apreciados,
14:11eles são gavetados sumariamente,
14:13sem despacho.
14:13Um outro ponto, talvez mais grave de desafio,
14:18é você separar aquilo que é problema concreto,
14:22grave, estrutural,
14:23e aquilo que é discussão ideológica.
14:26Infelizmente, a polarização que nós vivemos,
14:29ela gera uma zona de conforto muito grande
14:31para quem está no poder,
14:33porque a polarização paralisa a discussão séria.
14:38Então, eu não tenho como.
14:40A Constituição não me permite
14:41discutir conteúdo de decisões.
14:43Eu não posso fazer isso no legislativo.
14:47Não faz sentido,
14:49do seu ponto de vista constitucional.
14:50Mas eu posso discutir o comportamento
14:53de determinados ministros.
14:55Eu posso discutir questões estruturais,
14:58de gestão, por exemplo.
15:00E é isso que a gente pretende fazer
15:01quando a gente busca esse tipo de discussão.
15:03O que eu vejo aqui é alguns colegas,
15:06e na Câmara dos Deputados também,
15:08derivando essa discussão
15:10para uma batalha ideológica,
15:11para um terceiro turno eleitoral.
15:13E aí você paralisa tudo,
15:15porque você não consegue avançar.
15:17A gente tem coisas muito sérias
15:18para tratar com relação ao judiciário.
15:21E bastaria que as obrigações
15:23que são impostas ao magistrado
15:25de primeira instância
15:26também valessem para os ministros.
15:28Isso resolveria absolutamente tudo.
15:30porque se um magistrado de primeira instância
15:33vai para um resort cinco estrelas
15:37financiado pelo réu de alguma causa
15:40que ele vai julgar,
15:41ele vai ser sumariamente afastado
15:42pelo CNJ.
15:44E mais adiante vai ser punido,
15:46condenado,
15:47enfim, aposentado,
15:48o que quer que seja.
15:49Mas para os ministros isso é natural.
15:52Não gera nenhum tipo de repercussão.
15:54Ele sequer tem corrigidoria.
15:55Não tem nenhuma ferramenta
15:57de autocontenção.
15:59Isso é muito negativo.
16:01Então,
16:02a gente tem tentado,
16:03junto com os colegas,
16:04fazer esse trabalho
16:06de conscientização
16:07de que, olha,
16:07tem uma batalha política,
16:09tem uma batalha ideológica,
16:10isso tudo é legítimo,
16:12mas não é viável
16:13fazer batalha ideológica,
16:15política,
16:16através de pedido de impeachment,
16:17através de CPI.
16:18Não é o caminho constitucional.
16:21Mas essas ferramentas,
16:22elas têm um valor muito grande
16:24se forem utilizadas
16:25de forma muito focada
16:26e muito técnica
16:27naquilo que ela se destina.
16:30Como, por exemplo,
16:31elucidar essa rede
16:32de patrocínios para eventos.
16:34Porque o ministro
16:35que a cada mês
16:35recebe um patrocínio
16:37para alguma viagem de luxo
16:39tem contas a prestar.
16:41Tem explicações para dar.
16:43E o legislativo
16:44tem toda a legitimidade
16:45de fazer essa cobrança.
16:46para conteúdo de decisões,
16:49se por acaso
16:50existe alguma decisão
16:51com a qual o Congresso
16:53não se conforma,
16:54o caminho é legislar.
16:57Porque o judiciário decide
16:58com base na legislação
16:59que nós temos.
17:00Se a decisão está fora
17:01daquilo que nós entendemos
17:02que é o correto,
17:03a gente legisla
17:03e, para o futuro,
17:05você corrige isso.
17:07O Brasil passa
17:08por uma paralisia grande.
17:10E essa paralisia,
17:11ela só beneficia
17:12os oportunistas,
17:13aqueles que estão
17:14com foco em eleição,
17:15foco em votos,
17:16em fidelização de base.
17:19Se a gente conseguir romper
17:19esse ciclo,
17:20acho que a gente consegue
17:21dar passos em direção
17:22de um Brasil mais justo
17:23para todos.
17:26Algo que aí,
17:27só para a gente
17:28já encaminhar
17:29para o nosso encerramento,
17:31quando a gente fala
17:33de que você precisa
17:35quebrar essa polarização,
17:37que você precisa
17:38olhar para frente,
17:39que você precisa
17:40de fato ter um espírito público,
17:41a gente fala
17:42muito de coerência.
17:43cobrar.
17:46É aquele ditado
17:47tipicamente nordestino,
17:49o pau que dá em Chico
17:50e também dá em Francisco.
17:52Então, você não pode
17:52transformar essas questões
17:53que são tão essenciais,
17:55são tão sensíveis
17:57em uma briga
17:58meramente ideológica.
18:00E aí, eu quero
18:00tocar num ponto
18:01que talvez
18:01é um ponto
18:02que o senhor
18:03com certeza acompanha,
18:04afinal de contas,
18:05o senhor
18:05era delegado de polícia
18:07antes de ser senador,
18:09que também demonstra
18:12um pouco
18:13essa sensação
18:13de verdadeiro descaminho
18:18no nosso país,
18:20que são essas decisões
18:21judiciais do Supremo
18:22que são tomadas
18:22ao sabor dos eventos,
18:23ao sabor
18:24do que se...
18:26ao sabor
18:26da ideologia
18:28de plantão,
18:28digamos assim.
18:30O Supremo,
18:31eu estou pegando,
18:31por exemplo,
18:32o ministro Dias Toffoli,
18:33ele tem revestido
18:34várias decisões
18:35da Operação Lava Jato,
18:36várias.
18:36partindo de alguma...
18:40de premissas
18:41muito pontuais
18:43de todo um trabalho
18:44que foi feito
18:45ao longo de anos.
18:48Na sua visão,
18:49eu queria
18:49a sua visão técnica,
18:51como homem
18:51que trabalhou
18:52com investigação
18:53no geral,
18:55como é que o senhor
18:56analisa
18:57esse tipo de postura
18:59de você ter um tribunal
19:00que em um momento,
19:02em 2015,
19:022016,
19:03julga de um jeito
19:04determinada causa
19:05e aí,
19:06com o passar do tempo,
19:08você julga
19:09essa mesma causa
19:10de uma outra forma,
19:11com outro olhar,
19:12a partir de alguns elementos
19:14que vieram,
19:14mas que não necessariamente
19:17são elementos de prova
19:18quando a gente fala
19:19de direito penal.
19:20Como é que o senhor enxerga isso?
19:21Isso também não ajuda
19:22a passar para a população brasileira
19:24uma sensação de que,
19:25nossa,
19:26o Supremo
19:27tem colaborado
19:28para essa rinha,
19:29para essa rixa,
19:30para essa briga política
19:31que a gente vive hoje?
19:31Aí você tem,
19:35acima da disputa política,
19:36uma consolidação
19:38da impunidade,
19:40que sempre foi regra
19:40no Brasil.
19:42Sempre foi regra
19:42no Brasil
19:43que os poderosos
19:44não sejam processados,
19:45não sejam punidos,
19:46não sejam condenados,
19:48não sejam sequer
19:48incomodados
19:49pelas autoridades
19:50que fiscalizam.
19:51No caso específico
19:53do ministro Toffoli,
19:54você percebe
19:55uma sequência
19:56de decisões monocráticas
19:58que aparentam ser
19:59absolutamente equivocadas,
20:01enviesadas
20:01e que, inclusive,
20:03se imagina,
20:04serão corrigidas
20:05pelo pleno,
20:07porque ele extrapola
20:08situações
20:09para beneficiar
20:11determinados réus
20:12e um entendimento
20:13absolutamente inusitado,
20:16atendendo
20:18a um pleito
20:19da banca de advogados
20:20onde milita
20:21a sua esposa.
20:22É uma situação
20:24que sequer
20:25deveria ser admitida.
20:27mas você não precisa
20:29entrar no debate
20:30da Lava Jato,
20:31que é um tema
20:31que polariza.
20:33Você pode pegar agora
20:34uma decisão
20:34de uma semana,
20:35duas semanas atrás
20:36do ministro
20:37Cássio Nunes,
20:39que gerou um bloqueio
20:40de quase meio
20:41bilhão de reais
20:42numa causa trabalhista
20:43no Estado do Maranhão,
20:46também de forma
20:46absolutamente inusitada,
20:48monocrática,
20:50atropelada,
20:51que gera espanto
20:52para os colegas ministros.
20:54Então, tem um monte
20:55de coisa
20:56que é feita
20:57com personalismos,
20:59vamos levar
21:01de uma forma
21:03extremamente benevolente
21:05um manto
21:06de vaidade
21:07excessiva
21:08e que vai
21:09deixar
21:09por terra
21:11a confiança
21:11na justiça.
21:12A gente tem
21:13a obrigação
21:14de cobrar
21:15estarecimentos,
21:16de fazer essa fiscalização,
21:18de dar
21:18transparência
21:19das pessoas
21:20e sempre tentando
21:20evitar
21:21os pontos
21:23de maior disputa
21:24ideológica.
21:24A disputa ideológica
21:25tem seu lugar,
21:26ela é válida
21:27no campo da política,
21:29no campo do judiciário,
21:31das investigações,
21:32não.
21:32Então,
21:33se eu tenho fatos
21:34que estão provados,
21:35se eu tenho um criminoso
21:36que confessa o crime,
21:38que devolve
21:39o produto do crime,
21:41que aponta
21:42como esse crime
21:42aconteceu,
21:44que você tem
21:45um mar
21:46de evidências
21:46que se somam,
21:47todas elas técnicas
21:48e bem comprovadas
21:50que mostram
21:51tudo isso que aconteceu.
21:53E alguém
21:53tira da cartola
21:54uma anulação,
21:56isso tem que ser esclarecido,
21:58porque vai chegar
21:58um ponto
21:59de não ter tolerância
22:00na sociedade,
22:01o descrédito
22:01vai ser elevado
22:02e aí aqueles crimes
22:04cada vez mais
22:06serão ignorados,
22:08as pessoas
22:08perdem confiança.
22:10Não é um caminho fácil,
22:11a gente está falando
22:12de esferas de poder
22:14historicamente
22:16intocadas
22:16no país
22:17e que não estão
22:19só lá nas cortes,
22:20elas estão
22:20em grandes empresas,
22:22elas estão
22:22nas bancas
22:23de advogados,
22:24elas estão
22:24no funcionalismo
22:25público aqui
22:25no Congresso.
22:27É um desafio
22:28enfrentar isso,
22:29mas o Brasil
22:30só vai se transformar
22:31num país desenvolvido
22:32quando nós superarmos
22:34essa barreira
22:35de impunidade
22:35e corrupção
22:36que nos paralisa.
22:38Da minha parte,
22:39eu vou continuar
22:39na luta aqui,
22:40tentando dar
22:40minha contribuição.
22:44Senador
22:44Alessandro Vieira,
22:45muito obrigado
22:46mais uma vez
22:46pela entrevista,
22:47pela conversa,
22:48pelo diálogo,
22:50sempre franco,
22:52incisivo,
22:53e espero contar
22:54com o senhor
22:55em outras oportunidades
22:56aqui nos programas
22:57das plataformas
22:57de O Antagonista
22:58de Cruzeiro.
22:59Grande abraço.
23:00Um abraço,
23:01estou sempre à disposição.
23:02amigua,
23:03amigua,
23:16amigua,
23:18amigua,
23:19amigua,
23:19amigua.
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