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00:00:00A CIDADE NO BRASIL
00:00:30A CIDADE NO BRASIL
00:01:00A CIDADE NO BRASIL
00:01:29A CIDADE NO BRASIL
00:01:59A CIDADE NO BRASIL
00:02:01A CIDADE NO BRASIL
00:02:03A CIDADE NO BRASIL
00:02:05A CIDADE NO BRASIL
00:02:07A CIDADE NO BRASIL
00:02:09A CIDADE NO BRASIL
00:02:11A CIDADE NO BRASIL
00:02:15A CIDADE NO BRASIL
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00:02:19A CIDADE NO BRASIL
00:02:21A CIDADE NO BRASIL
00:02:23A CIDADE NO BRASIL
00:02:27A CIDADE NO BRASIL
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00:02:31A CIDADE NO BRASIL
00:02:33A CIDADE NO BRASIL
00:02:35A CIDADE NO BRASIL
00:02:37A CIDADE NO BRASIL
00:02:39A CIDADE NO BRASIL
00:02:41A CIDADE NO BRASIL
00:02:43A CIDADE NO BRASIL
00:02:45CELEBRATOS
00:02:47O A CIDADE NO BRASIL
00:02:49O CHAPÉCÓ
00:02:51EDUARDO
00:02:53A CIDADE NO BRASIL
00:02:56O Chapecó tem uma particularidade, é um lugar pequeno, uma comunidade pequena,
00:03:08comparando com onde a maioria dos clubes, principalmente do Brasil, são grandes cidades.
00:03:15E próximo a Chapecó não tem clube nenhum.
00:03:19Desde a fundação, lá em 1973, sempre tudo foi com muito sacrifício,
00:03:23com muita dificuldade, principalmente financeira.
00:03:27Praticamente não era um time de futebol, eles montavam uma família,
00:03:30sempre montavam uma família e tratavam os jogadores de forma diferente,
00:03:34tanto que eles se comprometiam de uma forma diferente também.
00:03:37Tínhamos diversas dificuldades.
00:03:39A primeira dificuldade é que não tínhamos um estádio adequado.
00:03:42A segunda dificuldade é que nós não tínhamos o número de habitantes
00:03:46que eram exigidos pela CBF na ocasião.
00:03:50Em 1977, a Chapecó tornou-se campeã do Estado,
00:03:58quatro anos depois de ser fundada.
00:04:01A Chapecoense!
00:04:06Passamos a ter a participação no campeonato brasileiro da época,
00:04:10que era formado por 60 clubes do Brasil, divididos em regiões.
00:04:14Não havia dirigentes, funcionários eram o mínimo possível,
00:04:19porque o orçamento era limitadíssimo.
00:04:22Nós tínhamos que montar um time que não sabíamos de como faríamos,
00:04:27pois era uma experiência muito nova e muito recente
00:04:30para uma cidade que não tinha mais de 80 mil habitantes.
00:04:34E nos anos 80, ela participou de muitos campeonatos catarinenses
00:04:40e ela sempre teve uma participação muito expressiva.
00:04:44Ela nunca foi constantemente campeã, evidentemente,
00:04:48porque os títulos vieram em 77, vieram em 96,
00:04:522007, 2011, 2016.
00:04:56Em 93, especificamente, ela começou um crescente forte.
00:04:59Quando eu vim jogar aqui em 1995, os meus filhos eram pequenos
00:05:08e as pessoas perguntavam para mim,
00:05:10os teus filhos torcem para o Inter ou torcem para o Grêmio Maringá?
00:05:14Não, para nenhum, eles torcem para a Chapecoense.
00:05:18Mas a maior parte das pessoas eram um grupo de amigos
00:05:20que queriam o bem da Chapecoense, sem interesse pessoal.
00:05:25Eu fui jogador da Chapecoense, fui treinador da Chapecoense,
00:05:28depois a gente fala os anos, se vocês quiserem, mas eu fui jogador.
00:05:32Na época, eu perdi muito dinheiro porque eu naturalmente
00:05:35fui deixando a minha empresa de lado e cuidando da Chapecoense.
00:05:40Nós não tínhamos estrutura, não tínhamos dinheiro,
00:05:42não tínhamos experiência em Campeonato Brasileiro.
00:05:49Eu cheguei em 2006, 2007, nós fomos campeões estadual, né?
00:05:55Logo no outro ano, trocou-se o presidente,
00:05:57veio com outra política, né?
00:05:59E ele chegou para nós e disse, não, nós temos que disputar
00:06:02o segundo semestre porque é uma chance que a gente tem
00:06:05de poder crescer, senão nós vamos ficar sempre
00:06:07disputando estadual e não temos a chance de crescer, né?
00:06:13Foi também a época que o seu Plínio, o Maninho,
00:06:15que hoje é o atual presidente,
00:06:17ajudou com o pagamento de salário de alguns jogadores,
00:06:21mas é uma pessoa que voltou e de lá não saiu mais.
00:06:272009, 2010, a Chapecoense também foi aguerrida,
00:06:32mas teve muitas dificuldades.
00:06:35Começamos a fazer um trabalho totalmente diferente
00:06:38na Chapecoense.
00:06:39E já no primeiro ano que nós assumimos,
00:06:42nós já conseguimos chegar à final do estadual.
00:06:45Com essa conquista do vice-campeonato,
00:06:47não nos deu o direito a jogar a Série D.
00:07:01E aí começou essa história linda, né?
00:07:04Do time sair lá da Série C para a Série B, para a Série A.
00:07:07Primeiro tempo fraco, com apenas uma oportunidade de gol,
00:07:11marcado pelas faltas e pelas duas expulsões.
00:07:14Melhor para a Chapecoense,
00:07:15vai chegando a Série C do Campeonato Brasileiro.
00:07:37Paixão desde criança,
00:07:46desde pequeno venho para o estádio aqui,
00:07:47a gente sempre acostumado com um time pequeno,
00:07:50um time que disputava campeonatos estaduais.
00:07:54Sempre foi uma luta muito grande para a cidade,
00:07:57ter um time profissional e jogar de igual para igual
00:08:00com grandes times do estado,
00:08:01porque o estado é um estado muito tradicional de futebol aqui, né?
00:08:04Santa Catarina.
00:08:05Na verdade, era um problema de todo time pequeno,
00:08:09porque não participava da elite do campeonato.
00:08:12Então, todo mundo, como gosta do esporte, gosta de futebol,
00:08:15obrigava-se a escolher um time para torcer na Série A do campeonato, né?
00:08:19Que era o time Sgan, Inter, Grêmio, Palmeiras, São Paulo.
00:08:24Então, eu acho que quando teve o boom mesmo,
00:08:26eu acho que foi da subida da Série C para a Série B,
00:08:30que a Chapecoense deu uma...
00:08:31a galera que resolveu abraçar o time de verdade.
00:08:35E no retorno a Chapecó fechou-se todas as ruas e...
00:09:05e foi uma festa muito grande.
00:09:08Tivemos que sair direto dentro do vestiário para um caminhão de bombeiros
00:09:11e eu lembro muito bem que quando a gente conseguiu acesso para a B,
00:09:14nosso presidente reuniu-se conosco e falou,
00:09:16olha, vamos ficar no mínimo aí dois, três anos na Série B.
00:09:20Quando a Chapecoense equacionou salários em dia, prêmios em dia,
00:09:39pagamentos também feitos, né?
00:09:42Sem deixar atrasar, formou-se uma grande família e a Chapecoense automaticamente veio crescendo.
00:09:46E como eu disse, em 2013, pegou o vácuo do Palmeiras, fazendo um campeonato muito estável,
00:09:52e aí subiu para a primeira divisão.
00:09:54Quando se percebeu que a gente poderia subir para a Série A,
00:10:04se criou uma expectativa muito grande,
00:10:06porque a Série A hoje, e há muito tempo, é o auge do futebol brasileiro.
00:10:12Deus toca a bola, garoto para o Bruno Rangel, está livre, Rangel!
00:10:20Então, para nós que não tinha estrutura nem para jogar uma Série B,
00:10:24imagina uma Série A.
00:10:25O povo do Chapecó todo estava feliz, não importava o que fosse acontecer.
00:10:53E aí a cidade toda explodiu, né?
00:10:57Agora sim, é Série A!
00:11:23A gente está casada há 14 anos, temos dois filhos.
00:11:40O Pedro tem nove, a Mariana tem três.
00:11:46A gente se conheceu na universidade, eu estava no primeiro período,
00:11:49assim, acho que na primeira semana na faculdade conheci ele.
00:11:55Ele já estava se formando, já estava no último período,
00:11:58já trabalhava como jornalista, já tinha essa experiência.
00:12:06Eu comecei a trabalhar como estagiária num jornal que era do lado da casa dele.
00:12:11E eu trabalhava como uma revisora, então eu saía sempre de madrugada do jornal.
00:12:17E ele ia me buscar no jornal e me levava para casa.
00:12:21E aí, tá, foi que eu comecei a ficar na casa dele,
00:12:25dormi na casa dele, quando eu vinha já estava com minhas roupas lá,
00:12:28e a gente decidiu aí morar junto depois.
00:12:31Cheguei no clube a primeira vez em 2013,
00:13:00no campeonato da Série B do Brasileiro.
00:13:03Era uma equipe forte, uma equipe fechada, unida, né?
00:13:09Bem família mesmo.
00:13:11As condições de 2013 para cá são totalmente diferentes.
00:13:15A equipe se estruturou realmente em alto nível, né?
00:13:19A gente que vem jogar para cá, o pessoal que vem para cá gosta de jogar aqui, gosta da cidade.
00:13:24Quando eu cheguei em 2015, era um clube pequeno,
00:13:30que todos diziam que ia cair para a Série B, que não iria aguentar.
00:13:36Em 2015 mesmo, a gente já teve grandes jogos,
00:13:40conseguimos golear o Palmeiras,
00:13:43e a Chapecoense já foi crescendo no patamar dentro do futebol.
00:13:46Tudo mudou na vida da Chapecoense.
00:13:52Então ela está estabilizada, sempre chegando às finais dos campeonatos estaduais,
00:13:56se mantendo na elite do futebol brasileiro.
00:13:59Gol da Chapecoense!
00:14:02A Chapecoense representou não apenas o futebol,
00:14:05representou uma cidade, uma cidade de 200 mil habitantes,
00:14:08que estava chegando nas maiores esferas do futebol sul-americano,
00:14:11no caso da Copa Sul-Americana, em 2015.
00:14:30Passamos da primeira fase, passamos da segunda fase,
00:14:35e pegamos o River, River Plate.
00:14:41River Plate era o campeão da Libertadores.
00:14:46Ficou aquilo, né, de, poxa, vamos jogar contra o River.
00:14:53Estamos a buscar o plus.
00:14:55O plus de quem fez dois ganhos de jogos contra a Libertad e ultrapassou.
00:15:01E está aqui para jogar.
00:15:03E buscar também, por que não.
00:15:05Na Argentina fizemos um bom jogo, né, por pouco, assim,
00:15:09a gente não sai com um resultado melhor.
00:15:11E voltamos a jogar em casa.
00:15:13Acho que cada jogador sentia que dava para ganhar.
00:15:16Mesmo a gente perdendo para o River Plate de 3 a 1,
00:15:19mesmo tomando muita pressão lá.
00:15:22E vencemos eles lá dentro da nossa casa,
00:15:25com o estádio lotado, com 20 mil pessoas.
00:15:28Infelizmente, nós não classificamos.
00:15:34Ganhamos de 2 a 1, não conseguimos fazer o 3 a 1.
00:15:38Mas eu tenho boas lembranças desse jogo,
00:15:40porque foi aqui onde tinha trava e eu perdi um gol.
00:15:44Cara a cara com o goleiro, nossa!
00:15:46Por um detalhe, não conseguimos eliminar o River Plate.
00:16:03Já se criava uma expectativa de, talvez, para o próximo ano, ir mais além, né?
00:16:09Porque ali na frente tem algo especial para nós.
00:16:13No passado, a gente teve muitas alegrias.
00:16:15Tivemos algumas horas que a gente achou que podia ir mais para frente,
00:16:19mas não era aquele momento, daqui a pouco, de a gente conquistar algo a mais.
00:16:22Mas tenho certeza que esse ano nós vamos conquistar muitas coisas.
00:16:26Eu lembro do jogo de Barranquilha,
00:16:55no jogo que eu joguei contra o Júnior.
00:16:58Pressionar, pressionar, tentar roubar a bola ali, sabe?
00:17:02Chamar o torcedor, isso vai fazer com que inflame o torcedor
00:17:05e a gente crie uma atmosfera bem positiva desde o início.
00:17:08Coragem, alegria e nossa felicidade está lá dentro.
00:17:12Vamos buscar para cá.
00:17:13Nossa equipe estava em um nível muito alto de concentração.
00:17:17Momento histórico.
00:17:19Leva e Lundívio de Santa Catarina acessaram a semifinal de Copa Sul-Americana.
00:17:24O árbitro do jogo vai eliminar a partida fim de quatro.
00:17:28E chegou aqui em Chapeco ao Damos de 3 a 0.
00:17:31Que momento vive a Chapeco em si.
00:17:34Parabéns, Chape.
00:17:35O Brasil é verde e branco na Copa Sul-Americana.
00:17:40Calcula, temos a Nascida e Santa Catarina.
00:17:42Primeira semifinal da Copa Sul-Americana.
00:17:45Nada foi fácil para a Chapecoense.
00:17:55Sempre foi muito no limite nossas classificações.
00:17:58Por isso que se tornaram tão emocionantes e impactantes.
00:18:01Maravilhoso.
00:18:02A gente luta tanto exatamente para participar desses momentos.
00:18:07Quem acreditava há oito anos atrás que eu entrei na Chapecoense
00:18:10que hoje nós estaríamos com os quatro maiores da América.
00:18:14E aí seguindo os confrontos até chegar contra o próprio São Lourenço.
00:18:19E cada jogo foi uma dificuldade gigante, sabe?
00:18:38Cada adversário, adversários imbuídos, os caras fortes, sabe?
00:18:42Bons times e a gente teve que suar sangue para conseguir chegar.
00:18:45Foi o auge do clube naquele momento, né?
00:18:51E realmente encheu a cidade de orgulho.
00:18:56O time de Chapecó sempre foi um time diferente de outras equipes que eu passei.
00:19:01Fala, Danilo!
00:19:02Havia ali uma espécie de união maior do que em outros clubes que eu passei.
00:19:09Sem sua vida pode encontrar
00:19:14Quem te ame com toda a força e a dor
00:19:19E assim sucumbirá
00:19:24Pode encontrar
00:19:26Quem te ame com toda a força e a dor
00:19:32E assim sucumbirá
00:19:37E assim sucumbirá
00:19:37Pode encontrar
00:19:38Meu Deus
00:19:39Chapecoense
00:19:41Chapecoense
00:19:43Tença cheia! Vamos, vamos!
00:19:45Vamos, Maurinho!
00:19:47Tença cheia!
00:19:48Vamos, vamos!
00:19:48Vamos!
00:19:49Te ame com toda a força e a vida
00:19:51Te imerirá
00:19:53Deus nos abençoe, rapaziada. Hoje vai baixar.
00:19:58Deus quiser, nós vamos atingir o nosso objetivo hoje e entrar para esse momento histórico no grupo.
00:20:06Nada é por acaso. Nada é por acaso. Ninguém chega a lugar ali por acaso. Não existe sorte.
00:20:12Existe trabalho, existe honestidade, existe confiança, existe empenho, existe o dia a dia. Vamos lá.
00:20:19Não era o São Lourenço, era o campeão da Libertadores da América de 2014 que estava em campo.
00:20:25Era um grande do futebol sul-americano.
00:20:27É a última bola do jogo. É o Boricapeta. É o Boricapeta. É o Boricapeta.
00:20:32O Danilo, a Bacaba, a Bacaba, a Bacaba, a Bacaba, a Bacaba, a Bacaba, a Bacaba, a Bacaba.
00:20:37Ninguém tira esta vaga da capa.
00:20:40Final do jogo contra o São Lourenço, com a defesa do Danilo com a perna direita.
00:20:46Foi uma das coisas mais emocionantes, tão simples, né?
00:20:48É uma defesa tão simples, mas muito marcante na história de todos nós.
00:20:52Nós estamos na final da Copa Sul-Americana. Justiça seja feita.
00:20:58Gol bonito merece placa. Defesa bonita também merece?
00:21:01Não, não. Isso aí deixa para os torcedores.
00:21:03Aquela partida foi a primeira vez que eu vi o Kleber chorando no estádio.
00:21:09E a Chapecoense estava eliminando e passando por uma etapa jamais imaginada,
00:21:15que era a final da Copa Sul-Americana.
00:21:17E tudo era visto assim como um sonho, como, né?
00:21:28Tu não parava mais de conquistar coisas, tu achava que não chegaria tanto.
00:21:32Tava todo mundo chorando, assim, se abraçando.
00:21:45E aí eu lembro que eu abracei ele e falei que ele tinha mais do que chorar, sabe?
00:21:50Ele merecia poder chorar também e comemorar.
00:21:53E foi... Aquele jogo foi muito legal.
00:21:56Nós mereciamos estar nessa final. O objetivo agora é o título da Sul-Americana.
00:22:03O adversário na final sai do confronto entre Atlético Nacional da Colômbia e Serro Portenho do Paraguai,
00:22:09que se enfrentam nessa quinta-feira.
00:22:11Mas nenhuma das duas equipes assusta a Chapecoense.
00:22:14Pegamos aqui agora na final do campeonato, né?
00:22:18Agora vamos em busca do título.
00:22:19O adversário na final do campeonato, né?
00:22:50Quando a gente chegou na final da Sul-Americana,
00:22:54aí o carinho que tinha em Chapecó começou a se tornar no Brasil inteiro.
00:22:59Já éramos um time mais respeitado pelos outros clubes, né?
00:23:02Você imaginar um clube numa cidade pequena, um clube novo, né?
00:23:07Um clube que só jogava há pouco tempo campeonatos estaduais, como nós estávamos falando,
00:23:11e está numa final da Sul-Americana decidindo o título como campeão de uma Libertadores.
00:23:17No último jogo contra o Palmeiras, o Caio Júnior poupou.
00:23:22Ele colocou os times em reserva e deixou só o Kleber Santana, que era o capitão.
00:23:27Depois da final ali, a gente caminhava ali, vendo o Palmeiras receber o troféu,
00:23:31o campeão, a torcida do Palmeiras falando que ia torcer pela gente.
00:23:34Na quarta-feira, que era o brasileiro, o clube brasileiro que ia representar o Brasil, na verdade, na Taça Sul-Americana.
00:23:40E o Palmeiras comemorando com as medalhas, com o troféu, e a gente passava correndo,
00:23:46e muitos torcedores falavam, estou torcendo para vocês, vocês vão ser campeões.
00:23:52Receber aquele carinho do povo ali, da torcida do Palmeiras foi muito legal.
00:23:56Então tudo isso dava uma confiança muito grande para a gente ser campeão.
00:24:00Só que o nosso time, ele era muito seguro, ele era de times de jogadores muito experientes, né?
00:24:05Nas adversidades, eles cresciam muito, e nós tínhamos muitos lutadores ali, né?
00:24:10Jogadores que estavam reiniciando suas carreiras.
00:24:13Foi o auge do clube naquele momento, né? E realmente encheu a cidade de orgulho.
00:24:18A Chapecoense é o sorriso da cidade, é onde todo mundo se une.
00:24:23Para mim, se confunde com a nossa história de vida, né?
00:24:25Porque a gente vem desde criança aqui para a Arena, aprendemos a caminhar aqui praticamente,
00:24:30nos espaços aqui da Arena, é a nossa vida, né?
00:24:33O que eles mereciam, eles mereciam.
00:24:36Mais do que ninguém, eles mereciam, porque eles eram mais do que jogadores, né?
00:24:39Eles eram nossos amigos de Chapecó, eles eram nossos vizinhos em Chapecó.
00:24:43É como se fosse uma família para nós, né?
00:24:46Não significa só um time, significa uma cidade, uma região.
00:24:51Eles eram nossos representantes da garra, da determinação, da vontade de vestir aquele escudo, né?
00:24:57E foi no melhor momento do clube, no melhor momento de cada atleta que estava naquele avião,
00:25:03Acho que foi o melhor momento de todos.
00:25:10O Sandro, ele começou no futebol junto com a nossa diretoria de 2009.
00:25:154, 5 dias anterior ao jogo, ele me ligou, estamos, fretamos o avião, tu tem que ir até São Paulo,
00:25:24e a partir de lá, você acompanha a delegação.
00:25:28Subi a conversar com a minha esposa, que eu iria para Medellín.
00:25:32Nesse momento, ela me lembrou que tinha um balé da minha menina, eu tenho uma menina com 4 aninhos, né?
00:25:40Fiquei meio incomodado, porque falei, mas balé tem toda hora, tem todo ano,
00:25:46porque talvez nós vamos levar mais 50 anos para ir no final de uma soma americana,
00:25:52ou talvez nunca mais pudemos chegar.
00:25:56E ela não ficou em silêncio.
00:25:58Só que naquele momento eu comecei, me voltou na lembrança o dia que a minha filha chegou em casa,
00:26:04anunciando com que forma ela ia para o balé, como que ela iria vestida.
00:26:10E aquilo começou a mexer muito com o meu lado emocional,
00:26:13e eu comecei a pensar um pouco, porque ela é muito apegada comigo, né?
00:26:18Foi então que chegou o meio-dia, eu resolvi que eu não iria mais,
00:26:22porque eu iria acompanhar o balé dela.
00:26:26Aí, na véspera da viagem, o meu treinador de goleiro veio e falou,
00:26:30ó, Nevado, vai viajar tu, Danilo e Fomo, vamos viajar com 3 goleiros.
00:26:33Só que o avião retornava a Chapecó, jogava contra o Palmeiras e retornava até a Chapecó,
00:26:38e depois voltava a Medellín, né?
00:26:41Resolveu-se que o avião não voltaria a Chapecó.
00:26:45Não estava mais escrito na Sul-Americana, então estava só escrito no Brasileiro.
00:26:50Eu disse, ó, como eu não vou jogar na Sul-Americana, ele deve ter levado outro, né?
00:26:53E nisso veio o auxiliar dele, falar comigo, ó, Nevado, o Caio resolveu não te levar,
00:26:59porque daí não te levando, ele pode levar outro para usar o jogo contra o Palmeiras,
00:27:03e mandou pedir desculpa para ti, eu disse, não, não, cara, não tem nada que pedir desculpa, tá tranquilo.
00:27:08Ele foi em todas as viagens, ele não faltou uma nesses 3 anos e quase 4 anos que ele estava lá.
00:27:16Ele viajou ainda no sábado, né? Porque eles jogaram em São Paulo no final de semana,
00:27:20e na segunda que eles viajavam para Medellín.
00:27:24Deu tchau, ia até o hotel para ir com eles para o aeroporto,
00:27:28aí esqueceu o cartão de crédito, voltou para casa, correndo, assim, porque a gente saiu na sexta noite.
00:27:35E aí a gente chegou tarde em casa, ele não tinha feito a mala ainda para viajar,
00:27:39então no sábado ele acordou, assim, rápido, fez a mala rápida, foi tudo corrido, assim.
00:27:45Foi a última vez, assim, que a gente se viu.
00:27:48A Chatecoense vira aquela página, né?
00:27:50E muda o foco totalmente para a grande final da Copa Sul-Americana.
00:27:54O time viaja hoje à tarde direto de São Paulo para a Colômbia.
00:28:03Era um clima de muita confiança que a gente ia conquistar algo que a maioria nunca tinha conquistado,
00:28:09um título da Sul-Americana.
00:28:11Naquele dia eu estava feliz da vida, fiz meu programa até às 10 horas da manhã, normalmente,
00:28:15fui para o saguão do aeroporto, despachei minhas bagagens.
00:28:18Eu lembro que a gente estava bastante feliz, como era um momento inédito para o grupo,
00:28:24para a cidade, para o clube, a gente estava muito ansioso de poder chegar logo em Medellín
00:28:29para poder fazer o jogo.
00:28:35Eu lembro a gente entrando no avião, eu olhei para ele, tirei minhas coisas e olhei para a frente,
00:28:41nisso estava o Foma me chamando.
00:28:42Eu e o Alan a gente se conhece há muito tempo, mais de 10 anos, então chamei ele normal
00:28:47para sentar do meu lado, para a gente escutar uma música.
00:28:50Acredito que ele foi Deus usando o Foma para que eu sentasse do lado dele.
00:28:54Quando ele me ligou, ele estava já dentro do avião e estava assim uma festa, uma bagunça,
00:29:00um pessoal falando alto e tal.
00:29:03E ele falou, ah, vou ligar, né, ligou, estou ligando para dar tchau,
00:29:06que a gente já está embarcando, e falei, meu Deus, tu não está no avião,
00:29:09porque tem tanto barulho, assim, geralmente o avião é mais, né, mais quieto.
00:29:13E falei, meu Deus, parece que tu está, porque eles estavam tocando já, né,
00:29:16estavam tocando pagode, sei lá, e falei, meu Deus, parece que tu está num bar, né,
00:29:19não num avião.
00:29:20Eu estava muito tranquilo, e os jogadores também.
00:29:23Não tinha nada que pudesse dizer que poderia acontecer alguma coisa, absolutamente nada.
00:29:29Eu estava com muito sono, eu estava querendo dormir, mas eu, parece que Deus falava para mim não dormir.
00:29:34Até essa parte aí eu lembro, nítido, assim, tenho na minha memória fresca, assim,
00:29:39o que eu fiz naquele dia.
00:29:41Eu recebi meu turno, trabalhei muito.
00:30:11Eu saí à minha hora de descanso, e quando retornei foi quando já começaram como a notificarme
00:30:19de algumas variáveis distintas na operação.
00:30:23me comunica a minha planificadora que tenho uma aeronave da aerolínea de baixo custo,
00:30:33que tinha uma alarma de fuga de combustível.
00:30:39A aeronave estava sendo Bogotá-San Andrés, e solicita ingressar a Rio Negro,
00:30:44assim que não era um voo normal.
00:30:46Por tanto, eu, na primeira comunicação, eu pergunto se tem algum inconveniente.
00:30:51E me disse, sim, correto, tenho uma alarma.
00:30:53Por tanto, eu decido ingressar a esa aeronave.
00:30:56Esa noite as condições eram muito malas.
00:30:59Não eram ótimas como para que eles efectuassem um aterrissagem tranquilo.
00:31:03Dentro dessas coordenagens aparece o avião do LAMIA, o avião do Boliviano.
00:31:12Decido pôr a fazer sostenimento ao resto de aeronaves.
00:31:16E não me notifica nada, todas as pongo a esperar e aceitam as instruções normais.
00:31:20Vão passando os minutos e, de pronto, o LAMIA já me notifica que solicita prioridade para o aterrissagem.
00:31:29A Colônia 3019, boa noite, contacto.
00:31:31A Cidade 3, eu vou no do seu município.
00:31:33Eu vou aí, dia 2933, 210, em acercamento.
00:31:38E solicitamos prioridade para a aproximação direita.
00:31:40Se nos apresentou um problema de combustível.
00:31:43Eu a tinha tão perto das outras aeronaves, para mim era muito importante separá-la.
00:31:48Então, eu começo a dar as instruções.
00:31:50Atentos, tenho uma aeronave por debaixo da sua, efetando a aproximação.
00:31:54Mas eu vejo no radar que ele não me fazia como caso nas instruções que lhe dava.
00:32:00Digo, algo está acontecendo com essa aeronave e começo a alejar-la imediatamente outras três que estavam por debaixo dela.
00:32:06Atenção de 771, vira-te inmediato por sua esquerda.
00:32:09A emergência foi praticamente dois minutos antes do impacto.
00:32:12Estamos com a emergência de combustível, senhorita, por isso eu le pido de uma vez por sua final.
00:32:17A hora que apagou as luzes, as pessoas perguntavam o que estava acontecendo, mas todo mundo sentado.
00:32:28Não entendi o que estava acontecendo.
00:32:30Esperava que alguém falasse alguma coisa, ninguém falou nada.
00:32:33E o piloto não falou nada.
00:32:34Se desliga tudo.
00:32:35Só acendeu luz de emergência.
00:32:37Ficou um silêncio.
00:32:39O barulho do avião acabou.
00:32:41Empieza como um descenso muito rápido.
00:32:43Não tinha motor, não tinha nada.
00:32:44Vectores, senhores, senhores, vectores a la pista.
00:32:47Tocou um alarme dentro do avião.
00:32:49Há um momento onde já se perde o radar.
00:32:51E aí depois daquilo, aí não lembro mais de nada.
00:32:54Vectores, vectores, desculpa.
00:32:56Eu me lembro que era aproximadamente um pouquinho antes das quatro horas da manhã.
00:33:17Chovia muito e chepecou.
00:33:19De madrugada, quatro horas da manhã, eu recebia uma ligação.
00:33:22Aí ela disse, Divaldo, tu tá sabendo o que tá acontecendo?
00:33:24Eu atendi o telefone, era a minha filha.
00:33:27Aí eu me preocupei.
00:33:29Aconteceu alguma coisa, filha?
00:33:30Algum problema em casa?
00:33:32Por favor.
00:33:33Eu disse, não, pai, não é isso.
00:33:35Ninguém sabia o que tava acontecendo.
00:33:37Ninguém conseguia contato com ninguém.
00:33:40Mas alguma coisa já me dizia, sim, que a notícia não era boa.
00:33:44A minha mãe, que ela mora do lado da minha casa,
00:33:47subiu ao apartamento dizendo que o avião havia caído.
00:33:52Eu, por um momento, assim, eu perdi as pernas, cara.
00:33:56Eu disse, não pode?
00:33:59Como pode foi acontecer isso?
00:34:00Quando começou a aparecer as imagens, dava pra perceber que a situação, ela é complicada.
00:34:06Não lembro de tanta chuva como foi aquela noite, aquela madrugada.
00:34:13Eu só ouvi um carro buzinando na frente da minha casa.
00:34:16E começou a buzinar e buzinar e buzinar e não parava.
00:34:19Eu fui pra janela do meu quarto, olhei e eu vi.
00:34:22Chegou o carro com a logo da emissora.
00:34:27Eu tinha que entrar ao vivo com a Monalisa Perrone, no Hora 1, da TV Globo.
00:34:32E foi o maior desafio da minha vida.
00:34:36Estamos interrompendo a programação com uma informação preocupante e importante demais.
00:34:43O avião que transportava a delegação da Chapecoense para a Colômbia caiu perto do aeroporto de Medellín.
00:34:50Não há informações precisas sobre mortos ou feridos.
00:34:55Estava muito escuro, noite fria, muita neblina, estávamos a dois grados, bajo cero.
00:35:03Desde a parte de bomberos me notificam que há um avião desaparecido em inmediações do município da União.
00:35:10E inmediatamente se despliega um operativo de médicos.
00:35:14Llamar os carros cinco minutos para que estés na estación e salimos hacia o cerro.
00:35:20Realmente os carros nos poden levar até certo ponto.
00:35:24De aí na frente não há caminho.
00:35:26E nos toca abrir uns passos em conjunto com os bomberos e a polícia.
00:35:30É complicado.
00:35:32Porque um se conhece a zona, mas não conhece o sitio onde caiu a aeronave.
00:35:37Tudo era como buscar.
00:35:39Llegamos como ao sitio desde o accidente onde não há maior personal.
00:35:43Na arenas há uns bomberos e apenas estava chegando o personal de defesa civil.
00:35:48E o primeiro que notamos eu e o resto dos companheiros bomberos é que não há um olor a combustível.
00:35:56Então, porque era o medo de nós também.
00:35:58Que de pronto a aeronave estallara.
00:36:03Era chamar, pedir ajuda a gente que tuviera caminhonetas 4x4.
00:36:08E se a gente da União se voltou ao sitio do desastre.
00:36:11As informações, as primeiras que chegaram, era que tinha 21 mortos.
00:36:18As horas foram passando.
00:36:21As notícias cada vez ficavam piores.
00:36:25E aí passou-se uma hora e pouco por aí.
00:36:29Eu não conseguia parar de caminhar.
00:36:30Eu andava de um lado para o outro dentro da minha casa.
00:36:33Eu peguei meu carro e fui até a arena.
00:36:34E aí é onde começaram a chegar as pessoas, os familiares.
00:36:40Aí eu cheguei no clube.
00:36:41Tava um desespero, assim, um desespero.
00:36:44Meu, eu acho que nunca vou esquecer da imagem, assim, sabe?
00:36:46Aí começou a aparecer alguns nomes que tinham tirado com vida e tal.
00:36:52E a gente ainda mantinha uma esperança de ter mais pessoas, né?
00:36:57No momento em que íamos subindo por o monte,
00:37:00ouvíamos que alguém nos gritava.
00:37:02E era que estava Rafael.
00:37:04Eu me adentro um pouco mais, tratando de buscar sobreviventes.
00:37:09E é nesse momento que encontramos a Jackson Follman.
00:37:13Que o sacan os mochachos de bomberos.
00:37:18Empieza a llover, a temperatura baixa ainda mais.
00:37:21As possibilidades de encontrar sobreviventes são mínimas.
00:37:24Em medicina tem uma coisa que se chama a hora de ouro em trauma,
00:37:27que é uma hora determinada onde vamos encontrar o maior número de sobreviventes.
00:37:32Já havíamos perdido realmente muita esperança em encontrar sobreviventes.
00:37:37Sin embargo, posteriormente encontram a outro jogador.
00:37:42Cinco horas depois, ele e o neto dão sinais de vida.
00:37:48Quando eu encontrei a Jackson, ele estava por aí a uns quatro metros.
00:37:51Então, foi um milagro haver encontrado praticamente cinco horas depois outra pessoa com vida.
00:37:57O Instituto Médico Legal de Medellín já identificou os corpos
00:38:01dos 71 mortos no acidente do avião que levava a Chapecoense.
00:38:06E logo no início da manhã, foi confirmado que realmente tinham sobrevivido
00:38:11com seis pessoas e o resto, infelizmente, tinham perdido a vida.
00:38:15E aí eu esperei, então, chegar umas sete horas que a gente tinha certeza
00:38:19que não tinha que disparar as buscas, que não tinha mais sobreviventes
00:38:24para acordar minha sogra.
00:38:25E aí, foi horrível, assim.
00:38:37A primeira pessoa que me passou pela cabeça foi o Sandro pela criação, pela amizade.
00:38:42Eu chamava, ele me chamava de...
00:38:46Ele me chamava de irmão.
00:38:50E eu também, é claro.
00:38:52Você imagina uma pessoa como nós, que estávamos ali diariamente,
00:38:56que todos eram nossos amigos,
00:38:58e você tem que confortar a família daqueles que perderam a vida.
00:39:03Chapecó amanheceu em estado de luto,
00:39:04muita tristeza por parte de torcedores,
00:39:07os familiares dos jogadores também, querendo informações.
00:39:11Eu não tive coragem de ir no estádio, né?
00:39:14Aí começou-se a criar uma aglomeração no estádio de gente.
00:39:18Perdeu muitos amigos, a própria sociedade, não só jogadores, né?
00:39:22Então, foi muito triste.
00:39:26Cara, chovia muito.
00:39:27Parecia uma cidade chorando, todo mundo chorando.
00:39:30Realmente muito triste, cara.
00:39:31Muito triste a cidade toda.
00:39:33Eu acho que o Brasil, o mundo todo, né?
00:39:35Se tornou uma notícia mundial.
00:39:41Você via um desespero em cada rosto que você olhasse, você percebia.
00:39:48É uma comunidade muito pequena, onde todo mundo se conhece,
00:39:51e você simplesmente desaparecer da tua vida,
00:39:55tantas pessoas assim, é complicado.
00:39:58Agora eu posso fazer uma pergunta?
00:40:04Como vocês, da imprensa, estão se sentindo,
00:40:08perdendo tantos amigos queridos lá?
00:40:12Você pode me responder?
00:40:14Não.
00:40:15Não?
00:40:16Posso te dar um abraço em nome da imprensa?
00:40:18Eu posso te dar um abraço.
00:40:35Eu posso te dar um abraço?
00:40:36A Mariana não me entende, né, que tem três anos, mas o Pedro já ia me entender, assim.
00:40:55Aí eu acordei ele, né, contei pra ele, já.
00:40:59Ai, tinha toda essa coisa, assim, que tu tem que trabalhar e, né, explicar pra eles que, que, né, o pai não vai voltar e que realmente eu não tinha mais esperanças porque...
00:41:15Enfim.
00:41:17Você imagina uma cidade que foi atingida por uma tragédia, uma cidade inteira.
00:41:32As pessoas, elas não tinham motivação nenhuma pra trabalhar, não tinham motivação nenhuma pra sair na rua.
00:41:38Foi uma semana muito longa, cara.
00:41:40Dormir, tu dormia porque o teu corpo adormecia, né, mas realmente era sempre dormindo e acordando.
00:41:51Chegava um ponto, um ponto que o teu corpo, ele, fisicamente, ele não aguentava.
00:41:58E aquilo foi uma eternidade, porque aqueles dias não passavam e o desespero era cada vez pior.
00:42:04A cidade era impressionante.
00:42:10Você escutava a grama, a grama dos canteiros da cidade, assim, crescendo.
00:42:15O silêncio era absurdo.
00:42:18Era ensurdecedor o silêncio, a tristeza, o semblante das pessoas.
00:42:21Você parava num semáforo de carro e olhava pra pessoa do teu lado, a pessoa tava desmontada.
00:42:29Conforme o tempo foi passando, eu fui percebendo quantas pessoas eu tinha perdido.
00:42:33Porque daí tinha o roupeiro, que era da minha época, o preparador físico da minha época, o preparador de goleira da minha época.
00:42:41Todos nós perdemos aí muitas pessoas queridas, cara, que realmente a gente vai levar pros nossos corações a vida toda.
00:42:53A gente vai levar pros nossos corações a vida toda.
00:43:23O que queríamos primeiro era ajudar ao clube, a Chapecoense.
00:43:29Posterior, na madrugada de ese lunes tan trágico, decidimos com a alcaldia realizar, digamos,
00:43:36o mesmo momento em que íamos a jogar esse partido, um homenagem a Chapecoense por essa tragédia que se havia tido.
00:43:42Se tomou a decisão por parte da junta, da presidência e todos nós,
00:43:45de entregarle, digamos, o título a Chapecoense.
00:43:49A Chapecoense.
00:43:52Invitamos a la ciudadanía que quisieran venir ao estadio como gesto de solidariedade,
00:43:57mas, na verdade, não dimensionamos de que ia vir tanta gente e tivemos que cerrar as portas quase três horas antes do evento.
00:44:05O progresso deportivo do Chapecoense é fiel muestra da grandeza do espírito que faz o futebol sul-americano o mais apasionante do mundo.
00:44:31E, ante os sucessos trágicos na confederação sul-americana do futebol, estamos de luto.
00:44:38E as nossas orações e corações estão com as vítimas e com as suas famílias.
00:44:42Não esqueiremos da atitude do Atlético Nacional e de todos os seus hinchas que pediu que se concederam o título de campeão da Copa Sud-americana ao Chapecoense.
00:45:02E as suas famílias.
00:45:32Só espero que seus corações se vayan sanando cada vez mais, igual que o nosso.
00:45:39Boa tarde, Evaristo. Boa tarde a todos.
00:45:53Vamos começar falando da melhora do estado de saúde dos seis sobreviventes, especialmente os quatro brasileiros.
00:45:59O Rafael Renzel, jornalista, abriu os olhos, está tentando se comunicar.
00:46:03O Neto, jogador, também melhorou muito.
00:46:05O Jackson Foman, goleiro reserva.
00:46:08E o Alain Rochel, que é lateral direito, eles tiveram uma melhora significativa no quadro de saúde.
00:46:13Eu lembro do meu pai no hospital e lembro da minha esposa falando que vai ficar bem, vai ficar tudo bem.
00:46:25Meu pai mostrando foto, vídeo da minha mãe falando que vai ficar tudo bem.
00:46:30E aí foi quando comecei a perguntar para o meu pai o que estava acontecendo.
00:46:33E aí, eu acho que no dia depois, foi quando o médico acabou me contando o que tinha acontecido.
00:46:41O que eu lembro mais é quando minha família chegou no hospital.
00:46:46Então, são essas as lembranças.
00:46:48Só lembro que eu acordei depois de dez dias em coma.
00:46:53Aí escutei o pessoal, os médicos e os enfermeiros falando em espanhol.
00:46:57Falei, meu Deus, eu estou em outro país internado, o que está acontecendo?
00:47:03E aí, quando o médico do clube chegou com a camisa da Chapecoense, eu perguntei do jogo, eu lembrei do jogo.
00:47:09Não lembrava do acidente, falei para ele, o que aconteceu no jogo?
00:47:13Eu machuquei no jogo e ele falou, machucou.
00:47:15Você machucou no jogo, machucou o joelho.
00:47:17Eu estava tão debilitado que eu nem percebi que era mentira.
00:47:21Vi minha esposa, vi o pastor da minha igreja de Santos, vi meu pai, meu irmão.
00:47:28E eles tinham até medo de fazer carinho em mim, porque a minha filha falava,
00:47:32você não vai fazer um carinho no seu pai?
00:47:34Ela falava, não, pai, eu tenho medo de te machucar, porque eu estava muito machucado.
00:47:47Meu filho de 12 anos, na época com 11, quando ficou sabendo do acidente,
00:47:53ele disse que não era para se preocupar, que o meu coração batia no peito dele.
00:47:57Eu estava vivo, encorajou todo mundo, na fé, na esperança, e disse,
00:48:01olha, meu pai está vivo, sinto o coração dele bater no meu peito.
00:48:04Então, abraço.
00:48:04Os primeiros que chegaram foram o Rafael Henzel e o Alan.
00:48:20E aí, quando ele me viu, ele falou, Cleberson, ele começou a chorar muito, muito.
00:48:26E foi bem pesado, assim, sabe?
00:48:29É estranho essa coisa dos sobreviventes, é estranho.
00:48:32Porque é um sentimento muito...
00:48:33Ao mesmo tempo que tu está feliz, né?
00:48:36Porque eles estão aqui, porque eles sobreviveram e...
00:48:40Tu está feliz por eles, tem essa dor de saber que o teu marido estava junto e não está aqui.
00:48:47Na verdade, é muito difícil, assim, quando eu encontro algum familiar ou alguma esposa, né?
00:48:56De jogador, assim, de atleta que acabou falecendo, porque eu tenho contato muito mais com a Letícia,
00:49:04que é a esposa do Danilo, porque a gente tinha uma amizade muito grande aqui.
00:49:08Eu, o Danilo e o Foma.
00:49:09A gente andava muito junto aqui.
00:49:11Eu frequentava a casa dele, ele frequentava a minha casa quase todo final de semana.
00:49:15Não tinha nenhuma pessoa que chegava aqui e podia falar mal do Danilo.
00:49:19Porque ele era um cara do bem.
00:49:21Ele até chamava nós, assim, de amado.
00:49:24Ou amado, mas ele era um cara muito amado.
00:49:26Ele era um cara muito carinhoso.
00:49:28Ele não tinha maldade, não...
00:49:31Ele era um cara realmente especial, era um cara do bem.
00:49:33Uma das minhas missões era tranquilizar o coração das pessoas que perderam seus entes queridos.
00:49:40Fui à casa de muitos, encontrei muitas viúvas também, familiares,
00:49:44para dizer que ninguém sofreu no acidente.
00:49:46Que não houve desespero, que ninguém saiu correndo para os corredores,
00:49:49como no primeiro momento havia sido dito.
00:49:52A primeira coisa que eu falei para ele é que ele estava muito feio.
00:49:56Ele estava careca, ele tinha só um cabelo aqui, assim,
00:49:59que os caras não raparam direito, né?
00:50:00Então, deixaram um maço de cabelo aqui.
00:50:02Eu falei para ele que ele estava muito feio com aquele cabelo.
00:50:05E ele falou para mim, não, isso está bonito.
00:50:07Sem dente aí, está bonito.
00:50:09Eu não tinha dente.
00:50:10Bonito tatuado sobre ele.
00:50:11Eu e Neto, quando chegamos no aeroporto,
00:50:38quando abriu a porta do desembarque,
00:50:41parecia que um parente estava voltando para casa depois de muito tempo.
00:50:45A Colômbia nos deu uma lição que vai ficar marcada para o resto da história.
00:50:49Nós não tínhamos ligação econômica, esportiva, cultural,
00:50:53absolutamente nada com o Medellín e o povo colombiano.
00:50:55O mínimo que eu podia fazer era voltar até lá e agradecer eles.
00:50:58Eu fui como vítima porque eu queria ir, eu queria ir lá rezar, eu queria conhecer,
00:51:04mas eu queria ter esse lado do jornalista e querer ir lá e descobrir tudo o que aconteceu.
00:51:09Eu acho que, sabe, aquele momento que eu precisava, assim, para...
00:51:14Que foi importante, né?
00:51:16Que depois que eu saí de lá, eu me senti mais em paz, assim.
00:51:20Eu voltei exausta dessa liagem, exausta.
00:51:27Mas, ao mesmo tempo, foi bom saber que eu fui lá e...
00:51:32E busquei tudo o que eu queria buscar, assim.
00:51:37Tive a oportunidade de ver os bombeiros que me resgataram, que me viram,
00:51:40que me resgataram primeiro.
00:51:43Conversei com o pessoal da caminhonete, que me botou na caminhonete
00:51:45para me levar até a ambulância.
00:51:46Pude realmente agradecer, abraçar pessoalmente
00:51:50e poder dizer para eles o meu muito obrigado, assim.
00:51:53Acho que foi o momento mais marcante na minha vida,
00:51:56foi poder chegar lá e agradecer eles.
00:51:58Não sei, não há como saber
00:52:04Se é sobre ontem à noite, melhor nem tentar entender
00:52:14Olho para o espelho
00:52:20Já não peço solução
00:52:24Estava o sinal de medo
00:52:29Quando peguei a sua mão
00:52:33Lembra os horicórios
00:52:39E as risadas no chão
00:52:43Chuva de estrelas
00:52:49Joque os corpos pela contramão
00:52:54Foi muito maior do que uma pessoa que causou tudo isso, né?
00:53:10Teve muitas pessoas culpadas.
00:53:12Vejo também que agora não vai aliviar a minha dor.
00:53:15Dizer, ah, você foi o culpado.
00:53:18Não vai mudar a minha dor, não vai trazer de volta.
00:53:20Então, prefiro que não conheça essas pessoas.
00:53:27No reporte da Aerocivil
00:53:28Aí mostram que não houve combustível
00:53:34Não quiserem tomar os alternos
00:53:38Então, suponho que foi o excesso de confiança
00:53:43E ainda me pergunto
00:53:45Por que a tripulação nunca me notificou
00:53:49Desde o primeiro momento que tinha um inconveniente
00:53:52E ainda assim, sem combustível
00:53:55A 21 mil pies que já tinham dois motores menos
00:53:59Ainda assim não me diziam nada
00:54:01Até de quem já havia abastecido o avião
00:54:04E sequer informado de que não havia mais combustível
00:54:07Nos outros pousos que foram feitos
00:54:08Com o mesmo limite de combustível
00:54:12Isso falta de informação
00:54:14Alguma autoridade deixou
00:54:15Falhou muito isso
00:54:17Também o plano de voo que foi aprovado
00:54:19Em Santa Cruz e La Serra
00:54:21Para atravessar a América de novo, repito
00:54:23Com o tempo da viagem ser o mesmo
00:54:27Da capacidade da aeronave
00:54:29Da autonomia da aeronave, do piloto
00:54:31Enfim, uma série de erros
00:54:33Em trânsito aéreo se manejam como dois conceitos
00:54:36Uno é a prioridade e o outro é a emergência
00:54:39A prioridade, pois, que a aeronave
00:54:42Según a normatividade, em caso, pelo menos, de combustível
00:54:46Se requer que tenha mínimo uma hora e 45 minutos
00:54:50Para sostener esses voos internacionais
00:54:52Em emergência, não
00:54:54Em emergência, pois, já te diz
00:54:55Tengo aproximadamente 15 minutos
00:54:57Igual, há um margem de tempo, de todas maneras
00:55:01E isso o manejam todas as companhias
00:55:03A emergência foi praticamente dois minutos antes do impacto
00:55:07Igual, já a pista estava livre
00:55:10Desde o primeiro momento que ele me disse a prioridade
00:55:12Nós já tínhamos praticamente tudo desocupado
00:55:15Tudo para atender essa aeronave
00:55:17Condenar, não condenar
00:55:19Quem somos nós para condenar, né?
00:55:21Quem fez e quem tomou qualquer tipo de decisão
00:55:24Eu acho que a ganância
00:55:26Foi a grande culpada disso
00:55:30É igual o homem que bebe e dirige
00:55:33Ele bebe e sempre dirige e nunca dá errado
00:55:36Mas vai ter uma hora que vai ter errado
00:55:38Eu me sinto tranquila em esse sentido
00:55:40Sinto que fiz as coisas como as devia ter feito
00:55:45De fato, utilicé todos os procedimentos
00:55:47Que estavam estabelecidos para isso
00:55:49Utilicé toda a minha experiência
00:55:55Minha profissionalismo
00:55:56Minha tranquilidade
00:55:57Minha sentimento de saber
00:55:59Que também sou mamã
00:56:00E de um piloto
00:56:02E utilicé em esse momento
00:56:05Todas as ferramentas
00:56:07Que tive a meu alcance
00:56:08E nesse sentido
00:56:10Eu me sinto tranquila
00:56:11O Chapecoense é
00:56:19O grande lazer
00:56:21Da cidade
00:56:23O torcedor do Chapecoense
00:56:26Realmente é diferente
00:56:27Ele passa
00:56:30Uma força maravilhosa
00:56:33Para todo mundo
00:56:33Antes chegou
00:56:36Até alguns minutos
00:56:38De pensar que não ia continuar
00:56:40Mas como a gente sabe
00:56:41Que todo mundo gostar do clube
00:56:43Vestir a camisa
00:56:44Ninguém ia deixar
00:56:46O clube terminar
00:56:47Em homenagem também
00:56:49Aos que foram
00:56:50A gente estaria mentindo
00:56:53Se não pensasse
00:56:54Que talvez aconteceria
00:56:57Alguma coisa com o clube
00:56:58Mas eu acho que nunca vai deixar
00:56:59De existir a Chapecoense
00:57:00Então a existência da Chapecoense
00:57:03É questão de necessidade
00:57:05Para a cidade
00:57:05Não só para a cidade
00:57:07Para o estado todo
00:57:08Passou aí
00:57:12Três, quatro dias
00:57:13E nos reunimos
00:57:13Vamos pensar adiante
00:57:16Vamos fazer o que
00:57:18Não vai acabar tudo aqui
00:57:20Nós temos duas opções
00:57:22Ou a gente pensa adiante
00:57:23Ou a gente
00:57:24Baixa a cabeça
00:57:26E acaba tudo
00:57:27Que eu acho que não é
00:57:28O que eles queriam
00:57:30Que eu acho que não é
00:57:31O que o pessoal da cidade quer
00:57:34E o que eu acho
00:57:35Que não é o que o Brasil quer
00:57:38Eu acho que todo mundo quer
00:57:39Que o clube se reerga novamente
00:57:41Eu não sei como
00:57:42Mas vamos ter que fazer alguma coisa
00:57:45Eu recebi o convite do seu Plínio
00:57:57Que é o presidente
00:57:58Para trabalhar lá
00:58:00No dia que eu estava pegando os pertences
00:58:03Do Cleberson
00:58:03O seu Plínio me ligou
00:58:05E perguntou se eu tinha
00:58:07Se eu tinha condições psicológicas
00:58:09De trabalhar
00:58:10Lá com eles
00:58:11Quando eu fui para o clube
00:58:13Eu podia ajudar
00:58:15Eu me sentia menos vítima
00:58:17Lá dentro
00:58:18Porque a doida
00:58:19Era tão grande
00:58:20Que lá eu podia abraçar
00:58:22Eu podia, sabe
00:58:23Consolar as pessoas
00:58:24Então me fez muito bem
00:58:26Eu estar lá
00:58:26Porque eu acho que
00:58:28Eu me tirei um pouco
00:58:29Essa coisa assim
00:58:30Eu estava só recebendo
00:58:31Esse carinho
00:58:32E eu podia dar também
00:58:33Eu acho que se eu não tivesse filho
00:58:36Seria muito pior
00:58:37Sabe
00:58:38Porque eu acho que é por eles
00:58:39Que você às vezes
00:58:40Cria essa força
00:58:41Que você tem essa vontade
00:58:43Assim
00:58:43Por eles
00:58:44Faz bem
00:58:47Me faz
00:58:48Porque às vezes
00:58:49Tu está destruída
00:58:50E tu pensa
00:58:52Não
00:58:52Eu tenho que passar
00:58:53Segurança para eles
00:58:54Eu tenho que mostrar
00:58:55Que eles não têm mais
00:58:56O pai
00:58:57Mas eles têm uma mãe aqui
00:58:58Sabe
00:58:59Que vai lutar
00:59:01Que está aqui do lado deles
00:59:02E nós tínhamos
00:59:05Praticamente
00:59:07Vinte e poucos dias
00:59:08Para formar uma nova equipe
00:59:10E nós ficamos com
00:59:12Três atletas
00:59:13Nós temos que contratar
00:59:15No mínimo
00:59:16Mais vinte
00:59:16Cinco
00:59:17Por muita sorte
00:59:18O Ney também não estava
00:59:20Na viagem
00:59:20Que é o nosso
00:59:21Diretor de futebol hoje
00:59:22Tivemos a mesma ideia
00:59:24Não
00:59:25Vamos tocar
00:59:25Vamos tocar o barco
00:59:27Não podemos parar
00:59:28Eu acho que
00:59:28Nós vamos ter que
00:59:30Dar um jeito
00:59:32E arrumar uma solução
00:59:34Rapidamente
00:59:35Foi montada a diretoria
00:59:37Porque nós sabíamos
00:59:38Que tínhamos pouco tempo
00:59:39Para montar uma equipe
00:59:40Porque o campeonato catarinense
00:59:42Já começaria
00:59:43No início de janeiro
00:59:44As pessoas entenderam
00:59:46Que a minha pessoa
00:59:47Seria a pessoa
00:59:49A conduzir a chave
00:59:50Eu aceitei
00:59:51Como uma missão
00:59:52Muitos clubes brasileiros
00:59:56Nos ajudaram
00:59:57Porque se você não tivesse
00:59:58Ajuda de alguns clubes
01:00:01Do Brasil
01:00:02Você não teria condições
01:00:03Financeiras
01:00:04Para contratar
01:00:0620 e poucos jogadores
01:00:07Foram
01:00:08De um gesto
01:00:10De solidariedade
01:00:11Incomparável
01:00:12E quando
01:00:13Existe
01:00:14Esse comprometimento
01:00:16Na vinda
01:00:17Desses atletas
01:00:18Você só pode esperar
01:00:20Coisas boas
01:00:21Logo depois do Natal
01:00:30Me veio a primeira ligação
01:00:32Do meu empresário
01:00:33Falando que
01:00:34Tinham quatro times
01:00:35Interessados em mim
01:00:36E três
01:00:37Era para eu poder aparecer
01:00:38Normalmente
01:00:39No futebol
01:00:39E o outro
01:00:40Era por uma responsabilidade
01:00:41Muito grande
01:00:42Aí eu virei para ele
01:00:43E falei assim
01:00:44Eu quero saber só da responsabilidade
01:00:45Grande
01:00:45Que eu meio que imaginava
01:00:46E aí ele falou para mim
01:00:49Que era Chapecoense
01:00:49Eu falei assim
01:00:50Mano
01:00:50Eu não quero escutar
01:00:51Nenhuma outra proposta
01:00:52Não é
01:00:53São coisas boas
01:00:53Eu falei
01:00:54Liga lá para o Rui
01:00:55E vamos para a Chape
01:00:56Eu particularmente
01:00:58Quando eu cheguei
01:00:59Estava
01:00:59As tarde inteiras
01:01:00Estava muito triste
01:01:01Torcedores me encontravam
01:01:03Na rua
01:01:03As criancinhas pequenininhas
01:01:04Me abraçavam
01:01:05E pedia
01:01:06Para trazer alegria de volta
01:01:08Hoje
01:01:13Nós estamos muito felizes
01:01:15Pelo que está acontecendo
01:01:17Com o novo clube
01:01:18Esses atletas
01:01:20Que hoje fazem parte
01:01:21Da Chapecoense
01:01:22Todos eles
01:01:23Vieram escolhidos a dedo
01:01:25Não foi assim
01:01:26Qualquer clube
01:01:27Não
01:01:27Leva esse jogador
01:01:28Que nós emprestamos
01:01:29Não
01:01:29Todos eles
01:01:32Que vieram
01:01:34A gente fez a mesma
01:01:35Pergunta para eles
01:01:36Tu sabe
01:01:37Qual é o clube
01:01:37Que está vindo jogar
01:01:38E não
01:01:40Eu sei
01:01:41E eu vou
01:01:42É porque eu quero
01:01:43A gente sabe
01:01:58Que a gente não vai
01:01:59Trazer de volta
01:02:01O pessoal
01:02:01Que se for
01:02:02A gente não vai
01:02:02Não estamos substituindo
01:02:04Ninguém
01:02:04Nós jogadores
01:02:06Sabemos que
01:02:07Quando você monta um time
01:02:08Sai 5, 6
01:02:10E vem 5, 6
01:02:11Vem 10 jogadores
01:02:12Diferente
01:02:13Já é complicado
01:02:14Imagina quando vem
01:02:1530 jogadores diferentes
01:02:16Você imagina
01:02:17No primeiro jogo
01:02:25Foi muito emocionante
01:02:26Nos primeiros jogos
01:02:27Do campeonato catarinense
01:02:28Foi muito emocionante
01:02:29Da Libertadores
01:02:30Da Recopa
01:02:31Ver a alegria do torcedor
01:02:37Para a gente
01:02:37É maravilhoso
01:02:38Tanto que eles sofreram
01:02:40E estão tão felizes agora
01:02:42O que nós estamos fazendo por eles
01:02:43Não é a nova chapa
01:03:04Essa é a chapa
01:03:05Estamos dando continuidade
01:03:07Pouco mais de 5 meses
01:03:19Depois da tragédia na Colômbia
01:03:20A Arena Condá voltou a ficar lotada
01:03:22Dessa vez não para chorar
01:03:24Mas para ver a Turmoraes
01:03:26Levantar a taça
01:03:27De campeão catarinense
01:03:50Não caberia a mim ficar jogado num canto
01:04:14Chorando ou me lamentando
01:04:16Pela minha perna
01:04:18Que eu perdi
01:04:18Eu ganhei minha vida
01:04:19Peguei minha segunda chance de viver
01:04:20Então eu comemoro muito
01:04:22Eu sempre falo que hoje
01:04:28Com uma perna
01:04:29Eu consigo chegar mais longe
01:04:30Se eu estivesse com as duas
01:04:31Eu procuro levar a vida assim
01:04:33Sem por sorrisos no rosto
01:04:34Eu acredito que eles vão arrebentar
01:04:37Que eles vão superar as expectativas
01:04:40O Alu Neto
01:04:41Eu acho que eles vão voltar melhor
01:04:43Do que a gente estava antes
01:04:49Eu vou voltar a jogar
01:04:53Vou voltar a jogar
01:04:55Não sei quando
01:04:56Talvez esse ano
01:04:57Talvez ano que vem
01:04:58Mas
01:04:58Eu tenho muita fé
01:05:00Que logo logo
01:05:01Eu vou estar dentro de campo de novo
01:05:03O médico me explicou
01:05:09Falou
01:05:09Neto
01:05:10Você não machucou no jogo
01:05:12Você caiu no avião
01:05:14Você teve lesões
01:05:16Eu tive lesão no joelho
01:05:17Na coluna
01:05:18Ele falou pra mim
01:05:20O tempo pouco importa
01:05:22O que importa é você voltar bem
01:05:25A partir do momento
01:05:29Que eu saí do hospital
01:05:30De Chapecó
01:05:31Já foi onde eu
01:05:33Eu já botei na minha cabeça
01:05:34Que eu queria voltar a jogar
01:05:36Que eu poderia voltar a jogar
01:05:38E que
01:05:39Que seria grande possibilidade
01:05:40De isso acontecer
01:05:41Eu creio muito
01:05:47Que muita gente
01:05:48Está torcendo pela minha volta
01:05:49Torcendo pela volta do Neto
01:05:51E acho que vai ser um momento emocionante
01:05:55Um momento único
01:06:21Na verdade
01:06:24Eu vou estar realizando um sonho
01:06:25Pela segunda vez
01:06:27Eu realizei o primeiro
01:06:28Há 10 anos atrás
01:06:29Que foi quando eu me tornei
01:06:30Um atleta profissional de futebol
01:06:31Estou jogando contra o Barcelona
01:06:34Que não é qualquer time
01:06:35O Neto
01:06:37Ele falou pra mim
01:06:39Uma coisa
01:06:39Que ele falou assim
01:06:41Tu não está acreditando
01:06:42Tu vai jogar no Camp Nou
01:06:43Tu vai jogar no melhor campo do mundo
01:06:45Contra o melhor time do mundo
01:06:46E aí
01:06:48Quando eu paro
01:06:49E penso
01:06:50Cara
01:06:51Realmente eu vou jogar
01:06:52Contra o Barcelona
01:06:52É
01:06:53É
01:06:55É
01:06:56É
01:06:57É
01:06:58É
01:06:59É
01:07:00É
01:07:01É
01:07:02É
01:07:03É
01:07:04É
01:07:05É
01:07:06É
01:07:07É
01:07:08É
01:07:09É
01:07:10É
01:07:11É
01:07:12É
01:07:13É
01:07:14É
01:07:15É
01:07:16É
01:07:17É
01:07:18É
01:07:19É
01:07:20É
01:07:21Então
01:07:22É
01:07:23O
01:07:24É
01:07:24É
01:07:25Na verdade
01:07:25Vai passar um filme na minha cabeça
01:07:27Vou pensar em muita gente ali
01:07:29Vou pensar nas pessoas que
01:07:31Se foram
01:07:32Vou pensar nos meus amigos
01:07:34O Neto, no Foma
01:07:36Na minha família
01:07:37Quero 4
01:07:41Eu quero ser um exemplo bom pras pessoas
01:07:43esse exemplo bom de vontade
01:08:13A CIDADE NO BRASIL
01:08:43A CIDADE NO BRASIL
01:09:13A CIDADE NO BRASIL
01:09:15A CIDADE NO BRASIL
01:09:17A CIDADE NO BRASIL
01:09:19A CIDADE NO BRASIL
01:09:21A CIDADE NO BRASIL
01:09:23A CIDADE NO BRASIL
01:09:25A CIDADE NO BRASIL
01:09:27A CIDADE NO BRASIL
01:09:29A CIDADE NO BRASIL
01:09:31A CIDADE NO BRASIL
01:09:33A CIDADE NO BRASIL
01:09:35A CIDADE NO BRASIL
01:09:37A CIDADE NO BRASIL
01:09:39A CIDADE NO BRASIL
01:09:41A CIDADE NO BRASIL
01:09:43A CIDADE NO BRASIL
01:09:45A CIDADE NO BRASIL
01:09:47A CIDADE NO BRASIL
01:09:49A CIDADE NO BRASIL
01:09:51A CIDADE NO BRASIL
01:09:53A CIDADE NO BRASIL
01:09:55A CIDADE NO BRASIL
01:09:57정도 COIMấy
01:09:59A CIDADE NO BRASIL
01:10:01A CIDADE NO BRASIL
01:10:03OUAL
01:10:05AsSA PELA
01:10:07A CIDADE NO BRASIL
01:10:09Jamais vou esquecer essas pessoas que deram tantas alegrias e representaram tão bem esse time.
01:10:14Jamais vou esquecer eles.
01:10:16Eu espero que eles estejam bem.
01:10:18Oro para que Deus receba eles, continue com eles de braços abertos,
01:10:23porque são pessoas de coração muito grande.
01:10:28Eram nossos amigos, que tinham um compromisso com o clube.
01:10:33E nós chegamos aonde não imaginávamos até chegar tão rapidamente.
01:10:40Foram grandes heróis, sempre honraram as cores do clube
01:10:45e deixaram um legado maravilhoso de comprometimento
01:10:50e de que o pequeno, fazendo força, pode chegar a qualquer lugar.
01:11:03Foram grandes heróis, sempre honraram as cores do clube.
01:11:33Olho para o espelho, já não penso em solução
01:11:41Estava o sinal vermelho, quando peguei a sua mão
01:11:50Lembra os horicórios e as risadas pelo chão
01:12:00Chuva de estrelas
01:12:05Choque os corpos pela contramão
01:12:11Abre já a janela, então
01:12:18Abre já a janela, então
01:12:20Abre já a janela, então
01:12:34Deixe escapar a saudade pelos fundos do coração
01:12:44Corre
01:12:46Corre
01:12:47Vou correr também
01:12:52Para dissolver
01:12:54Para dissolvermos o tempo
01:12:58Ao chegar a hora
01:13:01E a janela, então
01:13:02Deixe escapar a saudade
01:13:03Se perder
01:13:04Lembra os horicórios
01:13:08E as risadas pelo chão
01:13:12Chuva de estrelas
01:13:17Choque os corpos pela contramão
01:13:24Eu juro
01:13:25Est minutes
01:13:27Tchau
01:13:28Tchau
01:13:29Tchau
01:13:30Amém.
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