O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), negou ter traído o governo Lula após a derrubada do aumento do IOF e cobrou reconhecimento pelas medidas aprovadas. Dora Kramer e Acácio Miranda analisam os intensos embates entre governo e oposição em Brasília, que já indicam o começo das estratégias para as eleições de 2026.
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00:00Bom, já o presidente da Câmara, Hugo Mota, deu um recado duro a integrantes do governo sobre as consequências do Planalto também entrar com uma ação no STF.
00:09Repórter André Anelli mais uma vez aqui com a gente. Inclusive, o deputado negou qualquer tipo de traição ao governo Lula, é isso, André?
00:19É isso também, viu, Tiago? Mas antes ele avaliou que qualquer tentativa do governo de judicializar a derrubada do IOF,
00:27o Imposto sobre Operações Financeiras, qualquer tentativa nesse sentido vai ser interpretada como um gesto de enfrentamento direto ao legislativo
00:36e tende a acirrar ainda mais, nas palavras dele, os embates entre os poderes.
00:42Ainda, segundo Hugo Mota, a avaliação que se faz nesse momento é que o governo abriu mão de governar com os parlamentares e agora busca governar com o STF.
00:52Nas redes sociais, o presidente da Câmara negou ter traído o governo federal ao pautar e derrubar o aumento do IOF.
01:01O capitão que vê o barco indo em direção ao iceberg e não avisa, não é leal, é cúmplice.
01:07E nós avisamos ao governo que essa matéria do IOF teria muita dificuldade de ser aprovada no parlamento.
01:13O presidente de qualquer poder não pode servir a um partido, ele tem que servir ao seu país.
01:18Mota também tem reclamado de ter recebido apenas críticas e cobranças após a derrota do executivo no episódio do IOF.
01:29Ele afirmou que as medidas importantes que foram pautadas pela gestão dele e aprovadas no mesmo dia
01:36não receberam o devido reconhecimento do Planalto.
01:40Entre essas medidas estão aquela que é a MP que libera até 15 bilhões de reais do Fundo Social do Pré-Sal para Habitação Popular
01:48e permite o leilão de excedentes de óleo e gás com potencial de arrecadar 20 bilhões de reais.
01:55Também a MP que isenta do imposto de renda quem ganha até dois salários mínimos,
02:00além de outra que autoriza trabalhadores do setor privado a contratar crédito consignado.
02:07Então, na avaliação de Hugo Mota, não houve nenhum tipo de reconhecimento,
02:11nenhum tipo de agradecimento do executivo na aprovação dessas medidas.
02:16Ou seja, não houve repercussão, tal qual aconteceu com o IOF, uma repercussão negativa, Tiago.
02:21É isso.
02:22Bom, então o presidente da Câmara foi às redes sociais para mandar esse recado para o governo
02:26e para outros integrantes do Planalto, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
02:30Até já, André.
02:32Mais uma vez com os nossos comentaristas.
02:33Mas, Dora, isso está longe de ser um simples rame-rame político, hein?
02:37Como isso vem crescendo.
02:38O presidente da Câmara vai às redes sociais, aliás, com camisa do Flamengo,
02:42todo mais despojado, só que mandando os recados que ele queria mandar, não é, Dora?
02:49Pois é, ele foi direto e reto.
02:51Ali não sobrou nenhuma dúvida do que ele queria dizer, né?
02:55Porque essa manobra do governo de jogar, de tentar imprimir no Congresso Nacional
03:04a pecha de inimigo dos pobres e amigo dos ricos,
03:09ela, obviamente, tem tudo para dar errado.
03:12De repente, eu acho que é isso mesmo que quer o presidente Lula, sabe?
03:16Exatamente do mesmo jeito que eu estava falando do Haddad.
03:20Pedido por um, pedido por mil.
03:21Porque não há a menor abertura, pelo menos por enquanto, do Congresso recuar.
03:28Porque a coisa está em ritmo eleitoral.
03:30E não é culpa de um e de outro.
03:32É culpa de todo mundo aí, desses dois atores.
03:35Que o presidente, em fevereiro, chamou a oposição para a briga.
03:39E a oposição topou, né?
03:41Dizendo, ele falou em fevereiro, olha, quem quiser ganhar de mim em dois mil e vinte e seis
03:47vai ter que começar a trabalhar.
03:49Foi lá o adversário e disse, então tá bom, então vamos trabalhar.
03:52E esse adversário é maioria no Congresso.
03:55Agora, tem que, preciso ver também, se essa estratégia do nós contra eles
04:00vai pegar bem na população.
04:02Porque quando o presidente faz um gesto, diz que a sua preocupação é com os mais pobres,
04:09ele tá excluindo os demais estratos da população, da sociedade.
04:16E esses estratos, que não são nem os ricos, nem os pobres, estão ali no meio,
04:22me parece até que devem ser a maioria, podem não se sentir satisfeitos com essa exclusão.
04:28E isso, de repente, se refletir nas pesquisas de opinião.
04:32Então, pode ser uma estratégia, por isso que eu chamo.
04:35Acho que é uma manobra bastante arriscada.
04:38O Acácio, e ainda sobre a possibilidade do governo também ingressar ao Supremo,
04:44se já existe uma análise sendo feita no Congresso Nacional pela provocação que o PSOL fez.
04:51O governo não ganha nada também ingressando, ou seja, vai gerar mais animosidade com o Congresso Nacional, não é isso?
04:59Exato, e a Dora bem disse.
05:01Esse é o objetivo deliberado do governo.
05:04O governo percebeu que o pragmatismo do Centrão fará com que o Centrão vá abandonando o governo aos poucos.
05:14Não melhoram os números de avaliação do governo, não melhoram os índices econômicos.
05:20Ao mesmo tempo que esses números vão caindo, o Centrão vai, pouco a pouco, abandonando o barco, olhando para 2026.
05:30O governo, tendo essa leitura e percebendo que não dará para jogar com o Centrão,
05:37o governo mira no Centrão como inimigo dos pobres, como inimigo do Brasil, inimigo da classe política,
05:45e mira no Centrão tentando fazer colar essa pecha no Centrão.
05:51Eu acho que é uma estratégia arriscada, porque ela pode funcionar, mas neste momento ela não dá qualquer indicativo que vá dar certo.
06:00O Dora, e só mais um ponto que eu acho que é importante a gente destacar para quem nos acompanha,
06:05desde quando a gente está falando de melhoria da comunicação do governo, né?
06:09Onde está Cidônio Palmeira nessa discussão?
06:12A gente não vê, né?
06:14O menino não viu mais, né?
06:16Porque ele tinha prometido, ele assumiu, acho que foi 17 de janeiro.
06:20E aí ele prometeu, disse que, olha, em três meses dá para dar um jeito nessa coisa.
06:26E aí três meses se passaram e nada aconteceu.
06:28Aí o governo vem e diz assim, não, mas sabe o que é?
06:31É que aconteceram várias crises, teve o INSS, teve o PIX, teve isso.
06:35Bom, mas quem criou as crises?
06:37De onde surgiram as crises?
06:38Elas surgiram do centro do governo.
06:40Então, ué, está ali do mesmo jeito.
06:43E agora o governo está falando que vai mudar o slogan.
06:47Aquele slogan que a gente tinha até esquecido, né?
06:50União e reconstrução, lembra?
06:52Porque de união não se viu nada.
06:54Então, parece que vai sair mesmo essa coisa da união e combina com o que o Acácio e eu estamos falando, né?
07:01Que a gente está desconfiando fortemente que aí nessa história tem provocação proposital.
07:09Se é que não ir para provocação proposital é até um pleonasmo.
07:13Mas, enfim, é uma coisa intencional, né?
07:15Então, olha, se essa briga, nós estamos aqui um ano e quatro meses das eleições,
07:20se a coisa começa, se não tiver um enrefecimento,
07:23porque sempre pode ter ali algum retrocesso, não está aparecendo,
07:26mas vai que tudo é possível na política.
07:29Então, se a gente vai nesse ritmo, nessa toada, menino,
07:34sei lá no ano que vem, onde é que a gente vai estar, vai estar.
07:37Ou vamos estar num ritmo de briga de rua,
07:41ou então essa briga de rua, essa polarização, essa radicalização,
07:47pode estar da amostra de cansaço no eleitorado,
07:52e aí, no mês, se abrir uma avenida para um outro tipo de formação,
08:00para um outro tipo de liderança, para um outro tipo de candidatura.
08:03posso estar sendo otimista, porque não escondo de ninguém
08:06que eu acho o bom caminho esse, o caminho do meio.
08:10Mas não é impossível, porque se continuar nesse ritmo,
08:14a gente vai ter que ter um limite essa coisa.