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  • 30/06/2025
Não dá para dizer que Lula não entende nada de economia, pois alguma coisa ele entende. Ao insistir em políticas que, cedo ou tarde, terminam em inflação e, no limite, em recessão – como bem nos ensinou a ex-presidente Dilma Rousseff, responsável em parte pelo triênio mais recessivo da história do país -, o chefão petista o faz não por ignorância, mas por insistência, ou seja, burrice.
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Transcrição
00:00Muito bem, sejam todos muito bem-vindos a esta quinta-feira e agora nós vamos ao assunto que todo mundo já está falando desde ontem à tarde.
00:10Tivemos uma reunião do Copom com muitas informações, o mercado esperava uma alta de 0,75%, mas foi maior do que isso.
00:20O Comitê de Política Monetária decidiu elevar a taxa de juros em um ponto percentual, de 11,25% para 12,25% ao ano.
00:30A alta da taxa Selic é superior às previsões das instituições financeiras, que projetavam um aumento, como eu disse, de 0,75% ao ano.
00:39Essa foi a última reunião sob o comando de Roberto Campos Neto.
00:43A decisão desta quarta representa uma alta maior na taxa de juros, a maior desde que o governo Lula se iniciou, e a maior escalada desde fevereiro de 2022, quando foi de 1,5% ao ano.
00:59Um detalhe importante, a decisão foi tomada de forma unânime.
01:03Vamos ver dois pontos importantes no comunicado de ontem do Banco Central.
01:08Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo, com destaque para a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que indicou abertura adicional de IATO.
01:25A inflação cheia e as medidas subjacentes têm se situado acima da meta da inflação e apresentam elevação nas divulgações mais recentes.
01:36E mais, as expectativas de inflação para 2024 e 2025, apuradas pela pesquisa Focus, elevaram-se de forma relevante e encontram-se em torno de 4,8% e 4,6%, respectivamente.
01:52A projeção de inflação do COPOM para o segundo trimestre de 2026, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 4%.
02:03Continuando, vamos para a próxima arte.
02:09Muito bem, então, as duas artes estão aí e, bom, vou chamar para comentar o assunto o nosso querido Wilson Lima, diretamente de Brasília, e também o Vandique Silveira, que está falando diretamente do nosso link no exterior.
02:25E eu já pergunto para o Vandique, direto e reto, quais foram os recados do Banco Central nessa comunicação?
02:31Vandique, boa tarde.
02:32Bom, primeiramente, um prazer estar aqui com vocês.
02:36Semana bastante atribulada e ontem nós tivemos uma posição muito definitiva, taxativa do Banco Central.
02:44Primeiro ponto é o seguinte, o Banco Central descobriu que está lutando sozinho contra a inflação.
02:50É isso aí, não teve contrapartida de pacote fiscal que faça sentido.
02:54O governo largou toda e qualquer responsabilidade pelo combate da inflação na mão do Banco Central e como se o fiscal não tivesse nenhum impacto.
03:06Então, isso criou um problema.
03:08Segundo ponto é esse aí.
03:09O fiscal não fez efeito e ainda piorou a situação, colocou água no chope por trazer a isenção de tributos para rendas até 5 mil reais.
03:21Outro ponto importante, dólar disparado.
03:23O Banco Central falou, epa lá, se a gente não vai ter nenhum problema, se a gente não vai ter controle de gasto, a gente vai ter que reancorar a moeda, o real, através da política de taxa de juros.
03:40E juros é uma âncora para a moeda, para o câmbio.
03:44Então, isso é muito importante para evitar ainda mais disparada.
03:48Mas não resolveu totalmente o problema.
03:50O dólar vai continuar dentro de um sistema bem volátil até a gente ter alguma visibilidade de mais médio prazo.
04:00Outra coisa, inflação.
04:02Inflação bateu 4,87, muito acima, muito mais próximo de 5 do que de 3.
04:08A gente está muito fora de qualquer nível de entender que a inflação é um problema.
04:15A gente está fora desse nível e principalmente pelas expectativas que estão totalmente desancoradas, não somente para o ano de 2024, que já acabou, mas para 2025, 26 e 27.
04:30E a perspectiva é de piora consecutiva desse cenário inflacionário.
04:36Economia superaquecida.
04:37A gente está queimando nos oito cilindros e não tem jeito.
04:42O V8 do Camaro, do governo, está queimando em todos os cilindros.
04:47E isso cria problema pelo seguinte, o potencial do PIB brasileiro é em torno de 2, 2,5%.
04:53A gente vai crescendo em 3%.
04:55O esforço fiscal, esse impulso fiscal que o governo tem feito, gastos além da medida, chega a 6% do PIB.
05:04E isso significa que dos 3,1% do crescimento anualizado do PIB brasileiro, pelo menos 1,2%, 1,3% vem desse impulso fiscal.
05:14O que significa o seguinte, que a economia, se ela não tivesse esse anabolizante do governo, estaria crescendo dentro do hiato.
05:20Dentro do seu potencial que está entre 2, 2,5%.
05:24O governo vem forçando isso, isso vem aumentando a pressão inflacionária, isso vem aumentando a demanda por mão de obra.
05:31Isso vem colocando mais dinheiro na mão da população, que não é ruim.
05:34Mas se a gente tivesse investimentos contínuos superiores à média, que é em torno de 16,5%, 17%,
05:41e a gente pudesse ter do lado da oferta, pudesse ter ao lado da oferta sem pressão inflacionária.
05:49O que não é realidade.
05:50Os investimentos subiram de forma anualizada no terceiro TRI, comparado com o terceiro TRI do ano passado, 10%.
05:57Só que nós voltamos à mediocridade dos 16,5%, 17%, que não é suficiente para fazer verão.
06:05Um país emergente, um país como o Brasil, precisa ter investimento de pelo menos 20%, 25% do PIB para começar.
06:11A gente teve investimento que voltou à mediocridade e, ao mesmo tempo, nós tivemos uma queda na taxa de poupança.
06:18Quer dizer, a turma está indo na rua comprando com o que tem.
06:22Esse é um problema importante.
06:23E o último ponto que eu devo colocar aqui é a questão da economia mundial e da geopolítica,
06:31que criam bastante pressão, principalmente sobre o dólar, a possibilidade de inflação nos Estados Unidos,
06:36que geraria uma redução ou uma paralisação na queda do juro americano, que leva dinheiro lá para fora.
06:44Então, isso também gera problemas.
06:46O Banco Central foi bastante altivo em dizer que não só aumentou agora,
06:54queimou um pouco dos seus cartuchos para uma taxa de elevação acima da expectativa do mercado,
07:01que era em torno de 0,5%, 0,75%, conseguiu ir para cima, mostrou, sinalizou que era sério no combate
07:08e que vai defender a meta de inflação de 3%, seja como for, e já contratou mais duas elevações de 1%.
07:17Vale notar que cada 1% de aumento Selic em 12 meses significa 50 bi a mais em termos de endividamento.
07:25Então, isso manda um recado para o governo de que o governo precisa fazer a sua parte ou vai ter que pagar muitos juros.
07:30Muito bem. E já para falar sobre a repercussão política desse caso,
07:37vamos falar com ele, que já está aí ao seu lado, nosso Wilson Lima, com bastidores de Brasília.
07:42Então, meu caro Zé Inácio, boa tarde para você, boa tarde para você que nos escuta,
08:01que nos acompanha, que nos assiste aqui em O Antagonista e também pela TV BMC.
08:06Olha, meu amigo, vou te contar uma coisa.
08:08Mas o Van Dicke, ele levantou a bola, eu vou cortá-la aqui rapidamente,
08:12nessa tarde de quinta-feira, dia 12 de dezembro de 2024.
08:16A questão é a seguinte, meu caro,
08:18enquanto o mercado pede que o governo Lula faça um pouco de sacrifício,
08:23o governo Lula vive entrando na teoria da conspiração.
08:27Tudo isso é culpa do Roberto Campos Neto, é culpa do mercado, é culpa da Lua,
08:33é culpa de Marte, é culpa do astronauta, é culpa do Elon Musk.
08:37Ah, não tem culpa do PT, coisa nenhuma.
08:40Vamos colocar na tela, por gentileza, o suíte da Iglesias Hoffmann,
08:43repercutindo a decisão do Copom de ontem.
08:46E ela, olha, teceu duras críticas, né?
08:50Classificou a decisão de insana e desastrosa para o país.
08:54Também falou que não faz sentido para um país que precisa crescer,
08:57continuar gerando empregos, que o BC está ignorando o esforço
09:01e o sacrifício do governo em tomar medidas fiscais
09:06que já estão no Congresso para limitar o crescimento da despesa.
09:09Esforço do governo que, inclusive, foi criticado por parlamentares.
09:12Eu trouxe esse partido ontem, vários parlamentares,
09:15dizendo que se o governo tivesse cumprido o arcabouço fiscal,
09:20não estaria passando por esse aperto nesse momento.
09:23E aí, ontem, Zé Inácio, outros integrantes do PT criticaram a decisão,
09:28como o Ricardo Capelli, classificando a decisão como crime.
09:32Rogério Corrêa, também classificando o Roberto Campos Neto como um sabotador.
09:36Rogério Corrêa, que foi candidato ao governo de Belo Horizonte pelo PT.
09:41Lindbergh Farias, deputado federal, que vai ser o futuro líder da bancada do PT,
09:46dizendo que é escandaloso, enfim, inclusive citando esse impacto fiscal
09:50de 50 bilhões nas contas públicas e por aí vai.
09:53E o atual líder do PT, o Zé Guimarães, também classificou a decisão de desastrosa
10:00e disse que isso, que essa decisão sabota o crescimento econômico do país
10:05e inviabiliza o crédito e o financiamento.
10:08Meu caro Zé Inácio, eu queria colocar, se fosse possível, a tela dividida.
10:11Eu queria fazer uma pergunta para o nosso grande Van Dicke,
10:15porque chega dezembro, essa foi a última reunião do Roberto Campos Neto.
10:20Ao longo do ano, como você falou na escalada, meu caro Zé Inácio, a decisão foi unânime.
10:26Durante todo o ano, o PT bateu, bateu, bateu, bateu, bateu no Roberto Campos Neto,
10:34praticamente alçou ele a uma espécie de MGR, Malvadão Geral da República.
10:39A pergunta que eu te faço, meu caro Van Dicke, é a seguinte.
10:44Após esse período todo, chegamos em dezembro, qual é a sua avaliação sobre o trabalho do Roberto Campos Neto?
10:51Ele, de fato, é esse malvadão Geral da República que o PT tentou pintar para todo mundo?
10:56Olha, Van Dicke, eu acho que o seu microfone está mutado, se você puder desmutar, pronto, aí está.
11:08Pronto.
11:10Meu querido Wilson, muito obrigado pela pergunta, e essa é uma pergunta muito relevante,
11:15porque a gente precisa enaltecer o trabalho fenomenal que o Roberto Campos Neto fez.
11:20Ele foi praticamente o escudeiro da luta contra a inflação, quem conseguiu segurar isso praticamente sozinho,
11:29inclusive até ele convencer os outros membros, inclusive Galipo, etc.,
11:34que foram colocados no Banco Central pelo governo atual.
11:37A gente lembra que em julho a gente teve aquela rusga quando precisou aumentar
11:41e teve aquela confusão de quanto aumentaria a taxa de juros e não foi unânime?
11:48Pois é, e ele foi muito habilidoso não só em não entrar em brigas corporais com a Glaze e companhia,
11:58não responder, etc., ele foi muito elegante, escutou as críticas e fez o que o Banqueiro Central tem que fazer,
12:06mas ele também fez uma espécie de estágio para o Galípolo aprender a conduzir política monetária
12:17entendendo de política econômica não heterodoxa.
12:22Então ele fez um curso rápido para o Galípolo compreender e deixar aquelas ideias mais heterodoxas,
12:29mais estranhas que ele tinha antes de assumir a posição de diretor de política monetária,
12:35de lado e entender um pouco mais de economia neoclássica, ortodoxia econômica,
12:40e entender que existem problemas muito sérios e estruturais no Brasil que fazem com que a inflação
12:46ela sempre esteja olhando, espreitando e pode voltar a qualquer momento, uma vez que a economia é toda indexada.
12:53Então o Roberto Campos Neto tem um grande mérito e inclusive errou, a meu ver,
12:59errou em trazer a taxa de juros para 2%, mas depois ele entendeu que o problema era grande, subiu,
13:07acho que ele telegrafou demais, fez em doses homeopáticas, a conta gota, a volta do juros até chegar nos 13%,
13:14ele errou de novo em baixar quando a gente sentiu que o IPCA, mas a beleza de lidar com uma pessoa
13:23tão inteligente e competente que ninguém sabe o futuro, e ele por ter tomado decisões que muitas vezes
13:29podiam ser equivocadas, ele aprendeu rapidamente do erro e começou a se movimentar, e ao se movimentar
13:35ele trouxe o resto do Copom junto com ele, ele teve a capacidade de argumentar, apresentar os pontos,
13:41contrapor as divergências que haviam contra os pontos dele, e ele conseguiu trazer o Copom na linha
13:48do que é a seriedade com a busca da meta fiscal, a meta fiscal não, a meta da inflação, desculpem.
13:56Agora, o Vandique, eu queria apontar outra questão contigo, porque, desculpa Zé Inácio,
14:01te atropelado, querido, porque me parece que o ano de 2024, nós chegamos aqui a dezembro,
14:10e me parece que o ano de 2024, ele foi o grande teste para o projeto, para aquela lei
14:15que determinou a autonomia do Banco Central. Ao longo do ano, várias vezes o PT trabalhou
14:21para derrubar ou para mudar a atual regra que foi aprovada durante o governo Jair Bolsonaro.
14:27Senadores seguraram, principalmente o Vandellano Cardoso, da Comissão de Assuntos Econômicos
14:33do Senado, e em várias conversas que eu tive com senadores, eles me falavam o seguinte,
14:37Wilson, é justamente esse projeto que pode garantir ao país uma estabilidade econômica no futuro, por quê?
14:44Porque o compromisso do integrante, do presidente do Banco Central, vai ser com a economia,
14:50não vai ser com o governo de plantão, não vai ser com A ou B.
14:54Você também chega a essa conclusão, Vandellano, que de fato essa lei possibilitou,
14:59ela teve esse grande teste em 2024 e possibilitou que de fato o Banco Central
15:03tivesse uma função, tivesse autonomia de fato, de direito,
15:10para conter esse tipo de abuso, por exemplo, do PT em 2024?
15:14Sem dúvida alguma.
15:16Se na ausência de uma independência total do Banco Central,
15:20nós teríamos um problema muito sério, não só de desancoragem da inflação,
15:24mas com a inflação realizada.
15:26E eu acho que hoje a gente deveria estar muito mais em linha com o projeto Dilma,
15:31que levou a inflação a 11%, do que o que a gente tem vivido.
15:35Ainda que a gente vá chegar aos 5% esse ano, que é muito acima da meta.
15:40No entanto, na ausência dessa independência, a força política,
15:45a possibilidade de substituir o Banqueiro Central de turno seria quase certo
15:51e a gente teria um problema não só de desancoragem de expectativas,
15:55mas como a realização.
15:56Isso faria com que a desancoragem de expectativas estivessem ainda muito mais acirradas
16:01e isso acaba criando uma profecia autorrealizável,
16:04a inflação crescendo de maneira inercial,
16:06que é o grande perigo da economia brasileira,
16:09uma vez que a nossa economia é toda indexada.
16:11Muito bem. Só uma última perguntinha rápida,
16:15porque a gente tem um minutinho para o intervalo.
16:17Você acha que o Galípolo, pelo que o entende,
16:19realmente aprendeu com esse cursinho rápido do Roberto Campos Neto
16:23ou em abril ele começa a mudar de ideia?
16:2830 segundinhos rapidamente, lembrando que você volta depois do intervalo.
16:31Ele ganhou um colete à prova de bala até março,
16:34que já estão contratadas duas, dois aumentos de 1%.
16:39Até lá ainda é culpa do Campos Neto.
16:42Depois disso é culpa dele.
16:44Espero que ele tenha aprendido,
16:45tenha se mostrado bastante assíduo na economia
16:48que ele deveria conhecer e saber.
17:09E aí
17:13E aí
17:18E aí
17:20E aí
17:22E aí
17:24E aí

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