O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou um novo discurso para justificar a recente alta do dólar. Em uma declaração feita a jornalistas nesta segunda-feira, 6, ele afirmou que o cenário econômico mundial passou por um “estresse”, que também afetou a economia brasileira. Segundo o ministro, é “natural que as coisas se acomodem” após esse tipo de distúrbio. - Siga O Antagonista no X, nos ajude a chegar nos 2 milhões de seguidores! https://x.com/o_antagonista
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00:00O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou um novo discurso para justificar a recente alta do dólar.
00:06Em uma declaração a jornalistas na segunda-feira, ele afirmou que o cenário econômico mundial passou por um estresse,
00:13que também afetou a economia brasileira.
00:15Segundo o ministro, é natural que as coisas se acomodem após esse tipo de distúrbio.
00:21Haddad classificou o atual momento como um processo de acomodação natural da economia.
00:27Vamos ouvir o ministro.
00:28A reunião presente?
00:31Começamos o ano, foi apresentar para ele o planejamento do Ministério da Fazenda,
00:37já agendando reuniões futuras, inclusive prevendo já a instalação dos trabalhos legislativos.
00:47Começamos o primeiro despacho do ano, conversamos sobre outros temas, mas o planejamento do ano.
00:53A questão do orçamento que ainda precisa ser adotado.
00:57A reforma da renda, no ano passado, o senhor mencionou que tinha uma inconsistência que ela seria resolvida nos primeiros dias desse ano.
01:03Como é que está essa questão? Já foi resolvida e precisamos?
01:05O presidente está aí primeiro aguardar a eleição das mesas, essas coisas tem que avançar um pouco mais, os líderes.
01:17Mas enfim, está programada, a discussão está programada para 2025.
01:21Ela tem que acontecer em 2025.
01:23Mas essa inconsistência foi solucionada?
01:26Eu vou saber hoje, a bem da verdade, porque a Receita não rodou o novo modelo ainda, porque nós estamos terminando o ano com muitas coisas.
01:38Mas isso já deve ficar pronto nos próximos dias.
01:41Tem que votar.
01:42A prioridade agora é votar o orçamento.
01:45E se o mês de ano sem orçamento, já dá algum tipo de restrição?
01:48Não, a princípio não.
01:50Tem uma regra para isso, né?
01:52Enquanto não votar o orçamento, no começo do ano sempre uma execução mais lenta mesmo, no começo do ano.
01:58Mas nós temos que discutir, falar com o relator para ajustar o orçamento às perspectivas do arcabouço fiscal e das leis que foram aprovadas na final do ano passado.
02:13Em relação à reunião, então, hoje para o presidente, foi só sobre o orçamento e outros temas para a programação desse ano?
02:18A programação do ano, a pauta dentro e fora do governo, a pauta legislativa e a questão do orçamento.
02:28A questão do dólar, a gente tem que entender isso como uma coisa que é ter um processo de acomodação natural.
02:37E nós tivemos um estresse no final do ano passado, no mundo todo, tivemos aqui um estresse também, no Brasil.
02:45Hoje mesmo, o presidente eleito dos Estados Unidos deu declarações de que, moderando determinadas propostas que foram feitas ao longo da campanha,
02:58é natural que as coisas se acomodem, mas não existe discussão de mudar o regime cambial no Brasil.
03:09Nem de aumentar imposto.
03:10Nem de aumentar imposto com esse objetivo.
03:15Nós estamos recompondo a base fiscal do Estado brasileiro, pelas propostas que estão sendo indireçosas para o Congresso Nacional.
03:26O ministro te convenceu com essas explicações?
03:30Ô José Inácio, mas essa é uma pergunta difícil, não dá nem para fazer com a cara séria, né?
03:36O ministro está com um ar de quem está cumprindo o aviso prévio, sabe aquele, não, está tudo bem, eu não sei, eu vou saber, vamos lá, ele não consegue conjugar o verbo, vamos lá, estamos lá.
03:52É assim, é o seguinte, que estresse foi esse? Se não tivesse um desarranjo fiscal, a gente não teria tido uma desvalorização campeã de 27%.
04:04Nenhuma moeda do mundo teve 27% de desvalorização.
04:09Obviamente que com a eleição do Trump e essa incerteza, o dólar se fortaleceu vis-à-vis a grande parte das moedas do mundo.
04:17Mas o Brasil tomou de 7 a 1 de novo, o Brasil, aliás, toma de 7 a 1 por baixo da perna.
04:22É toda semana que tem uma questão dessa.
04:27Aí vem a acomodação, a acomodação vai ser em 7, é essa que é a acomodação que o ministro está falando.
04:32Como é que ele está querendo recompor a estrutura fiscal do país se não existe um pacote, uma compreensão e uma sensibilidade por parte do presidente da República e seu partido,
04:43que precisa ser feito corte de gastos, não é redução da taxa de crescimento dos gastos.
04:49A gente precisa ter, comparando 2024 para 2025, um sinal de menos.
04:57Comparado com o gasto, principalmente com o impulso fiscal.
05:00E isso precisa ser muito óbvio e comunicado de uma maneira muito eficaz para o mercado, porque perdeu a credibilidade.
05:13...interferência auditiva.
05:15Lhe garanto que não foram nem o Wilson, nem eu, muito menos você que estava em plena fala.
05:30E eu já pergunto para o Wilson, aproveitando, mesmo estando em férias parlamentares, como é que essa declaração reagiu, teve consequências aí no Congresso,
05:40ainda que, como eu mesmo disse, não tenham muitos parlamentares no momento.
05:45Houve algum tipo de manifestação, direta ou indireta, em relação a essa fala?
05:49Inácio, está todo mundo observando o que o governo Lula vai fazer, está todo mundo em compasso de espera.
05:56E essa fala do Haddad, na verdade, acaba coadunando o que a gente trouxe de bastidor lá no início do programa.
06:03Porque, no momento que o Haddad não sabe mais ou menos o que fazer, não sabe o que fazer, na verdade, o governo não sabe de onde vai tirar a receita.
06:12Os parlamentares também ficam, olha, ok, qual vai ser a próxima mágica?
06:16Porque o grande problema, Inácio, é o seguinte, no ano passado, o que teve de deputado que ficou tiririca da vida,
06:24utilizando um termo popular, parafraseando o deputado federal, o que teve de deputado tiririca da vida,
06:32por conta desse ajuste fiscal troncho, não está escrito.
06:38E esse é que é o grande problema, porque os deputados assumiram o desgaste, deputados e senadores assumiram o desgaste,
06:44o governo federal teme não cortar gastos, tema nessa política de, não, eu vou tentar resolver uma fratura exposta com band-aid,
06:53e aí, meu amigo, você vai rolando o problema para frente.
06:58Só que o seguinte, é como falou o Van Dijk, ou você tem um choque fiscal agora, duro,
07:04ou as consequências vão ser cada vez mais nefastas.
07:08Essa que é a grande questão, porque você tem taxa de juros em elevação,
07:12o dólar até que baixou nos últimos dois dias, mas o brasileiro já vai precisar se acostumar a um dólar no patamar de R$ 6,00,
07:21algo que a gente não imaginava há uns três meses atrás.
07:24Então, quer dizer, esse cenário que o governo Lula vai ter que lidar,
07:28é ainda por cima sem ter uma base parlamentar de apoio consistente no Congresso.
07:32É um cenário difícil, sem dúvida nenhuma.
07:33Van Dijk, 40 segundinhos.
07:37Pelo nono mês consecutivo, a receita bate recorde no mês de novembro, R$ 209 bilhões.
07:46E mesmo batendo recorde, em cima de recorde, não é suficiente para aplacar a sanha gastadora do governo.
07:54Nós temos um problema seríssimo.
07:56Vamos terminar 2024, terminamos, vai ser apurado, com quase 10% de déficit fiscal.
08:04Inaceitável.
08:05Isso vai dar muito ruim.
08:07Pois é.
08:07Temos um ralo maior do que a torneira.
08:10Nas nossas casas isso costuma ser bom, mas na vida financeira de um Estado,
08:17não fecha a conta porque não acumula água, no caso dinheiro, para pagar as contas.
08:23Então, temos que diminuir o ralo, já que a torneira não está ficando maior a essa altura.