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O aumento dos impostos sobre os super-ricos foi uma das principais bandeiras do Brasil na presidência do G20, mas a Cúpula de Líderes vai terminar sem uma declaração consensual sobre o tema.

O motivo foi a forte oposição da Argentina, presidida por Javier Milei. Sua administração deu uma guinada de posicionamento no G20, após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
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Transcrição
00:00E voltamos com o meio-dia em Brasília para falar sobre economia e o G20 com o Vandique Silveira.
00:07Ocorre o seguinte, o aumento dos impostos sobre os super-ricos foi uma das principais bandeiras do Brasil na presidência dessa G20,
00:14mas a cúpula de líderes vai terminar sem uma declaração consensual sobre o tema.
00:19E o motivo foi a forte oposição da Argentina, presidida por Javier Milley,
00:24e sua administração, que deu uma guinada de posicionamento no G20 após a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
00:32Inclusive, o Milley foi o primeiro a ser recebido, o primeiro líder mundial a ser recebido pelo Trump pós-eleição.
00:39Então, vamos ver direitinho isso daqui a pouquinho, quando a gente conversar.
00:45Podemos chamar o nosso querido Vandique?
00:48Vandique, boa tarde, tudo bom com você?
00:50Bom dia, José Inácio, um prazer estar aqui com vocês.
00:55Queria saber a sua visão justamente sobre esse tema, como é que você está observando essa tendência
01:02e as consequências econômicas para o Brasil e para o resto do mundo também?
01:07José Inácio, essa cúpula do G20 faz parte de um calendário de eventos globais.
01:14Muito pouco é feito da porta para fora de um país.
01:21A maior atividade, como já falamos, inclusive o Duda salientou,
01:28você tem que resolver problema de fome internamente.
01:31Nós não vamos conseguir resolver um problema juntando um grupo de países com interesses próprios
01:36para resolver o problema do mundo.
01:39Os grandes líderes do mundo, os Estados Unidos, a Europa Unida, a China,
01:43são esses países que determinam o passo de mudança no mundo.
01:47E se a gente não tiver as grandes nações, as grandes potências fazendo isso,
01:51é a razão que elas sempre foram quem ditou as normas, as regras,
01:55inclusive as modas do mundo,
01:57a gente está num mundo anárquico.
01:59E o mundo não é anárquico.
02:01A gente vive numa hierarquia de poderes.
02:05Essa ideia que foi ventilada,
02:08que é uma espécie de obsessão do ministro Haddad e do PT
02:11de taxar as grandes fortunas,
02:15é uma coisa extremamente inócua.
02:16A gente sabe que todos os países que fizeram isso,
02:19e um grande exemplo é a França,
02:21no dia que faz, no próximo dia,
02:24você tem menos bilionários e o país do lado,
02:27como no caso da França, a Bélgica, a Suíça,
02:30acordou com um número maior de bilionários e milionários.
02:34Quer dizer, esse tipo de coisa é um falatório
02:37que gera muita tensão,
02:40mas de ação tem quase nada de efeito.
02:45Para a gente pensar aqui no Brasil,
02:471% mais rico da população,
02:50se a gente pensar que o país tem 150 milhões de adultos,
02:56nós estamos falando de 1,5 milhão de pessoas
02:58que têm uma riqueza acima,
03:01mais ou menos, de 4 milhões de reais,
03:04porque eles detêm alguma coisa como 49% do PIB.
03:10Então, nós estamos falando de algo em torno de 5 bilhões.
03:14Se a gente fizer um cálculo bem rápido,
03:18de envelope, de guardanapo,
03:21a gente vê que esse pessoal com alguma coisa
03:25em torno de 5, 6 trilhões de reais,
03:28se a gente tributasse 3% desse pessoal,
03:33a gente ia conseguir alguma coisa
03:35em torno de 1 trilhão e meio,
03:39alguma coisa assim.
03:40Efetivamente, o valor que isso vai...
03:45Desculpa, 1 trilhão e meio não,
03:47200 bilhões de reais.
03:50E efetivamente,
03:53quando a gente faz um cálculo da eficiência desse imposto,
03:56se esse pessoal não for embora,
03:57a gente imaginar que alguma coisa
03:59em torno da metade vai conseguir arrecadar.
04:03Então, nós estamos falando de 80, 90 bilhões de reais.
04:08Não é pouco dinheiro,
04:10mas isso assumindo que tudo vai de acordo com a regra.
04:14A tendência é que essas pessoas ricas
04:17que têm essa disponibilidade de caixa,
04:21automaticamente, em grande parte,
04:24passe a riqueza para outras partes do mundo.
04:27está cheio de lugares como as Ilhas Caimã,
04:34o Panamá, que são paraísos fiscais,
04:37o próprio Uruguai.
04:39Então, esse tipo de coisa
04:42tende a tirar os recursos do Brasil.
04:46Outro ponto muito importante
04:48dessa ideia de taxação de mais ricos,
04:51que é uma questão fundamental,
04:53é entender, José Inácio,
04:55o que é ser rico.
04:58Eu até agora não consegui entender
05:00a definição do governo.
05:03É quem ganha mais de um milhão de reais em salário?
05:06É quem ganha mais de um milhão de reais em dividendo?
05:10É quem tem disponibilidade
05:12de mais de um milhão de reais imediata?
05:15E como é que fica o cara que tem uma riqueza,
05:18mas essa riqueza está em imóveis
05:19ou ativos e líquidos?
05:22Como é que a gente calcula isso?
05:23Quer dizer, é tão complicado fazer isso
05:26que o processo de tributar esse pessoal
05:29é melhor dar espaço para esse pessoal
05:31investir mais na economia,
05:34gerar mais empregos,
05:36abrir oportunidades para mais empresas
05:39se capitalizarem
05:40e aumentar os mercados de capitais do Brasil,
05:43que são praticamente anêmicos.
05:45Então, esse tipo de ideia
05:49é muito mais uma questão política
05:51que você faz pontos com a torcida
05:54que não entende, do ponto de vista econômico,
05:58a dificuldade de estabelecer esse imposto
06:00e de executar.
06:01Primeiro é criar a regra.
06:03Como é que a gente define?
06:04E depois, como a gente executa
06:06e combinar com os russos
06:08para o pessoal não tirar esses recursos do Brasil.
06:11Quer dizer, o que precisa ser feito
06:13e que a gente não fala
06:14é como promover o ambiente de negócios
06:18que os mais ricos investem mais na economia
06:20e que a gente consegue tirar mais gente da pobreza.
06:24Esse é o ponto fundamental.
06:25Muito bom.
06:29Van Dicke, além disso,
06:31a gente tem que falar um pouco também de economia,
06:33porque, enfim, do Brasil especificamente,
06:36porque o famoso pacote fiscal
06:37parece que não sai nunca.
06:40Aliás, o ministro da Fazenda,
06:41o Fernando Haddad,
06:42declarou que o pacote de ajuste fiscal
06:44que está sendo elaborado pelo governo há semanas
06:47será anunciado em breve
06:49e que há acordo com o presidente Lula
06:52e a expectativa é que esse detalhamento aconteça
06:55após a cúpula do G20
06:56que ocorre hoje de manhã.
06:59Inclusive, vou citar aqui uma fala do Haddad.
07:02Abre aspas.
07:03O conjunto de medidas está fechado com o presidente.
07:06Estamos esperando respostas do Ministério da Defesa.
07:10O objetivo é que o Brasil consiga...
07:12Não, que o Brasil siga crescendo com sustentabilidade.
07:16Se você tiver distorções,
07:17o arcabouço fiscal pode perder a credibilidade.
07:19Vão dizer que o governo está saindo do acordado.
07:23Esse, Fernando Haddad, entrevista a CNBC News.
07:27Meu caro Van Dicke,
07:28dá para acreditar realmente nessas palavras do Haddad
07:32ou a gente sabe que, na verdade,
07:35vai vir um pacote para inglês V,
07:37com números que agradem parcialmente,
07:39pelo menos, o mercado,
07:40mas que deve ser desidratado ou não cumprido
07:42através de manobras ao longo dos próximos períodos?
07:45José Inácio, nós temos dois problemas aqui.
07:51Primeiro é o Lula promover uma reunião sindical
07:54num regime presidencialista
07:56com todos os ministros
07:58e perguntar se eles querem,
08:00se eles aceitam cortes.
08:03Isso não acontece num regime presidencialista.
08:06Isso não mostra a efetividade de um presidente
08:09de que liderem um país
08:12e que tenha competência de tomar decisões.
08:15Você não toma decisões de corte de gasto
08:17falando com cada um e perguntando
08:19se você gostaria.
08:20Obviamente que cada um não quer
08:22e vai fazer de tudo,
08:23esperlinhar para não ter cortes.
08:25Então, você faz,
08:27combina o jogo com o ministro da Economia,
08:30o ministro da Fazenda, no caso, hoje,
08:32junto com o Haddad e a Simone Tebet,
08:35você cria um plano de cortes com técnicos
08:37e você apresenta a solução
08:39que vai acontecer para ministro
08:42que goste ou não goste.
08:43Essa é a solução que vai acontecer.
08:45Você avisa primeiro
08:46e depois você apresenta.
08:47Esse é o primeiro problema.
08:49Segundo, esse pacotão,
08:52já existe fala do Haddad
08:54que foi publicada hoje
08:55falando a respeito do corte
08:58de algo em torno dos 600 bilhões de reais,
09:02que são as renúncias fiscais e subsídios,
09:05para empresas e indústrias.
09:06Só que esse é um problema muito sério
09:09e você tem que combinar ainda também
09:12com o lado do legislativo.
09:15Por quê?
09:16Esses grupos são muito bem organizados
09:22na sociedade,
09:23através de lobbies,
09:24através de relacionamento direto
09:26com o legislativo,
09:28com os legisladores,
09:29e é muito mais difícil
09:32você impor cortes
09:34para grupos politicamente organizados.
09:39Então, a meu ver,
09:40o que vem é um aceno a Faria Lima,
09:43mas não vem nada estruturante
09:46que mexa como a estrutura fiscal do país se dá.
09:51Por exemplo,
09:52um dos pontos que mais chama a atenção
09:55é o seguro-desemprego.
09:57Nós não temos desemprego caindo rapidamente,
10:01saímos de cerca de 12% para 6% em dois anos,
10:05entretanto,
10:06o seguro-desemprego não para de crescer.
10:09A mesma coisa acontece com o BPC e com a Previdência.
10:12Quer dizer,
10:13se a gente não endereçar esses problemas,
10:15são problemas gigantescos,
10:17nada de estrutural vai ser impactado.
10:21E isso não impede que a dinâmica da dívida
10:24continue acelerada
10:26e a gente se endividando cada vez mais
10:28através do pagamento de juros.
10:31Então, para inverter isso,
10:32a gente precisa ter definições
10:34de cortes estruturantes.
10:37Só que esses cortes estruturantes
10:38vão passar tanto pelo lado social
10:41como vai passar pelo lado
10:43dos subsídios
10:46e dos gastos fiscais
10:49que são benesses para as indústrias.
10:51E é aí onde mora o grande detalhe
10:54que precisa ser negociado,
10:56vai para o Congresso,
10:57o Congresso vai desidratar
10:59e o governo vai ter uma grande oportunidade
11:01de dizer
11:02eu tentei fazer o melhor,
11:04mas eles me impediram.
11:05Quer dizer,
11:06enquanto o governo não puder tomar decisões
11:09que impactem diretamente
11:10onde ele tem maior poder
11:12e que existe um certo consenso
11:14que se dá em cima de gastos sociais,
11:19existe muito abuso.
11:21Eu não digo que não é necessário
11:23fazer cortes do outro lado,
11:25mas o lado social impede
11:27e existe um certo consenso aí.
11:40e aí
11:50é aí

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