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A ata do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, divulgada nesta terça-feira, 12, alerta para a necessidade de “uma política fiscal crível, embasada em regras previsíveis e transparência em seus resultados” para a “ancoragem das expectativas de inflação”.

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Transcrição
00:00já começar o programa falando sobre taxa de juros, porque é o seguinte,
00:03porque hoje teve divulgação da ata do Copom, e no comunicado,
00:09o Banco Central foi muito duro em relação ao governo federal.
00:12A ata deixou muito claro que o governo federal, que a necessidade de uma política fiscal crível,
00:20embasada em regras previsíveis e transparências em seus resultados,
00:25para uma ancoragem da expectativa da inflação.
00:30Meu caro Van Dicke, normalmente a tua participação nas terças e nas sextas,
00:34mas hoje eu te pedi com muita gentileza e muita fidalguia a sua entrada no programa,
00:38porque é um assunto importante, e a ata do Copom deu o seguinte recado para o governo Lula,
00:45faça a sua parte, porque a economia não vive de milagre.
00:49Boa tarde para você.
00:50Boa tarde, Wilson, boa tarde a todos, sempre um prazer estar aqui com vocês,
00:55se você disse exatamente o que é o cerne da questão da ata.
01:00A ata foi dura, a ata foi transparente, colocou na mesa todas as cartas e disse o seguinte,
01:06olha, nós estamos chegando perto da dominância fiscal.
01:10Não usou esse termo, mas indica que tem pouco espaço para poder ainda crescer muito mais os juros,
01:17ainda que disse que tem espaço para crescer.
01:22Descartou a ideia de continuar um espaço, um aumento muito agressivo rapidamente,
01:31precificou mais um aumento de 0,5%, mas não deu um horizonte,
01:37que, a meu ver, é um erro.
01:39O forward guidance, que é aquilo que o Banco Central ajuda o mercado a entender os nossos passos,
01:47como o banqueiro central, quando o mercado consegue entender, a mensagem é dada e crível.
01:54Quando a mensagem não é para ser esperada ou telegrafada,
01:58é normalmente quando você tem uma expectativa de um aumento muito brusco,
02:04para inverter rapidamente as expectativas, e não foi isso que o Banco Central fez.
02:08A minha preferência era para ter dito do ponto, como disse,
02:14que existem problemas muito sérios de credibilidade do arcabouço fiscal.
02:20Para mim ficou claro que a mensagem é o arcabouço fiscal está na UTI,
02:26se vocês não agirem ele pode morrer,
02:29e a implosão do arcabouço fiscal, a total incapacidade de gerar a credibilidade
02:35que o governo vai conseguir segurar as suas contas e que os gastos não serão excessivos,
02:42aumentando o endividamento, isso é fundamental para que a política de juros possa funcionar.
02:48Então, ao mesmo tempo que o Copom chamou o governo para dançar junto com ele,
02:54porque hoje o Copom, o Banco Central, está dançando sozinho,
02:58tentando fazer a festa acontecer, e está perdendo para a ausência do governo,
03:05que é muito relevante que a política fiscal e a política monetária estejam encadeadas
03:11dentro de um ambiente de dominância monetária.
03:15A taxa de juros determinando as ações dos agentes econômicos em termos de oportunidades
03:20e custos para eles tomarem decisões a respeito de consumo ou de poupança.
03:26Isso não está acontecendo no Brasil em função da política fiscal acelerada,
03:32colocando muito, muito dinheiro na economia e na mão das pessoas via transferência de renda,
03:39que está acelerando demais o consumo, serviços,
03:43os serviços subjacentes que tem muita gente empregada,
03:47mesmo que sejam empregos, subempregos ou que paguem mal,
03:51mas tem muita gente e isso pressiona a inflação.
03:55Então, como a gente tem pouco investimento,
03:58e o pouco investimento que a gente tem tanto do lado do governo,
04:01porque 96% do gasto do governo é obrigatório,
04:05tem muito pouco dinheiro que sobra para investimento em infraestrutura, etc.
04:08E como o custo de capital é muito elevado, as empresas não conseguem investir,
04:13porque o retorno desse investimento é impactado negativamente
04:17pela taxa de juros.
04:18Então, do lado da oferta, a gente não tem um aumento expressivo
04:23para que a gente possa garantir que esse aumento no lado da demanda,
04:27do consumo de serviços e produtos,
04:30não pressione muito o hiato do produto,
04:33que é o teto daquilo que é possível produzir em uma economia.
04:37O PIB potencial.
04:39E a gente já tem um hiato positivo,
04:42quer dizer, tem pressão séria ali.
04:43Falar de pressão inflacionária?
04:48Opa, como é que está o áudio?
04:50Voltamos com o áudio?
04:51Agora sim.
04:52Já que a gente está falando de pressão inflacionária,
04:54vamos ali, vamos para a fonte, vamos para a ata do Copom.
04:56Matheus, coloca na tela, por gentileza, a página 5 lá da ata,
04:59porque o item 15, né, meu caro Vandir,
05:02que eu acho que é o item que resume bem toda essa celeuma, né?
05:07Eu estou falando aqui de a desancoragem das expectativas de inflação
05:10é um fator de desconforto comum a todos os membros do comitê.
05:15A reancoragem das expectativas é um elemento essencial
05:19para assegurar a convergência da inflação para a meta
05:23ao menor custo possível em termos de atividade.
05:26Desce um pouquinho, Matheus,
05:27porque o item 17 dá também um outro recado importante
05:32quando eu falo o seguinte,
05:34o comitê avalia que há uma simetria autista
05:37em seu balanço de riscos
05:39para os cenários prospectivos para a inflação.
05:43Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário
05:45e as expectativas destacam-se,
05:50um, a desancoragem das expectativas de inflação,
05:54uma maior resiliência na inflação de serviços
05:57do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado
06:01e uma conjunção de políticas econômicas externa e interna
06:05que tenham impacto inflacionário.
06:08Traz para cá, ou seja, meu caro,
06:12o Banco Central, dessa vez, já mostrando,
06:16olha, precisamos, o governo federal precisa fazer o seu dever de casa
06:21porque o cenário requer muito cuidado.
06:24E o Banco Central tem uma postura sempre muito conservadora.
06:28Não adianta ficar cobrando em rede social
06:30que o Banco Central reduza os juros na marra
06:33porque a conjuntura, de acordo com o que fala,
06:36que o Banco Central não é nada favorável.
06:37É isso aí, Wilson.
06:40Nós temos muita pressão, principalmente pelo lado da demanda.
06:45A gente tem gasto público muito acelerado.
06:48Para vocês terem uma ideia,
06:50o aumento no gasto público, o aumento real é de 15%.
06:54Ele é cinco vezes maior do que a taxa de crescimento do produto interno, do PIB.
07:00A arrecadação tem batido recorde,
07:02mas ela tem crescido a taxas reais de 9%.
07:06Quer dizer, ela é três vezes maior do que a taxa de crescimento do produto interno.
07:11Esses são números que são insustentáveis a médio prazo.
07:14Isso não vai continuar acontecendo, não pode.
07:17Só que quando essa festa acabar,
07:20muitos problemas vão existir
07:22e a gente vai ter que lidar com eles de uma maneira muito contundente.
07:26A gente já está começando a ver as evidências disso.
07:29Que há inflação saindo do controle, mais uma vez,
07:32fugindo da meta, do centro da meta.
07:35Quando eu falo inflação e meta de inflação,
07:38eu não vejo o desvio padrão de 1,5%.
07:41Estou falando dos 3%.
07:42A gente certamente vai terminar esse ano muito perto de 5% ou em 5%.
07:48Ano que vem as expectativas já estão acima da meta
07:52e 2027 em cima, acima do centro da meta,
07:57mas dentro da meta de um espaço de 1,5% de desvio padrão.
08:04O que não é bom.
08:05A meta deve ser cumprida no centro dela.
08:08Para reancorar essa meta,
08:10alguns analistas e alguns bancos já dizem que
08:13a gente precisaria de uma taxa de juros de 15%.
08:17Isso gera o risco severo de mandar o Brasil para uma recessão.
08:23E se não acontecer porque o governo insiste em gastar,
08:27nós entramos no mundo da dominância fiscal,
08:30onde a política monetária perde o seu efeito.
08:33O que é muito deletério,
08:35porque a inflação explode
08:37e a gente tem um problema muito sério com a dinâmica da dívida.
08:42A gente tem uma taxa alta de juros
08:43e ao mesmo tempo a inflação não é detida pela taxa alta
08:50e essa taxa alta de juros remunera a dívida
08:53que aumenta de uma maneira explosiva.
08:57Então, quando a gente fala do aumento explosivo da dívida,
09:00é isso que os analistas têm medo.
09:03Legenda Adriana Zanotto

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